Sistema Imunológico

Quando não existe uma vacina que ensine ao corpo como combater determinada doença, tudo que podemos fazer para nos proteger é contar com o improviso do nosso corpo. Não é uma batalha fácil, por isso é recomendável dar aos soldados que vão lutar essa guerra as melhores armas e garantir seu melhor desempenho para brigar pela nossa vida. Hoje vamos falar um pouco desses soldados e como assegurar sua máxima eficiência, algo que pode ser a diferença entre a vida e a morte. Desfavor Explica: Sistema Imunológico.

A definição técnica de Sistema Imunológico é “um conjunto complexo de células, tecidos, órgãos e moléculas que cumprem funções específicas em uma resposta coordenada para neutralizar vírus, bactérias, fungos e parasitas”, mas a definição informal seria que cada célula do nosso corpo tem uma “função” e aquelas células que têm como função proteger nosso corpo de “invasores externos”, como o Coronavírus, por exemplo, compõe nosso Sistema Imunológico.

Quando tomamos uma vacina, o sistema imunológico “aprende” como atacar aquele inimigo, por isso, quando ele chega, a vitória é certa: sabem onde atacar, como atacar e dão conta do recado rapidamente. Porém, quando não há vacina, é preciso identificar o inimigo, identificar o ponto fraco por tentativa e erro e tentar neutralizar o inimigo antes que ele se espalhe e tome o corpo todo. Um trabalho muito mais difícil e demorado.

O desempenho do Sistema Imunológico varia, conforme uma série de fatores, ou seja, dependendo de escolhas de vida que você faça, elas podem “combater” com maior ou menor eficácia os “inimigos”. Cabe a você dar uma forcinha, para que ele atue no auge de sua capacidade.

Ele não pode impedir que você seja contagiado, mas seu Sistema Imunológico pode ser tão eficiente no combate que, ao eliminar o inimigo rapidamente, sequer permita que seu corpo sinta os sintomas que ele provocaria.

Hoje, os infectados pelo Coronavírus contam basicamente com seu sistema imunológico para combater a doença. A ajuda que medicina pode dar, até o presente momento, é atenuar alguns sintomas graves, mas quem vai ter que vencer o vírus é o seu corpo. Portanto, o mais inteligente a se fazer neste momento é permitir que seu sistema imunológico funcione em sua melhor forma.

Existe um máximo rendimento que seu sistema imunológico pode alcançar, quando em condições ideias, e não é possível aumentá-lo além disso. Por este motivo, é incorreto dizer “imunidade alta”. Ou seu sistema imunológico está funcionando na sua capacidade normal, ou você está com imunidade baixa. Em bom português, você não consegue majorar a capacidade que veio de fábrica, mas consegue reduzi-la.

Os grandes pilares de sustentação do nosso sistema imunológico são: sono, alimentação, atividade física e equilíbrio emocional. Vamos analisar cada um com calma, para que você entenda o que fazer para manter seu corpo trabalhando em sua melhor forma.

Todos são importantes, porém, o principal é o sono. É durante o sono que ocorre a maior parte da produção das células de defesa. Dormir pouco aumenta em quatro vezes as chances de desenvolver infecções respiratórias. E aqui existem dois cuidados a serem tomados: dormir um número de horas suficientes e dormir bem, ou seja, com sono de qualidade.

Existe uma enorme controvérsia sobre o número de horas suficientes. Convencionou-se dizer que são, pelo menos, oito horas de sono, mas há quem diga que fica muito bem com menos. A resposta é bem simples: você acorda descansado, revigorado, sem sonolência, se sentindo ativo e bem disposto? Se sim, dormiu a quantidade de horas necessárias. Se não, durma mais ou preste atenção à qualidade do seu sono.

A qualidade do sono depende de vários fatores internos e externos. Distúrbios do sono (como apneia, por exemplo) ou condições de temperatura desconfortáveis podem tornar seu sono pouco reparador. Uma boa noite de sono se dá sem barulhos, sem luz, sem interrupções, sem desconfortos e com temperatura ambiente baixa. Se puder providenciar estas condições, providencie.

É normal que com a alteração da rotina, a insegurança financeira e o medo, muitas pessoas sofram de insônia e não consigam dormir. Isso não é uma opção. Você não pode ficar sem dormir agora, pois disso depende sua sobrevivência. Então, se está sofrendo de um caso severo de insônia, procure ajuda e, se necessário, recorra a remédios. Quem lê o blog sabe quantas vezes já nos posicionamos contrários a esse tipo de medicação e dos inúmeros perigos para os quais já alertamos, porém, situações extremas demandam medidas extremas. DURMA.

Alimentação também é um fator importante. Não precisa fazer uma dieta rígida, o ideal é que você tenha uma dieta variada, na medida do possível. Tente incluir sempre nas suas refeições porções de carboidratos (batata, massa, etc.), proteína animal (carnes no geral), verduras, legumes e frutas. Quanto mais natural (ou seja, saiu da terra para o seu prato) melhor. Exemplo: é melhor comer o milho natural do que aquele em lata.

Não estamos podendo escolher muito, portanto, faça o que for possível dentro da sua realidade sem se culpar se não puder montar o prato ideal. Uma dica para ter uma dieta diversificada é montar um prato colorido. Simplificando de forma tosca, cada cor de alimento significa um nutriente que ele tem, então, quanto maior a variedade de alimento no seu prato, melhor nutrido estará seu corpo.

Há teorias de que a vitamina D ajudaria no combate ao Coronavírus. Isso está fazendo com que muitas pessoas comecem a tomar por conta própria. Não faça isso. Para começo de conversa, apenas tomar a vitamina D não adianta nada, o corpo só a absorve com exposição ao sol. “Mas Sally, no pior dos casos, o excesso sai na urina…”. Não, não sai. Isso acontece com outras vitaminas, como a vitamina C, mas no caso da vitamina D, por sua forma de absorção (papo técnico: lipossolúvel), o corpo não a excreta. Não fique se entupindo de vitamina sem orientação médica, pois pode dar problema.

Um dos maiores aliados na sua imunidade é seu intestino, portanto, cuide bem dele. Isso significa comer alimentos ricos em fibras sempre que for possível (uma lista muito fácil de se conseguir no Google). O brasileiro tem um histórico de não consumir a quantidade suficiente de fibras, preste atenção nisso.

Álcool é prejudicial ao sistema imunológico, sobretudo em excesso. Ele prejudica a capacidade de combater infecções virais, que é o caso do Covid-19. Então, se for beber, beba com moderação. Uma tacinha de vinho por dia. Um chopinho. É uma situação temporária, onde é imprescindível ajudar seu corpo, e não jogar contra ele. Ninguém morre por para de beber por uns meses, mas pode morrer se ficar bebendo demais.

E, muito cuidado com listinha pronta de alimentos que “ajudam a fortalecer seu sistema imunológico”. Primeiro que nenhum alimento no mundo tem esse poder por si só. É um conjunto de fatores que faz tudo funcionar no seu melhor desempenho. Não adianta comer meia dúzia de alimentos da lista e depois dormir mal, por exemplo. Comer esses alimentos achando que eles são de uma grande ajuda pode te fazer descuidar do resto. Esses alimentos só promovem algum benefício quando os quatro pilares atuam em conjunto.

Atividade física. Não precisa ser intensa, basta a prática de atividade física moderada para ajudar. O objetivo aqui não é emagrecer ou tornear o corpo e sim fazer o melhor pelo seu sistema imunológico. Uma caminhada ou até exercícios caseiros bastam. Tem toneladas de conteúdos no Youtube que podem te ajudar a se exercitar apenas com o peso do seu corpo, sem precisar de esteira ou qualquer aparelho. Basta ter disciplina e fazer todos os dias.

Porém, para fins de insônia, é importante deixar claro que quanto mais você se exercitar, melhor vai dormir. Apenas uma volta no quarteirão não vai te ajudar a dormir melhor, por exemplo. Avalie os prós e os contras, seu tempo, sua disponibilidade e, quem sabe, com uma boa rotina de atividade física cansativa você consegue regular o seu sono.

Por último, seu estado emocional. Estresse é muito nocivo ao seu corpo, inclusive ao seu sistema imunológico. Talvez você acredite que o estresse é inevitável, mas ele não é. Se você trabalhar a sua mente, pode reduzi-lo consideravelmente, apesar dos temos incertos nos quais vivemos.

Nessas horas todo mundo fala muito sobre meditação, que é uma ferramenta muito boa, mas está longe de ser o único recurso. Tem muita coisa que você pode fazer para reduzir o nível de estresse. Tem centenas de profissionais se colocando à disposição por telefone para atender de forma gratuita quem está se sentindo mal e precisa conversar, por exemplo.

Manter uma rotina com atividades prazerosas inseridas (pode ser desde jogar videogame até ver seriados, o que quer que te deixe feliz), cuidar de um animal de estimação, fazer trabalhos manuais, escutar música, existem uma infinidade de opões que podem ajudar a reduzir o estresse.

Infelizmente elas não são universais, você vai ter que experimentar e encontrar aquilo que te acalma. Para isso você precisa saber se observar, compreender sua sensação interna e entender quando o estresse reduz. Nada que um pouco de prática não permita. Observe-se. O que te acalma? O que te deixa mais relaxado? Vá tentando, até encontrar uma lista de atividades.

“Mas Sally, eu não consigo fazer nenhuma dessas coisas do jeito certo. Tenho insônia, como mal, estou sedentária, vou adoecer e morrer?”. Antes de mais nada, não é “jeito certo”, é o melhor que você puder, dentro da sua realidade. Não seguir estas dicas a ferro e fogo não vai te matar. Seu corpo é programado para fazer com que você sobreviva e ele vai lutar muito se você adoecer, ainda que as condições não sejam as ideias.

Além disso, a quarentena existe para atuar como uma forma extra de proteção, tentando impedir que todas as pessoas adoeçam ao mesmo tempo, colapsando o sistema de saúde. Digamos que a quarentena é o mais próximo de uma vacina que temos até o momento. Exponha-se o mínimo possível, assim você contribui para que a medicina possa te ajudar caso um dia adoeça.

O grande estouro de mortes não vem da letalidade do vírus e sim do colapso no atendimento médico, que não é mais capaz de prestar assistência para atenuar os sintomas de quem está doente. Se você se preservar e não adoecer no pico do contágio, seu corpo terá ajuda externa para vencer essa batalha.

Um conselho: seguir estas dicas fica mais fácil quando feito em conjunto. Proponha isso à sua família. Proponha isso a um amigo e troquem fotos por WhatsApp sobre a rotina que estão levando. Eu mesma fiz isso com o Somir uns anos atrás, um “projeto saúde”, onde tínhamos metas diárias com pontuação, estilo gamification, por cada medida saudável tomada no dia (refeição, exercício físico, etc).

E se você não está conseguindo lidar com tanta desgraça, está estressado e com insônia, não tem energia sequer para começar a se cuidar, tá tudo bem. Metade da humanidade está assim. Procure ajuda, é possível sair desse estado (ainda que pareça que não) com a devida ajuda. Procure ajuda online se necessário. Não é vergonha nenhuma colapsar diante de uma pandemia, estamos vivendo um cenário muito adverso, digno de filme de tragédia.

Informação é nossa melhor arma agora. Pesquise. Recebeu algo no WhatsApp? Pesquise. Quer saber como melhorar algum aspecto da sua vida? Pesquise. Estamos trancados em casa, com tempo de sobra e com acesso a toda a informação do mundo. Pesquise. Seja autodidata. A história mostra que ótimas soluções ou medidas surgiram da cabeça de leigos que não tinham nenhuma formação naquela área, mas que foram curiosos e criativos o suficiente para mergulhar de cabeça no assunto.

Troque ou compartilhe experiências positivas, coisas que deram certo para você. Se tiver condições, ajude alguém. Poucas coisas fazem tão bem contra o estresse como ajudar alguém, mesmo que seja uma palavra de conforto. O isolamento é físico, não emocional.

Se redes sociais estiverem te fazendo mal, apenas saia, ou reveja o conteúdo que você está consumindo: silencie determinadas pessoas ou determinadas palavras.

Siga perfis de humor, que te façam rir. Para ter consciência do quão grave é a situação não é necessário sentir medo ou se sentir amargurado. Quem faz piada da situação não é um irresponsável inconsequente, quem vai à praia no meio da pandemia sim. Encarar a situação com seriedade não é sinônimo de sofrimento, o que conta é o que você faz.

Mantenha sua alegria, mantenha seu bom-humor, mas nos atos, tome todos os cuidados necessários e se exponha o menos possível. E, se quiser, estamos aqui para conversar nos comentários.

Para dizer que quer mais é que o Covid te leve logo, para dizer que eu só falo em alegria e bom-humor porque não estou trancada com criança dentro de casa ou ainda para dizer que A Semana Desfavor te impede de ter pensamentos positivos: sally@desfavor.com

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Comments (8)

  • A refém do passiflora.

    Sally, é reconfortante saber que está ok ficar um pouco perturbada com a quarentena. Eu faço mestrado e não tenho dado conta de ler e escrever tudo o que o meu curso me exige. Tem sido difícil e eu tenho me culpado bastante por não estar rendendo nem dez por cento do que eu rendia antes. Não costumo chorar com facilidade, mas desde que a quarentena começou, que foi quando eu tomei noção da gravidade do problema, chorar passou a ser uma rotina quase que diária. Mas o seu texto, assim como todas as pessoas que tem conversado comigo, foi capaz de me tranquilizar. Obrigada! Se cuida, onde quer que você esteja.

  • Estou engordando pra caralho por falta da academia. Comer 1 dente de alho por dia não me deixa mais gripado semanalmente. E criança em casa é inferno na Terra!

  • Na questão da atividade física, permitam-em por favor dar uma modesta contribuição com uma listinha de vídeos do YouTube:

    – Exercícios sem equipamentos para serem feitos em apenas um metro quadrado, do canal “Saúde Na Rotina”:
    https://www.youtube.com/watch?v=nUKzTeO6scc

    – Sugestões de formas improvisadas de executar barra fixa, do canal americano “Scooby1961”:
    https://www.youtube.com/watch?v=wSglftsQgoc

    – Exercícios para o corpo todo usando apenas elásticos, do canal “Hnerique Merloto”:
    https://www.youtube.com/watch?v=Zc-whcC-6Go

    – Vídeo semelhante, também com elásticos, do canal português “Dicas do Salgueiro”:
    https://www.youtube.com/watch?v=6r8pXHAh_q0

    Sobre os elásticos, aqui vai uma dica: nos vídeos que listei são usados aqueles de várias espessuras feitos para Crossfit, mas dá até para improvisar com aqueles garrrotes utilizados em procedimentos de doação de sangue e que se compra em farmácia. Para imitar os elásticos de Crossifit mais espessos – e por isso mesmos mais resistentes – é só usar dois ou mais garrotes em paralelo.

    Espero ter ajudado.

  • Sally, não sei como está aí, mas por aqui, tenho visto entre meus vizinhos o seguinte: com a quebra de rotina provocada pela quarentena, muita gente que só é minimamente disciplinada de segunda a sexta e se entrega ao desleixo no sábado e no domingo passou a viver em um “eternal weekend mode”. Tendo que ficar o tempo todo dentro de casa, esse pessoal, cujo trabalho sempre foi braçal e em que não cabe home-office, agora não tem mais horário para nada. Todos dormem e comem a cada dia em uma hora diferente e também acabam consumindo só petiscos e aquelas “besteirinhas de fim-de-semana” diariamente.

      • Vou aproveitar a disposição à conversa…

        Eu já era aposentado (por invalidez mental), então só mudou que minhas sessões psicoterápicas foram virtualizadas.

        Quanto a horários, eu acordo entre final da manhã e começo da tarde. E geralmente tenho duas refeições (uma mais leve e uma principal); sempre tomo remédio psiquiátrico e geralmente durmo o mais cedo possível.

        Exercitar-se é minha principal pendência.

    • Meu trabalho é intelectual e tenho carência de disciplina. A procrastinação por aqui é muito forte… Já procurei várias maneiras de quebrar esse ciclo, mas nenhuma funcionou pra mim até agora. O que é foda, pois isso me atrapalha muito na vida profissional. :/

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