Quarentena mental.

Pronto ou não, o mundo começa a sair da quarentena. É bem possível que essa não seja a última da pandemia, mas já é tempo suficiente para analisarmos qual o impacto disso na mente humana. Sally e Somir discutem o “novo normal”. Os impopulares se sentam no divã.

Tema de hoje: emocionalmente, qual será o pior resultado dessa pandemia?

SOMIR

A ilusão de que internet supre carência. Na hora da necessidade, com certeza uma chamada de vídeo pode ser um alento para a pessoa que está se sentindo solitária, mas apenas se comunicar com outra pessoa não supre nossas necessidades básicas de socialização. Sim, tem vários artigos por aí dizendo que não tem nada de errado até mesmo em manter um namoro pelas vias digitais, mas há de se considerar a diferença entre uma compensação eventual e um modo de funcionar.

Em questão de meses, muita gente foi exposta a esse tipo de conexão virtual para aplacar a saudade e a vontade de interagir com outras pessoas. A internet nos salvou durante a quarentena. Evitou que muita gente passasse por apuros emocionais, mesmo aquelas que tinham companhia em casa. Pouca gente teve o luxo de ficar isolada com acesso direto a família, parceiros sexuais, amigos… alguma coisa faltava em casa. Para isso, a internet serviu, nos mantendo minimamente conectados durante essa fase.

O problema não é usar esses meios para ter contato com outras pessoas, eles estão aí para serem usados. Não jogo pedras nem mesmo em quem namora pela internet, às vezes é o único jeito de se aproximar de uma pessoa que você gosta muito. Mas é aqui que a situação começa a ficar perigosa: se você não tem experiência com esse mundo de relações online, pode acabar achando que são a mesma coisa das relações da vida real. Começa a acreditar que encontrar um amigo na rede social é quase como encontrar com ele ao vivo, por exemplo.

E eu, do alto da minha experiência nerd de vida, posso te garantir que não é a mesma coisa. Se internet fosse eficiente para suprir necessidades emocionais, podem apostar que eu já saberia a essa altura do campeonato. Eu tentei. Eu tentei com gosto. Mas tem algumas coisas que não são substituíveis, algumas extremamente óbvias como o contato físico com uma namorada, algumas imensamente sutis como a diferença do som da voz da pessoa atravessando o ar diretamente e sendo transmitida por um microfone. A realidade gosta de realidade: seus sentidos não são enganados por versões digitais.

Além disso, comunicação digital costuma ser um evento próprio. Exige a atenção de ambas as partes, ocupa um espaço definido de tempo e querendo ou não, costuma ter um objetivo. Na vida real, estar em contato com outra pessoa pode ser apenas o ato de estar próximo. A ideia de que seus sentidos estão captando basicamente as mesmas coisas deve desencadear algum processo de validação dentro da gente, já perceberam que duas pessoas que veem o mesmo evento sentem uma conexão imediata? Você pode estar do lado de uma pessoa estranha, se um maluco começa a berrar na frente de vocês dois, basta uma troca de olhares para gerar uma conversa inteira sem palavras. Ainda existe algo insubstituível na comunicação entre duas ou mais pessoas ao vivo.

Mas todo mundo sabe disso, não?

Em termos. Eu não estou falando sobre substituir totalmente o físico pelo virtual, mesmo que instintivamente, todo mundo sabe disso. Estou falando de uma situação de “sapo na panela”. Você vai aceitando cada vez mais contato pela internet com o passar do tempo, mesmo tendo no fundo da cabeça que precisa de contato real. Se ainda estiver saindo para tomar uma cerveja ou para fazer sexo, ótimo. Mas, peraí… está socializando só no que não pode ser substituído pela internet? Tem uma armadilha aí: a vida real vai se tornando um complemento obrigatório da virtual.

Você se define pela sua rede social, trabalha e estuda por conferência, conta seus segredos para amigos através de aplicativos de mensagens… e de tempos em tempos marca um encontro só para fazer sexo. Afinal, fora isso, dá para substituir. E considerando como várias pesquisas estão saindo por aí dizendo que essa é a geração que menos faz sexo, talvez nem isso futuramente. Não quero encher o saco de ninguém por causa disso, ou dizer como viver, só quero deixar uma coisa bem clara: um dia você vai perceber que está socializando basicamente só pela internet e saindo de casa só para sentir um prazer bem específico.

Normalmente ao mesmo tempo que descobre que está com alguns sintomas clássicos de depressão. Provavelmente não a doença em si, mas alguns indicadores preocupantes. Você está carente, mas não por falta de interação com outras pessoas. Não está faltando contato com outras pessoas, não está faltando ter hobbies, não está nem faltando fazer sexo… mas, a carência está lá. Uma vida baseada em relações virtuais começa a cobrar o preço. Sim, é uma questão de dose: ter tecnologia serve como remédio para solidão, mas exagere e vira veneno. Cria uma ilusão na sua cabeça de aquilo basta. Mas como uma droga, seu efeito é cada vez menos potente à medida que você se acostuma.

Como eu já disse várias vezes, ainda somos adolescentes na era da internet. Falta experiência generalizada com o tema para que possamos nos ajudar com esse tipo de problema. Nem mesmo terapeutas costumam entender muito bem esse tipo de situação. Eu sou uma das pessoas menos místicas que você vai ler na vida, então, não estou falando da falta de “alma” ou qualquer uma dessas coisas; são elementos do contato direto e constante entre seres humanos que simplesmente não se transmitem pela rede mundial de computadores. Elementos ainda mal definidos, mas que já começam a fazer falta em escala global.

A escalada do radicalismo junto com a popularização da comunicação instantânea à distância não parece ser coincidência: tem algo que desumaniza o outro quando ele vem até você por um cabo. Eu jamais voltaria para um mundo sem essa tecnologia, mas sou o primeiro a te dizer para não se apoiar nela. Internet não cura carência, só alivia solidão por um tempo. O mundo pós-pandemia é um mundo onde o contato virtual acelera em uma velocidade impressionante, pode até ter um surto de gente na rua por saco cheio da obrigatoriedade de ficar em casa, mas quando isso passar, estaremos vários passos à frente do que estávamos antes. E pouca gente parece estar falando sobre isso.

E é bom que você esteja preparado. Se você não tiver esse problema, é bem possível que alguma pessoa próxima tenha. Fiquem atentos.

Para me chamar de alarmista, para me chamar de traidor do movimento, ou mesmo para me chamar para uma live: somir@desfavor.com

SALLY

Quando falamos na parte emocional, qual vai ser o pior estrago desta pandemia?

A infantilização por “curtir a vida” como efeito rebote. Essa sensação de “tempo perdido”, de necessidade de correr atrás do que não se vivenciou nesses meses e o medo de que uma possível quarentena volte deve fazer muita gente se comportar de formas como normalmente não se comportaria.

Existe uma crença falsa muito enraizada de que para aproveitar a vida é preciso sair, é preciso estar em grupo com outras pessoas, é preciso frequentar determinados lugares. Besteiro, o céu e o inferno estão dentro da sua cabeça, e eles são portáteis, vão onde você for. Ir a um lugar X não te faz aproveitar mais a sua vida.

É perfeitamente possível aproveitar a vida estando sozinho em casa, a menos, é claro, que você seja uma péssima companhia. É possível aproveitar a vida com investimento no interno, não no externo. Inclusive, é isso que as pessoas deveriam estar fazendo nessa oportunidade ímpar que estão recebendo para focar no interno, silenciar a mente e resolver suas questões para viver melhor.

Mas não, as pessoas só parecem olhar para o que “perderam”. A festinha de aniversário que não tiveram, a balada que não puderam ir, a viagem com os amigos, o encontrinho com uma pessoa pelo aplicativo… Tudo vazio. Não basta dedicar uma vida ao vazio, é preciso também ficar esperneando quando, por um motivo de força maior, você não pode levar uma vida vazia.

Essa mensuração mundana de “diversão/aproveitar a vida” parece ter cota para bater. Tem gente que se deprime se, em um final de semana ou feriado não sai ao menos uma vez para beber ou curtir com os amigos. E essa cota, com a pandemia, gerou um belo acúmulo de tarefas. Temo que quando as pessoas tiverem liberdade de fazer o que querem, corram atrás do “tempo perdido”.

Veremos adultinhos se portando como adolescentes, esquema Ferris Bueller. Pessoas se excedendo em uma versão extreme de tudo quanto é lazer vazio. Gente ainda curando as feridas da pandemia (no Brasil, todo mundo vai perder alguém) só que, em vez de fazê-lo de forma saudável, se anestesiando com essa desculpa de “curtir a vida”.

Tenho certeza absoluta de que o problema de carência que o Somir escolheu também vai acontecer e também será grave socialmente falando. Mas optei por esse outro desfavor por achar um retrocesso, uma involução. Muito triste constatar que as pessoas vão sair de um evento traumático como esse da exata mesma forma como entraram, sem aprender nada, sem olhar para dentro, sem reavaliar suas prioridades.

Era uma bela oportunidade de entender que cada vez menos existe “eu”, que precisamos que todos estejam bem para que nós estejamos bem, pouco importa se estamos em um camarote de boate mais badalada com uma champagne que tem estrelinhas saindo da rolha. Essa visão macro, global, esse emaranhamento quântico está sendo ignorado. Os projetos, as preocupações, as metas continuam no eu, eu, eu.

O mundo nos colocou em uma posição clara de aprendizado: não adianta você ser rico, poderoso ou famoso, se todos os seres humanos do planeta não se unirem e chegarem a um acordo de fazer o que precisa ser feito, ninguém sai dessa pandemia. Independe de cor, raça, classe social ou qualquer critério que a gente use para se separar: todo mundo tem que fazer a exata mesma coisa se quisermos conter o vírus.

Olha que lição maravilhosa… Hora de acabar com divisões, hora de perceber que quando o calo aperta, é como se todos fossemos um. Hora de constatar que todas essas alegorias de separação (cor, classe social, religião) podem se tornar irrelevantes e que para sair dessa basta cooperação, que é possível mesmo dentro das nossas diferenças.

Alguém entendeu isso? Claro que não, assim que a shopping abriu as portas as pessoas foram se amontoar para comprar blusinha e depois comer um hamburguer. O aprendizado não chegou no destinatário final, uma pena, a próxima lição provavelmente será ainda pior.

E não me refiro apenas ao brasileiro. Em muitos países civilizados os momentos de reabertura foram trágicos e as pessoas despirocaram. Até mesmo no Japão, um país conhecido pela disciplina e respeito de seus cidadãos pelas normas, foram necessárias medidas drásticas: em abril aconteceu um festival de tulipas, quando centenas dessas flores nascem, proporcionando uma paisagem lindíssima. Foi tanto japonês desrespeitando o isolamento imposto para ir ver as tulipas que o Poder Público cansou e mandou cortar todas. Cortaram cerca de cem mil tulipas para que as pessoas parem de se aglomerar.

Em quase todos os países, mesmo os mais civilizados, vimos as pessoas se portando de forma surtada quando lhes foi dada alguma liberdade. Isso me leva a crer que a sensação de “correr atrás do tempo perdido” está enraizada no inconsciente coletivo do ser humano. A vida, minha gente, não é um marcador com metas a atingir, que sem isso não é bem aproveitada. Não é o que você faz externamente que conta para avaliar se sua vida foi proveitosa ou não. Parem de buscar fora.

Fomos socialmente condicionados (com a melhor das intenções) para acreditar que quem não faz certas atividades não aproveita a vida. Muitos inclusive as fazem no piloto automático, sem sequer se questionar se estão realmente com vontade daquilo, muitas vezes precisando até se entorpecer para suportar essa rotina. Isso cria uma espécie de obrigação de “aproveitar a vida” dentro desses moldes, de precisar ir para a rua, ir para festa, se reunir para cumprir a missão.

A quarentena, em vez de servir como uma oportunidade para aprender que existem muitas formas de aproveitar a vida, foi encarada como uma privação que gerou um atraso a ser compensado. E quando a porteira abrir, muita gente vai perder a linha para tentar compensar esse atraso. Será ridículo, patético e talvez até perigoso.

Isso se esperarem a quarentena acabar…

Para dizer que não suporta ficar sozinho com você mesmo, para dizer que ano que vem veremos o maior carnaval de todos os tempos como compensação ou ainda para dizer que torce para que a quarentena seja o novo normal: sally@desfavor.com

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Comments (21)

  • Fico com a Sally nessa. Aliás, pensando aqui bem por alto, se e quando essa pandemia acabar, o tanto de gente louca e surtada que vai ter por aí… Os psicólogos e psiquiatras vão ficar todos ricos! hehe

  • O impacto do ponto do Somir será estrondoso, mas acho que não será algo totalmente ruim. Talvez até necessário, de certa forma.

    Mas concordo plenamente com a Sally. O brasileiro médio já tem aquele perfil maravilhoso de quem é incapaz de se entreter sem estar em bando, alcoolizado e fazendo barulho; e também não é capaz de fazer planos, sendo que a maioria dos brasileiros não faz qualquer tipo de poupança mas está sempre parcelando algum supérfluo no cartão, ou trocando de carro a cada dois ou três anos porque “status”. Aí você pega a linha de pensamento do brasileiro médio, adiciona a possibilidade do cidadão não poder Se DiVeRtIr™ por tempo indeterminado, que ele vai se sentir ainda mais estimulado a aproveitar cada mínima brecha que se apresente pra ele e potencializar seu grau de DiVeRsÃo™ à enésima potência.

    Pode anotar: na próxima festa tradicional que o governo der um libera geral, o povo vai extravasar como nunca antes na história desse país.

  • “em abril aconteceu um festival de tulipas, quando centenas dessas flores nascem, proporcionando uma paisagem lindíssima”

    Na verdade, acho que seriam, na verdade, cerejeiras. De resto, os japoneses são assim mesmo. Morei anos lá, e quando as cerejeiras floresciam, tinha gente que largava o serviço no meio para ficar a tarde toda olhando as flores.

    Emocionalmente, aponto para algo que já está acontecendo: as pessoas que pegam a covid, sobretudo aquelas que ridicularizavam a covid e nossa preocupação com ela, escondem que estão doentes, seja por ego ferido, seja por não ter que se afastar do emprego e perder pontos com o chefe…até porque muitas vezes a empresa liberou o teletrabalho justamente para que se protegessem. Não bastasse isso, estão se automedicando com tamiflu e cloroquina.

    (Nessas horas, o único arrependimento foi não ter investido para montar uma empresa funerária, com aqueles africanos dançantes carregando o caixão, e montar franquias pelo interior de São Paulo. Talvez monte, com vistas para a próxima pandemia…).

    • Só piora: a pessoa, para não dar o braço a torcer, esconde a doença que pegou e coloca mais pessoas em risco. Tá ficando difícil não começar a torcer pelo corona…

    • Nossa, é tanto assim lá no Japão, Suellen?
      Isso me faz lembrar de Curitiba, que também tem essas florezinhas, e enche de turistas no jardim botânico pra tirar aquela famosa selfie da estufa…

      • Lá eles tem até uma termo pra isso: “Hanami” (literalmente ver as flores). Isso porque as flores da cerejeira não aguentam um vento mais forte.

        Alguém vê que as cerejeiras florejaram, chega gritando pela fábrica “Hanami!”, e aí alguns largam o trabalho e vão correndo olhar as flores. Uns deles compram máquinas fotográficas, lentes especiais e outros equipamentos caríssimos para ficar tirando fotos, fotos e mais fotos das flores. Um povo descompensado.

        • Suellen, o termo que eu sempre vi associado à florada das cerejeiras no Japão é “Sakurá” e nem imaginava que teria gente comprando máquinas caras e lentes especiais só pra fotografar essa ocasião. Povo descompensado mesmo… Ah, e eu nunca tinha visto esse termo “Hanami!”, mas a palavra “Sakurá”, que citei, seria a tradução do próprio nome da flor, então? Acho que essa florada das cerejeiras nesta época do ano também tem a ver com o início da primavera por lá, não?

          • Isso. Sakurá é a cerejeira. Quanto à florada, sim, até na TV eles ficam tentando prever quando as flores da cerejeira vão brotar quando chega a primavera…Tirando o Hanami, outra coisa que alguém grita e faz todo mundo correr é tsunami, mas aí é outra história…

            (tem o terremoto também (“jishin”) e tufão (“taifu”), mas nem todo mundo corre. Bom saber esses termos quando estiverem por lá, já que nem todo mundo consegue pronunciar inglês direito…)

            De qualquer forma, em se tratar de conciliar meio ambiente com desenvolvimento econômico, eles são imbatíveis.

  • “para dizer que ano que vem veremos o maior carnaval de todos os tempos”

    Não duvido, mas se tratando do brasileiro médio e esse interminável fogo no cu, pode ser que nem esperem o ano que vem. Vão começar o carnaval no fim de 2020.

  • Só os outros, porque o pessoal que lê esse blog deve ser anti social tipo eu, então não deve ter nada de emocional, não! Só fiquei puto por me impedirem de trabalhar 3 meses e trocar meu salário por esmola de 600 contos do Bozo. Fora isso, achei top ficar longe de pessoas.

  • “Muito triste constatar que as pessoas vão sair de um evento traumático como esse da exata mesma forma como entraram, sem aprender nada, sem olhar para dentro, sem reavaliar suas prioridades.” Concordo e igualmente acho isso muito triste, Sally, mas também já cheguei a um ponto em minha vida em que eu quero mais é que essa gentalha toda se foda! Você pode me achar radical, mas já convivi por tempo demais com essa cambada e minha paciência se esgotou faz tempo!

    Simplesmente abomino, tenho repugnâncua, por essa espécie a que você chama muito apropriadamente de “adultinhos”. Tanto que eu evito ao máximo sequer ficar no mesmo ambiente em que esteja um desbocas-abertas que são de incapazes de aprender com as porradas que a vida dá em todos nós e que recusam a se portar de acordo com a idade que tem.

    Claro que nem todo mundo lida com situações como esta do isolamento social forçado pelo Coronavírus da mesma forma, mas, para mim, exceto pela (re)adoção da forma de trabalhar em esquema de “home-office”, pouca coisa se alterou. Com ou sem pandemia, eu já não era muito de sair de casa e só ia para a rua quando era estritamente necessário; ou então para ir a lazer para algum lugar sem muvuca e que me acrescentasse algo quando me apetecesse.

    • Corrigindo: “Tanto que eu evito ao máximo sequer ficar no mesmo ambiente em que esteja um desses bocas-abertas que são incapazes de aprender com as porradas que a vida dá em todos nós e que recusam a se portar de acordo com a idade que tem.”

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