Melhor correr, melhor correr…

Dois ex-alunos efetuaram disparos dentro de uma escola em Suzano (Grande São Paulo) matando ao menos sete pessoas no local na manhã de hoje, segundo informações da Polícia Militar. Antes, os assassinos mataram um comerciante na região. Com a chegada da polícia à escola, um dos assassinos matou o outro e, depois, cometeu suicídio, totalizando em dez o número de mortos na ação. LINK


A culpa é do bullying? Da internet? Dos games? Isso vai muito além disso, e não existem respostas simples. Desfavor da semana.

SALLY

Difícil escolher o tema desta semana. Ver o STF dando um tiro na cabeça da Lava Jato foi doloroso. Ver o STF abrindo inquérito para investigar quem o critica rasgando a Constituição também. E ter que ver tudo isso com gente berrando que estamos em uma “Ditadura do Bolsonaro” foi pior ainda. Os verdadeiros ditadores são muito mais poderosos que o Presidente da República.

Sim, pode ser que todas as decisões da Lava Jato sejam anuladas e todos os presos sejam colocados na rua, mas isso ainda não aconteceu. Nosso assunto aconteceu, continua acontecendo e vai acontecer cada vez mais: precisamos conversar sobre os assassinatos em massa em escolas.

No começo do Desfavor o grande desafio era pensar em pautas bacanas e interessantes. Hoje, dez anos depois, o grande desafio é falar pela milésima vez sobre o mesmo assunto trazendo um novo ponto de vista.

Já falamos aqui de diversos massacres (a maioria em escolas), criticando os principais pontos nos quais a imprensa continua batendo: culpar videogame, glorificar atiradores dando fama, explorar o sofrimento alheio para conseguir visualizações, colocar a culpa nas armas e no bullying, etc. Tudo isso já foi detalhadamente debatido aqui. Por isso, não espere que repitamos o óbvio. Para uma análise mais tradicional, leia nossos textos antigos, onde todos esses pontos básicos estão dissecados, um a um.

Mais uma vez, vemos a mídia e a sociedade colocar a culpa nos fatores externos que citei no parágrafo anterior. Porém um deles em especial está fazendo uma luz vermelha piscar na minha cabeça: bullying. Já falamos em detalhes mais de uma vez aqui os motivos pelos quais o bullying, por si só, não transforma ninguém em assassino. Porém, o que estamos vendo se desenhar é algo novo e muito mais nocivo: quem sofre bullying está começando a ganhar uma presunção de futuro assassino.

Isso sim me preocupa. Isso sim pode realmente interferir no futuro. Isso pode de fato transformar pessoas em assassinos. Pessoas que já tem a mente fragilizada a ponto de se abalarem com bullying certamente não tem muita segurança sobre seu valor, sobre quem são, sobre si mesmas. Pessoas que se importam tanto com o olhar alheio, que buscam validação no olhar de terceiros, que se doem com opiniões de desconhecidos ou desimportantes, podem facilmente comprar esse papel de assassinos para si, acreditando que é isso que são ou é isso que devem ser.

Já vi isso acontecer de outras formas. A menina que faz um movimento “errado” na escola e ganha fama de “piranha”, acaba tão hostilizada por isso que resolve vestir o personagem e começa a se comportar de forma promíscua, seja por falta de consciência, seja para não se sentir “injustiçada” pelo rótulo que recebeu. Um clássico. O melhor aluno da sala, que tira notas boas e é reconhecido por isso, começa a se empenhar ainda mais, pois isso é “o que ele é”, se tirarem isso dele, ele fica sem identidade.

O ser humano é mais suscetível a rótulos do que gosta de admitir e pessoas mais introspectivas, fora do padrão, “vítimas de bullying”, estão começando a ser vistas como potenciais assassinos. Ainda é um sussurro, mas com a sequência de eventos deste tipo, cada vez mais frequentes, em breve será um coro.

Todo aquele que não se encaixa no padrão de “normalidade” e “integração” social está começando a levantar desconfianças e até medo. Por mais de uma vez escutei comentários de que “Fulano é muito estranho” vinculados a uma possibilidade de que um dia esse Fulano possa cometer um ato de loucura violenta. Dependendo do estado de desgraçamento mental da pessoa, sua sede por pertinência a algum grupo ou rótulo pode ser tanta que de fato a pessoa pode ser induzida a fazer coisas que talvez não faria normalmente.

Não se trata apenas do desejo de se integrar, é algo maior, é o desejo de entender quem ela é, seu propósito de vida, seu papel no mundo. Efeito Rosenthal: crianças vistas e tratadas como mais inteligentes no final das contas de fato performam como mais inteligentes nas provas, por mais que tenham uma capacidade intelectual menor do que a média. Sua mente cria realidade. E vejam que bela bosta de realidade estamos caminhando para criar…

Imagina crescer escutando que você vai se tornar um assassino. Imagina crescer com outras crianças tendo algum tipo de medo de você. Imagina crescer até mesmo com adultos temerosos, esperando que a qualquer momento você cometa um ato de violência. Será que estas mentes terão força e sensatez para não cair nestes rótulos e não se portar conforme o que se espera delas? Mais provável que pensem “se até adultos tem medo de mim, eu devo ser mesmo um perigo violento”.

Se minha visão estiver correta (e tomara que não esteja), estamos vendo nascer uma nova modalidade, um mix de bullying com preconceito, que pode sim influenciar na vida de mentes mais frágeis que já vem esmagadas por problemas graves dentro de casa (família desestruturada, abusos, violência). Eu tenho receio do que possa acontecer com uma pessoa fragilizada de antemão por estas situações, crescendo em um ambiente onde todos sussurram que ela vai se tornar uma assassina.

Provavelmente não tem muito que possamos fazer no nível macro para conter este movimento, mas, cada um de vocês pode fazer a sua parte e não endossar esta presunção de violência quando se deparar com pessoas com dificuldade de integração ou socialização. Sua mente cria realidade. Se, em vez de reagir com medo, desconfiança e preconceito, nos portarmos com empatia, compaixão e estendermos a mão para essas pessoas, quem sabe o resultado final seja outro.

Claro que problemas mentais existem, falta de consciência existe e de fato algumas pessoas chegam a um grau de perturbação que as leva a cometer esse tipo de crime. Não estou falando em sair abraçando desequilibrado e colocar sua vida em risco. Estou apenas sugerindo que não se tenha presunção de assassinato em massa contra “vítimas” de bullying. Nem todos viram atiradores e cada vez menos virarão se nos portarmos desta forma.

Sabemos que fatalmente a maioria vai rumar no sentido contrário, da estigmatização, do rótulo, da dualidade: “se sofre bullying a qualquer momento pode pegar numa arma e atirar no meu filho”. E é por isso que eu acredito que, infelizmente, eventos como este serão cada vez mais frequentes, inclusive entre adultos. Pessoas fragilizadas se tornarão assassinos empurradas por pessoas “sãs”, olha que triste! Não nos resta muito a fazer a não ser rever a nossa postura e tentar conscientizar quem estiver aberto para isso. Faça a sua parte e já será uma bela contribuição para o mundo.

Para dizer que se o Lula for solto vai virar atirador, para dizer que, como sempre, países de primeiro mundo fizeram melhor do que a gente ou ainda para dizer que a Nova Zelândia inaugurou o Live Killing: sally@desfavor.com

SOMIR

O tema desta coluna é selecionado na quinta-feira, então o massacre na mesquita na Nova Zelândia, apesar de algumas semelhanças, não vai ser o foco mesmo tendo sido muito mais mortal. Vamos olhar para nosso próprio quintal: a mídia brasileira (que já é composta dos jornalistas e os palpiteiros de redes sociais) escolheu um mix de bullying e games para explicar o atentado, mas dessa vez, o ângulo dos sites que os assassinos frequentavam ganhou muito mais destaque.

Como eu sei que muito pouca gente sabe que sites são esses, eu vou tentar fazer uma breve explicação sobre o conceito das “chans” para que vocês possam tomar decisões mais bem informadas. Antes das redes sociais, as pessoas interagiam na internet principalmente através de chats e fóruns. Em ambos os modelos, o anonimato, mesmo que não obrigatório, era estimulado. As pessoas escolhiam um apelido na hora do cadastro e já caiam direto nas discussões. Falando para quem só conheceu redes sociais até hoje: todo mundo era fake, ninguém sabia da vida de ninguém sem que uma das pessoas se esforçasse para isso, e era mais comum discutirmos assuntos e ideias do que nossas vidas pessoais.

Se você acha isso bom ou ruim, não muda muito. É só um fato histórico. Com o advento das redes sociais, o anonimato passou a ser cada vez menos incentivado. Queriam sua foto, seu nome, gênero, amigos, local de estudo e/ou trabalho… e isso gerou um ambiente online bem diferente da era dos chats e fóruns. A última rede social que ainda tinha um elemento forte de discussão de ideias ao invés de pessoas foi o Orkut, com suas comunidades e fóruns ocupando a maior parte do tempo dos usuários. Mas da era do Facebook para frente, a imensa maioria dos usuários de internet estavam se relacionando com base no seu status social, altamente integrado com a vida longe do computador.

Mas muita gente não gostou dessa mudança. Gente que gostava de discutir seus interesses sem precisar fazer toda a “burocracia” de ficar se exibindo e procurando validação social começou a ficar sem espaço na internet. Gente reservada, tímida ou mesmo que queria o direito de pensar diferente da maioria sem repercussões na vida pessoal começou a encontrar as chans. Claro que existem outras opções na internet de hoje, mas tinha algo no modelo desses sites que começou a atrair um grande público: não só todos eram anônimos, como não havia sequer a necessidade de criar um apelido e se preocupar com sua reputação. Nas chans, ninguém sabe se você escreveu uma postagem completamente contraditória minutos atrás, todos são anônimos o tempo todo. Quem queria reputação e confete ficava nas redes sociais tradicionais ou mesmo ia para sites como o Reddit. Quem queria a experiência caótica de ideias disputando espaço com nenhuma relação com sua pessoa ou mesmo com o que disse e pensou antes daquele momento escolheu as chans.

Duas delas são gigantes: a japonesa 2chan (a original) e a americana 4chan. Mas como o modelo atraia muita gente, milhares de outras foram surgindo. Algumas por causa da barreira linguística, cada país costuma ter a sua (a brasileira mais famosa é a 55chan), outras por interesses muito específicos (normalmente relacionadas a fetiches), e algumas por acharem as regras das chans mais famosas muito restritivas (8chan e as chans da DeepWeb como a DogolaChan que o atirador de Suzano supostamente frequentava). Como cada uma tem uma lógica própria, as chans começam a criar mentalidades de grupo, afinal, todos são anônimos, diminuindo o impacto da personalidade de cada um na soma geral.

Chans são baseadas na ideia de tópicos: uma pessoa lança um assunto para os outros discutirem, e se outros acharem interessante, respondem. Pode-se colocar uma foto para ilustrar, mas não é obrigatório. Se ninguém quiser responder, o tópico desaparece com o tempo. Ninguém precisa se respeitar, chans são dos ambientes mais agressivos da internet mesmo, quem não gosta do que você escreve vai te atacar sem dó nem pena. Ninguém se conhece e ninguém precisa fazer pose. E mesmo os assuntos que geram interesse e muitas respostas desaparecem também: as chans não guardam mais do que algumas centenas de tópicos por vez. Os mais novos vão apagando os mais velhos.

Esse ambiente atrai gente maluca e gente genial com a mesma intensidade. Sinto te dizer, mas se o que te atrai na internet é ver fotos/vídeos de pessoas e fazer fofoca de conhecidos e celebridades, você é terrivelmente medíocre. Internet é espetacular para disseminar e analisar informações. Gente que não se adapta ao modelo fútil de redes sociais tradicionais precisa de outros lugares para interagir. Foram nas chans que as memes como conhecemos nasceram, muitas das coisas que você usa nas redes sociais foram criadas pelos anônimos, inclusive muitas das ideias que permeiam a sociedade. Sim, as chans são lugares onde atiradores costumam postar, mas também são o berço de boa parte da cultura online da última década. Muita gente usa, pouca gente admite. Aqui no Brasil com o caso de Suzano e agora com força no resto do mundo por causa da Nova Zelândia, vamos ver um movimento de repressão ao modelo de anonimato das chans.

E isso pode ser um problema sério: mesmo fora do radar da maioria das pessoas, as chans podem ser consideradas um berçário do conteúdo da internet, que não vai ser criado por gente postando foto de decote e comida no Instagram. Quem conhece o funcionamento desses sites sabe que a cultura única desses lugares não é o que está gerando atiradores, racistas e misóginos. É a vida real ao redor deles. Na verdade, as chans são a melhor alternativa para dar um freio nos malucos: porque fora delas o diálogo é minúsculo. Um bando de gente fazendo pose e nunca entrando nos assuntos. As chans podem ser o lixo da internet, mas pelo menos lá o lixo é coletado e gera interações sociais que evitam que o pior aconteça para muitos desses rapazes à beira de explodir.

O movimento de radicalização de jovens não está relacionado com a existência desses sites, é algo basicamente inevitável com o ambiente cultural opressivo atual, quem não pensa igual aos lacradores está sendo expulso da sociedade, custe o que custar. Temo que reprimir o último lugar onde eles podem se encontrar e sentir-se menos sozinhos vai ser a gota d’água. Reprimir grandes grupos humanos dá muito errado, sempre deu. A coisa só vai piorar, principalmente se as ações contra a violência que alguns psicopatas realizam forem apontadas para o único lugar que ainda permite que eles tenham alguma noção de pertencimento ao mundo. Não tem atalho: vai ter que desradicalizar muitos desses jovens mexendo na sociedade e na forma como os tratam. A burrice infinita de lutar contra a opressão de algumas minorias tentando isolar homens brancos vai explodir na cara dos lacradores uma hora ou outra, mas dá para pelo menos diminuir o tamanho da bomba agindo de forma mais inteligente. Não são as chans. Nunca foram as chans. Elas são nossa última linha de defesa contra o desastre que vem por aí.

Para me chamar de nerd assassino, para dizer que só precisa botar a culpa em alguém que não seja você, ou mesmo para dizer que lacrador nunca vai conseguir ser melhor em internet que nerd: somir@desfavor.com

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Comments (30)

  • Os reais causadores desses problemas são os que voluntariamente colocam filhos no mundo sem ter o mínimo de estrutura, são os que impedem o planejamento familiar,são os que tem filhos apenas pra abusar de alguém mais vulnerável, são os que os que induzem os outros a ter filhos contra a vontade, são os que obrigam a criança a permanecer em famílias abusivas.Resultado: adolescentes com forte sentimento de rejeição, abandonados dentro de suas casas, crescendo com abuso psicológico, deixados de lado por pais que não os desejaram, que não se importam o suficiente.O bullying é um estopim e existem vários outros. Culpar os games, os chans, a internet, é desviar os olhos de onde os problemas realmente estão.

    • Eu pelo menos acho que a única coisa pior que o Bolsonaro era o Lula. E também que lutar contra crentes é melhor do que ver a sociedade desabando completamente como aconteceu na Venezuela. Uma hora ou outra você acaba aceitando que não dá para ter tudo o que você quer, e a única alternativa é escolher o inimigo menos perigoso para enfrentar a cada etapa. Crentes deixam um mínimo de sociedade de pé depois de vencidos, corruptos disfarçados de esquerda não.

  • Estão botando a culpa em jogo sem dó nem pena. O rapaz podia simplesmente ser um psicopata. Acontece, sabiam? Não precisa de motivo, provocação, razão. Só vontade.

    Se videogame formasse assassinos, não tinha mais um vivo no meu bairro. É da pessoa, e acabou. (Ao menos é minha opinião…). Mesmo que ele fosse tratado por um psiquiatra, poderia ter um surto a qualquer momento, então….

    Estão botando a culpa até no Bolsonaro! Eu gosto do Bolsonaro? Não, ele é uma besta, mas peraí: só porque ele disse que ia facilitar a posse de armas, não quer disser que ele tenha ido lá e falado ‘guri, mata seus coleguinhas’. As armas do infeliz deviam ser todas ilegais, e todas as pessoas que eles mataram eram quem fez algo que ele não gostou, desde o mandar embora porque ele roubava no serviço a zoar a cara dele. Ou seja, o problema ainda é com ele.

    Se não fosse com uma arma, ele ia matar o povo com um ralador de queijo. Psicopata é psicopata, não adianta.

    • É grave colocar a culpa no Bolsonaro. Isso vai aos poucos desqualificando qualquer acusação contra ele, em uma versão política do menino que gritava “lobo”. Se continuar nessa perseguição sem critérios, tudo que falarem sobre ele será ouvido como fake news!

  • Interessante, Sally, como ocorre certas coincidências as vezes, né?
    Estava eu ontem mesmo assistindo a uma palestra sobre algo parecido que tu falou no teu texto: a gente cresce inserido numa narrativa sobre o que o outro nos conta sobre a gente. E o que a gente faz é defender nossa fantasia, dizer “eu sou isso, eu sou aquilo, eu sou assim ou assado”. Mas isso não necessariamente condiz com aquilo que nós somos de verdade, nossa essência. O problema maior mesmo é a gente passar a acreditar piamente naquilo que contam sobre nós e (em sentido psicanalítico) ceder ao gozo e partir para a violência, e não racionalizar sobre aquilo. Essa é uma explicação plausível para a onda de violência que tivemos essa semana. E no caso, tanta gente cedendo ao gozo, bem… as consequências podem ser catastróficas.

    • Até que ponto nossa personalidade, preferências ou, no geral, o que somos, é determinado pela nossa essência ou por crenças que pais, familiares e sociedade nos incute desde cedo?

      Acho que temos tantas pessoas perdidas, transtornadas e infelizes por estarem totalmente desconectadas de sua essência, vestindo máscaras que nem percebem que foram colocadas.

      • Pois é, é algo difícil de determinar com precisão, mas acho que deve ter um meio termo entre o que é nossa essência e o que é crença dos outros sobre nós. O problema é ficar cego e alheio a esse processo, a essa máscara que os outros colocam sobre nós e a partir disso surgir pensamentos de ódio. Triste. E bem, reconectar-se com a essência é tarefa árdua, nem todos estão aptos a.

  • Macaco vê, macaco faz! Depois dos macaquitos de SP, teve um moleque na escola de Campo Grande RJ esfaqueando colega, teve até um professor que invafiu uma escola cheio de arma. Por enquanto tá só nas escolas, mas vai virar em todos lugares. BR que é BR faz tudo ser insuportável!

    • Teve em Manaus também. Culpa da mídia, não se divulga NADA sobre os atiradores em países civilizados pois se sabe que isso é visto como uma recompensa por eles, como status, prêmio, fazendo com que outros se interessem por fazer o mesmo.

  • “quem não pensa igual aos lacradores está sendo expulso da sociedade, custe o que custar.”
    Posso estar com impressão errada, mas nos últimos meses vejo algumas pessoas por aqui tomando umas posições não condizentes com o que realmente pensam por pura reação a isso. Pensa assim, a pessoa vai num closet que na porta tem uma placa “formas de se apresentar” e lá tem umas camisetas escritas coisas como: “Pessoa normal” “Cristão tradicionalista” “Patriota” “Amante da natureza” “Estudioso” “Ligado em tecnologia” “Comediante sarcástico” “Maluco extremista”
    Aí a pessoa pega a camiseta escrito “Maluco extremista” e acha que fez uma escolha boa.
    Apenas ser uma pessoa normal + não abraçar essas narrativas lacradoras malucas SEMPRE vai significar que algumas pessoas vão te acusar (falsamente) de extremismo, mas não significa que você tem que adotar essa imagem e se misturar com esse tipo de gente que os lacradores querem te empurrar. Não jogue o jogo deles. Dar-se conta de que você é na verdade apenas uma pessoa normal é algo muito poderoso, o melhor que você pode fazer.

    A propósito, sim, é meio triste ver como as pessoas se importam mais com imagem do que com o diálogo. Eu nunca trocaria as interações anônimas que tive no Desfavor e em fóruns por exibicionismo de Instagram que não acrescenta nada e que está fodendo a cabeça de muita gente hoje em dia.

    • Acho que chega num ponto onde algumas pessoas se perdem e se confundem com a máscara que vestem. É muito triste ver tanta gente escrava de rótulos e tão desconectada de sua verdadeira essência.

  • Nenhum atentado, nenhuma manifestação e nenhum político eleito vai parar os lacradores, eles conseguem transformar cada reação em alimento pras suas narrativas e eles ainda tem a mídia e vários setores do governo nas mãos. é só ver como em UM ANO eles conseguiram alçar uma vereadora que ninguém conhecia a um status semelhante ao de Jesus Cristo, só por ser negra e lésbica. Em breve teremos até ruas e construções com o nome dela, enquanto esquecemos pessoas como a mulher que morreu salvando as crianças daquele incêndio no jardim de infância.
    A tendência é esses atentados serem normalizados que nem assaltos e tiroteios. Pros lacradores, essas mortes são apenas um efeito colateral no seu caminho para o poder. A solução é se mudar do ocidente e ir pra algum canto da Ásia que os lacradores ainda não conseguiram chegar.

    • É só gritaria em uma bolha, não conseguem uma conquista real faz tempo. Por sinal, estão até fugindo do país…

    • Vocês vão ficar muito ofendidos se eu perguntar o que a Marielle fez de mais além de morrer cinematograficamente? Sério, eu não sabia da existência dela antes disso.

      • Ela incomodava alguns bandidos locais, enchendo o saco, peitando, desafiando. Mas nada que os impedisse de continuar mandando no Rio. A morte dela só foi benéfica, na minha opinião, para seus aliados, que fazem palanque em caixão.

  • Ponto de vista interessante. Não tinha parado pra pensar nisso, aliás 2019 tá foda. Mal o ano começou e só foi tragédia atrás de tragédia.

    Uma pena que uma barbaridade dessas seja reduzida a mais uma discussão inútil (e simplista) sobre “armamento X desarmamento” e games violentos.

    • 2019 vai ter muito mais eventos trágicos. É um ano de expurgo,e tá tudo bem, é necessário. Por isso sempre peço que mantenham suas mentes em um bom lugar, para não se emburacar no medo ou no sofrimento.

  • Quando acontece massacre é sempre esse ciclo.
    Demonização de homens brancos, o autor for branco. Se o autor não for branco, a culpa continua sendo dos homens brancos de alguma forma.
    Aparece gente pedindo por mais Estado pra regular internet, armas e “discursos de ódio”, as pessoas imploram pros seus países virarem Chinas sem perceber. Aliás, tem muito mau caráter aí usando isso pra atacar quem não gosta, é desculpa pra impor tirania contra quem não concorda. Há bilhões de usuários de internet, o número de crimes não são nada comparados com o número de usuários.

  • Vamos terminar essa discussão de uma vez por todas? Um bando de especialistas tão há mais de década falando, falando e falando, formulando teorias inúteis e impraticáveis, mas resolver o problema desta juventude pode ser mais simples do que parece.
    T R A B A L H O
    Não é emprego não, é trabalho. Esses pivetes, e falo de homem e mulher, precisam trabalhar pesado, cansar o corpo antes de cansar a mente. Em Ubatuba, por exemplo, tem a Guarda Mirim. Os nego vão fazer serviço debaixo de sol com calça jeans e camisa, vão lá ver se tem força pra ficar planejando merda e perdendo tempo com besteiras na internet. Nada de colocar o filho em emprego fácil na empresa da família. Põe ele pra fazer serviço pesado. Algo que no final do dia ele esteja exausto. Quero ver ter tempo pra bolar planinhos macabros. Tudo o que ele vai querer é sair pra beber e namorar.

    • Embora eu não saiba se isso seria uma solução efetiva (e quem sabe?), faço das palavras do Ruan as minhas. Também acredito que isso é muito tempo livre e falta de “sofrimento”, que é o que no fim das contas nos faz aprender a conviver com outras pessoas e dar valor às coisas. Pelo menos nos primeiros anos da transição adolescente – adulto eu penso que é extremamente benéfico ensinar o valor do trabalho. Trabalho em uma empresa gigante do ramo de auto peças aonde temos muitos aprendizes do senai. A mentalidade é outra (embora seja já bastante diferente da molecada do senai de anos atrás). Acorda 05 da manhã, pega busao, vai pro trabalho, senai e escola a noite. Salarinho no final do mês do qual se orgulham muito. É muito bacana de se ver. Também acho que essa é uma das ferramentas…

    • Concordo em partes contigo, Ruan. Trabalho, ocupação, realmente nos ocupa a cabeça e faz a gente deixar de pensar besteira levada pelo ócio. Mas quando a pessoa é desequilibrada (leia-se: com tendências à sociopatia, psicopatia, perversão e outras anomalias psíquicas) não adianta, nenhum trabalho vai resolver. E se ela não souber lidar com aquilo, daí realmente pode desencadear em um surto ou em atos violentos como tivemos essa semana.

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