Proporção Áurea.

Um padrão está presente em quase tudo que vemos na natureza, nas maiores obras de arte da humanidade, que remete automaticamente a uma sensação agradável de bem-estar e familiaridade. Sim, isso existe e você pode aprender a usá-lo a seu favor nas mais diferentes situações. Desfavor Explica: Proporção Áurea.

Vamos bem devagar: uma proporção é a comparação entre uma medida e outra, ou seja, para ter uma proporção, precisamos de dois parâmetros de comparação. Exemplo: para que você diga que uma coisa é maior do que a outra, é necessário que observe duas coisas diferentes, para que possa compará-las e apontar qual é a maior.

Então, para calcular uma proporção são necessários dois pontos de referência. Por exemplo, se você está fazendo uma receita de bolo, só pode dizer que leva o dobro de açúcar do que de farinha, se tiver informações sobre a quantidade de açúcar e de farinha. Você compara a medida de uma à medida de outra e consegue mensurar que uma é duas vezes maior do que a outra.

Entendendo esse conceito de comparar uma medida com a outra e avaliar a proporção entre elas fica mais fácil de entender o conceito ao qual queremos chegar. Quando a proporção entre duas medidas, ou o resultado de uma dividida pelo outra gera um número determinado, temos a Proporção Áurea.

Este número mágico é 1,618 e se chama “Phi” (pronuncia-se “Fi”). Não confundir Phi com Pi (3,14). Phi é o resultado numérico da Proporção Áurea (também chamada de Proporção Divina), que representa em linguagem matemática uma proporção considerada bela e agradável aos olhos humanos. Phi é o coeficiente da beleza. É o resultado final que você quer alcançar quando trabalha com proporção no que quer que seja para que o resultado final seja atraente aos olhos humanos.

Ninguém “inventou” esta proporção, ela existe desde que o ser humano está no planeta: você pode encontrá-la em infinitas fontes na natureza. Plantas e animais (inclusive humanos) costumam ter dimensões que obedecem a este número. Justamente por estar em quase tudo que conhecemos, o número ganhou o apelido de “Proporção Divina” e Phi ganhou o apelido de “Número Divino”.

Muitos inclusive defendem que isso seria uma prova da existência de Deus, pois toda a criação do planeta segue de alguma forma esse padrão. Para os religiosos, Phi é o tijolo que Deus usou para construir o mundo. O fato da natureza ser toda baseada nessa proporção provaria que houve um arquiteto que construiu tudo, pois seria insano pensar que “por coincidência” os mais diversos seres vivos e manifestações da natureza seguram esse padrão. Vai do gosto da pessoa acreditar nisso ou não. O que importa aqui é que você entenda como a Proporção Áurea pode te ajudar na sua vida.

O número Phi Ganhou este nome em homenagem a Phideas (pronuncia-se “Fideas”), famoso matemático e arquiteto da Grécia antiga que a teria utilizado para construir o Partenon, um dos templos mais famosos do mundo, dedicado à deusa grega Atena. Mas, foi Euclides, matemático grego considerado pai da geometria, o primeiro a mencionar a Proporção Áurea expressamente em sua obra (“Os elementos”).

Muitas mentes pensantes mundialmente prestigiadas, como Platão e Fibonacci, compreenderam o impacto que essa proporção tinha no planeta e nos seres humanos e falaram disso em suas obras. Existem vozes discordantes, mas até hoje a Proporção Áurea e a forma como ela impacta o ser humano são reconhecidas e validadas.

Não está visualizando como a proporção de 1,618 pode ser encontrado na natureza? Vamos a alguns exemplos. Tudo fica mais fácil no mundo concreto.

Ela pode ser vista na forma. O exemplo clássico utilizado em quase todos os livros que falam sobre o assunto é o formato de conchas consideradas “perfeitas” do Nautilus, se você procurar no Google, certamente vai reconhecer a imagem. Mas ela não está apenas em conchas, está em tudo que consideramos belo, desde plantas, animais, cristais, galáxias e até mesmo em moléculas de DNA. O formato resultante dessa proporção, seja em animais ou em diamantes, nos atrai. O rabo do camaleão contraído, o formato no qual crescem as presas de um elefante, a disposição das sementes de girassol… os exemplos são infinitos.

Ele pode ser observado também como quantidade, como por exemplo, como medida populacional ideal. Está presente em qualquer colmeia do mundo: se você dividir o número de abelhas fêmeas pelo número de machos, ela sempre será 1,618. Um desequilíbrio nessa proporção pode colocar em risco a sociedade das abelhas e até a sobrevivência da colmeia, portanto, se você tentar intervir e mudar essa proporção, as abelhas vão se adaptar (nascendo ou matando membros) até que o equilíbrio seja restabelecido e exista a proporção de 1,618 fêmeas para machos.

Um último exemplo que você pode verificar em casa, com uma fita métrica: a Proporção Áurea pode ser observada no corpo humano. Meça sua altura, depois meça a distância entre seu umbigo e seu pé e divida um pelo outro. Meça a altura do seu crânio e divida pela medida da mandíbula até o alto da cabeça. Meça da cintura até a cabeça e divida pelo tamanho do tórax. Meça do ombro à ponta do dedo e divida pela medida do cotovelo à ponta do dedo. Meça o tamanho dos dedos e divida pela medida da dobra central até a ponta. Meça do seu quadril ao chão e divida pela medida do seu joelho até o chão. O resultado é sempre igual: 1.618. O ser humano é um grande amontoado de carne e ossos divididos na Proporção Áurea.

Também se aplica à arte. Se há um denominador comum sobre beleza, aos olhos de qualquer ser humano, independente de cultura, está intimamente ligada à simetria. Um dos retratos mais belos e preciso do corpo humano, feito por Leonardo Da Vinci, foi criado baseando nesta proporção: o Homem Vitruviano.

Basicamente, a Proporção Áurea está presente em todas as obras de arte mundialmente aclamadas. No famoso quadro de Botticelli, O Nascimento da Vênus, Afrodite está retratada respeitando a Proporção Áurea. As proporções da Mona Lisa também. No O Sacramento da Última Ceia, de Salvador Dalí, as dimensões do quadro (aproximadamente 270 cm × 167 cm) estão numa Razão Áurea entre si. Michelangelo, Rafael, Rembrandt e muitos outros nomes famosos baseavam a métrica de suas obras na Proporção Áurea. Teto da Capela Sistina, a Santa Ceia e muitos outros nomes famosos obedecem a essa regrinha de ouro.

Também se aplica à música. Esta proporção está presente na quinta sinfonia de Beethoven, nas sonatas de Mozart, nas obras de Schubert. Normalmente, músicas mundialmente apreciadas utilizam essa proporção na divisão rítmica e dos compassos. Isso quer dizer que não a identificamos apenas com os olhos, essa proporção também pode ser sentida na forma de cadência, ritmo, mesmo que isso nunca nos tenha sido ensinado. É intuitivo, o ser humano se sente atraído pela Proporção Áurea.

Vale também para literatura. Já foi comprovada existência da Proporção Áurea em textos escritos por Victor Hugo, Shakespeare, e muitos outros escritores “universais”. Os estudos para entender como esta proporção era sentida durante a leitura levaram em conta o tamanho das estrofes de acordo com o ritmo da leitura. A razão entre as estrofes maiores e menores da Ilíada de Homero, é uma das leituras onde é mais fácil reconhecer esta proporção.

Também vale para construções. Grandes templos, esteticamente agradáveis, como é o Partenon, costumam respeitar essa proporção, não importa de que cultura sejam. Só para ilustrar, vamos citar um exemplo bem diferente do estilo grego: a pirâmide de Gizé no Egito. Cada bloco é 1,618 vezes maior que o bloco do nível logo acima.

Também se aplica a em Notre Dame, ao Taj Mahal e até no prédio da ONU em Nova Iorque. Vale ainda para objetos menores. Também vale para “construções” menores. Esta proporção é foi usada milimetricamente por Stradivarius, para calcular a localização exata de cada peça de seus violinos.

Até para definir a beleza humana, independente de padrão cultural, pode ser usada a Proporção Áurea: nas faces consideradas mais harmoniosas, a divisão da distância entre o centro da boca e o “terceiro olho” pela distância entre esse ponto e uma das pupilas bate no 1,618. A cultura vai te dizer como tem que ser a cor dos olhos, a cor da pele, o cabelo, mas esta proporção está presente em todas as pessoas consideradas “bonitas” nos quatro cantos do mundo.

Especula-se que a razão pela qual o ser humano sinta tanto fascínio pela Proporção Áurea não tenha nada de divino nem ligado a Deus. É biológico. Somos criaturas geneticamente programadas para identificar padrões, e, quando nosso cérebro o faz, recebe “recompensas”: uma descarga de substâncias que geram bem-estar. Padrão gera previsibilidade, que gera controle, que gera conforto ao ser humano. Gostamos do conhecido, do familiar, daquilo que podemos antever como vai evoluir.

É inegável que, desde sempre, a Proporção Áurea exerce um encantamento inconsciente no ser humano, sendo visto como algo belo, agradável, familiar e até divino. Mas, por qual motivo estou te contando tudo isso? Para te dizer que esta Proporção Áurea é uma ferramenta importante para qualquer pessoa que lide com público e queira agradar outro ser humano. Não apenas para designers ou arquitetos, qualquer pessoa pode se beneficiar, pois ela é percebida nas menores coisas.

Desde a forma como se arruma a vitrine em uma loja até a disposição dos móveis de uma sala ou o comprimento do seu vestido. Tudo pode ser pensado para atender a esta proporção. E tudo que atender a esta proporção gerará o máximo de bem-estar possível em todo aquele que tenha contato com ela. A Proporção Áurea é uma ferramenta muito poderosa e pouco difundida, utilizada apenas por certas áreas.

Obviamente, ela é muito utilizada em publicidade e design. Logos de sucesso, como o do Twitter e da Pepsi, respeitam a Proporção Áurea. Vários formatos de cartão de crédito já foram testados e os favoritos do público de todos os países sempre têm laterais nessas proporções, mas ela é encontrada em outros lugares que você nem desconfia, como por exemplo, no formato de sites, nas proporções de fotografias e até no rosto dos modelos escolhidos para ilustrar campanhas.

Funciona. É inegável. Não é cultural, é inerente ao ser humano. Já foram realizados diversos experimentos com bebês muito pequenos (portanto, ainda não influenciados por fatores culturais) das mais diversas nacionalidades, que eram colocados para assistir alguns slides. Todos eles se detiveram mais tempo nas imagens que respeitavam a Proporção Áurea, seja ela na forma de um objeto, paisagem ou pessoa. Mais: a maior parte dos bebês sorria quando observava estas imagens.

Não estou dizendo que se valer da Proporção Áurea abre qualquer porta, mas certamente joga a seu favor. Qualquer coisa fica mais atraente se for esteticamente agradável, mesmo que não precise ser para sua funcionalidade. Pergunte à Apple. Pessoas pagam mais pela mesma funcionalidade revestida de uma capa mais agradável. Pessoas tendem a confiar mais e sentir mais simpatia por outras pessoas, ambientes ou apresentações que respeitem essa proporção.

Obviamente não é possível ensinar como aplicar a Proporção Áurea a todos os campos, todas as áreas, todas as criações. Vai ter quem queira usar em batata-frita, vai ter quem queira usar na construção de um carro, portanto, um tutorial é impossível neste texto (mas bem possível procurando na internet). Na verdade, um tutorial nem é a intenção deste texto, queremos apenas te apresentar a ferramenta, para que você saiba que ela existe e, se for do seu interesse pesquise como aplicar à área do seu interesse.

E não me refiro apenas a tentar vender algo para alguém, você pode criar um ambiente mais agradável, tirar fotos mais bonitas e até servir pratos mais atraentes. Tudo pode ser melhorado aos olhos de terceiros e aos seus próprios olhos se atender à Proporção Áurea. Pronto, missão cumprida.

Parabéns, hoje você ganhou uma ferramenta nova. Use-a para melhorar a sua vida.

Para dizer que quer mais FAQ Coronavírus, para dizer que não quer mais FAQ Coronavirus ou ainda para dizer que quer outro texto mastigando como colocar isso em prática: sally@desfavor.com

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