O segundo filtro.

Em um primeiro momento de pandemia, todos falávamos muito da questão física: o que fazer para prevenir o contágio, o que o vírus poderia fazer com o organismo, quais eram as melhores estratégias para evitar o contágio. Muita gente faleceu, mas a maioria passou por esse primeiro grande filtro físico.

Agora sinto que é hora de falar da pandemia com um novo olhar. Venho percebendo um aumento absurdo nas buscas que trazem ao desfavor de assuntos relacionados a doenças mentais. E, como sempre falamos, isto é um microuniverso que tende a refletir o que acontece em proporções macro, no mundo real.

Em uma rápida pesquisa pude perceber que não é só aqui: dados fornecidos pelo Google apontam um aumento de 98% nas buscas sobre o tema, quando comparado aos últimos dez anos no Brasil. Chegou a hora de falar mais sobre isso: como sobreviver com saúde mental, sem colapsar. Esse é o segundo grande filtro que vamos ter que enfrentar daqui pra frente: o mental. E tudo leva a crer que Darwin vai peneirar muita gente nele.

Repito o que estamos dizendo desde fevereiro: a vacina não será uma coisa rápida. Apesar de todas as notícias “alentadoras” que vemos na mídia, as chances de ter uma vacina que nos proteja 100% e que seja distribuída e aplicada em toda a população para o ano de 2021 são muito, mas muito baixas. Tomara que aconteça, mas colocar esperanças em uma exceção é pedir para se frustrar.

Isso significa que temos, pelo menos, mais um ano de pandemia pela frente. E, por mais que você tenha ligado o “foda-se” para questões como isolamento social e cuidados sanitários no geral, ainda assim, a pandemia vai continuar te impondo uma série de restrições: a economia não é a mesma, o mercado de trabalho não é o mesmo, as relações não são as mesmas… quase nada será igual ao que era antes. Mesmo que você escolha ignorar tudo e tentar reaver seu “antigo normal”, não vai conseguir.

Vamos nos deparar com uma bifurcação e seremos obrigados a escolhe entre dois caminhos: a resiliência de entender que a vida que você tinha se foi e não volta (em seu lugar virá algo novo) ou ficar esperneando para tentar recuperar o “normal perdido”. Quem optar pela segunda opção está em uma rota de colisão e fatalmente vai acabar no consultório do psiquiatra, pois quando se persegue o impossível, as sucessivas frustrações acabam levando a depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade e muitos outros.

A adaptação necessária fica ainda mais difícil quando pensamos no modus operandi da mente brasileira. Essa mania de sempre esperar que venha alguém de fora e resolva o problema, de nutrir esperança por uma solução mágica, definitiva, irreal, de sempre colocar a culpa e a responsabilidade em terceiros e atacar forte para que eles se sintam responsáveis pelos seus problemas e os resolvam.

Nada disso vai acontecer, e as sucessivas frustrações vão se acumular. Você pode desqualificar a este texto ou a mim o quanto quiser, isso não vai mudara realidade: quem não aprender a se adaptar, quem não desapegar da realidade que conhecia, não vai chegar ou ao menos não vai chegar bem ao final desta pandemia.

Veja bem, não estou dizendo ou prometendo que existe um grupo abençoado de pessoas que está feliz e saltitante. Estamos passando uma tragédia mundial que impacta a vida de todos de forma violenta. Não tem ninguém feliz e contente. O que temos são pessoas que tem as ferramentas para não colapsar e pessoas que vão colapsar por estar teimando em perseguir um trem que já partiu e não vai voltar nunca mais. Quem você quer ser: quem enverga ou quem quebra?

Quem deposita sua felicidade e seu bem-estar em algo externo vai sair desta pandemia colapsado, mentalmente doente, destruído. Isso se sair. Quem estiver disposto a rever seus conceitos, entender que sua felicidade e bem-estar tem que ser acessada internamente e buscar as ferramentas para fazer essa mudança em sua vida, pode até passar por eventuais maus momentos, mas não vai colapsar. Sim, em meio a tudo que está por vir, não colapsar é uma vitória.

Se você condiciona sua felicidade a algo externo (um casamento, ter filhos, sair com amigos, um cargo, um carro…) sinto lhe informar que seu prognóstico é preocupante. Saia dessa cegueira, abandone esses pensamentos e abra a cabeça para uma outra forma de viver. Atrelar sua felicidade e bem-estar a algo que não está sob o seu controle é fazer roleta-russa com a sua vida.

Não, eu não quero que você vá ver gnomos em cachoeiras, muito menos que abra mão de todos os seus bens materiais. Dinheiro é um recurso fundamental para sobreviver em sociedade e só pessoas lunáticas vão te pedir para não se importar com ele. Estou falando de algo mais profundo, que é condicionar a sua felicidade a algo externo. Você não controla o que é externo a você, portanto, isso pode ser tirado a qualquer momento. Imagina a merda: depositar sua felicidade em algo que pode ser tirado de você a qualquer momento.

E nessa pandemia, muita coisa vai ser “tirada”. Uso as aspas pois nem acho o termo correto. Tirar significa perda, e sinceramente não acredito que seja uma perda. Algo antigo vai sair para dar lugar a algo novo, que pode, inclusive, ser melhor do que o antigo. Por isso, cada vez que você sentir uma perda, pense “não sabemos”. Não sabemos o que vem no lugar, talvez você ache muito melhor, no final das contas.

Se, a cada mudança que acontecer (e ainda serão muitas), houver uma sensação de perda, o seu ponto final é o consultório do psiquiatra. Mudanças não são perdas, são parte inerente da vida, são parte do processo de impermanência. Quer sobreviver com dignidade e sanidade mental? Mantenha-se aberto ao que aconteça, sem tentar controlar, sem querer que seja do jeito X ou do jeito Y.

É hora de ter flexibilidade, plasticidade e resiliência. Você exercia um trabalho que não pode mais exercer por causa da pandemia? Beleza, hora de pensar em algo novo. Não, você não está “perdendo” anos de estudo e investimento, você está ganhando algo novo, que pode ser muito melhor. Não lute contra a realidade, pois ela te vai te atropelar. Se for preciso jogar tudo pro alto recomeçar do zero, sugiro que você o faça no amor, não espere que a vida te obrigue pela dor.

Não, você não vai passar fome, ficar pobre, ser despejado. Você vai se sair bem. Todo mundo tem ao menos uma meia dúzia de habilidades que podem ser monetizadas, e você veria isso com mais clareza se não estivesse tão apegado à sua vida como era. Hora de deixar ir. Quanto mais suave esse processo, menor o sofrimento. Quanto antes você deixa o antigo sair, mais rápido o novo entra.

Palavra de quem já recomeçou muitas vezes em muitas áreas diferentes: todo mundo tem algo de valioso para contribuir que pode ser monetizado, se você parar de chorar e olhar para trás e focar no agora, vai ter mais facilidade de ver. Enquanto você não soltar o antigo, não tem espaço para o novo entrar.

O mundo não vai se adaptar a você. Não vai acontecer. Não adianta reclamar da empresa, dos clientes, do governo ou de terceiros. Você vai ter que se adaptar ao mundo que está por vir, que nem ao menos sabemos como é. Isso vai requerer mudanças na sua vida, na sua mente e nos seus conceitos. Faça as pazes com isso, ou até o final dessa pandemia você vai colapsar e ter alguma doença psicológica/psiquiátrica.

Ninguém te deve nada. O governo, sua religião, sua família, seus amigos, seu patrão… Não espere salvação vinda deles, nem vinda de nada externo. A possibilidade de “salvação” está dentro de você, e você pode acessá-la, basta se livrar dessa tonelada de lixo que povoa sua cabeça (a de todos nós) como apego, medo de mudanças, achar que não tem solução, achar que não vai conseguir, etc.

Lá vem aquela frase que vocês não aguentam mais escutar: sua mente cria realidade. O que tem nela é o que vai aparecer para você aqui fora, não por mágica ou misticismo, mas pelas inúmeras razões científicas que já explicamos em outros textos (como por exemplo, o efeito Pigmaleão). Certezas são âncoras que te afundam e impedem sua mente de ver coisas boas, que estão logo ali. Não seja essa pessoa que passa a vida correndo atrás do próprio rabo sem achar que tem outras opções. Tem. Sempre tem.

Não seja a pessoa que passa a vida olhando para o passado e lamentando o que “perdeu”. Mudanças são parte integrante da vida, se você as encarar com perda, vai passar uma vida toda perdendo e se aborrecendo por isso. Também não seja a pessoa que passa a vida olhando para o futuro, tentando controlar o que vai acontecer. Não está ao seu alcance. Faça o seu melhor no presente e espere o futuro chegar, ciente que você tem zero controle dele.

O termo da vez é autorresponsabilidade. Dias difíceis vem pela frente, não apenas pelas consequências da pandemia, mas por outras coisas que tem grandes chances de darem as caras nos próximos meses ou anos. É hora de se munir de todas as ferramentas que você puder para estar bem independente do que está acontecendo do lado de fora, no bairro, no país, no mundo. Sim, isso é possível. Talvez isso não te garanta pulos de alegria, mas eu prometo: colapsar você não vai.

“Mas Sally, me dá essa resposta: o que é preciso fazer?”. Se existisse uma resposta, não tinha tanta gente tão mal de cabeça. Não tem uma resposta, um caminho, uma solução. É por isso que você não precisa de gurus, padres ou religiões: sua resposta é única, personalíssima, portanto, só você pode encontrá-la. Estou aqui para te dizer que o lugar existe, mas o caminho que você vai trilhar para chegar lá é só seu.

Se serve de consolo, existe muita informação boa disponível de forma gratuita na internet: textos, canais de Youtube, livros para download e até alguns filmes que podem te ajudar a se entender melhor e entender o seu caminho. Infelizmente não tem outro jeito: procurar, tentar e observar. Pega o que te serve, descarta o que não te serve. Aos poucos você vai fortalecendo sua mente e dando ferramentas para que ela esteja cada vez melhor, independente do que acontece no mundo.

Da mesma forma como pessoas cuidam de seus corpos se exercitando ou cuidam se suas carreiras se aprimorando e fazendo cursos, é preciso cuidar da mente também. Uma mente sã, equilibrada e adaptável não costuma vir de fábrica. Muito pelo contrário, passamos uma vida tendo a mente poluída por estímulos que nos dizem que coisas desimportantes são muito importantes: casar, ter filhos, estar em um relacionamento, ter uma profissão, “ser alguém na vida”. Você já é alguém, independente de tudo isso.

Sofre quem não consegue soltar o antigo para que o novo entre no lugar. Tente entender quais são seus apegos e a razão pela qual não os solta. Você precisa construir novos caminhos neurais para entender que mudanças vão acontecer constantemente, uma vez que vivemos na impermanência e que aceitá-las com serenidade é a única opção que não vai te fazer sofrer. Acima de tudo, você precisa compreender que felicidade é estabilidade emocional, o resto é euforia, e não é bom, afinal, tudo que sobre acaba descendo.

Garanto que a vida como você a conhecia tinha muita coisa ruim, que te aborrecia, que te chateava. Olha que oportunidade legal de deixar toda essa merda ir! Mas, para isso, é preciso que o medo do novo não te paralise. Spoiler: o que tem que ir, vai ir, mesmo que você se agarre com unhas e dentes. A vida não está nem aí para o que você quer. Então, tentar manter na sua vida algo que universalmente expirou, é apenas uma jornada de sofrimento.

Por qual motivo dói tanto aceitar que a vida que tínhamos se foi? Certamente pelo apego a fatores externos ou pelo medo do que está por vir. Faça sua jornada para se livrar desses dois atrasos de vida. Estamos em uma maratona, não em uma corrida, essa pandemia ainda vai durar bastante e ter desdobramento que talvez nem possamos imaginar, portanto, só quem está muito bem treinado e tem fôlego vai chegar ao final sem cair. E o primeiro passo para conseguir completar essa maratona é aprender a soltar apegos, entender que você não controla o que está por vir e a não ter medo do novo.

Em um segundo estágio um pouco mais avançado, tende despir sua mente de julgamentos. “Bom” ou “ruim” são construções da sua cabeça, baseadas nas suas experiências, no que te ensinaram, na cultura na qual você foi criado. O universo é neutro, a gente é que dá significado a ele conforme nossos achismos. É fácil? Não. É possível? Sim, de forma progressiva, com muito treino.

Sempre que você tiver resistência a alguma coisa com o argumento que comece com “mas eu queria que…” pare, respire fundo e aceite que você não sabe porra nenhuma desta vida. Você não quer nada. Você estará esperando, de forma serena e plácida, pelo que quer que venha, e com isso, vai fazer o melhor que você pode. Não queira o que você não pode controlar, apenas espere que venha.

Pare de fazer esse julgamento de que o novo vai ser pior do que o velho, é tortura com você mesmo. Não tem outra opção: a nova realidade é essa aí que está se apresentando, julgá-la como pior é pedir para sofrer. Apenas aceite: está é a nova realidade. Julgá-la para melhor também é furada, pois, pela impermanência, uma hora ela vai embora e isso também vai te fazer sofrer. Não julgue, apenas observe o que de melhor você pode fazer com ela.

Se você cair no buraco de ficar sofrendo por não gostar da nova realidade, de ficar culpando os outros, de ficar se sentindo vítima, isso vai te impedir de ver o que você pode fazer de melhor com ela. Vai te tirar forças, energia, disponibilidade emocional e turvar seu discernimento. Então, muita calma e serenidade. Não lute contra o que é. Chegou isso para você? Aceita e procurar entender o que pode ser feito de melhor com essa nova realidade.

“Mas eu queria que…”. A vida e a realidade, não se importam com o que você quer. Então, o mais saudável é parar de querer que coisas que não estão sob o seu controle. Ficar querendo isso ou aquilo exaure, te drena uma quantidade enorme de energia, te coloca em um estado de ansiedade nocivo. Tire o foco de querer, do futuro. Recoloque o foco no agir, no presente, diante da realidade que se apresentou para você, para que ela seja a melhor possível. E para isso, existem muitas ferramentas, soluções criativas e formas de ressignificar. Muitas já foram temas de textos aqui, é só procurar.

Pare de querer controlar o incontrolável. Pare de querer o que não está ao seu alcance determinar. E, como grau máximo do desafio, pare de julgar se o que vem é bom ou ruim, apenas faça o que depende de você para que seja o melhor possível. E se ainda assim, você continuar achando que está tudo uma merda, lembre-se: isso também passará. Impermanência tem esse lado bom, mais cedo ou mais tarde, as coisas que você julga como ruins também vão passar.

“Mas Sally, eu não consigo fazer nada disso que você falou”. E eu não consigo chegar em uma academia e levantar 100kg de peso. Mas se eu for todos os dias, se eu me empenhar, com o tempo vou levantar cada vez mais peso até alcançar meu objetivo. O “eu não consigo” é temporário, a desistência é pra sempre. É óbvio que você não consegue, quantas horas por dia você exercitou sua mente? Ninguém nasce sabendo. É preciso aprender e praticar. Invista tempo da sua vida, horas por dia, para exercitar sua mente e você vai conseguir. É como aprender um novo idioma: estudo e, principalmente, prática diária, se não, é impossível.

Quem dera as pessoas investissem o tempo e os recursos para cuidar da mente que investem para cuidar do carro, das redes sociais, do trabalho ou da aparência. Invistam na sanidade mental de vocês, deem um passo atrás e observem como expectadores o que vai acontecer, e não como participantes sofredores. Vasculhem essa internet de Meu Deus até acharem as ferramentas que precisam. É possível. É possível para todo mundo. Mas requer dedicação.

É muito sério isso, gente: comece a cuidar da sua mente HOJE, o que está por vir não é brincadeira.

Para dizer que tudo que eu consegui foi te deixar com medo, para dizer que você não está preparado para ser feliz ou ainda para dizer que colapsar tem um ganho secundário muito bom, pois todos te mimam e cobram menos de você: sally@desfavor.com

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Comments (18)

  • Olá Sally!
    Comecei com meditação o que tem dado bem certo. Tenho receio de vasculhar e acabar encontrando algo errado pra cuidar da mente. Você tem alguma sugestão pontual?

    • Laura, se tem “algo errado”, isso vai aparecer mais cedo ou mais tarde. Quanto mais cedo, mais fácil de resolver.
      Olhar para dentro, focar em você, entender o que você faz que te faz mal (todos fazemos) e o motivo pelo qual continua fazendo, romper padrões de comportamento nocivos, tentar não julgar se o que chega é bom ou ruim, apenas fazer o melhor que você puder com o que chega são boas atitudes. Talvez o primeiro passo, mais importante, seja tirar o foco do externo: do fulaninho que você não gosta, do famosinho que se meteu em um escândalo, da fofoquinha que aconteceu com um conhecido… o foco é interno, olha para as suas questões, não para a dos outros. Quem olha muito para os outros está apavorado com o que pode encontrar dentro.

  • Concordo com cada plavara sua, Sally, mas o que me preocupa é que essa postura que você sugere no seu texto requer uma força moral e uma nobreza de espírito que a maioria das pessoas simplesmente não consegue ter.

    • Nada! É treino! No dia 1 em que você se propõe a isso, não consegue nada e parece que nunca vai conseguir, mas a mente é flexível, é “treinável”. Basta persistir, buscar ferramentas para progredir e estar sempre trabalhando a mente para se manter nesse lugar.

      • Sim. É verdade. A realidade ao nosso redor é reflexo da nossa mente e ninguém mais é responsável pelo nosso destino além de nós mesmos. Mas também é verdade que existe muita gente por aí – atrevo-me a dizer até que seja a maioria – que não tem garra sequer para persistir em uma dieta de emagrecimento, quanto mais ter coragem para olhar para dentro de si próprio e, caso não gostar do que vir, agir para tentar mudar.

        • A força está dentro da pessoa, basta ela aprender a acessar. E olha, tem muita gente boa ensinando, dando dicas e ajudando sem cobrar um centavo. É só procurar.

            • Mais fácil te dizer o que eu não recomendo:
              – Pessoas que usam a palavra “quântico” se não for relacionado à física quântica
              – Pessoas que se dizem gurus ou se colocam em posição de superioridade a você
              – Pessoas que colocam o poder em qualquer lugar que não seja dentro de você (em audios de cura que elas fazem, em amuletos, em rituais, etc)
              – Pessoas que pregam rituais, atividades ou práticas com forma pré-definida (rezas, dietas, etc). Não tem fórmula, seu guia é sua sensação interna, fuja de caga-regras
              – Gente que só fornece conteúdo cobrando, pessoas que querem realmente ajudar também fornecem algo gratuito
              – Gente cercada de globais, famosos ou subcelebridades
              – Gente que se posiciona na dualidade: tal coisa é boa, tal coisa é ruim
              – Gente que prescreve qualquer substância não aprovada ou comprovada pela medicina ou gente que prescreve coisas aprovadas mas sem ter um diploma que avalize essa prescrição
              – Gente vinculada a religião, auto-ajuda ou coaching

  • Lembro de dois episódios do South Park (“You’re Getting Old” e “Assburger”) que meio que abordavam isso, de mudanças de vida. Stan se deprimiu com as coisas “não fazerem mais sentido” e consequentemente por mudarem. No começo ele ficou emburrado e pessimista, afastando todo mundo dele, até que ele aceitou de que é melhor deixar a velha vida ir embora, e se entusiasmar com essas mudanças e fazer algo novo. Menos de cinco minutos depois de constatar isso, pra infelicidade absoluta dele, as coisas começam a voltar a ser como antes…

    Ás vezes me envergonho de esquecer a puta lição que esses dois episódios me ensinaram.

    • Amo esse episódio: Stan liga o rádio e escuta peidos, para onde vai, tudo é peido e merda. South Park é certeiro ao retratar a realidade.

  • Poxa, Sally, esse é mais um daqueles textos “tapinha na cara” que a gente tem que dar um jeito de enfiar na cabeça a qqr custo e por em prática! E bem, tentando perceber algum quadro macro da coisa, a tendência é que muita gente realmente surte não só na pandemia, como quando ela passar, se passar. Mudanças são sempre difíceis de serem processadas, ainda mais quando atingem toda a humanidade como agora.

    Sally, pensando em termos práticos do texto, como faz pra se libertar do velho e aceitar o novo? Como faz pra, literalmente, dar o 1o passo e tentar outra coisa? Digo inclusive em relação à emprego, pq to nessa crise também, pensando e reavaliando muitas coisas de minhas escolhas.

    • Independente do resultado final do “combate” à pandemia, o mundo vai mudar e temos que estar preparados para as adaptações.
      A maioria não está. A maioria precisa de muletas, como se entorpecer (bebidas, drogas, remedinhos) ou fica negando a realidade e colocando o foco em outras coisas para se distrair e não lidar com o que está sua vida neste momento (brigando na internet, brigando com a ex-mulher, brigando com a família). Não existe apenas uma resposta certa para o que você me perguntou, mas eu vou te dar a minha: não lute contra o que é. Mantenha-se no presente e com o foco em você e no que você pode fazer para melhorar a sua vida. Gente que vive no passado ou no futuro ou com o foco em terceiros não vai ficar bem de cabeça.

  • “Invistam na sanidade mental de vocês, deem um passo atrás e observem como expectadores o que vai acontecer, e não como participantes sofredores”. Concordo com essa sua frase, Sally, mas eu acho que a palavra correta neste caso é “espectadores”. Afinal, você está sugerindo que observemos o quer que o futuro nos reserve sem nos envolver diretamente; ou seja, olhar para o que vem pela frente como se estivéssemos na platéia de um teatro assistindo a um espetáculo – ainda que esse “espetáculo” venha a ser algo dantesco e de muito mau gosto – e sem criar expectativas. Porque “expectadores” são justamente as pessoas sofredoras que estão criando essas expectativas, aguardando ansiosamente pela impossível “volta ao antigo normal”, ou ainda torcendo para que as coisas aconteçam de acordo com suas vontades.

  • Um trecho da letra da canção “Triste Berrante”, de Adauto Santos, que sintetiza parte do que foi dito neste texto: “Mas sempre foi assim e sempre será/O novo vem e o velho tem que parar”

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