Renegando as crias.

O ponto mais fraco de Bolsonaro são os filhos, e são vários. Fraco por ser aparentemente o ponto mais dolorido onde se pode acertá-lo, e fraco porque a maioria vive gerando motivo de vergonha. Sally e Somir discutem qual o pior deles nessa categoria, os impopulares renegam as crias.

Tema de hoje: qual o filho mais vergonhoso de Bolsonaro?

SOMIR

Eu vou ter que ir de Flávio Bolsonaro. Sim, eu entendo que não estamos falando do mais corrupto e não precisa se concentrar nos processos, mas mesmo assim nenhuma das crias de Bolsonaro parece tornar a vida pública do pai mais difícil que Flávio.

Vergonha é uma questão relativa: não existe sem testemunhas. Aposto que todos nós já tivemos momentos muito baixos em nossas vidas sem ninguém ficar sabendo, e por mais que gerem alguma sensação de mal estar a partir dali, há sempre o reconforto de saber que pelo menos aquilo morre com você. Por isso, eu estou dando mais peso para o grau de popularidade de cada vergonha causada por seus filhos.

E nenhum dos filhos é mais consistente na sua presença midiática negativa do que Flávio Bolsonaro. Aparentemente, Bolsonaro foi avisado antes mesmo de assumir o governo que o maior dos problemas estaria nos arredores desse filho, o que causou a demissão do Queiroz e toda a confusão que se desenrola a partir dali.

Tudo bem que políticos brasileiros não tem tanta vergonha assim de esquemas de desvio de dinheiro público: o Lula queria disputar a eleição presidencial preso… pra classe política tupiniquim, roubar é um mero detalhe que não deveria chamar tanta atenção assim. Mas, felizmente, a operação Lava-Jato fez o povo desse país ficar levemente mais interessado nessa faceta de seus representantes. Continuam votando em bandido, mas parecem mais animados com o prospecto de vê-los processados.

A “Nova Era” de Bolsonaro já nasce com um grande calcanhar de Aquiles. Flávio Bolsonaro havia montado um esquema pra lá de tosco de desvio de salários de seus assessores e a Polícia Federal estava em cima. Mal deu tempo de esquentar a cadeira de presidente e o escândalo estava estourando. Corrupção é vergonhosa por si só, mas os detalhes da denúncia tornavam tudo ainda mais baixaria: Flávio teria montado um esquema primário de desvio de verbas públicas e estaria lavando esse dinheiro numa loja de chocolates.

Até a polícia estava tirando sarro: não havia a menor finesse, levavam bolos de dinheiro para a loja de chocolate e mandavam vender produtos imaginários para bater os valores. Foi a loja mais lucrativa da Kopenhagen no país, vendendo toneladas de chocolate o ano todo sem sazonalidade alguma e sem contrapartida nos pedidos para a fábrica. O dinheiro passava de mão em mão sem cuidado algum. Até pra ser corrupto tem que ter a competência de não passar vergonha.

Flávio coloca Queiroz no alvo da Justiça e da imprensa, tornando o governo do pai progressivamente mais vergonhoso. Bolsonaro perdeu completamente as bolas assim que Queiroz foi descoberto num sítio do advogado da família. Não que seja uma coisa negativa, afinal, Bolsonaro pai estava atacado até ali, arranjando briga com a sombra e apoiando manifestação de ditadura, mas que teve que botar o rabinho entre as pernas e negociar como todos que criticava, teve sim. Vendeu o que podia do país para o Centrão para escapar do Impeachment, e virou um presidente-refém como o Temer.

Vergonha é algo paralisante, e nenhum dos filhos paralisou mais o pai que Flávio. E vamos falar de algo ainda mais sério: Flávio é o filho que parece ter menos defensores. Provavelmente só os que gostam do pai ou dos outros filhos que tenta falar algo positivo. Eduardo é uma vergonha que queria ser embaixador nos EUA sem falar inglês, Carlos é uma vergonha que fica brigando na internet contra comunistas imaginários, mas ambos tem algum carisma com uma parcela da população que gosta dessa coisa radical do pai espelhada nas crias.

Flávio é o filho do esquema do Queiroz e basicamente só isso atualmente, mesmo tendo uma carreira política longa. Não traz novos defensores da causa bolsonarista para o time, só cria problemas para o projeto de manutenção de poder da família. Se o talento da família é arranjar confusão e criar polêmicas que ressoam com a mentalidade do brasileiro médio, Flávio parece adotado (mesmo sendo o mais parecido com o pai fisicamente). Como filho mais velho (se não é, está bem acabado), deveria ser o sucessor natural do capital político do pai, mas pelo visto isso vai acabar nas mãos de Eduardo, que por mais vergonha que passe, pelo menos tem uma base fiel de defensores.

Se é para passar vergonha, que passe vergonha num palco menor. Flávio não só faz por onde, mas vai parar no Jornal Nacional como matéria principal. E, praticamente por conta própria, forçou o pai a assumir que aquela bandeira de combate à corrupção era só coisa de eleição mesmo. Não que os outros filhos sejam coisa muito melhor, mas se tem um que o pai deve pensar que deveria ter usado camisinha, esse zero um é o Flávio.

Eu até entendo o ponto da Sally pelo puro fator humano, mas pra mim nada pior do que sua vergonha ser tão pública assim.

Para dizer que a primeira mulher do Bolsonaro era amaldiçoada, para dizer que a maior vergonha é a menina que não fez nada de errado ainda, ou mesmo para dizer que o Lulinha ainda é pior: somir@desfavor.com

SALLY

Olha… um tema difícil hoje, viu? Qual dos filhos do Bolsonaro é o mais vergonhoso?

Percebam o tema: vergonhoso. Não estamos perguntando o mais filho da puta, o mais ladrão, o mais escroto. É o mais vergonhoso. Entre todos, eu acho o mais vergonhoso Jair Renan, conhecido como “04”, um mongolão jogador de LOL que fala com o vocabulário e desenvoltura de uma criança de dois anos.

Esse foi o mongolóide que disse no começo do ano em uma live que estava com covid e errou a piada: disse que era melhor morrer tossindo do que transando (o correto seria falar o contrário). Você olha para a criatura e, pelo cabelo, pela postura e pela forma de se expressar, parece um menino de 12 anos. Tem mais de 20. Sabe quando a gente faz voz de idiota para debochar de alguém? É ele falando.

Jair Renan é conhecido na internet como “BolsoKid”, algo do qual ele não parece se envergonhar, muito pelo contrário, alimenta, já que se refere a si mesmo desta forma e de outras piores. Já postou vídeos seus no Youtube com o título “Filho de Bolsonaro joga LoL” (um jogo online nerd chamado League of Legends). Nunca imaginei que cabia tanta informação vergonhosa em uma única frase.

Ele também transmitia ao vivo vídeos seus jogando essas porcarias, algumas vezes por mais de seis horas. Mas, não bastava esta vergonha, tinha que piorar, então ele resolveu misturar política, coisa que ele desconhece e nunca se aventurou, nos títulos de seus vídeos. Coisas como “Liga dos Mitos” (em um trocadilho com o nome “League of Legends”) ou “Fuzilando a Petralhada do CS” (Counter Strike, outro jogo nerd). Ou seja, é vergonha ao quadrado. É como se você resolvesse se filmar cagando e ainda limpasse a bunda com o dedo e lambesse depois.

Não que os outros sejam flor que se cheire, mas ao menos deram a cara a tapa, foram lá, se formaram, correram atrás do que queriam, disputaram e venceram eleições. Roubam de forma incompetente? Sim. Administram redes sociais de forma incompetente? Sim. Mas ao menos estão fazendo alguma coisa. Esse é tão merda quanto os outros e ainda é um parasita que passa vergonha de graça.

Enquanto os irmãos estão passando vergonha de forma remunerada, ele passa vergonha gratuita postando foto sua sentado em uma réplica do trono de Game of Thrones com a legenda “The Bolsokid is comming”, em uma referência à frase do seriado “winter is coming”. Ainda erra a grafia o maldito. Tá com dúvida? Procura no Google antes de postar. Não, todo errado, erra a piada, erra a grafia, todo vergonhoso. Não bastava fazer referência a si mesmo como “BolsoKid”, tinha que adicionar uma vergonha extra.

Daí você pode pensar “tá, ele é um mongolão, mas pelo menos não prejudica a família”. Prejudica sim, mesmo dentro de sua mongolice. Por exemplo, namorou a filha do suspeito de mandar matar Marielle, comprovando o vínculo entre famílias. Já falou tanta bosta quanto os irmão, só que ninguém dá bola, como se estivessem lidando com o idiota do bairro.

Enquanto os outros filhos constroem o discurso do pai (você pode achar uma merda, mas foram eles quem criaram a persona e elegeram o Bolsonaro), Renan apenas emula com zero carisma o discurso criado pelos irmãos. Fez vídeo mandando todo mundo ir para a rua na pandemia, dizendo que o vírus era um exagero da imprensa. E nem pra isso serve, pois tomou no cu depois desse vídeo.

E ele conseguiu se foder na única coisa que fazia da vida. Ao que tudo indica, depois de trancar o dificílimo curso de direito na faculdade Estácio de Sá (aquela em que um analfabeto passou no vestibular), ele dedicou sua vida a virar “gamer”. Apesar de achar que não acrescentam nada de bom para a sociedade, existem gamers muito bem-sucedidos que são capazes de se sustentar e viver bem apenas com isso.

Não é o caso. Nem para isso serve. Foi banido para sempre da principal plataforma de streaming de jogos, por minimizar o coronavírus durante suas transmissões. Reagiu feito um idiota, fazendo uma montagem do logo da plataforma com uma foice e um martelo, acusando-a de ser “comunista”. Parabéns, um marmanjo com mais de 20 anos na cara não consegue nem transmitir joguinho, mesmo tendo um baita paitrocínio.

Porra, os irmãos tão lá, roubando, mandando matar, fazendo o caralho a quatro há anos e se safando, enquanto ele não consegue nem ser um gamer, puta merda, que vergonhoso. Os irmãos fazem as coisas bem feitas? Não, mas fazem o suficiente para poder continuar fazendo. E mesmo tendo milhões de defeitos e falhas de caráter eles tem alguma realização.

Eduardo Bolsonaro cursou direito, se formou, passou na prova da OAB passou para um concurso da Polícia Federal e foi eleito e reeleito Deputado Federal, inclusive como um dos mais votados da história do Brasil. Flavio também é advogado, teve quatro mandatos como Deputado Estadual e também foi eleito como Senador. Carlos é formado em ciências aeronáuticas e foi eleito cinco vezes como Vereador, inclusive quando era mais novo que o 04. E o mongolão que chama a si mesmo de “BolsoKid”, o que realizou na vida? Foi banido do mundo gamer.

Eu não gosto de gente filha da puta, mas ao menos consigo nutrir algum tipo de respeito, pois até para ser filho da puta é preciso competência. Os outros três, apesar dos pesares, apesar dos crimes, apesar das vergonhas, de alguma forma ajudaram o pai ou foram capazes de, ao menos, prover o seu sustento. É o mínimo de dignidade, principalmente no meio machista onde esses meninos foram criados. Parece que o machismo dele vai até a página 2, pois não se importa de ser um homem sustentado.

É óbvio que se estivéssemos falando do mais corrupto, do mais perigoso, do mais ladrão, minha resposta seria outra. Mas em matéria de vergonha? Esse aí é um megazord da vergonha: improdutivo, sem noção da realidade, incompetente e infantilóide.

Para dizer que tá realmente difícil de escolher, para dizer que o pior é o pai ou ainda para dizer que prefere que a gente volte a falar de coronavírus: sally@desfavor.com

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Comments (8)

  • Difícil escolha. O Kid é só um qualquer mesmo, agora o carluxo supera qualquer expectativa. Aliás, me pergunto como pode uma família dessa viver, ser estruturada, e como pode um pai ter orgulho desses filhos que só aprontam e o pai simplesmente passa o pano…

  • O futuro do Bolso Kid vai ser se tornar um aspone, tirar algum diploma de uniesquina e ser treinado para virar um político medíocre. Vai virar vereador no Rio, ou com sorte, deputado estadual, e passar a vida coçando. Talvez em algum momento, depois que os Bolsonaros saírem do foco da midia, o papai compre uma vaga em algum concurso público bem remunerado e ele possa alternar entre coçar o saco num cargo eletivo e coçar o saco num cargo público. De fato, é o Bolsonaro mais vergonhoso.

    Mas o Flavinho merece uma menção honrosa, sem dúvidas. Flávio Bolsonaro e sua Fantástica Fábrica de Dinheiro, em que a franquia dele batia recordes de vendas mas ele se achava tão invulnerável que sequer se preocupava em fazer parecer que o estoque tinha rotatividade.

  • Difícil escolher… Mas vou ficar com o Somir nessa, por causa do tamanho do estrago causado pelas encrencas em que Flávio vive se metendo. As muitas cagadas cometidas pelo “Zero Um”, além de prejudicarem o pai politicamente – forçando-o a “abrir as pernas” para o Centrão para escapar de um impeachment – também minam, pouco a pouco, o “projeto de poder” da família . O “BolsoKid”, por sua vez, não passa de um inútil que é inaceitavelmente maturo para a idade que tem e que, ao contrário dos irmãos, nunca realizou nada e só faz mal a si mesmo.

    • Esse idiota do Flávio estava falando de “legalizar” a atuação das milícias ao arrepio da Constituição, a despeito de ser um mero deputado estadual em seu início de segundo mandato. Nem pra ser discreto.

      Se aqueles idiotas chupetistas não ficassem contando com o ovo no fiofó da galinha e fizessem algo de mais útil que choramingar com “foi golpe”, o Bolsonaro era fritado a moda Roseana Sarney.

      PS.: Difícil decisão, pois os dois são vergonha alheia por motivos diferentes. Por um lado, o Flávio traz um enorme dano ao projeto de poder da família a ponto de quase ter colocado tudo a perder, sendo que isso só não aconteceu pela turma chupetista apostar todas as fichas na recondução do Lula ao Planalto. Por outro, temos o Renan que é um inútil que é exemplo de analfabetismo funcional. Pelo nível de estrago, fico com o Flavuxo mesmo.

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