Catástrofe! Estamos diante de um evento que vai matar toda a humanidade, e nossa única salvação é um bunker com espaço limitado. Sua função é fazer uma escolha entre cérebro e músculos para povoar esse abrigo. Todo mundo já sabe que lado Sally e Somir vão tomar, mas não custa ler a argumentação. Os impopulares pensam ou usam a força bruta.

Tema de hoje: quem seria melhor para repovoar o planeta, pessoas com muita capacidade intelectual e pouca física, ou com muita capacidade física e pouca intelectual?

SOMIR

Entre inteligentes sedentários e burros atléticos, eu escolheria os capazes de manter a humanidade… humana. Inteligência não é substituível em largas escalas. Ao contrário do que a Sally vai tentar fazer vocês acreditarem, não estou dizendo que aptidão física é bobagem. Numa situação extrema, é muito importante ter um corpo forte e resistente. Ninguém deveria ter orgulho de estar fora de forma ou achar que um cerebrozinho bonito resolve todos os seus problemas, mas… precisamos entender bem sobre o que estamos falando aqui.

Não é um caso isolado, estamos falando sobre reerguer uma sociedade devastada. Muito embora um burrinho ou burrinha em forma funcione numa boa no mundo que temos hoje, sendo candidatos pra lá de válidos para qualquer tipo de relacionamento, isso não quer dizer que na escala de uma reconstrução social as coisas sejam parecidas. O burro é viável porque a inteligência acumulada da humanidade até aqui permite isso. Não precisa entender sobre relatividade para usar um GPS, não precisa saber nem a fórmula da água para ter acesso aos remédios mais complexos, não é necessário que todos nós tenhamos um foco em conhecimento para o mundo continuar funcionando. Tem gente o suficiente para dar conta disso. Burros, vocês podem ser lindos, animados, corajosos, podem nos encantar com suas proezas físicas, podem até nos ajudar a descomplicar a bagunça que nossas mentes se tornam às vezes, mas… precisa de um pouco mais do que isso quando falamos do que configura a vida humana atual.

Então, vamos separar as coisas agora: por mais que em decisões normais do dia a dia não precisemos ficar com esse elitismo intelectual todo, tarefas complexas exigem mentes mais complexas. E caso você não tenha parado para pensar ainda, reestabelecer a humanidade a partir de um grupo limitado de pessoas é extremamente complexo. Se a evolução da humanidade tivesse durado uma hora até aqui, teríamos passado 59 minutos e 59 segundos na mão de gente burra e em forma. A era das pessoas inteligentes e sedentárias é tão minúscula como recente. E eu te garanto que se você olhasse para cada um desses segundos, só reconheceria mesmo este último como humanidade de verdade.

E não é ingratidão: essa gente burra e esforçada que nos precedeu lutou MUITO para nos dar essa chance. Agradeço a cada um dos nossos antepassados que aguentou fome, frio, predadores e doenças para empurrar a humanidade para a frente. Mas agora que já temos essa visão mais clara do potencial que temos, fica evidente como o processo da força bruta é ineficiente. Centenas de milhares de anos para fazer uma fogueira! Recebemos de nossos ancestrais um presente maravilhoso, e eu acredito, de coração, que o melhor que podemos fazer é não o desperdiçar. A humanidade tem que continuar a partir da era da inteligência, não a da força. Por mais que no curto prazo pessoas burras com muita aptidão física consigam sobreviver com mais facilidade, o custo seria muito alto: sem a capacidade de passar para as próximas gerações o conhecimento acumulado, fatalmente regrediríamos em poucas gerações.

Claro que estamos falando de extremos aqui, por causa da premissa do texto. Se fosse uma escolha livre, pegaríamos pessoas inteligentes em forma ou no mínimo misturaríamos os dois grupos. Mas esse não é o caso, temos que lidar com esses dois extremos. E aí é questão de escolher se você quer sofrer no começo, mas recuperar a humanidade no seu potencial máximo; ou se quer os primeiros meses mais fáceis pagando o preço de regressão a algo abaixo do que consideramos humano.

Sim, eu entendo, é gente burra, não são homens das cavernas. Vão saber muita coisa a mais que nossos ancestrais, mas tem uma pegadinha genética aqui: se nos dias de hoje você não tem interesse em aprender, é porque não foi selecionado para isso. O burro é tão fruto do meio quanto do seu próprio interesse no aprendizado. Se não tem estímulo externo, não tem como se desenvolver. O burro em forma raramente tem vocação para introspecção ou curiosidade científica. Afinal, quem tem disciplina para cuidar do corpo tem de onde tirar motivação para treinar o cérebro. Se não o fez é porque não tinha incentivo interno também. Agora, imagine uma sociedade inteira de pessoas assim.

O pouco conhecimento que eles tem vai desaparecer em poucas gerações, focado cada vez mais em aplicações práticas de sobrevivência. Não se enganem: quando eu chamo os nossos antepassados de burros, é só uma expressão. Dá para lotar o cérebro de informações sobre sobrevivência básica. Para a função que usavam o conteúdo de seus crânios, os homens das cavernas eram gênios em comparação com todos os outros animais. O problema é que demora algumas dezenas de milhares de anos para transformar isso em medicina, saneamento básico, engenharia eletrônica… se os burros modernos ficassem sozinhos no mundo, teriam que regredir até a “genialidade ancestral” para sobreviver, e só depois de milênios retornariam a algo sequer parecido com a modernidade.

O problema é que o burro não consegue ficar inteligente sem acesso constante a inteligência alheia. Simplesmente não tem de onde tirar. Já no caso de quem é inteligente, mas negligenciou o corpo, os primeiros meses seriam complicados. Bem complicados. Faltaria capacidade física para muitas das ações necessárias inicialmente, mas… estamos falando de gente que consegue sustentar o grau de complexidade mental da humanidade. O número de baixas seria maior entre os fora de forma, mas não podemos nos esquecer que o corpo humano foi moldado pelos “burros atléticos”. Nosso corpo é uma máquina de sobrevivência, com diversos mecanismos para aumentar força e resistência na hora do aperto. E não precisa ler nenhum livro para ganhar massa muscular, basta trabalhar.

Os inteligentes fora de forma não teriam outra escolha senão queimar as gordurinhas ou fortalecer os membros esqueléticos. E na hora do aperto, a mãe natureza pega na sua mãozinha e te coloca em forma. Em questão de meses, os inteligentes estariam em forma. E melhor: já teriam criados ferramentas, máquinas, agricultura e até mesmo domesticado animais. Estariam caçando livros nos escombros e tentando religar a rede elétrica. O valor de aprender e usar a criatividade é muito mais natural para esse grupo, vão fazer questão de ensinar as próximas gerações e reduzir ao máximo o hiato de evolução causado pela catástrofe. Não que os burros sejam mal intencionados, mas não vão ter de onde tirar a capacidade de agir assim. Eles vão acabar voltando para a lei da selva, algo muito menos provável entre os inteligentes, que vão poder continuar se medindo por muito mais que proeza física. Sem contar que a probabilidade de especialização entre os inteligentes é exponencialmente maior: infelizmente, burros tendem a saber mais ou menos as mesmas coisas. Inteligentes variam.

Nada pessoal contra burros em forma bem intencionados, mas… não são eles que fazem a humanidade ser o que é.

Para me chamar de elitista, para dizer que os inteligentes não vão ter coragem nem de sair do bunker, ou mesmo para dizer que no tempo das cavernas que era bom: somir@desfavor.com

SALLY

Uma catástrofe natural vai acabar com a humanidade, poucos humanos serão confinados em um bunker com a única intenção de repovoar o planeta e você tem que definir o critério a ser utilizado: pessoas com muita aptidão física e muito pouca aptidão intelectual ou pessoas com muita aptidão intelectual e muito pouca aptidão física?

Hoje sou voto vencido aqui, pois o público do Desfavor hipervaloriza inteligência de uma forma doentia, vide a pegadinha de Dia do Troll que tivemos que fazer para mostrar que inteligência, por si só, não basta. Mas, vamos lá, não se pode ganhar sempre…

Eu fico com as pessoas com muita aptidão física e pouca força. Estamos falando de uma catástrofe natural, não de uma epidemia ou outra forma menos bagunçada de apocalipse. É catástrofe, destruição, escombros, falta de infraestrutura, retorno à lei da selva. Pessoas terão que abrir caminho em meio a ferragens, percorrer longas distâncias, caçar sua própria comida, lutar contra animais selvagens famintos, etc.

Inteligência funciona na sociedade atual. É fundamental ter quem saiba operar uma usina, construir um reator, preparar uma vacina. Mas, na hipótese do texto de hoje, a sociedade atual deixa de existir. A humanidade terá sido eliminada por uma grande catástrofe que causou massiva destruição ao planeta. Podem esquecer a utilização de qualquer avanço moderno, não serão meia dúzia de ganhadores de Nobel que conseguirão reparar estações de energia ou fazer funcionar fábricas.

Os avanços modernos só foram possíveis por existirem milhões de peões para construir o que os gênios idealizaram. Se você suprime a mão de obra física, tudo que sobrarão são excelentes ideias em um papel. Nesse cenário de retrocesso civilizatório, volta a valer a lei do mais forte. É um retrocesso, sem dúvidas, mas essa é a nova realidade. Não dá para pegar o que você acha mais bacana e tentar enfiar nela, é preciso escolher o que é mais funcional.

Estamos falando de ruínas, destruição, de construções colapsadas. Um retorno à lei da selva, onde sempre foi o mais forte a sobreviver. Nesse novo cenário, ser mais forte é um diferencial crucial. Não adianta ser uma mente brilhante se não consegue nem abrir a porta do bunker por ter uma tonelada de destroços impedindo sua saída, só para citar um exemplo.

A sociedade atual nos permitiu o luxo de não precisar cultivar força física. Mas, uma sociedade catastrófica, apocalíptica, de privação e ruínas, não seria tão generosa. Se as coisas mudarem do dia para a noite, a seleção natural vai pender para o mais apto e o mais apto será aquele que conseguir sobreviver, se deslocar, conseguir comida e água potável e se proteger em um cenário de fim de mundo. Infelizmente, para fazer tudo isso inteligência não basta.

Inteligentes podem ficar fortes, porém, qualquer pessoa que já tentou frequentar uma academia sabe que isso demorar meses, às vezes até anos. Em um mundo colapsado, sem energia elétrica, sem água, sem comida, pessoas fracas fisicamente não terão esse tempo. Ou sai e caça um animal para comer hoje ou vai morrer. Ou sai e trilha um caminho removendo destroços até encontrar uma fonte de água potável ou vai morrer. Estamos falando de uma situação extrema, no fim do mundo não dá tempo de hipertrofiar a musculatura.

Não tenho dúvidas que a burrice vai jogar contra em algum momento, mas ao menos eles tem uma chance. Um grupo composto apenas por pessoas com MUITO POUCA aptidão física não vai conseguir o mínimo para se manter vivo. Burros podem ser burros, mas também são executores, talvez justamente por não pensar demais. Inteligentes muitas vezes se atrasam ou se paralisam pelo excesso de possibilidades que sua mente cogita.

Uma bosta ter o mundo repovoado por gente burra, mas, melhor do que um mundo não povoado: o objetivo da proposição de hoje é repovoar o mundo. Fatalmente com o passar das gerações algum aprendizado será assimilado e espera-se que a inteligência melhore ao longo dos anos. Começamos com amebas neste planeta e chegamos ao que somos hoje, não vejo problema em começar com humanos burros.

E, que fique claro, por mim a raça humana acabava. Ela já deu o que tinha que dar. Mas, a proposta da pergunta de hoje é traçar a melhor estratégia para que ela sobreviva, logo, é isso que estou fazendo. Em um ambiente selvagem, com predadores à solta, com escassez de comida e água, sem benefícios tecnológicos e com obstáculos físicos oriundos de uma grande catástrofe, inteligência sem força vira conteúdo morto.

Não que ter força assegure a sobrevivência de alguém, podem todos morrer da mesma forma, porém, me parece que nesse cenário apocalíptico, as chances de quem possuí aptidão física são maiores. Quando a civilização colapsa sobra a barbárie, e na barbárie, força é mérito. É preciso assegurar o básico, o vital e para correr atrás disso nesta nova sociedade é preciso força.

Uma pessoa burra não vai saber fazer cálculos, não vai conseguir antever alguns problemas, mas porra, é uma pessoa funcional. O grau de burrice dela é funcional, afinal, ela estava viva em uma sociedade que priorizava inteligência, certo?

Já as pessoas inteligentes podem ter um grau máximo e não funcional de inaptidão física, pois viviam em uma sociedade onde isso não lhes era exigido. Podem não ter qualquer condição de construir um abrigo, de levantar entulhos que fecham uma passagem, de caçar seu almoço. Como a sociedade atual não exige isso, a incompetência seria extrema.

O que quero dizer é que se compararmos o patamar máximo de burrice funcional com o patamar máximo de inaptidão física funcional, o de inaptidão física é desproporcionalmente maior, pois nossa sociedade exige inteligência, investe tudo em inteligência, busca educar e não criar brutamontes.

Por isso o pessoal inteligente tem uma severa desvantagem: lhes foi socialmente permitido negligenciar demais o corpo, a ponto de colocar em risco sua sobrevivência em caso de um evento catastrófico.

Sei que para a maior parte de vocês é desagradável ler isso, mas inteligência só essa maravilha toda nos modelos da sociedade atual. Se um dia o modelo de sociedade mudar, as aptidões mais valorizadas devem mudar junto, de acordo com a nova realidade. As coisas são como elas são, não como a gente queria que elas fossem.

Para dizer que ficou com medo e vai começar a malhar, para dizer que está tão apegado à crença do valor da inteligência que a escolhe mesmo sabendo que não é a melhor opção ou ainda para dizer que Somir seria o primeiro a morrer: sally@desfavor.com

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Comments (11)

  • Wellington Alves

    O que manda é poder. E, num cenário pós apocalíptico, força é poder. As mulheres naturalmente prefeririam ter filhos dos mais fortes pensando no fator proteção para ela e a prole.
    A saída seria homens fortes e mulheres inteligentes. tudo bem que a vantagem poderia se perder nas gerações seguintes, mas seria a oportunidade das mulheres dominarem o mundo.

  • Anônimo, adorei sua versão de “idiocracy in brazil”!!! Manda essa versão pra algum diretor de cinema, com uma vibe de “tropa de elite” e será sucesso garantido.

  • Nossa, tema difícil esse…

    Aliás, me lembra a velha discussão, que não é de hoje e já existe na literatura desde o século XIX, sobre os “homens supérfluos” e os “homens de ação.” Na Rússia, Alexandr Herzen que começa com essa discussão já nos anos 1840, depois Tchernichevski, influenciado por ideias utilitaristas, apimenta mais ainda a discussão, e Dostoiévski, algum tempo depois, polemiza também com isso em suas obras.

    Mas, me atendo ao texto, é difícil ter que dar o braço a torcer, mas acho que fico com a Sally mesmo. Embora eu até tenha pra mim que conhecimento é poder, numa situação extrema aptidão física faz falta.

    E, esboçando aqui rapidamente, se tivéssemos pessoas apenas inteligentes, talvez com certa criatividade delas poderiam superar os problemas apresentados no cenário apocalíptico, mas ainda assim, em algum momento, a força física iria fazer falta.

    Por outro lado, fico pensando aqui se tivéssemos apenas burros, se aquele argumento de que, com o tempo, a inteligência se desenvolveria novamente e chegaria a um estado avançado de evolução… Não sei não, viu? Tendo a pensar que os burros continuariam limitados por longo tempo.

  • Em casos extremos os dois grupos morrem feito moscas, mas acho que reduzindo um pouco o contraste o grupo dos inteligentes leva vantagem sobre os fortes. Vai ter muito animal peçonhento, muita ruína perigosa, é bom ter gente esclarecida e esperta numa situação assim.

    (Agora, só um pouco off-topic: vcs se lembram que uns anos atrás estavam selecionando voluntários para uma tal “viagem sem volta para colonizar Marte”, e um dos escolhidos foi… uma advogada brasileira, professora de direito civil?? Só imagina alguém assim num cenário limite daqueles! A mulher não era forte e a inteligência dela não vai servir pra nada…)

  • “para dizer que Somir seria o primeiro a morrer” Assim que reabrissem as portas do bunker e a luz do sol entrasse, ele e outros nerds branquelos iriam derreter.
    Mas o conceito de “burro” que vocês estão usando na discussão ficou muito preto e branco. Tem gente que mal sabe ligar um computador, mas sabe liderar e organizar grupos, por exemplo. Inteligência não é só saber matemática…

    • Adianta organizar um grupo se você não sabe o que o grupo tem que fazer? Posições de liderança dependem de carisma, mas também da capacidade de formular um plano (ou a pessoa tem essa capacidade, ou tem aliados que façam isso por ela – por isso o cenário ideal é misturar ambos). Mesmo os burros percebem eventualmente quando estão seguindo alguém que está perdido…

      E sobre a sua gracinha: eu sairia de noite. Cadê o seu deus agora?

    • Quem não sabe lidar com computador não é burro, apenas desconhece.

      Burro é aquele que tem dificuldade em compreender, aprender, encontrar solução para problemas, executar o pensamento lógico.

  • “O grau de burrice dela é funcional, afinal, ela estava viva em uma sociedade que priorizava inteligência, certo?” Isso porque os inteligentes protegem os burros da seleção natural. Enfiou uma garrafa no cu até entalar? Adoeceu por ser anti-vacina? Um médico salva. E não acho que a sociedade priorize inteligência, se você tem um pudim no lugar do cérebro, mas tem músculos ou bunda grande já venceu na vida.

    Mas isso foi só uma observação, na verdade eu não concordo com nenhum dos dois. Em ambos os casos a humanidade iria perecer mais cedo ou mais tarde, seja por excesso de burrice no planeta dos burros, ou por natalidade negativa no planeta dos gênios.

    • “(…) Na verdade eu não concordo com nenhum dos dois. Em ambos os casos a humanidade iria perecer mais cedo ou mais tarde, seja por excesso de burrice no planeta dos burros, ou por natalidade negativa no planeta dos gênios.” Eu não poderia concordar mais, sr. Anônimo. E você também resumiu perfeitamente o que eu penso com esse trecho.

  • Eu tô tão traumatizado por conviver anos com antas e jumentos, que o que eu mais queria era mesmo um reboot só com nerds e inteligentes. Ainda bem que a Sally não é deus, senão ela não ia fazer uma nova Terra, ela ia fazer um Brasil! As publicações seriam todas Ei você, os programas de TV seriam estilo A Fazenda e só existiria o PT com os Ei você falando igual a mulher sapiens saudando mandioca e estocando vento. Pesadelo, heim!

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