C.U.radoria de Conteúdo: Puteiros.

Conforme prometido, segue o primeiro texto de compensação pela punição do ano passado gerada por uma falha em cumprir a punição do ano retrasado… C.U. escolheu um tema da lista das sugestões do Desfavor. Janeiro é a minha vez. E é isso que eu recebo:

putanheiro
16/10/2020 às 14:55

Desfavor Explica Puteiro

Pra quem está acostumado com Free Hugs, até que não foi tão ruim. Mas, temos um problema: eu tenho virtualmente zero experiência com puteiros. Pois é, quem diria que um nerd teria dificuldade de versar sobre um tema desses?

Puteiros, também conhecidos como prostíbulos, são locais onde se encontra uma grande concentração de profissionais do sexo. Provavelmente um dos estabelecimentos comerciais mais estáveis desde o início da vida nas cidades, existem inúmeros registros confiáveis de bordéis por virtualmente todas as civilizações antigas.

E vejam só, alguns desses primeiros registros tinham uma aura… religiosa. Nas antiquíssimas civilizações ao redor dos rios Tigres e Eufrates, provavelmente as primeiras da nossa história, havia a prática da prostituição sagrada. Não confundir com as práticas modernas da religião: naquele tempo você ia ao templo para foder, não para ser fodido como se convencionou fazer nas últimas décadas. Mas, é claro, o seu dinheiro acaba na mão de algum sacerdote de um jeito ou de outro.

Naqueles tempos mais politeístas, havia a figura das deusas da fertilidade, e os rituais muitas vezes envolviam a prática do sexo com sacerdotisas. Transar com uma escolhida pela deusa da fertilidade ajudaria a pessoa a conseguir fazer filhos. E a prática continuou por muito tempo, uma das histórias bíblicas sobre a Babilônia falava sobre um costume muito curioso das mulheres locais: em homenagem à deusa Afrodite, toda mulher tinha que se prostituir por um dia no ano. Das mais pobres às mais ricas, iam ao templo da deusa na cidade, esperavam ser escolhidas por um homem que colocasse uma moeda no seu colo e só podiam voltar para casa com o dever feito.

Muitos termos sumérios e babilônicos para sacerdotisas, freiras e coisas do tipo são curiosamente relacionados com as palavras para prostitutas. Hititas, fenícios e judeus também tinham vários casos de prostituição sagrada nas suas histórias, inclusive a Bíblia original tem uma palavra para prostituta e uma para prostituta sagrada. E se você está se sentindo engatilhada, saiba que homens também estavam do lado receptor da prática, inclusive com palavras específicas para eles.

Grécia e Roma são civilizações diferentes, mas nem tanto. A baixaria do templo de Afrodite continuou em diversas formas durante os auges de ambos. Os romanos só mudaram o nome para Vênus e continuaram fazendo desses prostíbulos sagrados um grande negócio.

E nada de achar que a história só aconteceu no Oriente Médio e Europa, na Ásia, indianos e japoneses tiveram casos de prostituição sagrada em suas histórias. Inclusive, os indianos só pararam de vez com a prática em 1947! E só porque os britânicos estavam pressionando muito. E as Américas também entraram na brincadeira, mas com uma curiosidade: prostituição sagrada era coisa de macho para Maias, Astecas e Incas. Macho até debaixo de outro macho. Aparentemente eles eram realmente insistentes na ideia de não deixar mulher participar de religião. Azar dos meninos… o tempo passa e algumas coisas não mudam.

Ultimamente, estudiosos de gênero começaram a desafiar a ideia de prostituição sagrada, dizendo que era exploração sexual pura de pessoas mais fracas. O que eu quase consideraria se não tivesse vindo de estudiosos de gênero: são pessoas que acreditam que tudo é opressão dos homens sobre as mulheres e fazem qualquer ginástica mental para encaixar os fatos nessa visão de mundo. Quem parte da conclusão não está fazendo ciência. Se não está fazendo ciência, eu ignoro a opinião. Se eu quisesse ler a opinião de pessoas que não entendem nada sobre método científico, eu leria o horóscopo.

Com o avanço do monoteísmo, a prática foi saindo de moda ao redor do mundo. A prática de aplicar um verniz sagrado na história, é claro, porque a prática de concentrar mulheres da vida numa casa continuou bombando. Me arrisco até a dizer que durante muitos séculos, bordéis foram a única rede de segurança de muita mulher: se o caminho padrão do casamento não estivesse disponível, sobrava pouca oportunidade.

Temos várias histórias de bordéis que abrigavam essas mulheres por muitos anos, formando verdadeiras famílias. Não num sentido moderno de postar foto junto na rede social e se ignorar o resto do tempo, mas com laços de afeto poderosos, quase como “orfanatos de adultas”. Apesar dos conceitos de higiene pessoal terem melhorado muito desde então, por todo o conteúdo que eu já vi sobre o assunto, parecia algo menos “nojento” do que é hoje em dia. Havia alguma tentativa de manter uma imagem de modéstia.

Não se enganem, é milhões de vezes melhor que hoje em dia muita mulher possa conseguir um emprego num call center ao invés de ser obrigada a se prostituir, mas eu argumento que até porque a sociedade melhorou bastante nesse sentido de dar liberdades para a mulher se virar sem depender de homem, quem sobrou nos prostíbulos costuma estar num grau de desgraça maior, seja econômica ou psicológico.

Como eu já disse no começo do texto, minha experiência é bem limitada nesse sentido. Tenho orgulho de dizer que nunca contratei esse tipo de serviço, não por objeção moral, mas porque eu me recuso a pagar por algo que é grátis. E se você disser que todo homem paga uma hora ou outra, é porque não tem sequer papo suficiente para pegar uma mulher com mais dinheiro que você (nem precisa ser bonito, isso eu prometo!). É de graça. Não pague! Tem algum gene judeu no meu DNA, um dia eu faço o teste para confirmar.

Onde eu estava? Apesar de ter um coração libertário que quer ver a humanidade toda enfiando o dedo na tomada para aprender, nunca fui muito afeito às prostitutas e seu entorno, por mais que ache justo que o Estado não proíba uma cidadã de vender o próprio suor (e outras coisas mais). Mas, como homem, você eventualmente acaba num programa desses um dia ou outro. Se você não for um bunda-mole, consegue dizer não quando está namorando ou casado, mas quando está solteiro, é uma merda negar e pegar fama de viado. Eu deveria estar acima disso, mas não estou. Lembro que a Sally disse uma vez que fama de viado e fama de pinto pequeno nunca somem. A gente tem que fazer alguns acordos com o diabo nessa vida…

Puteiro é um lugar meio depressivo. Talvez menos quando você tem dinheiro suficiente para ir para os tops de linha e curtir ao vivo 90% das mulheres com mais seguidores do Brasil, mas quando você está em qualquer grau de precariedade, é um clima merda. Primeiro que puteiro se sente obrigado a ter uma de duas decorações: paredes descascadas de bar de esquina ou estupro visual total. Não adianta deixar a luz baixa se todas as cores do arco íris estão ofendendo seu senso estético com as decorações mais bregas possíveis.

Se você é uma pessoa da estética, que aprecia a beleza, não é o seu lugar. Há pouca ou nenhuma sofisticação na indústria, as trabalhadoras, os cafetões e os clientes não são conhecidos por um Q.I. elevado ou bagagem cultural. Homem que fala que teve uma conversa super cabeça com puta é homem que acha normal conversar sobre Big Brother Brasil, não é ela que é inteligente, você que é burro. A probabilidade de encontrar uma pessoa realmente brilhante nesse meio tende a zero. São tão inteligentes quanto influencers de moda e estética em geral (até porque… né?). O que não quer dizer que sejam pessoas obrigatoriamente ruins, podem ser muito simpáticas e prestativas (afinal, é parte do jogo), mas seus conceitos de papo cabeça precisam ser muito atualizados se aquilo te impressiona.

Vamos às putas: mulher bonita custa caro. Custa caro em genética, treino, estudo, dedicação ou status se quiser sexo de graça, custa caro em dinheiro se não quiser se preocupar com o resto. Puteiro é um retrato da beleza média da brasileira com roupas curtas e muita maquiagem. Não estou dizendo que são todas horríveis, tem muitas bem ajeitadinhas, mas para ter tanto puteiro no mundo, é meio óbvio que os padrões não podem ser tão altos. Sempre tem uma meia dúzia em cada lugar que você fica coçando a cabeça para entender como conseguem cliente. Mas quanto mais barato o lugar, mais o nível vai caindo.

E como é uma indústria às margens da sociedade guiada por gente que não é muito brilhante, faz parte do jogo tentar extorquir qualquer um que entrar no puteiro. Eles estão seguros que o instinto sexual masculino vence tudo e o cliente volta, por isso não ligam de tentar dar todo tipo de golpe financeiro em quem entra. Todo mundo deve conhecer o golpe da bebida: o líquido mais valioso do mundo é o uísque (provavelmente pirata) de um puteiro. Se você for um imbecil como eu que aceita a pressão externa e vai sem intenção de consumar o ato, o consumo vai custar caro do mesmo jeito. Não tome nada, não compre nada para as putas, é coisa de vinte vezes mais caro que em bar. Aliás, se não vai usufruir do serviço, nunca entre num puteiro. E pra falar a verdade, mesmo se for, não entre também, internet está aí pra isso.

Finalmente me sinto seguro e despreocupado o suficiente para dizer que nunca mais entro em um. Uma merda. Fama de viado é menos incômoda, e hoje em dia, até está na moda… eu disse que não era uma boa pessoa para falar desse tema. Mas tema forçado é isso aí. Minha única felicidade é que mês que vem é a Sally que vai aguentar!

Para dizer que vai espalhar que eu tenho pinto pequeno para completar a danação, para dizer que começou interessante, ou mesmo para dizer que sabe quando eu escrevo puto e acha mais divertido: somir@desfavor.com

Se você encontrou algum erro na postagem, selecione o pedaço e digite Ctrl+Enter para nos avisar.

Etiquetas: ,

Comments (30)

  • Só se falou em putas, e os putos?
    Homens sem $$$$ que cantam mulheres carentes, vão pro motel e sequer se oferecem para rachar a conta e as mulheres bancam todas as despesas da farra do cueca furada.
    O puto que se faz de grande homem, de nariz empinado parecendo cheirar o céu, filho de vadia tb por isso cheio de esperteza em enganar as trouxas, o aprendizado já veio de casa.
    Todos falam das putas, pergunto novamente: e os putos?
    Deles não se fala nada?
    ELES não estão se vendendo também?

  • O que vou dizer agora talvez não tenha muito a ver com o tema do texto, mas sei que tem quem veja uma ida a um puteiro ou como um rito de passagem ou como uma forma de tentar “consertar” um menino que tenha se desVIADO do “caminho de vida correto de um homem macho e viril”. Cansei de ouvir histórias de pais toscos, rudes e chovinistas que, quando o garoto faz 18 anos – ou até menos! – o leva em um zonão e, “generoso”, abre aquele “sorrisão de orgulho” e diz: “escolhe uma!”. E também tem pai tosco, rude e chovinista que leva o filho na “casa das primas”, nem que seja arrastado, querendo assim acabar com os “comentários maledicentes” da vizinhança…

  • Por causa do cardápio que eu sempre evitei termas (e boates / danceterias), menu só se for em festa/balada e sem (intenção de) sexo só se for com “teraputas”/ massagistas!

    E seguindo com “internet está aí pra isso” (além das freelancers, algumas ofertando promoções, e descartando trashs: preços e tempos menores que uma hora) há privês (já fui em um de preços médios)…

  • “Todo mundo deve conhecer o golpe da bebida…”
    História de um amigo: a pessoa foi num desses lugares “onde o amor é pago” e, reza a lenda, não consumiu do cardápio principal… apenas das bebidas. Pois bem, a estória acaba com ele, no meio da madrugada, no único supermercado que ficava aberto 24hs na cidade, acompanhado da dona do lugar e mais alguns “amigos” dela empurrando um carrinho cheiro de água de coco pra saldar a dívida. Houve algum problema no pagamento (ou não aceitava cartão… algo assim) e ele teve que fazer o pagamento – na hora – de outra forma.

  • A profissão mais antiga do mundo sustenta muita gente, mas deve ser muito nojento estar com alguém desconhecido no rala e rola a troco de grana.
    Se mulheres procurassem empregos e homem não procurassem putas essa profissão nunca teria existido.
    Tem uma rua na minha cidade onde mulheres minimamente vestidas se oferecem por $5,00 a $10,0
    Desde logo cedo lá estão elas, encostadas em portas de bares. É só chegar.
    Passo ali e fico olhando aquelas cenas, nunca consigo olhar os rostos delas, primeiro; porque passo de carro e não dá para parar e prestar atenção, segundo; porque aquele visual delas semi peladonas cabeludonas, com saltos tacão, e shortinhos enfiados na bunda é meio aterrorizante pois é um visual tétrico demais, os olhos saltam da cara e quando percebo já estou 20 metros distante da cena, mas as imagens até padronizadas grudou igual chiclete no meu cérebro.
    Simplesmente nojento imaginar as peles se tocando e os fluídos se misturando.

    • Eu ainda sou da opinião que prostituição é a única coisa fazendo com que homens dominem todas as estatísticas de crimes violentos. Sem essa opção, muitas dessas mulheres só teriam o crime mesmo. Não é tão simples quanto “mulheres precisam procurar outros empregos”. Depois da invenção das armas de fogo, é muito importante manter um caminho um pouco menos arriscado do que assaltos e tráfico de drogas para metade da população mundial.

      Mas que é um clima merda, isso é.

    • Via de regra eram basicamente os mesmos com nomes trocados em culturas que tinham contato. Mas bem lembrado o nome dela para esse povo.

  • “Custa caro em genética, treino, estudo, dedicação ou status”: bom resumo da futilidade estética feminina. Depois reclamam que homens preferem putas belas, que pelo menos são mais objetivas na exposição do interesse.

  • Eu gostei do texto, Somir. Principalmente do que você diz a respeito da sua (felizmente pouca) experiência em puteiros e de como esses lugares são depressivos e fazem mal ao bolso. E o seu pensamento sobre esse tema é bastante parecido com o meu. Talvez a única diferença seja o fato de que EU TENHO objeção moral – que nada tem a ver com religião – quanto a contratar esse tipo de serviço. Já sobre “pegar fama de viado”, permita-me utilizar aqui uma expressão consagrada pela Sally: “Observe eu não me importar”. Aprendi a não dar a mínima para esse tipo de bobagem no colégio, quando me chamaram de viado por eu ter “ousado” dizer numa rodinha de adolescentes com os hormônios à flor da pele que achava “muito apelativa” a dança do “ralando na boquinha da garrafa”, que estava no auge da fama na época.

    • São fases. Eu já tive a fase de me preocupar com fama, hoje em dia eu já aprendi a cagar para isso. Agora, uma lição de vida: não perca tempo com gente que claramente não vai entender o seu ponto de vista. Se chegam pra mim dizendo que Gezuiz é a salvação, eu respondo com um “opa!” e me afasto lentamente. Homem com complexo de projetar masculinidade é a mesma coisa, sorria, concorde e vai procurar outro papo.

  • Como as prostitutas sagradas lidavam com as ISTs? Não consigo imaginar nenhum grau de dignidade em qualquer puteiro que seja.
    Somir, vc não é judeu? Sempre achei que sua família fosse.

    • O povo nunca parou por causa de doença. Quase todo mundo tinha alguma coisa nos tempos antigos, era mais normal. Até porque a medicina de verdade praticamente inexistia até poucos séculos atrás.

      Se a AIDS tivesse aparecido na antiguidade, não estaríamos aqui conversando.

      Eu sou judeu honorário, mas nunca tive provas genéticas.

      • “judeu honorário” hahaha
        to começando a achar que aquele texto que a Sally escreveu sobre os judeus é muito baseado na experiência antiga de vocês dois então… rs

  • Parabéns pelo esforço em explicar, tio! Consegui entender. Eu também não tenho experiência em puteiro, nem outras interações humanas. Essa vida de merda em quarentena de 40 meses que vcs estão vivendo só agora, eu pratico desde que nasci.

    • Só é triste se você sente falta. Senão, é apenas o caminho até se tornar um mago.

      Interações humanas podem ser excelentes, mas puteiro é furada mesmo, isso você não perdeu.

  • É dito que o termo “puta” vem desses rituais, quando as donzelas faziam bacanais em culto à Puta, uma deusa da agricultura e seu nome supostamente significava “poda” em latim. E “filho da puta” seriam os bastardos que apareciam depois.

  • “nem precisa ser bonito, isso eu prometo”
    acho engraçado como tanto as femimimis e os mgtcholas dizem que o sexo oposto possui padrões de beleza/status/renda inalcançáveis. no final das contas, é pura projeção.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Relatório de erros de ortografia

O texto a seguir será enviado para nossos editores: