Alerta de tsunami.

Estados brasileiros vivem situação crítica na Saúde em razão do avanço da pandemia de Covid-19, com alta nos números de casos e de mortes causadas pela doença. Também estão na iminência de colapso, com Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) lotadas ou perto de ficar sem vagas. LINK


Ontem fez um ano do primeiro caso confirmado no Brasil. E estamos diante da pior fase da pandemia. Desfavor da Semana.

SALLY

Lembra que a gente tá avisando desde o começo do ano, comparando covid a uma tsunami, que o mar está recuando, que tem uma onda grande chegando que vai varrer tudo? Pois é. O texto de hoje é para te situar no tempo-espaço e fincar um marco-zero: a partir de hoje a onda começa a varrer tudo que vê no caminho.

Sempre criticamos a indústria do medo, usar medo para conseguir cliques, likes e visualizações. Incutir medo nas pessoas (principalmente quando é infundado) para obter algum benefício pessoal é repugnante. Mas, quando realmente há um perigo grande, deixar de avisar para não soar emissário de más notícias também é repugnante. Por isso, decidimos em comum acordo que é hora deste texto.

Não queremos cliques, não queremos visualizações, desde o dia 1 optamos por não ter um único patrocinador e não monetizar o blog de forma alguma. Não é do nosso interesse polemizar ou viralizar. Nosso aviso é de coração e não está baseado em achismos nossos, e sim em projeções científicas. A tsunami chegou, é basicamente o que queremos te dizer. É hora de empenhar todos os seus esforços em se proteger.

Temos as questões mais imediatas que já apontam para a chegada da onda que vai varrer o Brasil: mais de 20 capitais estão com o sistema de saúde colapsando. Os maiores/melhores hospitais de São Paulo (como o Einstein e o Sírio-Libanês) estão sem leitos, ou seja, nem pagando bem tem. O Governo não sabe a diferença entre AP e AM e manda vacina para estados trocados. Bolsonaro vai a público dizer que usar máscara faz mal à saúde. Em vez de comprar a vacina da Pfizer compra uma porra de vacina que ainda está em fase 3 e nem se sabe se tem eficácia e ainda paga mais caro por ela.

Mas, são as questões maiores que preocupam: semana que vem começa a chegar a conta do carnaval, com hospitais já colapsados. Mês de março já deu tempo da variante de Manaus se espalhar bastante por todo o país. O verão está indo embora e sabemos que a sazonalidade começa a jogar contra. Os insumos nos hospitais estão acabando, já tem paciente amarrado à cama por conta da dor que está sentindo, por ser entubado sem sedativo e pode ser que não seja possível adquirir mais com facilidade.

Vocês precisam se preparar para o que vai acontecer. Preparados no sentido de saber o que priorizar, o que fazer para se proteger e o que fazer para proteger as pessoas que você ama, mas também preparados emocionalmente para o que irão ver.

Agora é a hora de dizer um “foda-se” para tudo que colocar sua vida em risco: foda-se trabalho, foda-se namoro, foda-se vida social, perca tudo mas não perca a vida. Pega algo que você sabe fazer, monetiza como der e trabalha de casa. Não é hora de sair, não é hora de ir para a rua. Você pode ter feito isso impunemente em 2020, mas agora a realidade é outra. É muito importante que todos aqueles que podem ficar em casa de fato fiquem em casa, ao menos por algumas semanas.

Não é como se estivéssemos em guerra e a qualquer momento um avião inimigo pudesse passar pela sua casa, bombardear tudo e matar você e sua família. Dentro da sua casa você está protegido, se não sair e não receber ninguém. Use esse trunfo a seu favor. Se puder e quiser ajudar seus pais, faça uma mala e vá morar com eles temporariamente, nada mais justo que cuidar de quem sempre cuidou de você, mas sem ficar se deslocando. Entra e fica lá trancado.

Não é um achismo nosso. O vírus segue um padrão para se espalhar e, à medida que o faz, vai colapsando o sistema de saúde. O colapso vai começar na semana que vem, e não vai ter dinheiro no mundo que te ajude. Estamos falando de uma tragédia humanitária, um evento que vai entrar para os livros de história como maior crise humanitária da história do Brasil. Não sejam o sapo na panela de água quente que não percebe que vai morrer queimado.

Vocês serão testemunhas de um evento histórico, porém trágico. Tenham consciência disso. Uma história que vai ser escrita, que vai virar filme, que vai virar série, que vai virar um marco, vai acontecer diante dos seus olhos a partir de hoje. E a forma como vocês vão se portar vai definir como vão sair dessa tsunami.

Esqueçam dinheiro, esqueçam emprego, esqueçam tudo que não for salvar suas vidas e a das pessoas que vocês gostam, pois todas essas coisas se reconquistam depois. Uma vida que se vai não volta mais. Tenho conversado com muitas pessoas que perderam entes queridos e todas são unânimes em dizer que queriam ter recebido esse aviso de forma mais enfática, pois se culpam pelas escolhas erradas. Então, novamente: esqueça tudo que não for cuidar de você e das pessoas que você ama. E, a partir de agora, o único cuidado eficiente é o confinamento. Confinamento total.

As medidas adotadas pelo Poder Público não são suficientes para proteger ninguém. Um ano depois o brasileiro ainda não entendeu o que significa “lockdown” e está chamando Toque de Recolher (não poder sair à noite) de lockdown, ou está chamando fechamento de comércio de lockdown. Lockdown é reduzir a circulação de pessoas de forma significativa. Podem estar todos os comércios fechados que, se as pessoas estiverem bundeando na praia, não é lockdown.

Um lockdown eficiente, na atual situação do Brasil, deveria ter pelo menos 80% da população sem sair de casa. Isso é mensurável pelas antenas de celular, que mostram o quanto as pessoas estão se deslocando. Não vai ter 80% das pessoas em casa, nunca teve, nem quando o brasileiro estava mais assustado. Não vai ter fiscalização nem punição suficientes para fazer com que 80% das pessoas fiquem em casa. Então, fique em casa você, é cada um por si.

Vamos repetir o que falamos sempre: o Poder Público não está cuidando de você, você tem que cuidar de você. Pessoas do seu entorno vão desmerecer suas medidas de segurança, vão te ridicularizar, vão te fazer sentir que você está exagerando e jogando sua vida fora trancado em casa, mas quem vai jogar sua vida fora é quem não se proteger. O que está por vir não é bonito. Situações trágicas requerem atitudes drásticas.

Não temos o menor prazer em te entregar este texto e sabemos que vamos perder leitores por ele, mas nos sentiríamos pior se ficássemos calados. A tsunami que a gente vinha anunciando desde janeiro chegou. É hora de se proteger enquanto ela passa e varre tudo que encontra pela frente. A única prioridade agora é se proteger, todo o resto tem que passar para segundo plano. E a única forma de se proteger é não sair de casa.

Para agradecer por estragar seu dia, para agradecer por estragar seu final de semana ou para agradecer por estragar sua vida: sally@desfavor.com

SOMIR

Essa semana eu me vi obrigado a passar um dia no hospital. Já está tudo bem, caso alguém se preocupe. Mas nesse pequeno período de observação eu já pude perceber como as coisas estão ficando complicadas. Cheguei por lá numa madrugada e encontrei as coisas mais ou menos como esperava: pronto socorro bem vazio e fila única de atendimento.

Eu precisava esperar para fazer alguns exames, o que foi me prendendo no hospital por mais e mais horas, e foi aí que eu comecei a perceber como a situação estava mudando com o passar do tempo. De madrugada, eu tinha atenção de médicos e enfermeiros quando quisesse, as coisas se movimentavam rápido, mas enquanto a manhã chegava o clima do hospital ia mudando.

Vejam bem, não estava num hospital grande de referência, e sim num médio mais perto da minha casa. Um que não atende SUS, importante ressaltar. Mas mesmo assim, enquanto eu andava de um lado ao outro do lugar para fazer meus exames, a coisa ia ficando mais e mais complicada.

A sala de emergência começava a lotar. Eu já tinha que lutar mais pela atenção da equipe. Precisei voltar para a recepção para esperar ser chamado para um exame, e percebi uma mudança: já havia uma fila separada para pacientes com suspeita de Covid. Eles ficavam para fora.

Mais exames, mais tempo, e eu passei mais uma vez na recepção na hora do almoço: completamente lotada. Os pacientes de Covid já eram grande maioria e eu tinha que me esforçar para ser atendido por qualquer pessoa de lá. Mas só foi cair a ficha mesmo quando eu passei pela última médica antes de ter alta: ela parecia que tinha acabado de chorar, com uma cara e uma voz de quem estava sem energia para mais nada na vida.

Em poucas horas, eu vi um hospital ser esmagado por pacientes de Covid, e eu nem cheguei perto de uma UTI nesse tempo todo. Não estou dizendo que vi gente morrendo nos corredores ou algo dramático do tipo, estou apenas demonstrando o que sempre se disse ser o grande perigo dessa pandemia: colapso no sistema de saúde.

Não é uma doença especialmente mortal, mas tem o potencial de lotar hospitais em questão de poucos dias, botando uma pressão enorme nas estruturas e funcionários de hospitais. Pressão que reduz a capacidade de atenção e os recursos disponíveis para te tratar. Não é só sobre não ter um leito de UTI, é sobre os médicos e enfermeiros terem que analisar seu caso em questão de segundos e tomar decisões apressadas umas atrás das outras.

É sobre colocar um sistema que já é meio precário até mesmo em hospitais particulares sob mais tensão ainda. A pessoa que vai aglomerar na certeza que não vai morrer de Covid pode estar certa na maioria das vezes, mas isso não quer dizer que vai ficar imune às consequências. Pessoas precisam de hospitais para muitas coisas que não são relacionadas à pandemia, e quanto mais ajudam essa pandemia a manter sua força, mais se arriscam a cair num hospital em estado caótico se precisarem.

Não vou dizer que fui mal atendido, mas foi clara a deterioração da “margem de segurança” com o passar da madrugada para a manhã e o começo da tarde. De uma certa forma, durante um surto de coronavírus, é como se todos os hospitais ficassem um pouco mais como o SUS: pode ter até profissionais muito responsáveis e dedicados, mas o volume de atendimentos é tão grande que algumas coisas começam a quebrar.

É mais fácil errar quando você atende um paciente por minuto. Ou quando precisa tomar decisões sobre dois ou três ao mesmo tempo. Muito se fala das UTIs, mas existe um perigo extra envolvido nas outras partes do atendimento de saúde. Quando basicamente todos os estados lançam avisos sobre falta de UTIs para atender pacientes de Covid, inclusive nos hospitais particulares mais caros do país, considere também que o resto do sistema está sob muita pressão.

É por isso que estamos escrevendo este texto: depois de um ano da pior reação à pandemia do mundo, o Brasil está diante de um colapso no sistema de saúde que pode demorar bastante para ser contornado. Se você puder evitar lidar com o mundo lá fora pelas próximas semanas, é uma excelente ideia para se proteger do perigo que vem por aí. E isso pode significar fazer alguns sacrifícios de curto prazo, mais do que já estamos fazendo.

Não queremos assustar ninguém, apenas avisar o que pode ter ficado confuso na mídia: a coisa vai piorar bastante, e quem estiver preparado para se isolar e evitar entrar nos números da Covid vai estar muito, muito mais seguro até a situação acalmar.

Se cuidem.

Para dizer que estamos sendo dramáticos (melhor pecar pelo excesso), para perguntar se eu estou feliz após ter trocado de sexo (há), ou mesmo para dizer que nem presidente a gente é para dar dica de saúde: somir@desfavor.com

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Comments (38)

  • Jhonata Lima Barros

    Mais um daqueles textos que merecem ser lidos novamente sempre que o instinto humano me fizer parecer que não há nada acontecendo ou que é muito menos perigoso do que alardearam por aí. Parabéns aos dois pelo post!

    Mas é se se entristecer que mesmo as pessoas ao meu redor não levam a sério a questão da pandemia… mandei trechos deste texto para minha mãe e, como ela idolatra Bolsonaro e praticamente concorda com tudo que ele diz, simplesmente respondeu que era coisa da ‘grande mídia esquerdista que distorce todos os fatos’, e ainda completou com “reflita”… situação triste a que o brasileiro se encontra atualmente.

    Sem mais, grato pelo excelente texto!

  • E para vocês verem como o BM é inconsequente, mesmo com esta tsunami vindo por aí: No twitter, uma BM daquelas religiosas bem típicas resolveu batizar seu filho e tinha pelo menos uma dúzia e meia de pessoas, todas juntinhas mais o padre. Tirou a selfie e postou. Advinha? Um monte de brasileiróides “deusvultinhos” exaltou a inconsequente como uma “heroína”, uma “mártir” uma “revolucionária”. Ela, se sentindo os cristãos da Roma Antiga perseguidos por Nero, defecou: “Foda-se. Seja marginal, vá pra missa”. E enquanto isso, o VATICANO q é o vaticano tá fazendo missa sem público transmitida ao vivo.

    Até nisso os religiosos brazucas são da idade da pedra…

    Fora o egoísmo típico do BM aí disfarçado de exercício da religiosidade. Depois implora oração no “zap” da família qdo alguém é infectado (ou ela mesma, né)

    É por causa de canalhas assim q a peste demorará a sair deste país cagado, tem jeito não…

    • Eu vi e achei o cúmulo! Tirou foto pagando de “rebelde” no TWITTER e achou ruim a galera vindo xingar e reclamar depois! Mas é bem isso que vc disse, depois tá enchendo o saco no zápi dos parente pedindo oração!

      Quem me dera se só filho da puta irresponsável pegasse essa merda de doença…

  • Muito obrigada pelos textos de vcs. Muito obrigada mesmo! Vocês lavam minha alma, porque pra mim este país já acabou, o brasileiro médio é egoísta e acha que suas necessidades pessoais não essenciais estão acima do coletivo. Típico do individualismo BM. Pessoas como do tipo do “Ei você” do coronaval, capazes de esconder sintomas e de “aglomerar meeeeesmo” e o estado “que lute” pra arrumar leito pra eles. Petulância, arrogância, egocentrismo do mais alto grau. E se acham boas pessoas esses lixos.

    Esta tsunami será uma catástrofe humanitária SEM PRECEDENTES – e o que mais envergonha é que ela chegue numa época na qual a medicina está bem mais avançada, o Brasil é tão atrasado q a catástrofe sanitária será bem pior hoje do q há 200 anos atrás, quando a vacina tinha acabado de ser inventada. É de cair o cu da bunda.

    Eu ficarei no meu abrigo (minha casa), ninguém me tira. Os BMs que lutem por leitos, já que é assim que eles querem…

  • [OFF]
    Queria uma dica, Sally/ Somir…
    Sou funcionária pública e realmente há algum tempo penso em ir embora do Brasil, estava trabalhando nisso, aprendendo um novo idioma, juntando grana e aí essa pandemia apareceu e fiquei com muitas dúvidas sobre mudar de profissão, me especializar em algo voltado ao mundo digital (embora tenha certa resistência a redes sociais, sou da geração Y), fazer outra faculdade. São muitas dúvidas e que agora nesse pacotão covid tudo está muito incerto. Será que devo insistir nisso ou dou uma pesquisada sobre que perfil profissional estão procurando lá fora para enfim poder sair desse hospício?
    P.s. ainda bem que estou de férias em Março e já estou providenciando minhas máscaras n.95 pra qdo precisar voltar ao trabalho (espero que consiga teletrabalho)…

    • Sobre sair do Brasil, é mais fácil: podendo sair para um país decente, saia.

      Sobre a carreira “digital”: aprender algo nessa linha tem a vantagem de cobrir os dois lados, você tem algo que não depende tanto de se deslocar de casa, mas ao mesmo tempo é um dos mercados que mais contrata ao redor do mundo, especialmente em países ricos. Se eu fosse recomeçar minha carreira com algo do tipo, procuraria programação voltada para redes neurais e análise de dados.

      • Somir, tem certeza que é mais fácil sair do país? Porque poxa, quando eu penso que tem que arrumar toda papelada, visto de entrada, passaporte (o meu tá vencido, e pelo visto pedir pra validar essa cosia de novo demora!), mais separar uma grana para as passagens, e outra grana extra para despesas lá fora, comprar dólar ou euro, fazer uma poupança, fundo de investimento, contas no exterior, reservar aluguel adiantado no país lá fora, nossa… Pelamor, é uma dor de cabeça que só! E não vejo como fazer isso sem juntar pelo menos 10k! Não dá pra sair do pais assim, só com mochilinha nas costas e “vamos ver no que dá…”.

        E haja planejamento pra isso, são meses a fio, quem sabe anos pra conseguir! Quando tu tá aí fazendo bicos home office ganhando migalhas (como é o meu caso, por enquanto), olha.. Bate até a desesperança de pensar que é melhor continuar nessa merda mesmo do que esses dispêndio todo!

        • Eu não disse que era mais fácil, eu disse que era melhor.

          Normalmente o melhor é mais difícil, mas tem sua compensação. Tudo depende da fase da sua vida: uma pessoa jovem e solteira tem mais facilidade, uma num relacionamento dificuldade mediana, e uma com filhos tem um problemão nas mãos. A economia brasileira deve continuar piorando por alguns anos. Não digo que o Brasil vai ser ruim pra sempre, mas pra quem puder sair nessa fase terrível, para um país decente, deveria pensar nisso sim.

          Mesmo que demore algum tempo para operacionalizar.

  • Sally, você não sabe como me alivia ler algo realmente honesto. Eu rachei uma amizade de 20 anos, porque a pessoa foi sair com um desconhecido, beijar na boca e voltar pra casa da mãe. Falhei (poucas vezes) nos cuidados, mas não por achar que “tenho direito” não pela “saúde mental”. Tem pessoas morrendo pra nós em vida. É de uma solidão enorme estar do lado de cá. Meu pai teve que ir ao hospital várias vezes, eu cagada de medo, e o povo no bar… :( Enfim, obrigada.

  • Vou aproveitar o espaço para relatar algumas situações que também vivenciei e talvez ajude a conscientizar algum leitor.

    Tenho 30 anos, tive covid no início de fevereiro, desde o início da pandemia mantive todos os cuidados possíveis, como uso de máscara, higienização das mãos de tempo em tempo com água e sabão, muito álcool gel, limpeza de embalagem de comida que entrava em minha casa, não saí para barzinho, decidi não viajar nas férias e ficar sim em casa, não fui em festas que ocorrem SEMPRE sem o poder público fazer absolutamente nada para que não acontecessem.

    Não posso trabalhar em home office, sou concursada em área considerada essencial e necessito atender ao público. Comumente tenho que chamar os seguranças no meu trabalho porque alguma besta entra no local e TIRA a máscara argumentando que é para falar melhor e não respeitam a ordem de colocar novamente a máscara.

    Percebo também que os menos abonados utilizam máscaras sem qualidade, já vi pessoas utilizando máscaras de TNT, máscaras descartáveis imundas, denunciando que a pessoa além de reutilizar não higieniza a máscara, entre outros absurdos que muitas vezes geram pena por eu saber que essas pessoas não tem condições de comprarem algo de qualidade, quiçá de terem todo o cuidado necessário para tentar evitar a contaminação.

    Pois bem, não me escapei e entrei para a estatística. Início de fevereiro diagnostiquei positivo para covid. Foi assustador! A cada dia um sintoma diferente, dentre eles a falta de ar, que mal me permitia falar, tamanho o cansaço e falta de oxigênio que gerava. Passei aquele dia lutando para não ir para o hospital e controlando minha oxigenação. Não cheguei a necessitar de internação, mas os sintomas que tive em nada se assemelhavam a uma gripezinha, como tanto falam. Não tenho comorbidades, me considero jovem e saudável, e ainda assim, sofri por dias até estar totalmente recuperada. Até hoje paladar e olfato NÃO normalizaram, até hoje permaneço com tosse e dores de cabeça.

    Mesmo tomando todos os cuidados me contaminei e junto comigo mais dois colegas de trabalho positivaram. Dentro de casa, usando máscara, separando talheres, toalhas, roupas, e me isolando por 10 dias no quarto tive a sorte de minha mãe não contaminar. A doença não é brincadeira, e não há cuidado suficiente quando se está exposto à aglomeração, ainda que seja dentro de seu trabalho.

    Em contrapartida a tudo que vem acontecendo, UPA lotada todos os dias, hospitais público e privado sem vagas, rumores de até falta de oxigênio, número de mortes crescente, na minha cidade aconteceu carnaval. Boate LOTADA, com filas para entrar, barezinhos com shows e transbordando de pessoas, parques aquáticos cheios de gente, e o poder público NÃO fez NADA.

    A população não se conscientiza e nosso Estado está inerte. Houve dispensa após poucos dias de aulas presenciais de turmas INTEIRAS no colégio privado mais caro da cidade em que resido, pois muitos jovens retornaram de suas festas e/ou férias contaminados para a sala de aula. Ainda na sexta eu estive no mercado e havia funcionários em pânico, pois um senhor positivado para covid estava fazendo compras e no alto de sua ignorância, ao ser questionado, disse que quem estava com medo que se retirasse.

    Alterno entre um grande medo de me contaminar novamente e meu corpo não aguentar a carga viral e uma vontade imensa de sair descendo a porrada nesse povo que não se cuida. Infelizmente não posso optar pelo home office e permanecerei exposta sabe-se lá por quantos anos a esse risco.

    Se cuidem, se não for por si, que seja por aqueles que mais amam.

  • Me desculpem, mas eu vou usar esse comentário para desabafar.
    Como a Sally e o Somir disseram, o pico da pandemia está a caminho e quase ninguém — quiçá ninguém mesmo — está preparado para o que está por vir. Ainda sim, há notícias e mais notícias de pessoas que saem sem necessidade e, mesmo sem reconhecer isso (ou recusando-se a tal), contribuem para a duração da pandemia e para o surgimento de novas variantes. Dentre essas pessoas, e dói em meu coração dizer isso, são meus pais.
    Eu já fiz um Desfavor Convidado sobre o funcionamento presencial das escolas na pandemia, mas não posso dizer que meus temores são (apenas) culpa do colégio. Meus pais, mesmo que um tenha o hábito casual de fumar, saem sem necessidade o tempo todo. Recentemente descobri estar com baixa imunidade. Eles se preocuparam? Sim; fizeram o mínimo de esforço e tiveram respeito com a própria filha? Não. E ainda jogam toda a culpa em mim. Se fosse um caso isolado, por mais que eu fosse afetada do mesmo jeito, estaria tudo bem. Mas não é; o comportamento dos meus pais é o do brasileiro médio.

    Salve-se quem puder nessa pandemia.

    • Caramba, Isolde, que foda isso! Minha mãe também é uma velha teimosa 60+ que não se cuida, e eu me canso de chamar atenção dela para o mínimo do básico, como lavar a mão direito e usar máscara na rua! Aliás, ela também sai bastante e sem necessidade, pra resolver coisas que ela poderia muito bem resolver usando o celular, mas não… Teimosa do jeito que é, e ainda resistente à tecnologia, olha…

      Quanto à baixa imunidade, se vale de alguma coisa, vamos lá: o ideal seria ir ao médico mesmo, um infectologista e imunologista pra ver a fundo, além de fazer os exame de sangue pra ver quanto anda o nível de vitaminas no corpo, sais minerais (sódio, potássio), creatina, e também a contagem de células de defesa (linfócitos T, CD4…).

      Mas caso nem isso dê em função do descuido dos pais, compra um complexo vitamínico, desses que vende na farmácia mesmo, vitaminas de A a Z, que nem precisam de receita. Já é uma tentativa pra tentar dar um up no corpo!

    • Bom dia Isolde, sobre a questão da baixa imunidade, há dezenas de fatores e estratégias importantes sobre o assunto. A mais importante na minha opinião é alimentação. Não sei qual a sua condição, mas recomendo comer peixe duas ou tres vezes por semana, verduras e 2 frutas diferentes TODOS OS DIAS. Não tome complexos vitamínicos, a não ser por ordem médica. Evite álcool a todo custo: prefira vinho se tiver o hábito de beber. Cerveja uma vez por semana e olhe lá. É bom manter-se ativo fisicamente, mas exercício em excesso faz mal. Mantenha-se ativa intelectualmente, e tome 15 minutos de sol todo dia. DURMA BEM, seja o que isso for pra você (pode variar de 5 a 12 horas por dia). Isso resolve o básico.

  • Enquanto isso, governadores se cagando de medo de mandar fechar tudo, politicos discutindo se vão limpar a barra do coleguinha que emputeceu o STF ao invés de discutir auxilio emergencial pra ver se tira os pobres da rua.

    Será que o brasileiro vai aprender na dor?
    Manaus já reabriu shopping.
    Acho que nem pela dor aprendem.

  • Comentário que eu fiz no texto “Coronaval 2021” sobre a postura da BMzada em relação ao Coronavírus e que também cabe perfeitamente aqui: “Essa cambada ainda não conseguiu perceber que é justamente esse tipo de comportamento de merda que contribui para que a pandemia custe ainda mais a passar…

  • Já repassei o link daqui para todo mundo que conheço. Os textos de vocês não são alarmistas. Apenas dizem a verdade que muitos ainda se recusam a enxergar e aconselham a quem os ler a cuidarem da saúde tanto física quanto emocional, porque o que vem por aí não é brincadeira.

    • Acho que quem não quer/consegue ver, não vai mudar de ideia por causa de um texto nosso, mas, tomara que ajude a alguém

  • Sem zoeira, o texto do Somir hoje foi o único que me fez entender a real, que o problema é lotar hospitais que serviriam pra outras doenças. Assim que se explica! Não é texto apocaliptico como se o covid por si só é que fosse acabar com a humanidade.

  • Nessa história toda de home office, muitas empresas cortaram vale refeição (entre outras coisas) e desaqueceram o mercado de restaurantes e mercearias, um nicho repleto de brasileiros médios.
    Uma coisa é certa. O globalismo vai sorrir de orelha a orelha se os oligopólios abraçarem o home office/terceirização permanente. Pra que pagar 10 reais pra um brasileiro quando se pode pagar 3 reais pra um asiático sem burocracia e sem direitos trabalhistas? Já tem empresas com o SAC sediado em outro país. É tirar o primeiro emprego de muitos jovens, o telemarketing. É cagada apoiar o home office.

    Os próprios economistas liberais modernos já refutam essa ideia de auto regulação do mercado e defendem o papel do governo para corrigir as distorções, embora ressaltando que deve ser algo pontual.

    • Se você tem essa visão, é hora de começar a se mexer para deixar de ser “empregado de alguém”. Só depende de você.

    • Home office é o que há! Sai muito mais barato do que pagar passagem caríssima pra funcionário, dar um auxílio pra por ex melhorar o plano de Internet. E olha que sou apenas um merda dum Telemarketing e minha empresa faz isso.

    • Particularmente eu também detesto home office… um sistema híbrido, de 3x por semana na empresa e 2x em casa seria o ideal pra mim, é isso o que eu vinha fazendo nos últimos meses… mas a partir deste mês vou ficar em casa todos os dias, aguardando essa tsunami passar… mas Sally, vou te dizer… sinto que tenho enlouquecido com essa doença… o fato de ficar longe das pessoas… de ficar encucada com um espirro… de sentir medo de morrer e de perder as pessoas que amo… tive uma série de crises de pânico e ansiedade nos últimos meses… tá complicado. Gostaria de ter seu equilíbrio para manter a sanidade nesse período… pra piorar, minha família me acha exagerada… estou desolada Sally, não temos perspectiva de futuro nesse país… sinto que vou perder tudo por enlouquecer… desculpa o desabafo… tenho 27 anos e ja sinto essa desesperança… não tenho estado bem… não consigo trabalhar direito, limpar minha casa… não consigo ver um filme sequer… estou sempre preocupada … que chororô ne… mas sinto que aqui talvez alguém há de me entender.

      • Poxa Amanda, sinta-se abraçada. Crise de ansiedade é foda demais, pelamor! Eu ainda não tive especificamente por causa da pandemia, mas por outros motivos. De qualquer forma, uma coisa que acho que compartilho é que também estou numa situação chata e tensa, num lugar que estou a contragosto, vivendo com pessoas que não suporto, e não vejo a hora disso tudo passar e ter um pouco de paz de espírito. Mas enquanto isso não passa, parece sempre um eterno continuum, e daí bate o desespero e ansiedade mesmo, e a gente acha que nunca vai passar, que não vai ter fim. É preciso ter muita força mesmo pra aguentar esse período, e dar um jeito de mexer os pauzinhos da maneira que pudermos.

      • Oi Amanda. Ñ sei se vai te ajudar, mas lá no início eu tb estava assim. Vivia com medo, ansiosa por estar em casa. E para piorar, perdi minha renda, a do meu marido diminuiu. Enfim, momentos bem difíceis, mudanças bruscas.
        Mas oq nos ajudou e tem ajudado é aprender sobre o estoicismo. Eu já lia sobre o assunto antes mas nessa pandemia tive a chance de por tudo em prática e me tornar mais resiliente. Não foi fácil mas pelo menos agora eu já consigo “funcionar” novamente e até comecei a fazer um curso online para mudar minha área de atuação.

        • Oi Gabi! Muito obrigada por ter respondido ao meu comentário… saber que alguém já passou por esse turbilhão de emoções e conseguiu se reestabelecer me dá bastante paz. Nunca li nada sobre estoicismo, mas com certeza farei isso ainda hoje! Obrigada ❤️

      • Amanda, receba meu abraço. Te entendo 100%! Tô com 24, formo esse ano e a perspectiva de futuro no Brasil é mesmo essa: zero. Por enquanto tô focada em trabalhar no meu TCC, mas, assim que eu terminar, vou começar a buscar alternativas pra sair daqui… Vivo literalmente um dia de cada vez, mesmo achando que está tudo um tédio, no geral. Sinto muita saudade de como a vida era antes, muita mesmo! Mas é isso que temos pra hoje. Sou privilegiada por nem ter perdido ninguém que amo e nem ter ficado doente ou desempregada, mas é foda mesmo assim… Te desejo o melhor.

    • (Economic)Ana94

      É aí que é hora de se adaptar, de inovar. Um dia, querendo ou não, todo o modelo de sociedade que conhecemos, vai precisar mudar (veja o Bitcoin, por exemplo). Quanto ao problema de burocracia e precarização da mão de obra, envia e-mail pros políticos que você votou (já que você defende intervenção estatal no mercado, mesmo que “pontual”, taí tua chance). Exija deles medidas sobre isso.
      Os jovens, até os com ensino superior, já estão desempregados ou em subempregos cujo salário não equivale nem 1/4 do preço do investimento na qualificação deles, e isso com ou sem pandemia. Culpa do BR isso, não dos asiáticos ou dos ~globalistas malvadões™. Quem se qualificou bem, ou quem é minimamente competente para entregar serviço à altura do preço que pede ou ainda quem aceita baixar seus preços pra competir, vai ter medo do quê? Quem não se prepara pra realidade, é engolido por ela, e não adianta culpar terceiros que fazem o que podem.
      Aliás, não adianta porra nenhuma pagar barato e ser uma merda. E se as pessoas sempre preferissem SÓ o serviço mais barato, não existiria sequer conceito de serviço público ou privado. Apple, Nintendo e a Louis Vuitton poderiam fechar as portas, os xinglings dominariam 100% do mercado mundial.
      E eu creio que home office vai ser parte do futuro, mesmo após pandemia. Com automação do mercado do trabalho e novas funções que podem ser exercidas longe do local de trabalho, sem falar no crescimento de metrópoles e no aumento populacional, talvez seja mais cômodo… Ou talvez “trabalhar pros outros” que vá se tornar algo meio ultrapassado.
      E quais economistas você se refere? Se for os brasileiros, cuja principal promessa ao povo era de salvar economia e FODERAM com o pouco que restava, dispenso o que quer que eles tenham a dizer.

      • Em qual planeta você vive? Nem todo mundo é classe média alta ou nem-nem com tempo livre de sobra porque tem os pais sustentando. E pra madames ficarem em casa, alguns precisam sair e manter as bases funcionando.

        Ok, tem que se adaptar, aprender programação, home office, tem que se adaptar e não questionar nada igual a uma ovelha e blablablá. E no tempo entre fazer o curso e arrumar um emprego, faz o que, come vento? E a maioria esmagadora da população, que não se interessa na área de programação? Merecem morrer de fome debaixo da ponte? Essa é a sociedade livre?

        Até nações ricas tomam medidas protecionistas em suas economias, leia sobre a política agrícola da União Europeia pra ter um exemplo.

        E puxar saco de grandes empresas não vai te deixar rica.

        • Aposto que durante a Revolução Industrial muita gente usou o seu argumento para apontar o absurdo de sair do campo e ir trabalhar em fábricas. Pode estar com o coração no lugar certo, mas quando a economia vira, salve-se quem puder.

          • Não refutou nenhum dos questionamentos e precisou apelar pra uma coisa que aconteceu séculos atrás, como se isso fizesse alguma diferença pra quem está ferrado hoje, em 2021.
            Chega num morador de rua e fala sobre as dificuldades que as pessoas do passado sofriam, com certeza ele vai se sentir muito melhor.

            • Eu não escrevi isso para você se sentir melhor. Eu só apontei um fato: economia muda com o passar do tempo. Muita gente fica pra trás. Se você puder se preparar para essa mudança, se prepare. Tem gente que não vai conseguir, por isso eu coloco um pouco da minha renda todo mês para ajudar alguns projetos sociais. Não vai salvar o mundo, mas é melhor do que nada.

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