Triângulo das Bermudas

Poucas coisas afligem tanto o ser humano como a falta de explicação. Acidente aéreo? Triste, mas juntaremos os corpos e superaremos o luto. Naufrágio? Trágico, mas recolheremos o que pudermos e seguiremos em frente. O grande problema é: quando embarcações e aeronaves gigantes somem sem deixar vestígios. Desfavor Explica: Triângulo das Bermudas.

Triângulo das Bermudas é o nome que dá a uma área (em formato de triangulo dããã), situada no oceano Atlântico. Ao contrário do que muitos imaginam, não é uma área pequena, ela tem quase 4 milhões de km² de extensão. Para localizá-la, basta desenhar um triângulo, traçando uma linha imaginária, usando como vértices Miami, Porto Rico e as Ilhas Bermudas. Esse pedaço de mar que fica dentro da figura é o Triângulo das Bermudas.

Ele recebeu esse nome graças a um naufrágio. Em 1790 o barco de um espanhol chamado Juan Bermúdes afundou na região. Ele conseguiu nadar até uma ilha e sobreviver. Graças a esse feito, a ilha recebeu o nome em sua homenagem. Uma homenagem um pouco imprecisa, porém, uma homenagem.

O Triângulo de Bermudas ficou conhecido por diversos desaparecimentos de navios e aviões que, ao cruzarem a área, sumiram sem deixar vestígios. Desde a Segunda Guerra Mundial, mais de cem aviões e navios enormes desapareceram sem deixar rastros, o que despertou a curiosidade da humanidade e, como costuma acontecer, o medo e o desconhecimento começaram a ser explorados.

A imprensa começou a inflacionar qualquer coisa que acontecia ali em busca de audiência, filmes e documentários (nem sempre precisos) surgiram para explorar o assunto e muitas pessoas com alegada paranormalidade começaram a atribuir propriedades mágicas ao local. Pronto, estava criada a fama do Triângulo das Bermudas. A verdade é que a área tem o mesmo índice de acidentes de outros lugares, então, ela não é “amaldiçoada” nem “mais perigosa”. O que intriga e a diferencia do resto do planeta é: não há vestígios dos acidentes (corpos, fuselagem, roupas ou qualquer resto dos navios ou aviões).

Graças a este enorme fator de agonia humana, a falta de certeza do que houve com as pessoas que estavam cruzando o local, o Triângulo das Bermudas ostenta uma fama, digamos, ruim, já faz algum tempo. Na verdade, bastante tempo. O descobridor da América, Cristóvão Colombo, relatou em seu diário de bordo que ao entrar na região suas bússolas simplesmente surtaram, os ponteiros de mexiam e não apontavam em uma direção fixa, enquanto apareciam luzes na superfície do mar. Chegou a relatar até uma bola de fogo que caiu do céu.

Um dos casos de maior repercussão, que contribuiu em muito para a fama do Triângulo de Bermudas, ocorreu na Segunda Guerra Mundial: diversos aviões da marinha americana sumiram. Simples assim, Em um minuto estavam no radar, no minuto seguinte não estavam mais.

O curioso é os relatos tem uma similaridade com os de Colombo: quando entraram na região, os pilotos reportaram que suas bússolas não estavam funcionando direito e por isso eles acabaram se perdendo. Estariam a 200km de onde deveriam estar.

Imediatamente os EUA providenciaram socorro: mais de 200 aviões e 20 navios saíram para o resgate. Vasculham mais de 320 mil km², mas não encontram nenhum destroço, corpo ou vestígio. As buscas foram longas e incessantes, afinal, era necessário entender se haviam sido abatidos em combate, mas nada, absolutamente nada foi encontrado.

Outro caso famoso foi o do navio USS Cyclops. Em 16 de fevereiro de 1918, ele saiu do Brasil em direção a Barbados. Fez uma parada por lá entre 3 e 4 de março. Mas depois disso nunca mais se teve notícia do navio. É curioso que uma embarcação de mais de 20 toneladas desapareça completamente sem que se encontre um parafuso e que não se ache sequer um lencinho dos 306 tripulantes a bordo.

Casos como estes foram acontecendo ao longo dos anos. Praticamente todos os anos eram reportados desaparecimentos sem vestígios. O último grande caso ocorreu em 1999, quando um cargueiro chamado Gênesis, desapareceu. Acidentes acontecem em qualquer lugar do mundo, mas acidentes assim, um desaparecimento repentino, são muito mais recorrentes no Triângulo das Bermudas.

O ser humano fica extremamente incomodado com eventos que não pode explicar, então, obviamente, surgiram dezenas de explicações para tentar acalmar os control freaks. Já adianto que não existe nada provado. Se você está aqui atrás “da verdade”, é meu dever te avisar que “a verdade” ninguém sabe, apesar de que, tem muita gente dizendo que conhece “a verdade”, nenhum martelo foi batido. O que temos são teorias, que talvez estejam corretas, talvez não.

Vamos começar pela teoria mais simples. Dentro de qualquer grupo control freak, tem sempre um subgrupo cético, que, tal qual os outros, precisa igualmente de uma explicação, só que ela tem que ser extremamente racional. Estes céticos afirmam com certeza absoluta que é tudo uma questão de mau tempo: como a área é muito sujeita a tempestades, ela provoca não apenas o desaparecimento de navios e aviões como também o desaparecimento das provas do acidente. A tempestade leva os vestígios e o resto é histeria e firula do ser humano.

Outra teoria, encabeçada pelo físico Bruce Denardo (EUA) diz que a culpa é da grande quantidade de gás metano presente no subsolo daquela parte do oceano. O solo soltaria bolhas de metano na água e, como o metano tem a capacidade de reduzir a densidade da água, navios ficariam mais pesados naquela região e simplesmente afundariam quando por um acaso houvesse muito metano na água. Foi provado em laboratório que este gás (papo técnico: hidrato de metano) em grande quantidade, teria sim potencial para afundar um navio do nada. Seria como se o navio despencasse em um poço.

Os adeptos desta teoria também alegam que o metano poderia igualmente derrubar aviões: quando as bolhas chegassem à superfície do mar, se romperiam, jogando o gás metano no ar. O ar menos denso faria com que o avião perdesse sustentação e caísse sem que o piloto sequer perceba que está caindo: como o metano é menos denso, o altímetro do avião indicaria que ele está subindo. Se o piloto não tivesse uma visibilidade boa, seria enganado pelo altímetro, suporia que o avião está subindo e reagiria descendo, fazendo com que o avião se espatife.

Para completar, o metano poderia interferir na combustão do motor do barco ou do avião, fazendo com que ele pare por completo de forma repentina, pois reduziria em muito a quantidade de oxigênio, impedindo a queima do combustível e, dependendo da quantidade, até provocando uma explosão. Esta teoria é bastante aceita e alguns até a classificam como a resposta definitiva sobre o caso. Mas existe quem refute, não é consenso.

Há quem defenda que na região do Triângulo das Bermudas existem anomalias no campo magnético do planeta e, graças a estas anomalias, instrumentos de navegação como bússolas param de funcionar. Isso deixaria navios e aviões desorientados, levando-os a colisões ou a que se desviem muito de sua rota por não saber para onde estão indo, caindo ou colidindo muito distantes de onde deveriam estar.

Por isso os vestígios dificilmente são encontrados, se procura por eles em um local onde eles não estão. Para esta teoria, os acidentes diminuíram à medida em que o ser humano foi encontrando formas de orientação que não dependem exclusivamente de magnetismo.

Tem quem culpe as nuvens. Pesquisadores descobriram que as nuvens do local têm um padrão anormal de formação: elas têm formato hexagonal. Em termos práticos, isso significa que a região pode ter ventos muito fortes, de quase de 300 km/h, algo mais forte que o pior furacão já registrado. Um vento desses é capaz de derrubar tudo e de criar ondas gigantes para se encarregar de varrer o que quer que tenha derrubado. Também explicaria porque vestígios não são encontrados: são varridos para longe ou para as profundezas do mar.

Recentemente, uma nova teoria recebeu algum respaldo científico: a das ondas gigantes. Ainda não se sabe muito bem como elas se formam e seu comportamento, até então, é imprevisível, pois são muito difíceis de estudar, mas já se reconhece que eventualmente na região se formam ondas gigantes, também chamadas de “vagalhões”. Estas ondas teriam mais de 30 metros de altura e seriam capazes de afundar grandes navios, varrendo os vestígios de forma eficiente. Especula-se se as correntes de ar que geram poderiam derrubar um avião.

Daqui pra frente, as teorias começam a ficar mais… ousadas.

Existem relatos de pessoas, a maioria pilotos profissionais, que afirmam haver uma falha no tempo-espaço por ali, como se fosse uma dobra ou uma fenda temporal. Ninguém sabe bem como funciona, mas o que se conta é que ao entrar em uma região onde há nuvens em formato estranho (supostamente em forma de túnel, o que é compatível com as tais nuvens hexagonais) se percorreriam distâncias enormes em um tempo muito pequeno.

Outra teoria exótica é a dos Buracos Azuis, que são buracos no solo do oceano. De fato, estes buracos existem, mas para os adeptos desta teoria, eles eventualmente “sugam” o que quer que passe perto deles pelas mais diversas razões: são portais para outra dimensão, movimento das placas tectônicas (nunca comprovado) e até mesmo que existem discos voadores no fundo que suga quem passa por ali.

Vejam só, há quem culpe até… piratas! Eles acreditam que tem uma “gangue” de piratas que atuam no local e sequestram navios, que não são afundados, apenas são levados para outro lugar, para roubar sua carga. Bonitinha a teoria, vintage, mas também não explica o desaparecimento de aeronaves no local, a menos que existam piratas aéreos.

Prova mesmo, ninguém tem. Talvez várias teorias estejam corretas e o que acontece por lá seja uma junção delas. Talvez aconteça algo que nem cogitamos. Interessante especular e mais interessante ainda é ter a capacidade de deixar a resposta em aberto.

Para dizer que se quisesse ficar sem respostar estaria assistindo Lost, para dizer que é o Planeta tentando se livrar da gente ou ainda para dizer que está cagando para Triangulo das Bermudas e só quer ver a postagem do C.U.: sally@desfavor.com

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