Transespécie.

No começo eram apenas notícias esparsas, pessoas tidas como loucas que viravam motivo de piada. Mas, com o tempo, os casos foram aumentando e hoje eles lutam por reconhecimento que os afaste da doença mental e os coloque no mesmo patamar de transgêneros. São os Transespécie, por mais estranho que pareça, eles são uma realidade e é hora de começar a pensar em como lidar com eles.

Transespécie seria, em um resumo bem simplista, uma pessoa que não se identifica com um corpo humano. Ela se sente como sendo de outra espécie, como por exemplo um cão ou um pássaro. Assim como os transgênero (um homem que se sente mulher ou uma mulher que se sente homem), os transespécie sofrem com o corpo que tem e, quando podem, apelam para cirurgias plásticas para adequá-los a aquilo que se sentem ser.

Você provavelmente está pensando que são pessoas loucas, e de fato são vistas assim por muitos, mas aqui há uma linha importante a ser traçada: se a sociedade insiste em endossar que você é aquilo que você se sente em casos de pessoa que dizem ter nascido em um corpo errado quando falamos de sexo, fica difícil, por simetria, não dar a mesma prerrogativa a quem se sente de outra espécie. Ou o sentimento da pessoa é válido para caracterizar quem ela é, ou se utiliza a genética como linha divisória.

Se você pensa que um homem que se sente uma mulher é de fato uma mulher e pode fazer cirurgias mutilativas para adequar seu corpo a esta percepção, seria contraditório dizer que um homem que se sente um ornitorrinco não é um ornitorrinco e não pode fazer cirurgias mutilativas para adequar seu corpo a esta percepção. Pois é, a sociedade está prestes a ter uma baita discussão sobre o assunto, justamente por isso queremos levantar o assunto antes, para que quando a hora chegue, o assunto já esteja maduro na cabeça de vocês.

Independente da nossa opinião, os transespécie estão cada vez mais presentes na sociedade. Difícil dizer se seu número está aumentando de uns anos para cá ou se de fato eles sempre estiveram ali e agora estão em melhores condições de “se assumir”, o fato é que eles estão reivindicando seu lugar na sociedade e nós ainda não sabemos como lidar com isso.

Vejamos o caso de um designer brasileiro, cujo nome vamos omitir pela política do blog, que prestigia o direito ao esquecimento, mas que você poderá encontrar facilmente no Google com as informações que vamos dar: ele conta que sempre se sentiu deslocado da sociedade e que sentia forte atração por acessórios caninos, em especial que remetessem à raça Dobermann.

O sentimento falou muito alto e ele decidiu sair do armário humano e se assumir: hoje ele tem o layout de um cachorro. Usa uma máscara bastante realista de pelúcia que faz seu rosto parecer com um cão. Faz todas as suas tarefas diárias usando a máscara, até dorme com ela, só a remove para tomar banho.

Até na hora de viajar ele vai com sua Dog Face. Ele conta que já teve problemas para embarcar em aviões: “Eu já tinha mostrado o meu rosto para todos os seguranças, mas, no avião, tive que falar que eles deveriam respeitar a minha máscara assim como respeitam uma mulher muçulmana com a burca”. Aos poucos, uma “personalidade canina” estaria aflorando cada vez mais, a ponto dele chegar a comer carne crua. E aí? Como lidar com pessoas mascaradas tentando entrar em bancos, aviões e hospitais?

Nem sempre os Transespécie se identificam com animais, eles apenas não se identificam como humanos. Uma moça nascida no Recife, atualmente moradora de São Paulo, por exemplo, não se identifica com qualquer animas e sim com alienígenas, intitulando-se “Transalien”. Ela vive sua vida com máscaras alienígenas cobrindo seu rosto, a ponto de afirmar que muitas pessoas que a conhecem nunca viram seu rosto. Ela tem a forte sensação de que não é humana e sim de outro planeta.

Um dos primeiros Transespécies a vir a público foi um inglês que se reconhece como um cão da raça Dálmata. Ele anda em quatro patas, come ração para cachorro, dorme em uma casinha de cachorro e até late. Sua esposa, que se divorciou dele quando ele decidiu “se assumir dálmata”, diz que sente falta dele mas que está feliz por ele ter a coragem de ser fiel a ele mesmo, já que ele não era feliz como humano e tinha um desejo muito forte de ser um cão. O homem não se arrepende e se diz plenamente realizado agora. Se a “transformação” resolveu os problemas internos e trouxe paz à pessoa, será que, ainda assim, devemos deixar de reconhece-la?

Uma norueguesa afirma que é um gato preso em um corpo humano, alegando que por algum “erro” lhe foi designado um corpo de uma espécie errada. Com o passar do tempo, após decretar que era um gato, a moça alega ter desenvolvido um olfato mais apurado, uma visão noturna superior à de humanos e um desgosto por água. Alega ainda que possuí ou desenvolveu alguns genes de felinos no seu corpo.

Um simples exame de DNA provaria o contrário: a moça não é um gato, ainda que se sinta como tal, seu corpo continua o de um humano. Isso faz sentido para você? Pois bem, experimente dizer isso a um homem ou uma mulher trans: “por mais que você se sinta uma mulher, lamento, você é um homem, seus genes são de homem”. Grandes chances de apedrejamento. Ao que tudo indica, atualmente, o que a pessoa sente é soberano e se sobrepõe inclusive à genética.

São centenas de casos famosos. Uma australiana que pensa ser uma égua, um suíço que se sente uma cabra, um americano que se sente uma raposa, um japonês que acredita ser um leão. Se você procurar, vai encontrar todo tipo de transespecismo e muitas modificações corporais feitas em função disso.

Graças à internet, estas pessoas estão se reunindo e ganhando voz. Graças a outras supostas “doenças” que foram revistas e retiradas do rol de doenças mentais pela OMS, os Transespécie estão encontrando a validação que precisam para pleitear o respeito social pelo seu estilo de vida. Eles já reivindicam que sua “condição” seja excluída do rol de doenças.

O caminhar social parece estar rumando para validar aquilo que a pessoa sente, se sobrepondo inclusive à genética. Ou damos ré agora mesmo e pactuamos que por mais que a pessoa se sinta outra coisa ela é o que seus genes determinam ou em breve teremos que incluir banheiros para animais além dos clássicos masculino e feminino nos estabelecimentos públicos. Essas coisas crescem rápido, não se trata apenas de validar, mas também se pensar se queremos uma sociedade adaptada a essa nova realidade.

Não é moral validar um homem que se sente uma mulher e não validar um homem que se sente um cão. Ou o que determina a “classificação” é a sensação interna ou é a genética. Estamos diante de uma bifurcação muito complicada. A OMS deixou de considerar transexualidade uma doença, então, indiretamente, admitiu que uma pessoa pode nascer ou se sentir em dissonância com seu corpo e modificá-lo com cirurgias pode ser uma forma de atenuar o problema.

Até a presente data, pessoas que se sentem animais são vistas como portadoras de algum problema mental, tal como distúrbio dismórfico corporal, coisa que se atribuía aos transgênero até bem pouco tempo. Tudo indica que com o tempo, assim como os transgênero, os Transespécie também serão reconhecidos e acabarão tendo seus sentimentos validados.

Na verdade, pode surgir uma verdadeira indústria da cirurgia plástica para atender a esse nicho. E daí surge um novo problema: o modismo. Não desvalorizando o sentimento de cada um, mas se toda inadequação desembocar em um equívoco de espécie, metade da humanidade vai fazer severas modificações corporais.

Muitas vezes o clamor social pela aceitação dessas pessoas tem um pano de fundo cruel e ganancioso. Assim como fizeram com o Pink Money, podem estimular os trans-especistas em busca de, digamos, um Animal Money. Pode surgir uma verdadeira indústria trans-especista, como por exemplo, uma pet shop para humanos que se sentem animais, com camas, coleiras e demais produtos em tamanho diferenciado. Atendimento médico emulando um veterinário, hospedagem emulando um canil, as possibilidades são infinitas. Nem sempre aceitação busca inclusão, às vezes busca lucro.

E, com tudo isso, vem a famosa “luta”, que só polariza ainda mais as coisas. Luta pelos mesmos direitos, luta para serem reconhecidos, luta para poder entrar em restaurantes, cinemas e local de trabalho vestidos como o animal que se sentem… Enfim, luta contra a transespecieofobia. Lá vamos nós novamente, separando em vez de unir, classificando e rotulando em vez de agregar…

Marchas pela igualdade de direitos, campanhas para o fim do preconceito e todo esse combo que já vimos com outras categorias que saíram do rol de “doença mental” e receberam “autorização social” para ser como são. Acreditem, já tem muito psiquiatra e psicólogo se especializando nesse grupo que chamam de “espécie fluida” e sugerindo que este dado seja acrescentado no documento de identidade da pessoa. O ser humano é fantástico: surge um nicho e imediatamente surgem centenas de pessoas prontas para ganhar dinheiro com esse nicho.

Onde está a linha? É ok se sentir de outro sexo mas não é ok se sentir de outra espécie? É aceitável mudar radicalmente sua etnia, transformando um nariz achatado em um nariz fino, um cabelo crespo em um cabelo liso, mas não é ok mudar para deixar de ter uma aparência humana?

Não é uma questão de permitir cirurgias, cada qual que modifique seu corpo como achar melhor. É discutir o tratamento social que será dado a essas pessoas. Doença? Loucura? Excentricidade? Um direito? Uma não identificação como outra qualquer?

Este não é um texto opinativo, é um texto informativo, para que você esteja ciente do que está acontecendo e forme sua convicção, pois é questão de tempo até que transespecismo vire pauta. Eu mesma não sei o que pensar.

A grande questão é: não se sentir humano te dá o direito de se dizer não-humano e demandar da sociedade um tratamento diferente?

Para dizer que acha racista ser transespécie e escolher a raça do cachorro que vai ser, para perguntar se o transespécie que se diz gato terá o direito de matar o transespécie que se diz pássaro por instinto ou ainda para dizer que você é transvergonhalheia: sally@desfavor.com

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Comments (34)

  • ano passado teve o caso de um cara que entrou na justiça na holanda pra mudar a idade dele. ele tinha 70 anos mas se ‘sentia’ com 50, e queria que isso fosse reconhecido. parece estúpido, mas ele disse não se identificar com a idade que ele tem, e por isso queria essa correção. teve o pedido negado, acredito que mais em função de aspectos legais do que de qualquer outro motivo (aposentadoria, benefícios, etc)
    foi algo assim, não lembro de cabeça, mas era quase isso… mas se estiver valendo tirar anos, também vale acrescentar…..
    imagina um jovem de 45 que se ‘sente’ com 65 anos e quer se aposentar

  • À primeira impressão eu só consigo pensar que essas pessoas não estão bem, talvez tenham até sofrido algum abuso durante a vida ou possuem famílias instáveis, e precisam de um tratamento. Tem uma mulher que se identifica como dragão que tatuou escamas na cara toda e fez cirurgia pra remoção TOTAL do nariz e das orelhas. Mas aí entra meu dilema, quem disse que o meu conceito de “sentir-se bem” é o padrão? A maioria das pessoas, ao menos no meu círculo social, se sentem bem indo pra uma balada barulhenta, mas eu sou bicho do mato e odeio barulhos, sinto dor de cabeça com aquele monte de luzes piscando, prefiro ficar em casa assistindo alguma coisa na TV, imagina se eu fosse acusada de doente mental e forçada a ir pra balada. Complicado…

  • Mais uma turma que no futuro, vai exigir de Hollywood representatividade. No aguardo pela revolução dos ditos bebês-adultos nessa onda também

  • Já repararam que tudo que é uma merda ou se origina na Inglaterra ou se populariza depois que aparece por lá, vindo de qualquer outro canto do mundo? Que espécie de vocação é essa pra “curva de rio do mundo” que sabosta de lugar tem?

    O que mais preocupa nesse papo todo é esses dementes começarem a emular comportamentos potencialmente perigosos dos bichos que incorporam. Já pensou um filho da puta que se acha Dobermann ficar pirado e sair atacando todo mundo a mordidas na rua? Ou o vagabundo que acha que é leão pular no pescoço de alguém num surto de pseudo-instintividade de preservação própria? Por outro lado, seria engraçado ver o paroxismo da demência num “cachorro humano” que acha que está com cinomose, doença exclusiva de cachorros autênticos! Como seria o panaca somatizando todos os sintomas? Como acabaria isso?

  • Joga na rua quando não quiser mais, tá cheio de gato e cachorro abandonado. Pássaro come migalha nas ruas mesmo.

  • Christiane Smith

    Biologia nao da a minima aos seus “sentimentos”……eu to de saco cheio dos lgbtfuckall….to pegando um bode homerico!

  • Depois deste post, posso afirmar que sou “transrica” – Sinto que sou uma bilionária presa num corpo de uma mulher de classe média. Exijo meus direitos.

    Agora falando sério, pra mim é loucura. Homem querer ser mulher e vice-e-versa até entendo, mas querer virar animal, alien ou sei lá é algo que não me entra na cabeça. A maioria dessas “pessoas-bicho” ou vive em país desenvolvido ou tem uma vida bastante confortável, não precisam se preocupar em sobreviver ou não possuem grandes preocupações a respeito da vida, aí começam a pensar um monte de bobagem pra passar o tempo e dá nisso aí.

    Essa filosofia do “VaLe CoMo eU Me SiNtO huurr duurr” é um dos maiores cânceres da modernidade (e eu espero ansiosamente pelo dia em que todos darão com a cara na porta por sustentarem esse pensamento).

    • O “Vale como eu me sinto” pode acabar autorizando todo tipo de barbaridade. A gente vai colocando a linha sempre um pouco mais pro lado, até que vai chegar uma hora que fica impossível de sustentar.

    • Apoio totalmente a categoria “transrich”. Proponho mais além, a categoria “transcelebrity”: sinto que sou o verdadeiro Brad Pitt preso no corpo de um anônimo. Como desdobramento natural desta, vem a “transcelebrity reincarnated”: sinto que sou Steve Jobs de volta a este plano.

  • Não sabia que isso existia não, te juro. Descobri agora. Minha irmã está rindo de mim faz meia hora, me chamando de inocente. Mas…. você não pode ser um ser de outra espécie, pelo simples fato que você apresenta pensamento complexo (você no geral, quero dizer). Não tem como ser um gato se você se reconhece no espelho, por exemplo. Eu acho que é diferente de transgênero porque ao menos, nesse caso, são todos Homo Sapiens.

    Ainda estou surpresa… fascinante. Pessoas são estranhas.

    • Eu concordo com você, mas por esse pensamento, você não pode ser uma mulher se tiver um pênis… e hoje se admite que uma pessoa com um pênis seja tratada (inclusive legalmente), como mulher. Estamos diante de um problema: ou revemos a forma como estamos tratando a questão ou a coisa pode escalar de forma preocupante…

      • Ah, mas eu acho que transgênero se enquadra em outro caso, porque, como eu disse, apesar de tudo, ainda são todos da mesma espécie, só o gênero muda. A genitália do humano não o faz deixar de ser humano ou não.

        Mas como eu disse, eu nem sabia que transespécie existia, não posso falar muito não. Ainda estou meio surpresa, preciso me recuperar.

  • O excesso de individualismo do ocidente atual vai acabar com a sociedade, o que um faz afeta o outro de alguma forma. Cada vez mais minorias oprimidas surgem, quem vai sustentar? Você paga um monte de imposto pra não ter escola, nem hospital, nenhum serviço público decente, mas vai sustentar cirurgia pra um transdeficiente paralisar as próprias pernas ou pra um transespécie implantar um focinho ou sei lá. Metade da população caga num buraco, isso te parece justo?
    Bullying e chinelo fazem muita falta, sério…

    Ps.: eu vi que a maioria desses trans-sei lá o que são pessoas brancas, vai ver cansaram de ser chamados de opressores e querem arrumar uma tetinha dessa cultura da vitimização atual pra mamar.

    • Sim, essa separação cada vez maior em subgrupos que se vitimizam vai ser a ruína do atual modelo de sociedade. Espero que surja algo melhor.

  • Eu avisei isso aos meus colegas de profissão. Se o critério passar a ser o desejo e não a realidade, valerá tudo. Aí, o homem-pássaro que tentar voar sem equipamentos será considerado louco; se só comer alpiste e cantar, não. Penso que essa validação do faz-de-conta de adultos é um equívoco, mas não é a posição majoritária, nem oficial, entre Psicólogos. Entendo o universo trans (do gênero à espécie) como uma insatisfação direcionada para uma solução na fantasia, aliada a uma atuação e à cobrança de validação social. É a roupa nova do Rei. Ele está nu, mas ai de quem falar.

    • Pois é, ficou determinado que se a gente discorda desse entendimento vigente, somos insensíveis e preconceituosos. Resta sentar e esperar essa linha de pensamento se tornar inviável, pois vai chegar um momento em que vai ser impossível sustentar essa premissa.

  • Da mesma forma que eu nunca entendi o que é se sentir mulher ou se sentir homem (isso é um sentimento por acaso?), eu não faço ideia do que é se sentir humano ou se sentir cachorro. Minha biologia me define totalmente, tenho os cromossomos XY então sou homem e humano, isso nem deveria ser uma questão.

      • Passado o choque inicial eu acho que me adaptaria, lendo a sua pergunta a primeira coisa que me veio a mente seriam as vantagens e desvantagens disso mas ainda assim eu acho que não tentaria voltar a ser homem, minha vida não mudaria tanto assim, meus sonhos, gostos, vontades e essência ainda continuariam os mesmos.

  • Innen Wahrheit

    Oi Sally,

    Se estas pessoas “sentem” que pertencem a outras espécies, será que faz sentido pensarmos que não há que se falar em “tratamento social”, já que a idéia de sociedade remete a pessoas?

    Agora, caso estas pessoas desejem permanecer “funcionais” numa sociedade, usufruindo apenas de uma “condição especial” que as diferencie, penso que talvez o tal transespecismo represente apenas mais uma ocupação mental para quem não tem intenção de arcar com o ônus da vida como humano.

    • Não sei responder. Cães e gatos, por exemplo, não vivem na natureza, eles necessitam do ser humano para vier e o ser humano é sua fonte de socialização. Acho que aí vai depender do tipo de animal com o qual a pessoa se identifica…

  • Me lembrei do caso daquela professora universitária americana, branca que “se identificava” como negra. Chegou a pintar a pele e fazer permanente no cabelo pra se adequar à “raça” que acreditava ter. Gerou uma discussão imensa na época, embarcando na questão transgênero por conta da autoidentificação – de um lado – e conflitando com a questão da “apropriação cultural” e oportunismo – de outro, mas não sei que fim levou a história. Sinceramente, tenho pena dessas pessoas tão deslocadas social e psicologicamente, mas, de verdade, não sei onde vamos parar se a pura e simples (e suposta) “identificação” servir de parâmetro pra tudo.

    • Se a gente aceitar a premissa que basta a pessoa se sentir algo para que a sociedade valide esse “algo”, vamos acabar, mais cedo ou mais tarde, em um beco sem saída.

  • É realmente algo pra se pensar: qual o limite entre sanidade e insanidade, loucura, e mesmo doença mental, frente a (suposta?) liberdade de poder escolher ser o que quiser? O problema maior parece ser justamente que escolhas (inclusive sobre o que se quer ser) têm consequências e não só para si mesmo, mas para os outros, e muita gente não tem consciência disso, das consequências a nível coletivo da coisa.

    Então, na tentativa de responder a pergunta do texto, diria que não, não te dá o direito de exigir tratamento diferente na sociedade mesmo que tu não se sinta não-humano, porque isso tem consequências para a sociedade humana, e para o indivíduo que não se sente humano.

  • Hahahah eu sempre morro de rir com o “Para Dizer…”Ansiosa para saber se o transespécie que se diz gato terá direito de matar o transespécie que se diz pássaro…

  • A diferença é que pessoas que fazem rinoplastia ou alisamento de cabelo não ficam enchendo o saco pra ter acomodações especiais na sociedade, como banheiros, cotas ou palavras com x. Metade dessas bizarrices aí não existiriam se holofotes da mídia/redes sociais não existissem, é isso. E vamos deixar claro uma coisa: se continuar essa gracinha de tolerar doença mental porque “nasceu assim” e afrouxar o conceito de “consentimento”, vai abrir uma porta pra coisas muito piores, como pedofilia e zoofilia. Já existem movimentos sérios a favor da normalização dessas coisas, uma pesquisa em inglês pode confirmar (NÃO recomendo).

    Mas no fundo eu não me importo, não tenho filhos e quero mais é que esse povo se foda. Vamos abraçar o Clown World e nos entreter pensando em como essa nova minoria vai se chocar com outras. Cachorros pretos x brancos? Fêmeas x machos? Cachorros magros x obesos? Cachorros veganos x carnívoros?

    • Muitos transespécie não demandam tratamento diferenciado, apenas querem poder “ser” visualmente diferentes. Mas concordo com você, essa coisa de ter que tolerar o que a pessoa sente com válido vai nos colocar em um beco sem saída…

    • Faço minhas as suas palavras, Ruan. O mundo tá mesmo muito louco! E se esse vale-tudo social – pintado por aí pela turminha do lacre como “tolerância” e “respeito às diferenças” – não tiver limites, sabe-se lá onde iremos parar… As questões que ficam é: que limites seriam esses e quem os imporia?

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