A Revolta da Máscara

Fúria e descontrole tomou posse de um cliente dentro de uma lanchonete, quando é cobrado para cumprir as determinações de combate ao covid-19. Um funcionário da rede McDonald’s em Hong Kong (China) foi atacado na terça-feira por um cliente que pediu para ele cobrir a boca e o nariz com uma máscara. LINK


Uma agente da polícia norte-americana atingiu mortalmente a tiro o suspeito de esfaquear um cliente num supermercado, depois de uma discussão sobre o uso de máscaras de proteção. LINK


Um motorista de ônibus francês que foi agredido por passageiros depois de pedir que usassem a máscara para respeitar as normas de luta contra o coronavírus, faleceu na sexta-feira (10), informou a família. LINK


Casos do tipo começam a se acumular ao redor do mundo. Seria a insanidade normal do ser humano ou tem algo de novo aqui? Desfavor da semana.

SALLY

Por todo o mundo estão ocorrendo episódios lamentáveis de pessoas que se recusam a usar máscaras e se sentem no direito de agredir quem as adverte a esse respeito. É apenas mais uma face do negacionismo, mas nos levou a refletir sobre a Big Picture. Como foi que chegamos a este ponto de ignorância? Temos uma teoria, e ela é o Desfavor da Semana.

No período pré-internet, só tinha voz aquele que possuía uma qualificação inquestionável. Apenas os melhores de cada profissão detinham o privilégio de falar ao público. Havia meia dúzia de jornais, meia dúzia de emissoras de televisão e meia dúzia de emissoras de rádio com grande alcance. Quando eles convidavam algum especialista, só abriam o microfone para quem tinha conhecimento e destaque na sua área.

O Zé Cu Brasileirinho provavelmente falava suas merdas, seus achismos, suas teorias vergonhosas na mesa de bar, com outros Zé Cus, e a coisa morria ali. Essas pessoas não tinham voz, o que era extremamente saudável, pois poupava uma população que, em sua maioria, não tem discernimento para separar uma imbecilidade de uma informação confiável.

O sistema protegia os ignorantes. Seria a minha escolha? Não, eu acho mais enriquecedor viver em um mundo onde todos tenham voz, mas para isso, não podem ser símios retardados.

Em países civilizados, as pessoas foram educadas, capacitadas, conscientizadas e depois veio a internet, dando voz a todos. Quando a educação vem antes da democratização, é tudo lindo: muitas pessoas capazes passam a ter voz e somam esforços em uma rede que as une, criando coisas maravilhosas através da junção de suas ideias.

No Brasil, a democratização veio antes da educação, portanto o que vemos é uma enxurrada de chorume, de achismos irresponsáveis danosos à sociedade e, pior de tudo, uma forma dos Zé Cus Desempoderados se unirem contra aqueles que nunca lhes permitiram ter voz. Sim, tem um componente emocional muito forte aqui.

Quando você dá microfone a um idiota, permite que reverbere sua fala, atraindo mais e mais idiotas. E no Brasil, assim como em muitos países do mundo, eles são maioria. E agora estão unidos. E gritam alto, entrando na mente dos incautos. Isso, por si só já seria muito nocivo, mas calma, piora.

Não tem animal mais recalcado do que desempoderado. Seja pelo motivo que for: corpo que não atrai as mulheres, burrice, baixa renda ou qualquer outra condição que faça a pessoa se sentir inferior. Percebam que a pessoa não é inferior, mas ela se sente inferior. Isso acaba criando uma raiva, um rancor, um sentimento ruim, que faz nascer aquela conhecida vontade de passar de oprimido para opressor.

Assim surgiram os terraplanistas. Mas a coisa não vai parar por aí, não é um movimento pontual discutindo sobre o formato da Terra, está se mostrando um modo de funcionar. O terraplanismo pode ser aplicado a tudo: quando um achismo ignorante e já refutado é alçado à categoria de hipótese válida e encontra seguidores. Provavelmente vão criar uma palavra para isso em breve.

Estamos entrando na era do terraplanismo generalizado, por assim dizer, enquanto não criam um termo para a situação. Todas essas pessoas às quais a ciência elitista deu às costas, enquanto vivia de pompa, termos difíceis e títulos acadêmicos, está dando as costas à ciência, com muita mágoa e rancor. E, repito, eles são maioria. São capazes de fazer suas imbecilidades ecoarem para um público.

Em um país com uma boa educação pública, com mentes pensantes, essas pessoas apenas passariam vergonha ou seriam vistos como malucos (de verdade, na Alemanha internaram negacionista da pandemia em clínica psiquiátrica). Porém em países como o Brasil (e muitos outros) eles encontram uma grande massa de desempoderados igualmente ignorantes, aos quais a ciência não alcança e os quais preferem uma resposta simples, uma certeza absoluta agradável de escutar, que promove segurança e que é compreendida.

Então, temos um terreno fértil para que todas as teorias da conspiração, achismos e imbecilidades no geral prosperem. Idiotas com um microfone na mão + uma plateia crédula, carente, desempoderada, ávida por conseguir compreender e ter certezas.

Até aqui, muita gente pensava “azar o deles, que arquem com as consequências de sua burrice”. Só que existem muitas situações onde dependemos da colaboração de todos para um bom desfecho, como é o caso da pandemia. E aí? Azar o de todo mundo, principalmente de quem vive em um país se símios incapazes entender não apenas a necessidade, como também a forma correta de se usar uma máscara.

Essa coisa do MEU direito, do MEU querer, não existe em uma pandemia, nem em qualquer evento onde a conduta de um afete a coletividade. Essa semana vi um comediante americano ressaltar um ponto interessante: na 2ª Guerra Mundial, pessoas que viviam em cidades que estavam sob risco de bombardeio tinham que apagar todas as luzes à noite, para dificultar a visão dos pilotos dos aviões que jogavam as bombas. Se estivesse tudo escuro, frequentemente eles erravam o alvo ou sequer bombardeavam.

Na época ninguém disse “é MEU direito deixar a luz acesa, nem o Estado nem meus vizinhos podem me obrigar a apagar a luz” (se fosse no Brasil, certamente veríamos uns abençoados fazendo isso). Segundo o comediante, o mesmo valeria para máscaras: não é seu direito não usar quando o seu não usar pode matar outras pessoas ou colocar outras pessoas em risco. Assim como não é seu direito beber e dirigir ou qualquer outra conduta que coloque em risco a coletividade.

E se você não compreende o que causa e o que não causa risco de vida à sociedade, bem, desculpe, mas você tem que ser afastado do convívio social, pois é um perigo para si mesmo e para terceiros. Se amanhã surgir uma pessoa dizendo que beber e dirigir não promove qualquer risco, que vai fazer sim, que dirige tão bem bêbada quanto sóbria, duvido que ela não seja responsabilidade por esse discurso.

Nos tempos atuais, não são apenas atos que ceifam vidas. Quando se tem uma audiência de Tonhos da Lua que compram qualquer bosta que escutem, também é uma forma de ceifar vidas falar merda: pilhar as pessoas para não tomarem uma vacina se ela vier da China, dizer que mastigar alho previne covid-19, dizer que Cloroquina funciona, que o vírus não existe… tudo isso, para uma audiência incauta, gera danos sociais gravíssimos, podendo gerar, inclusive, mortes.

No caso, a parte das mortes já está acontecendo. Pessoas que participam de grupos, fóruns ou qualquer outro meio onde é difundido que máscara não funciona, que covid-19 não existe e que o Estado não pode te obrigar a usar máscaras já estão gerando mortes, por omissão ou por ação.

Por omissão quando saem às ruas sem máscara e contaminam alguém, por ação, quando fazem valer seu “direito de não usar máscaras” na base da violência. Já vimos funcionário que apenas estavam cumprindo seu papel apanhando até ter morte cerebral por tentar exigir que o outro faça a coisa decente para preservar a vida de todos. Já vimos um senhor de 77 anos ser morto a facadas por pedir que pessoa no mesmo estabelecimento comercial que ele use máscara.

Percebem o componente emocional que há nessa reação? Matar a facadas um senhor de 77 anos que te pediu para usar máscara não é uma reação normal. Tem uma fúria muito represada aí, típica dos rejeitados. Um rejeitado, quando sente uma nova rejeição, surta.

A gente vê isso em menor escala aqui nos comentários o tempo todo. Pessoas bem resolvidas, com autoestima, com uma família estruturada, com cultura e que receberam o devido estímulo intelectual desde a primeira infância vem aqui de boas discordar. E a conversa flui. Você percebe que não é uma pessoa da sarjeta, desempoderada, insegura. Mas, quando os desempoderados deixam comentário… rapaz, é típico. Parece até um corta-cola um do outro de tão similar.

As certezas, a raiva, a agressividade, o confronto… parece escrito sempre pela mesma pessoa, e quando você vai verificar, não é. Dá pena por um lado, pois você imagina quão merda é a vida da pessoa para ela perder seu tempo e vir destilar toda sua insegurança e ressentimento em dois estranhos, mas também chama a atenção o grau de fodelança mental, o tanto de dor e rejeição que tem represada nessa pessoa, que faz ela ter que ir no quintal alheio jogar seu lixo.

Gente rejeitada, gente inferiorizada, gente que não recebeu amor suficiente é um perigo: geralmente atacam só a si mesmos, mas quando alguém as faz reviver a rejeição (ex: pede para colocar máscaras, deixando claro que não é um bom garoto), aquele trauma todo emerge e a reação fica doentia.

Estão fabricando esses maluquinhos americanos que surtam depois de muita exclusão. E o pior: eles têm voz, portanto, podem cooptar mais maluquinhos rejeitados e ficar remoendo essa rejeição. É hora de o Brasil pensar com muito carinho em desligar o microfone desses retardadinhos, assim como a gente faz por aqui.

Não, não estamos falando de censura. Desfavor é um ambiente privado, a gente puxa o plug do microfone mesmo, mas enquanto Estado, isso é mais complicado. Se desliga o microfone de forma democrática responsabilizando civil e criminalmente por cada fala nociva.

Sei que parece complicado, mas não é, basta ter coragem. Dedica um ano a isso, a caçar com afinco, prender e não soltar quem, por qualquer fala, causa tal dano social de tal porte que possa ser enquadrado como crime. Em poucos meses os desempoderados se calam, eu prometo. São covardes, são medrosinhos, quando você chega neles ao vivo, se cagam nas calças. Na cadeia a trajetória deles não vai ser muito… feliz.

Não sei se isso vai acontecer ou não, mas te convido a você fazer a sua parte para tentar reduzir esse desfavor: não dê voz a maluco. Não conteste, não replique (mesmo que seja para jogar na fogueira), não dê voz. Os desempoderados vão espernear, vão dizer que você não tem argumentos, que você não teve coragem, que é censura e outras respostas prontas. Deixem que esperneiem, com o plug do microfone desligado, ninguém vai escutar.

Para dizer que prefere colocar limites deitando na porrada, para dizer que vai fazer sua parte e não dar microfone para os terraplanistas generalizados ou ainda para dizer que que viver em países decentes como a Alemanha, onde internam em clínica psiquiátrica negacionista da pandemia: sally@desfavor.com

SOMIR

A era de internet veio jogar luz em coisas que simplesmente não víamos antes. E não era a necessidade de atenção e validação pessoal pela opinião alheia, isso todo mundo já sabia que fazia parte do pacote humano. Nem mesmo toda essa raiva que é cuspida em redes sociais todos os dias, duvido que alguém acreditasse que éramos bonzinhos antes dessas plataformas digitais. Na verdade, a maior revelação da internet foi a profundidade abissal da ignorância do cidadão médio.

Nem estou falando de burrice agora, é ignorância pura mesmo: não é como se a pessoa tivesse a informação e a usasse de forma errada, é que não tinha nada lá para começo de conversa em diversas áreas do conhecimento humano. Há uns 20 anos atrás, qualquer cientista te diria que provavelmente a maioria da humanidade entendia que a Terra era redonda. Talvez alguns pobres coitados que nunca tiveram acesso à educação ou fanáticos religiosos, mas não a maioria. Todo mundo viu as fotos, os desenhos, era parte da cultura compartilhada humana.

Imagine só a surpresa dessa gente quando o terraplanismo começa a ganhar mais e mais adeptos. E entre eles, gente que não se encaixava na categoria de miseráveis abandonados pela sociedade ou pessoas que sofreram lavagem cerebral religiosa. Tem terraplanista com curso superior completo, com dinheiro e acesso à informação e que não é necessariamente um fanático religioso. O que aconteceu? Como isso era possível?

Mas antes mesmo que pudéssemos lidar com esse tema em específico, o movimento antivacina começou a ganhar força. Logo depois, conspirações corriam soltas, o nazismo foi voltando, o comunismo também… alguém abriu a Caixa de Pandora da insanidade humana, e a cada dia que passa mais e mais pessoas começaram a se assumir defensoras de ideias que pareciam erradicadas há muitos anos. Ideias que podiam ser facilmente provadas como falsas, mas que não paravam de ganhar adeptos. Aposto que tem muita gente muito confusa sobre o que diabos aconteceu nessas últimas décadas, culpando a internet em linhas gerais, mas sem saber onde as coisas deram tão errado.

E pior, sem saber como controlar esse movimento. Eu acredito que consegui ligar os pontos, e tenho muito a agradecer à Sally por isso: durante muitos anos, nós discutimos sobre um ponto que nos dividia, o elitismo intelectual. Embora eu tenha chegado sozinho à conclusão que ficar procurando pedestais para me colocar não tornava minha vida mais feliz, quem plantou a semente da subversão ao culto do intelectualismo na minha cabeça foi ela. Mesmo não sendo um processo consciente, eu fazia questão de me isolar do resto das pessoas com um senso de superioridade intelectual que respondia qualquer dúvida com um “você é burro!”. Era usar conhecimento como um muro, o meu momento “cidadão não, engenheiro civil!”.

Foi uma discussão longa que eu finalmente perdi. E fiquei muito feliz em perder: essa realização rapidamente me gerou frutos. Não só a relação com outras pessoas melhorou como eu percebi que derrubar esse muro acelerava o processo de desenvolvimento intelectual de todo mundo ao meu redor. E, juro, numa velocidade que eu nem julgava possível. E, evidente, é uma via de mão dupla: abrir essa via de comunicação e estender a mão para quem não tem o mesmo grau de conhecimento sobre qualquer assunto que você tem vai cobrindo diversas lacunas na capacidade intelectual.

E pelo visto, isso aconteceu em escala global, há muito mais tempo do que eu estou nesse mundo: formou-se uma presunção de que as pessoas deveriam saber algumas coisas ou seriam burras. E antes da internet, essa maioria que só tinha decorado que a Terra era redonda e que vacinas funcionavam jogavam junto com essa arrogância intelectualista. Nem entravam no assunto, porque na vida real, só quem dava atenção para elas eram pessoas próximas que provavelmente tinham o mesmo grau de conhecimento sobre as coisas.

A bomba que a internet jogou na sociedade e que vamos ter que lidar por décadas ou séculos ainda é que adultos precisam continuar estudando. A partir do momento que a maior parte da população humana é chamada para participar de algo, ela tem que ser preparada para isso. O adulto pré-internet tinha um impacto limitado, não muito diferente de uma criança. Quem detinha o conhecimento falava, quem não fingia que escutava. Hoje a lógica mudou: todo mundo fala. E se todo mundo fala, a lacuna de conhecimento fica explícita. Tão explícita que esse povo ignorante finalmente percebe que é a maioria.

Prestem atenção no mundo: esquerda e direita parecem concordar num só tema, o de destruir o que já existe para colocar outra coisa no lugar. As explicações de antes – que aparentemente nunca entenderam – não servem mais. Estamos vendo a revolução dos “descamisados intelectuais”. É gente burra que quer acabar com universidades para evitar doutrinação ideológica, é gente burra que vai derrubar estátuas em praças. Gente que não entende como o mundo funciona agora, que foi menosprezada por séculos pela sua incapacidade de compreender a ciência e as estruturas sociais que montamos a duras penas. Quando a internet deu voz para elas, o processo começou. O terraplanismo foi o aviso. Eu posso até considerar que as teorias do 11 de Setembro foram o primeiro movimento dessa ignorância coletiva ganhando voz, mas a internet ainda era pequena demais.

O que nos traz até aqui: adultos que foram abandonados intelectualmente tendo a plataforma criada pela internet e finalmente insurgindo numa revolta contra o conhecimento estabelecido. Nesses casos, não é exatamente sobre o tema que gera a fúria desse povo, é sobre a ideia geral de não serem mais taxados de imbecis ou inúteis por quem tem a capacidade de ensinar, mas não se esforça por isso.

A máscara é uma alegoria perfeita para esse sentimento: algo que eles não conseguem entender por que é importante, mas que é imposta pela sociedade. E como tem mais gente confusa berrando nas redes sociais com explicações absurdas, mas muito mais palatáveis sobre dominação global ou algo do tipo, o simples fato de pedir para essa pessoa usar máscara acorda anos, talvez décadas de raiva reprimida por ninguém ter se dado ao trabalho de ensiná-la sobre ciência e funcionamento da sociedade até aqui.

Adultos são intelectualmente abandonados há muito tempo. A internet veio cobrar essa conta. Não adianta querer lutar no mesmo campo dos conspiradores e dos negacionistas, eles usam palavras menores e apelam para o emocional de gente negligenciada intelectualmente. Eles se juntam em bandos e berram, assim como a turma da lacração. Essa gente precisa ser responsabilizada pelas merdas que fala, censura nunca, pagar pelo o que escolhe fazer, sempre.

Mas, se você tem uma pessoa querida por perto que parece muito confusa sobre o tema, gaste um tempinho da sua vida para explicar as coisas para ela, com calma. Sempre que puder, tire uma pessoa próxima de um buraco de ignorância, até porque uma dia desses é certeza que você vai precisar do favor de volta. Quando eu precisei, ainda bem que a Sally estava lá. Ninguém é inteligente sozinho.

E use a máscara. É um hábito comum em países asiáticos há sabe-se lá quanto tempo, não é novidade nenhuma no mundo.

Para dizer que eu não consigo não soar pedante, para dizer que agora nada faz sentido, ou mesmo para dizer que malucos serão malucos: somir@desfavor.com

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Comments (34)

  • Ideia interessante apresentada no texto: a culpa é da internet e do mau uso que fizeram dela. Mas será que é só isso ? Eu tendo a pensar, considerando o conjunto todo, que dentre uma série de fatores está também o fato de que tivemos desde os últimos anos um governo populista, com “promessas fáceis” ao povo, com certas regalias, e o brasileiro acabou se acostumando mal a isso. Além disso, junte também o aspecto de que o povo sempre tem essa mania de escolher políticos como uma figura salvadora da pátria, que vai resolver todos os problemas possíveis, daí… Enfim, hipóteses pra tentar explicar o que acontece…

    • É o mau uso que se faz da internet.
      São décadas de ensino público deficiente.
      São décadas da cultura do espertão, onde vale mais se dar bem do que conhecimento.
      São décadas de incompetência premiada.
      É tanto problema que nem tenho como elencar todos.

  • Para mim, o marco dessa nova era no Brasil foi o padre dos balões. Concordo 100% com os dois, com todos os títulos que tenho pendurados no pescoço.

    • Dá para reverter, certo? Quero dizer, se todo mundo que pode contribuir fizer um esforço e estender a mão e tornar a ciência mais acessível para as próximas gerações, a gente faz um novo iluminismo?

    • Não sei o que houve com o Somir, ele estava frouxo este final de semana, aprovou cada bosta… Deve estar de bom humor.

  • Gente, super concordo com ambos textos, e eu mesma sou uma pessoa altamente desempoderada (aliás, me desculpem por qualquer asneira desempoderada que já comentei aqui). Pra mim, existem três tipos de desemponderados: aquele que é o pobre e crê de que sua vida tem é de ser prática pra ter o pão de cada dia, que só rico ou estudado tem real poder de fazer escolhas; aquele que está num “degrauzinho acima” por alguma vantagem financeira ou social, e acha ser pecado mortal olhar para trás ou para baixo; e aquele que, não importa se é o formado melhor do que você, se é o marido que tem dois empregos, ET Bilú procurando conhecimento ou o seu Zé Buça do bar, o espírito de porco está profundamente instaurado, vai sempre paunocuzar o rolê e só cabe a ele mudar. O terceiro caso creio ser o pior, visto que esse sofre de desempoderamento interior (falta de empatia, amor próprio, bom senso…) e por causa disso sobrevive de um mecanismo visceral de autopreservação e de SEMPRE transferir ou negar a responsabilidade de seus atos, e mesmo quando assume a culpa, os resultados não mudam da situação em que ela simplesmente não o faz… Ou seja, não costuma sair nada de produtivo de pessoas assim, parece dívida de crediário. Não há guru, líder, professor, Astrolavo que mude isso, se a própria pessoa não dar vazão à empatia pra botar a mão na consciência. A falta de sensatez e de ver a realidade como ela é (no caso, de que vivemos numa de pandemia, que tá ceifando gente e causando preju socioeconômico generalizado), é o que pessoalmente acredito turvar a visão da solução de muitos problemas aqui ou acolá… E não, isso não exige (diferente do que eu mesma pensava) um diploma, qualificação ou nem mesmo um emprego. Ser desempoderada não deve me isentar da minha responsabilidade em ser uma pessoa melhor, com ou sem outrem pra me dar insight. Não me isenta de lembrar que não é tudo sobre os rancores da minha pessoinha, já que estou em sociedade.

    • Você não é desempoderada. Desempoderado é como maluco: se tem a consciência de que é, é por não ser.
      Você pode não ter conhecimento científico, técnico ou o que for, mas isso não te faz desempoderada. Tem dona de casa analfabeta que não sabe nem assinar o próprio nome e não é desempoderada, tem desembargador que é.

  • Orwell nunca se fez mais real do que nos dias atuais. O conceito de IGNORÂNCIA É FORÇA é o retrato mais perfeito da sociedade contemporânea.

    De um lado, temos os defensores da cultura do cancelamento, que busca a todo custo silenciar divergências para impor suas doutrinas de caráter sectário, tentando vender uma falsa ideia de inclusão que na prática só serve de manobra diversionista pra que alguns poucos possam usar isso pra tentar tirar vantagem no jogo do poder.

    Do outro, o negacionismo de caráter anticientífico que ganha o endosso de participes em organizações neopentecostais, tanto que se você observar bem, o grosso dos negacionistas propagadores do conceito da Terra Plana e de outros conceitos anticientíficos no geral estão ligados a grupos religiosos protestantes.

    Mas não comemorem, até porque se católicos, muçulmanos, judeus, budistas e seguidores de outros credos não expressaram posições que entram em confronto direto a posicionamentos de caráter científico, é por questão de discrição e de conveniência, até porque muitos desses são aquilo que chamamos por “crente social”, que segue uma religião não por acreditar nela, mas pelas vantagens de participar e se manter em tal círculo social.

    Quem está no meio sobrevive na berlinda, sob o fogo cruzado dos dois lados, tentando a todo custo resistir aos efeitos do silenciamento forçado por ambos os grupos, cuja postura revisionista não tem qualquer compromisso com nada a não ser com uma disputa por poder e por impor a sua própria visão de mundo como “verdade”.

  • Capitão Impressionante

    É realmente importante tentar salvar as pessoas das trevas da ignorância, mas… E quando os ignorantes do outro lado não estão nem um pouco dispostos nem a ouvir, nem a entender e muito menos a argumentar?

  • Capitão Impressionante

    Mas e quando os ignorantes do outro lado não estão nem um pouco dispostos nem a ouvir, nem a entender e nem a argumentar?

    • Escolha suas batalhas. Ainda tem muita gente disposta a ouvir. O ideal é estar municiado de informações simples e práticas para quando a oportunidade de uma pessoa disposta a conversar aparecer.

  • Nem todo lugar civilizado é obrigado a andar com a fucinheira de gás carbônico, conheço uma pessoa que mora em Manchester e lá não é. No Brasil óbvio que é pra arrecadar multas. Se fosse pela saúde não haveria contágio, era só usar focinheira que tava resolvido.

    • “fucinheira de gás carbônico”… aposto que você viu aqueles vídeos de americanos dizendo que máscara derruba os níveis de oxigênio da pessoa em segundos. Esse povo não entende nada de ciência, cuidado. Eu já vi o material sobre isso e é de chorar o quanto não entendem sobre química básica. Que máscara tem furos para parar uma molécula de oxigênio? Você tem noção de quão pequena é uma molécula em comparação com um vírus?

    • Você deu sorte que quem viu seu comentário primeiro foi o Somir, se caísse na minha mão, nem fodendo que eu aprovava esse chorume.

  • “para dizer que quer viver em países decentes como a Alemanha”
    Morei na Alemanha por 5 anos e hoje trabalho com intercâmbio, já lidei com estudantes de todo canto do mundo e posso te garantir que esse estereótipo do alemão certinho e pontual é furada, e nem é questão de ser jovem. Na minha estadia por lá, não lembro de ter sido atendido no horário alguma vez. Ruas repletas de lixo, pichações e bitucas de cigarro, europeu fuma pra caralho. A burocracia e os impostos são tão infernais como o Brasil, as filas infinitas e as caras de bunda dos funcionários são idênticas, assim como a ignorância em língua inglesa. Algumas cidades são boas e realmente superam o lado negativo, mas o resto não é tão diferente de uma cidade do interior gaúcho ou paulista em termos de desenvolvimento e intraestrutura. Não acho que voltaria pra lá, e conhecidos meus que já foram pra Alemanha dizem mais ou menos o mesmo. Só alertando pra quem está na luta pra fugir do Brasil.
    Por incrível que pareça os europeus mais certinhos e organizados que já conheci eram holandeses, geralmente famosos por serem maconheiros relaxados, rs.

    • Eu passei um tempo no Japão, mais precisamente em Osaka, e posso dizer que nem os japoneses são certinhos. O hotel que fiquei hospedada tinha bem na frente um viaduto cheio, repito, cheio de lixo. Nas ruas eu vi muita bituca de cigarro também. Não era essa tão limpo como achei que fosse. Sem contar uma situação constrangedora de um japonês bêbado mijar do meu lado na parada de ônibus… Gente se vcs forem sair do Brasil passem pelo menos 2 meses pra conhecer o lugar, ver com os próprios olhos. Me arrependi muito de ter ido pra lá, pois eles fazem muita propaganda e não é tudo isso não.

      • Nenhum país é perfeito, mas o grau de esculhambação, falta de educação e falta de consciência do Brasileiro, eu nunca encontrei nem parecido, em nenhum país do mundo. E olha que eu já estive a trabalho em lugares bem questionáveis.

        • Já pensou em fazer um texto sobre o lado podre dos lugares que você esteve? O lado bom qualquer blog de turismo fala!
          Ou ia te expor demais?

        • Tem sim, infelizmente. Concordo com a Sally sobre nenhum lugar ser perfeito, e que o Brasil é uma merda. realmente não dá pra comparar uma coisa com a outra. Só que alguns países desenvolvidos escondem muita coisa ruim também, aí vai um iludido (eu) achando que não ia ter lixo na rua, gente bêbada mijando em você, furtos etc.

    • O engraçado é que as próprias notícias do intróito da postagem são provenientes de locais em que a “educação veio primeiro”, ou seja, parece que a autora nem se deu o trabalho de consultá-las antes de repetir a mesma premissa inválida.

      • É um fenômeno mundial. Nesses países virou notícia por ser algo incomum, no Brasil é tão recorrente que sequer merece destaque nos jornais. Nenhum país é perfeito, mas o grau de esculhambação do Brasil só pode ser comparado a outra meia dúzia de países. Quem acha que a Alemanha está no mesmo patamar que o Brasil, ou não conhece a Alemanha, ou não conhece o Brasil.

    • Lucas, nenhum país é perfeito, mas você não vai querer comparar a Alemanha com o Brasil, certo? O grau de esculhambação que acontece no Brasil só é comparável com país muito shit hole. Mesmo com defeitos, o povo alemão é muito, mas MUITO mais educado e consciente que o brasileiro.

  • Levantam a bandeira da defesa da liberdade de expressão absoluta durante anos. Se escondem no anonimato para opinarem sem serem incomodados pelo politicamente correto e para fugirem de processo por crimes contra a honra. Defendem bem o ponto. Aí escrevem isso:

    “prender e não soltar quem, por qualquer FALA causa tal dano social”

    Porra! Quer prender pessoas pelo que FALARAM! Pelo que falaram! Liberdade de expressão absoluta só para blogueiro anônimo. Não é possível, deve ser trolagem.

    • A não ser que você seja defensor de anarquia absoluta, o seu conceito de liberdade de expressão parece no mínimo ignorante. Liberdade de expressão absoluta, ou seja, onde o discurso não pode ser censurado e não gera nenhuma consequência legal não é aplicado em nenhum país do mundo. Aliás, eu poderia apostar que nem hoje nem nunca. Afinal, absolutismo leva a problemas sérios. Nem nos Estados Unidos, que até onde sabemos tem a legislação mais poderosa de defesa da liberdade de expressão, pratica-se a versão absoluta.

      Na própria lei americana existem mecanismos que relativizam esse direito: você não pode dizer para os outros que devem matar uma pessoa. Embora, em tese você não tenha cometido o crime de assassinato, foi mandante com seu discurso. Existem também entendimentos legais muito próximos do que consideramos injúria, difamação e calúnia aqui no Brasil: não se pode acusar uma pessoa falsamente. E se você emitir uma mensagem pública que cause danos a terceiros, pode e será processado por isso. Não existe liberdade de expressão absoluta no mundo, e considerando quantos povos criaram de forma independente regras para corrigir os abusos decorrentes dela, presume-se que é bom senso, informação evidente e perceptível por qualquer pessoa que se debruce sobre o tema.

      A sua crítica aos textos parece vir de uma posição de extremo desconhecimento sobre liberdade de expressão, ou é resultado de um destempero emocional. Espero que seja o primeiro caso, pois aí é só estudar o tema, perceber que eu te passei boa informação e não cometer o mesmo erro novamente.

      • Para quem passou anos falando sobre o “absurdo” de movimentar o Judiciário por causa de declarações de outras pessoas, continua sendo incoerente.

        • É um absurdo movimentar o Judiciário por ofendidos: fulaninho não gostou do que fulaninha falou a seu respeito. Um mero desgostar não justifica.

          Estamos falando de uma questão maior, não um desgostar pessoal. Algo que prejudica a coletividade e provoca mortes. Mas tudo bem, seu prazer do final de semana é vir aqui tentar encontrar alguma contradição. Continue nos prestigiando com a sua audiência e fazendo esse papelão.

    • Não é pelo que falaram, é por provocar mortes.
      Deixar uma pessoa chateada por ser chamada de gorda ou feia tem um peso, espalhar mentiras que matam tem outro completamente diferente. Se você não consegue ver a diferença, lamento muito pela sua cognição.

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