Bohemian Rhapsody

Bohemian Rhapsody foi eleita por diversas vezes como a melhor canção pop de todos os tempos. Icônica, criativa e diferente de tudo que já foi feito, ela não é uma canção simples de entender. O filme de nome idêntico que conta a história de Freddie Mercury, vocalista do Queen, por sinal, imperdível, teria sido uma ótima oportunidade para ao menos apresentar a tradução da letra ao Brasil, mas infelizmente decidiram não legendar nenhuma das músicas.

Então, para você que sempre gostou da música, mas não entendia metade das coisas que ele dizia, aqui vai mais do que uma tradução: Desfavor Explica – Bohemian Rhapsody.

O formato da música já é incomum: ela começa com uma balada, seguida por um solo de guitarra, por uma ópera com toque pop e finaliza com rock pesado e um desfecho suave. É uma mistura ousada que, até então, ninguém havia pensado em fazer, com mudanças repentinas de estilo dentro da mesma música. A obra é toda do Freddie Mercury, desde a letra, até a música, e, de uma forma sutil, ele fez um grande desabafo ali.

Se quiser acompanhar a análise da letra enquanto escuta a música:


Is this the real life?
Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality
Open your eyes
Look up to the skies and see
Isso é a vida real?
Isso é apenas fantasia?
Pego num desmoronamento
Sem escapatória da realidade
Abra seus olhos
Olhe para os céus e veja

Os principais biógrafos de Freddie dizem que ele usou esta música para se assumir gay. Esta primeira parte, frases à capela, quase que um desabafo, uma constatação, a voz da consciência falando do tormento em representar uma coisa que ele não era. Ser hetero não era sua vida real, era apenas uma fantasia que ele sustentou por muito tempo. Mas ele não conseguia mais sustentar essa situação. Era hora de encarar, de ver, de assumir.

A verdade, ou o “desmoronamento”, era inevitável e ele sabia que, em algum ponto, tudo ia desmoronar. Não há escapatória para esta realidade, é questão de tempo até que todos saibam, e, quando souberem, será de fato uma avalanche que vai causar estragos: casado, oriundo de família praticante do Zoroatrismo (religião que não aceita homossexualidade), minoria étnica (nascido no Zanzibar, hoje Tanzânia), não havia muito espaço para ser gay com tranquilidade, sobretudo na década de 70.


I’m just a poor boy
I need no sympathy
Because I’m easy come, easy go
Little high, little low
Anyway the wind blows
Doesn’t really matter to me
To me
Sou apenas um pobre garoto
Eu não preciso de compaixão
Porque eu tenho altos e baixos
Um pouco alto, um pouco baixo
Não importa para onde o vento sopre
Realmente não importa para mim
Para mim

Quase um minuto de música à capela, sem um único instrumento tocando. Se no trecho anterior ele constata que a verdade é outra diferente da que ele está vivendo e que não há mais como escapar dela, aqui ele basicamente constata o quanto está encrencado quando isso acontecer. Uma das belezas desta música é a progressão da letra junto com a melodia.

A família de Freddie se mudou para a Inglaterra quando ele tinha 17 anos em condições adversas: fugindo de uma guerra civil. Por algum tempo ele era de fato um “pobre garoto”, em diversos aspectos. Não tinha uma situação financeira tão confortável, era um imigrante e sofria preconceito e ficava extremamente incomodado quando demonstravam pena por ele.

Some-se a isso o fato de viver muitos anos representando uma coisa que ele não era. Casou com uma mulher, fazia pose de hetero para todos e por dentro sofria. Era um “pobre garoto”, no sentido de estar profundamente infeliz e não encontrar escapatória para esta infelicidade, já que se assumir gay, naquelas condições, também geraria frustração, perdas e sofrimento.

Por isso ele diz que não importa para onde o vento sopre, não faz muita diferença para ele, pois basicamente ele estava sempre em uma condição desfavorável, não sendo beneficiado por nenhuma condição externa: se assumisse ou se não assumisse, uma jornada de sofrimento o esperava.

Esta parte é meio que uma “introdução”, um panorama geral de sua situação e de como ele se sentia a respeito. Uma vida de mentiras e sofrimento prestes a explodir.


Mama, just killed a man
Put a gun against his head
Pulled my trigger, now he’s dead
Mama, life had just begun
But now I’ve gone and thrown it all away
Mama, acabei de matar um homem
Coloquei uma arma contra sua cabeça
Puxei o gatilho, agora ele está morto
Mamãe, a vida tinha acabado de começar
Mas agora eu me fui, joguei tudo isso fora

Aqui começa a parte instrumental e, com ela, uma baladinha triste. Nesta parte, ele sai da fala para com ele mesmo e introduz a notícia para a esposa. Como já foi dito, a música é toda uma progressão de uma saída de armário.

É nesta parte também que ele assume de vez sua homossexualidade. Ele matou um homem: o Freddie heterossexual. Quando ele diz “Mama”, ele não se refere à sua mãe, seria um apelido dado a sua esposa, Mary Austin, com a qual vivia quando compôs a música. Então, durante toda a música, quando ele diz “Mama”, ele se refere à Mary.

O “gatilho” que desencadeou a “morte” desse homem vocês já podem imaginar qual foi: a primeira experiência homossexual dele, vivenciada enquanto ele ainda estava casado com Mary. Algo contra o qual ele lutou contra por mais de cinco anos, mas que acabou sendo mais forte do que ele. Ao ter essa experiência homossexual, ele “matou um homem”, o Freddie heterossexual, que, até então, era o que todos conheciam.

Como estava despontando na carreira e começando a construir um casamento, sua vida estava “acabando de começar”. Se perceber homossexual e admitir isso era sentido como “jogar tudo fora”. Ele “se foi”, o Freddie hetero se foi, pois quando teve sua primeira experiência homossexual ficou muito claro para ele que nunca foi hetero.


Mama!
Didn’t mean to make you cry
If I’m not back again this time tomorrow
Carry on, carry on
As if nothing really matters
Mama!
Não foi minha intenção fazê-la chorar
Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã
Continue, continue
Como se nada realmente importasse

Novamente falando com Mary, sua esposa, ele mostra pesar pela situação que a magoaria. Biógrafos contam que, por vergonha, medo ou até dificuldade em se separar de alguém que gostava profundamente, muitas vezes Freddie pensou em sair de casa e nunca mais voltar, sem ter uma conversa com Mary explicando o que estava acontecendo, por considerar que seria sofrido demais.

Este trecho seria um pedido baseado nessa fantasia que ele nunca realizou: evitar a dor da despedida. Se ele simplesmente não voltasse um dia, ela deveria continuar com sua vida. Porém, na vida real, Mary percebeu e o pressionou para que ele admita que era gay.


Too late, my time has come
Sends shivers down my spine
Body’s aching all the time
Goodbye everybody
I’ve got to go
Gotta leave you all behind
And face the truth
Mama!
(Anyway the wind blows)
I don’t wanna die
I sometimes wish I’d never been born at all
Tarde demais, chegou minha hora
Sinto arrepios descendo em minha espinha
O corpo dói o tempo todo
Adeus a todos
Eu tenho que ir
Tenho que deixar todos vocês para trás
E encarar a verdade
Mamãe!
(De qualquer forma o vento sopra)
Eu não quero morrer
Às vezes eu queria nunca ter nascido

Não, ele não está falando sobre AIDS, como muitos pensam. Ele fala de AIDS na música “The Show Must Go On”. Bohemian Rhapsody é de 1975 (e demorou mais de dez anos para ficar pronta, então, começou a ser composta na década de 60!), nem se falava de AIDS antes da década de 80 e ele só foi diagnosticado em 1987. Portanto, quando ele fala em adeus, em ir, em morrer, ele fala de forma metafórica.

Neste trecho ele relata a dor que sentia por fingir ser algo que não era e a apreensão de ter que se “despedir” de todos como Freddie Heterossexual. Encarar a verdade era visto como deixar “todos para trás” porque perderia sua espoa e provavelmente não seria bem aceito por sua família e, quem sabe, rejeitado pelo público. 1975, gente. Não se lidava com homossexualidade com muita naturalidade, inclusive, era considerado doença pela OMS.

Então, quando ele diz que não quer morrer, ele se refere a abandonar a persona que se acostumou a representar e também a aquele tratamento de “você está morto para mim” que muitos entes queridos dão ou davam a pessoas gays. Pela primeira vez ele flerta com a ideia de todos saberem, quando fala no plural “deixar vocês para trás” (novamente, progressão).

Aqui termina a primeira parte, a balada triste onde ele constata que tem que “matar” a imagem que todos tem dele para deixar surgir a verdade e se lamenta sobre tudo que vai perder e pessoas que vai magoar. Depois começa uma pequena ópera, dando um tom completamente diferente à música.

Então, em um primeiro momento ele sofre, reluta mas admite que é gay e que não há mais como esconder. Em um segundo momento ele sente pesar pelo que está fazendo com os entes queridos e conta para a esposa Mary e, em um terceiro momento ele sente a desesperança dessa questão ser levada a público.


I see a little silhouetto of a man
Scaramouche! Scaramouche!
Will you do the fandango?
Thunderbolt and lightning
Very, very frightening me!
Galileo! Galileo!
Galileo! Galileo!
Galileo, Figaro!
Magnifico!
Eu vejo a pequena silhueta de um homem
Palhaço! Palhaço!
Você dançará o fandango?
Raios e relâmpagos
Me assustam muito, muito
Galileo! Galileo!
Galileo! Galileo!
Galileo, Figaro!
Magnífico!

Esta parte representaria a ruptura musical: começa uma pequena opera pop, que marca uma nova fase da saída de armário. Ele já assassinou o Freddie heterossexual, ele já confessou para Mary o que estava acontecendo, ele já viu a coisa sair do seu controle e ficar pública. Agora recomeça sua vida como um novo homem, desta vez homossexual e tem que encarar os desdobramentos disso e desabafa neste trecho sobre o processo.

Quando ele diz que vê a pequena silhueta de um homem provavelmente representa ele mesmo e como ele estava se sentindo. “Scaramouche” é um personagem da comédia italiana Dell´Art, um palhaço mentiroso, covarde que vive se esquivando de situações difíceis às custas de mentiras. Foi assim que ele se sentiu ao fazer sua transição de hetero para gay (ou bi, há controvérsias): pequeno, um embuste, um palhaço.

Depois ele pergunta “Will you do the fandango?”, que é erroneamente traduzido de forma literal como “você vai dançar o Fandango?”. Não tem absolutamente nada a ver com a dança, “Fandango” é uma expressão que vem do latim e, em sua forma original, também pode significar destino.

Então, basicamente, ele está se chamando de palhaço patético e se perguntando se ele realmente vai levar isso adiante e cumprir seu destino, sinalizando um primeiro momento de dúvida nessa transição: Freddie sabia que era gay, mas ao cruzar essa linha se sentiu muito mal e sentiu muito medo de não conseguir continuar.

Depois ele faz uma alusão às pessoas que começaram a comentar e o julgar como “raios e relâmpagos” que o assustam. Raios seriam as palavras, que falam mal, que gritam, que julgam. Relâmpagos os constantes flashes, onde quer que ele vá, que por sinal já o flagraram em situações muito constrangedoras.

Há quem credite essa sequência de “Galileu” como uma homenagem a Brian May, o guitarrista da banda e braço direito de Freddie que tinha doutorado em astrofísica e uma especial admiração por Galileu Galilei, primeiro astrônomo a usar um telescópio, que também teve um passado de sofrimento por falar umas verdades.

Mas também há quem diga que a sequência “Galileu – Fígaro – Magnifico” seria um trocadilho moderninho para a expressão “Galileo figuro magnifico”, uma frase que, em uma tradução muito simplificada, era usada como um louvor ou até pedido de ajuda a Deus. Fez uma gracinha trocando o “figuro” por “Fígaro”, por se tratar de uma ópera, de modo a fazer uma homenagem à ópera “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, uma das referências mais populares quando falamos de ópera e que ele admirava.

E aqui se encerra a parte reflexiva, dando início a uma nova etapa da música, ainda mais sombria, onde os outros começam a interagir com ele.


I’m just a poor boy and nobody loves me
He’s just a poor boy from a poor family
Spare him his life, from this monstrosity
Eu sou apenas um pobre garoto e ninguém me ama
Ele é só um pobre garoto de uma família pobre
Poupe sua vida, desta monstruosidade

Aqui a coisa começa a ficar feia. Ele diz na primeira pessoa que ele é um “pobre garoto”, no sentido de ser um coitado e que ninguém o ama (nessa sua nova versão gay). Daí aparece uma “segunda voz” que reforça isso: ele é um coitado, de uma família infeliz, meio que justificando o fato de ser gay pela vida que levou.

Por fim, a segunda voz pede que poupem sua vida desta monstruosidade. Mostra que a visão que ele acreditava terem dele era de uma monstruosidade, uma anomalia, uma aberração e que os poucos que o defenderam, o fizeram por pena, por pensar que ele era um coitado fruto de um meio que o desvirtuou.

As vozes julgadoras e persecutórias continuam.


Easy come, easy go
Will you let me go?
Bismillah!
No, we will not let you go!
(Let him go!)
Bismillah!
We will not let you go!
(Let him go!)
Bismillah!
We will not let you go!
(Let me go!)
Will not let you go!
(Let me go!)
Never, never let you go!
Never let me go!
No, no, no, no, no, no, no!
Oh, mamma mia, mamma mia!
Mamma mia, let me go!
Beelzebub, has a devil put aside for me!
Fácil venho, fácil vou
Vocês me deixarão ir?
Em nome de Deus!
Não, nós não te deixaremos ir!
(Deixe-o ir!)
Em nome de Deus!
Nós não te deixaremos ir!
(Deixe-o ir!)
Em nome de Deus!
Nós não te deixaremos ir!
(Deixe-me ir!)
Nós não te deixaremos ir!
(Deixe-me ir!)
Nós nunca não te deixaremos ir!
Nunca! nunca! nunca me deixarão ir, oh!
Não, não, não, não, não, não, não!
Ah, Mamma Mia, Mamma Mia!
Mamma Mia, deixe-me ir!
Belzebu, tem um diabo reservado para mim!

Neste trecho ele indica o auge da sua agonia, onde traça um paralelo entre assumir de vez a homossexualidade e cometer suicídio. Ele pode “ir fácil” se quiser. Algumas vozes dizem para deixa-lo ir e outras dizem que não o deixarão ir. Ele é calado em meio a vozes divergentes, mostrando como sua vida não lhe pertencia mais, os outros é que debatiam e diziam o que ele deveria fazer.

A expressão “Bismillah” na verdade é uma palavra árabe que abre o Corão significa “em nome de Allah”, mas foi traduzido como sendo “em nome de Deus” para ficar mais palatável. Na passagem mais conhecida com esta expressão, uma pessoa que vendeu a alma ao diabo chama por Deus usando “Bismillah” e, com a ajuda de anjos, recupera sua alma, que tinha ido parar nas mãos de “Shaitan” (o Demônio). Então, é um pedido de clemência, de ajuda.

Quando ele finalmente interrompe as vozes que debatem sobre sua vida, diz “Mamma mia let me go”, ele não está falando de sua mãe e sim de Deus. “Mamma mia”, com dois “m” tem um significado ambíguo, pode significar um “Meu Deus” ou coisa parecida. Ele pede clemência, pede que Deus o leve ou o deixe ir.

No meio deste frenesi de pessoas condenando e dizendo que ele deve “ir” e de pessoas compreendendo mais por pena do que por consciência da diversidade, ele entra no meio da “discussão” entre as vozes e pede aos berros que o deixem ir, dizendo que Belzebu, que seria o Demônio, tem uma diabo reservado só para ele, ou seja, sua escolha está feita e ele vai lidar com o ônus que isso vai trazer – e vai ser horrível.

Percebam que, neste trecho, ele conseguiu se colocar oprimido em meio a um julgamento da sociedade. Tudo isso antes de assumir publicamente sua homossexualidade, ou seja, ele estava antevendo esse inferno todo, essas “vozes” todas, na sua cabeça. Colocou o pior dos infernos que poderia passar em uma música, talvez como forma de se preparar.


So you think you can stone me and spit in my eye?
So you think you can love me and leave me to die?
Oh, baby!
Can’t do this to me, baby!
Just gotta get out
Just gotta get right outta here!
Então você acha que pode me apedrejar e cuspir no meu olho?
Então você acha que pode me amar e me deixar morrer?
Ah, meu bem!
Você não pode fazer isso comigo, meu bem!
Só tenho que sair
Só tenho que sair logo daqui

Nesta parte há uma quebra visível, uma mudança de cadência, que determina um novo trecho da música. Se no trecho anterior escutamos as vozes das pessoas no geral reagindo à sua saída do armário, algumas julgando, outras com pena, neste trecho vemos a reação simbólica de Mary ao ser confrontada com a verdade que ele anunciou no começo da música que faria: matar um homem, matar o Freddie hetero.

A reação que ele esperava dela é horrenda. O trecho também faz alusão a punições de sua religião, como apedrejamento e cuspida. Felizmente não foi isso que aconteceu. Mesmo não estando mais juntos, Mary sempre foi o porto seguro de Freddie, sua melhor amiga e confidente até o dia da sua morte, apesar de ambos estarem em outros relacionamentos. Ele sempre disse que tinha com ela uma conexão especial, única e que ninguém o entendia verdadeiramente como ela e dedicou à moça a música “Love of my life”.


Nothing really matters
Anyone can see
Nothing really matters
Nothing really matters to me
Anyway the wind blows
Nada realmente importa
Qualquer um pode ver
Nada realmente importa
Nada realmente importa para mim
Não importa para onde o vento sopre

Nesta última parte, a calmaria que sucede a tempestade. Já estava feito. Nada mais importava, o vento continua soprando, vida que segue. Depois de se remoer com seus sentimentos, decidir trazer a verdade à tona, sofrer julgamento de todos, sua missão estava cumprida e nada mais importava. Talvez a própria música em si tenha ajudado a exorcizar esses demônios e medos.

Como o próprio Freddie sempre se recusou a falar sobre o significado da música, o que temos aqui são suposições, compiladas de pessoas que dedicaram boa parte de suas vidas a estudar e entender Freddie Mercury e o Queen. Nada definitivo, nada dito com certeza absoluta.

Mesmo os outros membros da banda são relutantes ao falar da música. Alguns cogitam que a música tenha sido criada inspirada na lenda de Fausto, outros dizem que é nonsense sem explicação. A verdade? Nunca saberemos, já que em 24 de novembro de 1991 a voz mais bela de toda a história do rock, talvez da música, se calou para sempre.

Ah, sim, para terminar, o significado de “Bohemian Rhapsody”. A palavra Bohemian se refere a um grupo de artistas e músicos do século 19 conhecido por desafiar as convenções e viver com desrespeito aos padrões, que era uma das marcas do Queen e também uma característica desta música: excessivamente longa para os padrões da época, sem refrão e misturando estilos até então incompatíveis.

Já o termo Rhapsody é uma peça de música clássica com seções distintas que são tocadas como um único movimento. As rapsódias geralmente apresentam temas ou narrativas complexas. Também é o caso da música, que, além de desafiar convenções e padrões, tinha subdivisões em uma única peça, com uma narrativa pra lá de complexa.

Contra tudo e contra todos, foi um dos maiores sucessos musicais da história, criando uma música atemporal, que até hoje é escutada e cantada por diferentes gerações. É, para mim, a melhor música de todos os tempos, composta pela melhor banda de todos os tempos, cantada pelo melhor cantor de todos os tempos. Nunca houve e nunca haverá outra voz como a de Freddie Mercury.

Para dizer que nunca mais cantará Bohemian Rhapsody do mesmo jeito, para dizer que era mais interessante quando parecia um assassinato ou ainda para dizer que deveriam legendar e traduzir as letras das músicas no filme: sally@desfavor.com

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Comments (34)

  • Li o texto e após assisti ao filme, achei sensacional!!!
    A sua explicação me fez assistir com uma compreensão muito maior, talvez por isso eu tenha gostado tanto.
    Sempre me encantei por tudo que permeia o Fred/Queen, desde criança, e como o comentário acima, as lacunas foram preenchidas.
    Obrigada, Sally!

  • Quando ele se separou da Mary, a aids já existia? Caso sim, pode ter sido muita sorte dela não ter contraído a doença…

  • Sobre o texto, a sua interpretação preencheu algumas lacunas que, por falta de conhecimento e cultura, eu não conseguia preencher. Parabéns e obrigado por mais essa.

  • Sally, sua análise está muito boa. Fiquei com mais vontade de ver o filme.
    Eu havia lido que ele era, na verdade, bissexual e queria viver de maneira “livre e sem amarras”. Coloquei entre aspas porque, para algumas pessoas, livre significa viver irresponsavelmente e na putaria.
    A Mary foi muito importante na vida dele, mas que esposa aceitaria o fato do marido ficar dando o rabo em orgias? Mas, mesmo com o fim do casamento, ele continuou nutrindo um carinho muito grande por ela conforme você relatou.
    O que acho mais interessante nisso tudo é que mesmo vivendo na putaria ele sempre manteve a qualidade das sua músicas (ele e a banda, claro, pois tanto o instrumental quanto o vocal do Queen eram excelentes). Ele era um artista de verdade, com muito talento e qualidade.

    • Eles tinham um tipo raro de amor incondicional. Mesmo não sendo um casal, se amavam e se preocupavam um com o outro. Uma lição a ser aprendida.

  • “Mary sempre foi o porto seguro de Freddie, sua melhor amiga e confidente até o dia da sua morte, apesar de ambos estarem em outros relacionamentos”

    De acordo com a BBC, Freddie deixou para ela metade de sua fortuna, sua luxuosa mansão de 28 quartos em Kensington e ganhos de direitos autorais futuros. Enfim, muito mais do que para o marido dele, Jim Hutton.

    (Fico imaginando na leitura do testamento como teria sido a primeira reação de Jim ao saber da partilha: “Aquele Veado Filho da Puta !!!!!”?)

    • Eu entendo. Uma vida toda ao lado de Mary e alguns anos com Jim, que, por sinal, também era HIV positivo, o que na época significava poucos anos de vida. Se ele tivesse deixado a fortuna para Jim, acabaria ficando com os parentes dele…

  • Excelente análise!! Tb acho q o filme devia ter legendas nas músicas. Quem diria que a música mais famosa do Queen não foi bem aceita pela gravadora. No final é sempre o público que decide o que é um sucesso. Sem redes socias na época, o público mantinha (e ainda mantém) uma identificação muito forte, Queen se importou muito em manter uma ligação com o público. A musicalidade e o desejo de transmitir ideais era uma prioridade acima do dinheiro, isso é o que separa as bandas antigas das bandas atuais.

    • Sim, naquela época se fazia arte por vocação, não para ficar rico. É aquela famosa frase: as pessoas compram o motivo pelo qual você faz e não o que você faz.

  • Amei o texto. Bohemian Rhapsody é uma daquelas músicas que é obrigatória na minha playlist. Assisti o filme no cinema e me emocionei (aliás, tudo que envolve o Freddie Mercury me comove). Achei a análise da letra convincente com o fato dele querer se assumir gay e não poder por medo de represálias (por mais que digam que há outras interpretações).

    O que me revolva é ele ter morrido de AIDS (e com certeza ter sofrido durante seus ultimos anos) e hoje ter homossexuais que cagam pro risco de contrair a doença e até “brincam” com isso (tipo umas orgias que acontecem em que colocam um soropositivo entre eles, ninguém sabe quem é e acham isso um máximo por causa da “adrenalina”).

  • “ou ainda para dizer que deveriam legendar e traduzir as letras das músicas no filme“

    Deveriam legendar e traduzir as letras das musicas no filme!
    As musicas ajudam a contar a história do filme, e pra quem não conhece as musicas de cor fica meio superficial algumas coisas!
    Eles até optaram por mudar o ano que algumas coisas foram feitas pra encaixar melhor no filme e aí resolvem não legendar as musicas?!

    No mais, nunca houve e nunca haverá outra voz como a de Freddie Mercury.

    Pena que o pessoal de Zanzibar não curta muito ele por lá… tanto que a casa que ele nasceu quase não tem coisas dele, só algumas fotos!

    • Quando se faz uma biografia de alguém tão passional, tão intenso como ele, é importante esmiuçar sua obra. Um artista como ele certamente deixa muitos desabafos, confissões e lições nas suas criações.

  • Muito interessante e lógica essa explicação. Gostei. Mas sempre fiquei encafifado com algumas coisas: quem foi o primeiro caso homossexual de Freddie e quem o contaminou com o HIV? Já vasculhei alguns fóruns e nunca encontrei respostas para a segunda questão…

    • O primeiro caso foi na turnê nos EUA. Quem o contaminou, até onde eu sei, não se sabe ao certo, pois a criatura fazia altas orgias o tempo todo.

        • Rock in Rio foi em 85, certo? Ele recebeu o diagnóstico em 87, mas já com severos sintomas. Será que é possível? Será que, além de todas as bostas que o Brasil já fez ainda tem mais essa na conta? Ter matado o maior cantor que já existiu? pqp

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