Eu também?

A Time’s Up, uma organização formada no ano passado para combater assédio e agressões sexuais no ambiente de trabalho, agora enfrenta uma crise interna. A CEO Lisa Borders, que havia anunciado nesta semana que abriria mão do cargo, deixou a organização porque o filho foi acusado de má conduta sexual, revelou a Time’s Up na noite de quinta-feira. LINK


E não é que a vida real é muito mais complicada do que discursinho de rede social? Desfavor da semana.

SALLY

O Time´s Up é um dos principais movimentos/organizações que, em tese, luta pelos direitos das mulheres contra abusos de caráter sexual. Ele é composto por celebridades como Reese Witherspoon, Eva Longoria, Viola Davis, Brie Larson, Shonda Rhimes entre outras famosas. Graças a estas famosas tiveram força para se fazer ouvir e, muitas vezes, para impor seu ponto de vista aos berros.

Esta organização foi uma das principais responsáveis pela visibilidade e divulgação do Me Too, que no ano passado expôs e arruinou a vida de centenas de homens, muitos do quais eram inocentes. A forma como estas pessoas foram tratadas, ainda que culpadas, foi escrota e vil.

A Presidente do Time´s up se chama Lisa Borders, ou melhor, se chamava. Ela pediu para sair do cargo esta semana, depois que seu filho, Garry “Dijon” Bowden Jr, foi acusado formalmente de assédio sexual e estupro.

Conforme previsto pelo Desfavor em anos anteriores, quando a histeria punitiva começasse a mexer com filho dessas pessoas, a sororidade se quebraria e o movimento acabaria minguando até a morte. E é exatamente isso que estamos começando a ver, neste primeiro passo para a virada do pêndulo. Observem, meus queridos, estamos vendo a história acontecer diante dos nossos olhos.

Garry é um terapeuta que trabalha com um método que combina espiritualidade e massagem. Para nesta modalidade de terapia, além de conversar com seus pacientes, ele aplica massagens para reequilíbrio energético ou coisa do tipo. Ele atende aos pacientes em sua casa, que também é seu consultório. Pois bem, uma paciente o acusa de tocá-la “de forma sexual” durante a massagem e está fazendo o maior escândalo com isso, espalhando frases ofensivas e denegrindo o rapaz na grande mídia. Ela formalizou uma denúncia à polícia da Califórnia.

Ele nega ter se portado de maneira inapropriada e já tem um grande advogado cuidado do caso. Estamos diante de um enorme subjetivismo: o que essa mulher sentiu como abuso, pode ou não ter sido um abuso. Ela também pode estar deliberadamente inventando algo para ganhar notoriedade, pois sendo ele filho de quem era, é evidente que daria mídia. Ela pode ainda estar a mando de um dos muitos executivos que tiveram sua carreira arruinada pelo movimento, querendo sacanear Lisa. Pode ser tudo. E quando pode ser tudo, o melhor que temos a fazer é olhar com neutralidade. Fazer um julgamento em uma situação assim é de uma primariedade, violência e burrice extrema.

Estavam no local apenas o terapeuta e sua cliente. É a palavra de um, contra a palavra do outro. Até onde sabemos, “a palavra da vítima deve bastar” para organizações como o Me Too e a Time´s Up. A menos, é claro, que se trate do seu filho sendo acusado, aí a sororidade acaba, a mulher é uma interesseira, mentirosa e vai pagar caro na justiça por espalhar esse tipo de inverdade. Lisa está descobrindo da forma mais dolorosa que a palavra da vítima, por si só, não pode bastar para colocar alguém na cadeia.

Obviamente Lisa Borders não durou nem 24h no cargo após o escândalo. Oficialmente, ela pediu demissão. E obviamente ela não defendeu o mantra de uma vida toda, onde a palavra da vítima basta. Lisa, como qualquer pessoa nessa situação, quer provas, quer uma investigação, quer tudo que um estado democrático de direito garante antes de encarcerarem seu filho. Ninguém, nem mesmo você e eu, muito menos uma mulher que desafiou tantas pessoas poderosas, está livre de ser sacaneado com uma mentira descarada ou ainda ser vítima de um erro de interpretação de uma pessoa que não está com a mente saudável.

Este rapaz de fato assediou/estuprou sua paciente? NÃO SABEMOS. Quem afirma que sim ou que não, deveria repensar sua certeza, pois não temos subsídios para ter certeza alguma, e julgar ou jogar pedras sem certeza é barbárie.

Mas de uma coisa podemos estar certos: subjetivismo e dar total poder à vítima podem gerar muitas injustiças. O peso de um simples processo por assédio ou estupro nesta sociedade atual basta para eventualmente arruinar a vida de uma pessoa. Nem precisa da condenação. Quem nunca foi processado criminalmente não tem ideia do pesadelo que isso virou.

Viver com esse constante medo de ser condenado, de ser preso, de ser excluído socialmente e visto como um estuprador, sendo constantemente xingado, caluniado e motivo de achismos em rede social desestrutura as mentes mais fortes e equilibradas. Pode ser a morte em vida para alguns passar por esse calvário, sobretudo se for no Brasil, onde não há qualquer garantia de que justiça seja realmente feita.

Além do processo, vem o clamor social. A imprensa te tratando como criminoso. As pessoas histéricas em redes sociais te atacando, atacando sua família, reproduzindo mentiras, te desejando mal, jogando seu nome na lama. Perda de privacidade. Perda de dignidade. Perda de respeito. É uma morte em vida. É uma punição além da punição regularmente prevista.

É muito grave fazer isso com alguém. É contraproducente. Todos são inocentes até que se prove a culpa e não vai ser um achismo de rede social ou um dedo apontado por uma mulher que provam culpa. É necessário um processo judicial, uma investigação séria, colheita de provas e, eu diria que deveria ser obrigatória uma avaliação da vítima por um psicólogo e por um psiquiatra, pois mesmo quem não é “maluco” passa por momentos duros e confusos na vida.

Antes disso, é desumano cobrir a pessoa de merda, escrachá-la em público, coisa que tanto o Time´s Up como o Me Too fazem. Às vezes ninguém está mentindo, às vezes houve apenas um erro de percepção da vítima ou do acusado. Há uma enorme área cinzenta entre o abuso sexual criminoso e a total inocência, mas infelizmente, para esta sociedade dual e polarizada, ou é ou não é. E com isso continuam moendo reputações.

Lisa vai experimentar, de uma forma muito sofrida, tudo que ela pregou voltando para mordê-la na bunda. Não acho bom, ninguém deveria passar por isso, mas acho que há uma lição a ser aprendida aqui. É preciso tratar a questão do assédio com muito mais cuidado e seriedade do que vem sendo tratada, até porque, não tenham dúvidas, pelo andar da carruagem, em algum momento ela vai se fazer presente na vida de todos nós. Trate como você gostaria que tratassem seu pai, seu irmão, seu filho. Não vá para rede social julgar, xingar ou acusar, só para ganhar aplausos. Tenha consciência que seu achismo pode ou não ser verdade.

Vejo este caso como um alerta, para que todos nós possamos refletir e perceber que ninguém está livre de acusações escabrosas, repentinas e totalmente infundadas. Como desejaríamos ser tratados nesta hora? Seja a mudança que você quer no mundo, não se junte a essa horda moedora de reputação que só quer apedrejar. Não jogue pedras, contribua para uma mudança.

Para dizer que apedrejar os outros te fazer receber aplausos e você precisa dessa validação externa, para dizer que você acha muito bem feito sim ou ainda para dizer que o filho de Lisa não teve Borders: sally@desfavor.com

SOMIR

Quando fiquei sabendo dessa notícia, eu me senti culpado em questão de segundos. Não deveria ter tido a satisfação que tive ao saber que uma das maiores defensoras do #metoo estava com esse problema em casa. Não deveria tratar isso como uma guerra e comemorar as baixas no exército inimigo. Mas infelizmente é difícil não entrar nessa pilha de “elas contra nós” se você é um homem nos dias de hoje. A vigilância tem que ser constante: se você cair nesse jogo de raiva e desconfiança entre os gêneros, a turma do lacre ganha.

Eu acredito nas mulheres. Mas, eu também acredito nos homens. Em todo caso de acusação de abuso sexual, existe uma verdade a ser descoberta. Parece mais provável que a mulher esteja falando a verdade quando diz que um homem a forçou a fazer algo de natureza sexual? Parece. Combina mais com a realidade que homens eventualmente forcem a barra nesse sentido, mas isso de forma alguma elimina a possibilidade de uma mulher mentir ou confundir arrependimento com abuso.

Se um homem adulto acusa uma mulher de abusar sexualmente dele, a primeira reação é achar que ele deixou. Às vezes não é o caso, mas presume-se que a maioria dos homens seja capaz de impor sua vontade contra a de uma mulher. Homens são mais fortes e agressivos naturalmente. O que também faz o sentido oposto ter a presunção imediata de abuso, mulheres são mais suscetíveis a serem abusadas por essa mesma diferença de força e agressividade. Então, obviamente não estou falando aqui que não se deve dar uma certa vantagem para as mulheres em qualquer disputa sobre abuso sexual, faz mais sentido mesmo que elas sejam vítimas na história.

Mas isso não elimina uma tonelada de outros fatores necessários para encontrar a verdade do caso. O benefício da dúvida está do lado da mulher, mas benefício da dúvida não resolve caso nenhum. Toda acusação deve ser investigada antes de virar sentença punitiva. E infelizmente, nem sempre dá para chegar até a verdade de um caso desses. Consentimento deve ser sim a regra máxima de qualquer interação humana, mas desde que sejamos razoáveis: o consentimento pertence ao momento que ele é realizado, e não pode ser estendido indefinidamente.

Uma pessoa coagida não pode consentir, mesmo que o diga com todas as letras. Existem mecanismos nas leis de todos os países minimamente modernos que definem isso. Se alguém coloca uma arma na sua cabeça e te manda assinar um documento, o documento não é válido. Ou seja: é claro que ninguém está dizendo que uma mulher forçada consentiu só porque não lutou até a morte contra quem abusava dela, mas a vida é cheia de áreas muito mais cinzas do que isso. Não só homens não são obrigados a ler pensamento, como mulheres podem ser desonestas e/ou confusas o suficiente para decidir que não consentem mais muito depois do fato consumado. Se você acha que mulheres não são capazes de mentir, precisa de medicação e tratamento psiquiátrico urgente.

Não sabemos aqui se foi estupro, se foi uma mentira total da mulher ou se ela só mudou de ideia depois. Por isso que se investiga um caso desses antes de dar uma sentença. Mulheres malucas querem ver o homem punido imediatamente depois da acusação porque todos os homens são estupradores, homens malucos querem ver o homem inocentado imediatamente após a acusação porque todas as mulheres são mentirosas. Pessoas com um mínimo de bom senso querem que a justiça seja feita. Mas, quando sua vida é construída ao redor de bater palma para essas malucas, a realidade vai te atropelar como um caminhão desgovernado. Quem semeia insanidade colhe histeria.

E quando eu soube exatamente quem era Lisa Borders, senti ainda menos simpatia pelos problemas dela. Ela era a CEO da WNBA, a liga de basquete feminino americana, até poucos meses atrás. Saiu do cargo para assumir o controle da Time’s Up, mas não antes sem afundar uma das poucas ligas viáveis de esportes femininos do mundo por causa de sua histeria lacradora. Ao invés de usar as melhores jogadoras de basquete do mundo para fomentar o esporte feminino, usou a liga como uma central do lacre pessoal, fazendo com que o interesse pelo esporte caísse ainda mais. Basicamente todas as ações de marketing da WNBA eram relacionadas a temas queridos dela como direitos LGBT, empoderamento feminino, posicionamento político contra o Trump e os republicanos, combate ao racismo… e nada pelo basquete.

Não é de se surpreender que o público disposto a gastar dinheiro com esporte, essencialmente composto de homens heterossexuais, pegou o pouco suporte que tinha pelo basquete feminino e jogou inteiro no lixo. A WNBA virou piada por lá, a liga das lésbicas. E completamente fora da realidade, Lisa ainda deu chiliques e mais chiliques querendo que as jogadoras ganhassem o mesmo que os homens da NBA, mesmo considerando que a liga masculina fatura bilhões por ano e a WNBA dá prejuízo atrás de prejuízo (sendo sustentada pela liga masculina). Tinham a possibilidade de fazer o esporte melhorar mudando as regras e a quadra para combinar melhor com o potencial atlético da mulher (quadra menor, tabela mais baixa, bola mais leve) e não o fizeram porque o discurso de que mulheres são IDÊNTICAS aos homens em tudo era mais importante. Qualquer homem fã de basquete faria a liga se tornar lucrativa em poucos anos não fosse a mentalidade lacradora da legião de malucas e lésbicas que tomaram conta dela.

Gente que coloca o lacre na frente da realidade me incomoda profundamente, principalmente quando começar a assumir posições de poder. O desfavor mesmo aqui é que o clima de histeria (homem fazendo burrice fica agressivo, mulher fica histérica) desse universo do lacre é tão pervasivo que não adianta só uma delas acordar para a realidade, porque as outras vão destruir ela imediatamente para continuar vivendo nesse mundo insano de raiva contra homem a qualquer preço. Por isso eu continuo dizendo que lacre vai se matar eventualmente. O problema é o quanto eles levam da nossa sanidade como sociedade antes de voltarem para seu cantinho de direito. Podia ser mais rápido…

Para dizer que estamos fazendo apologia ao estupro (vulgo não leu os textos), para dizer que não se sente culpado por comemorar o inferno pessoal dela, ou mesmo para dizer que se ela tivesse ficado em casa para cuidar do filho, ele não faria isso: somir@desfavor.com

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Comments (5)

  • Se a história toda for verdadeira, sou plenamente capaz de me compadecer da vítima.
    Se a história for falsa, sou totalmente capaz de me condoer do acusado.
    Em nenhuma das duas hipóteses, entretanto, consigo sentir pena desta senhora.

  • Infelizmente não sou tão evoluída quanto os senhores, então sinceramente eu não lamento nem um pouco e ainda acho super BEM FEITO. Tomara que todos os que ajudaram a fomentar essa guerrinha escrota sejam atingidos de alguma forma. Não me importo.

  • Mas muito bem feito viu. Depois de tanta histeria pra incriminar homens a qualquer custo em prol de “empoderamento” feminino. Não me sensibilizei por ela, esta provando do próprio veneno. É aquele ditado, tudo que vai volta.

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