FAQ CUronavírus

Cumprindo o combinado, posto hoje o texto cujo tema foi escolhido pelo C.U. para o mês de fevereiro.

Na palavras do C.U.: “já que você gosta tanto de falar sobre coronavírus, escolhi esse tema para você”. Valeu, galera. Obrigada por cobrirem de merda um assunto sério e importante. É com muito pesar que hoje vamos falar e detalhes sobre o exame para diagnosticar coronavírus pelo ânus. *suspiro

Para piorar, o C.U. solicitou que eu responda a algumas perguntas dele ao final deste texto, com o argumento de que “o conteúdo sobre covid é sempre na forma de FAQ, por isso seria estranho não ter perguntas e respostas”.

Vamos tentar fazer este texto o mais educativo e útil possível, mas desde já me desculpo.

Para detectar o coronavírus podem ser realizados diversos tipos de exame. O exame sobre o qual vamos falar hoje é o PCR. Antes de falar da sua nefasta versão anal, vamos entender como ele funciona.

O RT-PCR o teste mais preciso. A sigla RT – PCR (em inglês) significa “transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase”. Esse nome enorme basicamente descreve o processo efetuado para realizar o teste. Em bom português, seu mecanismo de funcionamento é basicamente procurar por material genético do vírus (RNA) nas células da pessoa que está sendo testada.

Como vocês podem imaginar, esse RNA é bem pequeno, portanto, difícil de ser encontrado. Por isso, para tentar identificar material genético do vírus, é necessário “ampliá-lo”. Essa é a função da transcriptase reversa. Em um resume muito grosseiro, ela torna o RNA do vírus mais visível.

Para assegurar que o RNA será visto (ou seja, para garantir que se houver vírus o exame vai detectar), além de ser aumentado, ele é replicado diversas vezes por um processo chamado “reação em cadeia da polimerase”. Para isso a amostra precisa ser resfriada e aquecida diversas vezes e é por isso que o PCR demora um pouco mais para ficar pronto: deve ser repetido várias vezes para surtir o efeito desejado.

Então, depois desses dois procedimentos, se tiver material genético do vírus na amostra, ele ficará mais visível e em maior quantidade, de modo a não passar em branco sem ser percebido. Por isso o teste é considerado o mais seguro: se tem alguma chance de que o vírus seja visto, ela é maior nesse teste.

Normalmente, o material é colhido pelo nariz, pegando amostrar de nariz e garganta, o que faz sentido, pois se trata de um vírus respiratório. O Swab (nome do “cotonete” usado para colher o material) é enfiado pelo nariz e esfregado em ambos os lugares e depois é enviado para análise.

Nessa nova versão, o swab é enfiado no ânus. Mas não é apenas enfiado, ele é enfiado e esfregado (ou rodado). Indignado? Pois é, por qual motivo fazem essa atrocidade? Bem, existem argumentos para defender que o Swab Anal seria mais confiável e eficiente. Prefere morrer de covid em casa? Eu também.

Ao que tudo indica, o coronavírus vai saindo gradualmente do nosso corpo e, o último lugar onde ele pode ser encontrado é na porta de saída, vulgo cu. Então, dependendo do tempo que se demora para fazer o teste, pode ser que ele não seja mais encontrável na garganta, mas que ainda seja encontrado no ânus.

Assim, para ter 100% de certeza de que a pessoa está livre do vírus, tem que verificar a porta de saída, pois pode ser que um swab nasal dê negativo e um anal dê positivo, uma vez que o vírus passa mais tempo no cu do que no trato respiratório. Isso seria fundamental para impedir que pessoas infectadas cruzem fronteiras de países, compareçam a locais onde podem contaminar outras pessoas e etc. É a medida mais segura para barrar infectados.

Outro benefício que foi apontado por especialistas e eu juro que não consigo alcançar qual é o ponto positivo, é aplicá-lo em pessoas que apresentem diarreia como sintoma principal. Eu tento não visualizar a cena, mas me parece altamente contraindicado. Em vez de enfiar um swab, seria mais apropriado enfiar uma mangueira. Mas, quem sou eu… apenas uma leiga lutando pela dignidade da pessoa humana. Deve ter alguma justificativa para brincarem de Brumadinho com o cu alheio.

Eventualmente também pode ser utilizado no caso de pessoas que tenham alguma dificuldade para coleta pelo nariz e garganta, por exemplo, pessoas que estão no respirador ou com qualquer aparelho médico obstruindo garganta ou nariz. Fosse comigo eu preferia uma traqueostomia para permitir a coleta? Sim, certamente, mas nem todos parecem ter o senso de dignidade amadurecido.

Também chama a atenção uma das diretrizes de uso: indicado para “pacientes pouco colaborativos” ou “agitados”. Então, se é que este texto pode ter alguma utilidade na vida de alguém, eu imploro: quando solicitarem um PCR nasal, onde quer que seja, quando quer que seja, façam de bom grado, sorrindo, pois a opção para pacientes não colaborativos é muito pior. Que se recusar, literalmente vai tomar no cu.

Olha, eu até entendo realizar esse teste em bebês ou em pessoas cujas vias aéreas estão tão comprometidas que não suportam um cotonete. Mas em larga escala é sacanagem. Ainda assim, está acontecendo, em nome da máxima segurança dos resultados. Francamente, se para a humanidade continuar precisa rodar um cotonete no cu de todos, acho que devemos ter a sabedoria e a dignidade de aceitar nossa extinção.

Na China, por exemplo, pessoas podem ser submetidas ao Swab Anal ao chegarem a alguns aeroportos. Inclusive existe um vídeo demonstrativo que expõe toda a humilhação e indignidade que o passageiro tem que suportar: https://www.youtube.com/watch?v=T3tdviS2Xxg

Desde a posição, passando pelas calças arriadas até a rodadinha do cotonete, tudo é tenebroso. E esse exame hediondo não se limita apenas ao aeroporto, é imposto a vários setores da sociedade. Por exemplo, crianças de escolas (e seus professores) foram obrigados a fazer este teste. Não adianta criar programa educacional para tornar os meninos mais viris se você fica enfiando coisas no cu da criança desde a mais tenra idade, não é mesmo?

Talvez agora a gente entenda a massiva colaboração da população no lockdown da China. Se eu corresse esse risco não sairia de casa nem para comprar comida, pediria pizza e mandaria o entregado passar por debaixo da porta. Eu achava que eram as armas, as ordens de atirar para matar, o policiamento repressivo, mas talvez seja apenas o medo do swab anal.

Normalmente os países adquirem essa monstruosidade para casos excepcionais, como por exemplo, bebês, pessoas entubadas, pessoas com alguma deficiência intelectual que não permitam realizar o exame pela outra via e alguns outros casos excepcionais. Mas, se a situação apertar, é possível que a humanidade cometa a insanidade de transformar essa desgraça retal como padrão, com a justificativa de que o resultado é mais assertivo.

É mais seguro na hora de detectar o vírus? Sim. Mas para ter um percentual maior de acerto é válido destruir por completo a dignidade da pessoa humana? Não. Não aceite essa indignidade, já não basta o horror que foi o ozônio no cu? Se vierem com esse papo de swab anal aí no Brasil, sugiro que peguem em armas.
Vamos agora às fascinantes perguntas do C.U:

Se tentarem enfiar essa porra no meu cu, legalmente, eu tenho o direito a recusar?

No Brasil sim. Se você estiver consciente e de posse de suas faculdades mentais, não pode ser obrigado a realizar um exame. Pode até ser penalizado por não realizá-lo (ser impedido de entrar em algum lugar, por exemplo), mas ninguém pode pegar à força e enviar um swab no cu do C.U.
Porém, em outros países pode ser obrigatório. Na China, por exemplo, você não vai ter muita escolha. Então, antes de viajar para qualquer lugar, observe as normas de tratamento dos turistas que chegam à cidade.


Pode acontecer dos cotonetes testes de nariz acabarem (eles estavam em falta) e o mundo todo ser obrigado a usar o teste anal por falta de opção?

Não, pois os cotonetes são os mesmos. Se acaba para o nariz, acaba pro cu também.


Qual é o tamanho do cotonete que enfiam no cu? Colocam lubrificante antes?

O swab que vai na bunda é o mesmo swab que vai no nariz. O tamanho do cotonete é grande, mas o que entra na bunda é a parte com algodão, que tem entre 2 e 3 cm.
Não, não colocam lubrificante antes de enfiar, pois poderia comprometer o resultado do exame. Mas o cotonete não entra a seco, ele é mergulhado em uma solução salina antes de ser introduzido no ânus.


Quanto tempo a pessoa fica com o cotonete enfiado no cu?

Em tese, se tudo correr dentro da normalidade, o exame demora cerca de dez segundos, tempo no qual o swab é girado para colher melhor o material. Alguns países fazem uma dupla verificação, portanto, colhem duas vezes, o que daria um total de dois turnos de 10 segundos de cotonete rotatório no cu.


E se não tiver merda no meu cu, o que acontece? Podem enfiar o cotonete ainda mais para dentro?

Veja bem, eles não precisam de um tolete, precisam de partículas de merda.

Sempre tem alguma quantidade de merda no seu cu. A menos que você faça uma chuca com álcool 70, sempre sobra algo lá dentro.

Não estamos falando da bunda (que é o lado de fora) nem do orifício de saída e sim da cavidade anal. Ninguém tem por hábito (acredito eu) limpar 3 cm cu adentro cada vez que caga e, anatomicamente, nem acho que seria possível. Se alguém o faz, por favor, guarde para si esta informação, eu realente não quero saber.

Lamento profundamente por este texto. Semana que vem será melhor.

Para dizer que também prefere morrer em casa a passar por isso, para perguntar se não pode cagar num pote e eles passam o cotonete no pote ou ainda para reclamar que você estava comendo quando começou a ler este texto: sally@desfavor.com

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