C.U.radoria de Conteúdo: Des Contos.

Saudações anais.

Caro Somir, passei anos aguentando seus contos de ficção científica, e sempre senti falta de contato humano neles. Por isso, peço para que escreva um conto erótico. Como você é nerd, eu vou ser bem claro: o conto deve ser baseado em situações de cunho sexual e ter pelo menos uma descrição de relação sexual.

Mas um dos envolvidos precisa estar com uma diarreia incontrolável. Incontrolável mesmo.

Boa sorte.

JigCU.

SOMIR

Tecnicamente, eu tenho o texto perfeito:

Trellax acorda de mais uma longa noite na Horizon-7, nave colonizadora que partira da Terra há 73 anos, rumo ao segundo planeta da estrela Epsilon Eridani, batizado como Eridani-II. Mas não havia tempo para contemplar a falta de imaginação de quem deu o nome, sua rotina diária o esperava.

Voluntário para um turno de um ano terrestre como zelador da nave, Trellax conseguira um desconto considerável na passagem. Não à toa: o trabalho não era realmente difícil considerando o grau de automação dos sistemas da Horizon-7, mas um ano como a única pessoa acordada do sono criogênico em toda a nave era uma tarefa não só solitária como tediosa.

Em menos de uma hora, todos os sistemas foram confirmados como operacionais, a carga verificada para contaminações diversas, os sinais da Terra e dos satélites de Eridani-II devidamente recebidos… Trellax estava novamente entregue ao marasmo. Ainda faltavam mais de 7 meses para terminar seu turno e as parcas possibilidades de entretenimento destinadas a ele já não cumpriam bem seu papel.

Ainda havia uma biblioteca de livros, vídeos e músicas suficiente para durar séculos, mas nada o interessava depois de tantos meses. A comida não servia como distração, restrita a pacotes de refeições prontas perfeitamente balanceadas, mas totalmente sem graça. Nem mesmo a academia que o ajudou a recuperar o tônus muscular depois de décadas congelado fazia mais efeito em seu humor.

Trellax só encontrava algum alento na Cabine. A Cabine era uma área isolada nas entranhas da nave, construída de forma a não chamar muita atenção, mas provavelmente o destino mais comum para todos os voluntários durante seus turnos. Depois de mais um almoço sem graça, Trellax seguiu pelos corredores num zigue-zague entre os setores de suporte à vida, num caminho que sua mente já decorara.

A Cabine ficava numa sala sem marcações, vazia senão por um grande sarcófago metálico, parecido com as câmaras criogênicas, mas com um objetivo bem diferente: gerar algum conforto para mentes cansadas da rotina e sedentas por estímulo sexual. Seu sistema se integrava à mente do utilizador, gerando imagens e sons realistas, e até mesmo algumas sensações rudimentares estimulando áreas específicas do cérebro.

A tecnologia não era exatamente legal, embora estimuladores neurosexuais fossem lugar comum na Terra quando partiram, duras legislações controlavam as cenas possíveis, evitando fantasias consideradas muito violentas ou ilegais. A Cabine não tinha nenhuma dessas restrições, utilizando um software pirata com opções ilimitadas. Quem a colocou ali sabia que homens e mulheres privados de contato humano por tanto tempo precisariam de muito mais que o pacote habitual para aguentar a missão.

Trellax aperta um botão na lateral do objeto, e suas portas se abrem. Ele se aninha entre os braços metálicos da Cabine, e encaixa a cabeça dentro de um capacete que se ajusta automaticamente à forma de seu crânio. Em poucos segundos, a imagem fria da sala, com seus jatos de vapor e luz débil dá lugar a um opulento salão de arquitetura árabe. No centro do lugar, uma grande piscina aquecida, e nela várias mulheres sorrindo.

Ele olha para o próprio corpo, está nu, como de costume. Suas companheiras de realidade virtual também. Mulheres dos mais diversos tipos, cores e formas. Elas se movem lentamente, como se estivesse posando para um pintura. Exibem seus corpos igualmente nus para ele, com olhos e sorrisos desejosos. Ele segue em direção à piscina, e logo é abraçado por uma voluptuosa ruiva, seios fartos pressionados contra seu braço. Ele sorri, e percorre as curvas da mulher com a mão enquanto se senta na borda.

Imediatamente, uma esguia morena se ergue da água, cabelos encaracolados impossivelmente arrumados escorrendo, sorriso emoldurado por carnudos lábios vermelhos. Ela se aproxima de Trellax, os braços enroscados em suas pernas, e se aproxima de seu membro. Dois profundos olhos verdes brilham ao fazer contato com os seus. Ela faz menção de oferecer sexo oral, aproximando a boca do pênis de Trellax. Dentro da cabine, ereções nunca falham, e são alcançadas por mera vontade do dono.

Mas depois de meses, Trellax não sente mais a mesma alegria com aquele lugar. Nas primeiras semanas, passava quase o dia todo ali, recebendo os prazeres de dezenas mulheres baseadas em todos seus gostos. Ultimamente, não mais que uma hora por vez. Ele olha para a mulher sedenta pelo seu sexo e não vê mais a graça de outrora. Ao invés de dar a ordem para iniciar uma ereção, ele levanta a mão direita e faz um gesto específico pinçando os dedos, como se estivesse apertando algo.

O harém desaparece, dando lugar a uma sala estéril, com altas paredes brancas e uma cadeira ao centro, sobre um tapete persa. Trellax está sentado nela, com o uniforme padrão da tripulação.

“Bem-vindo ao sistema neurosexual ExP. Você deseja fazer alguma alteração?” – diz uma voz feminina.

“Eu quero… uma… eu… sabe do que mais? Eu não sei o que eu quero!”

“Comando não reconhecido.” – ela responde depois de alguns segundos.

“Posso ver os cenários criados para as pessoas que vieram antes de mim?”

“Os cenários de cada utilizador são protegidos pela legislação de privacidade universal, artigo 2, podendo ser acessados apenas por autorida…”

“Menu especial” – ele faz mais um sinal com a mão, abrindo e fechando todos os dedos da mão três vezes.

“Opção?” – a voz se torna muito mais robótica.

“Histórico de cenários.”

Diante dele, aparecem vários quadros com pequenos filmes passando, todos de natureza extremamente sexual. Eles formam um cilindro ao seu redor, girando lentamente. Pode ver desde cenas relativamente inocentes como um casal fazendo sexo numa cama de forma apaixonada como algumas fantasias bem violentas. Numa delas, um homem é esquartejado enquanto urra de prazer, em outra, uma mulher retira seus órgãos internos através do umbigo, lentamente.

“Remover opções com violência nível 3 ou mais.”

Outras imagens vão assumindo o lugar das que desaparecem. Ele percebe de relance o corpo nu de uma criança.

“Remover opções com menores de 18.”

Várias imagens desaparecem. Ele suspira contrariado. Continua observando as cenas até que uma chama sua atenção. Automaticamente, a Cabine a coloca em foco. Uma mulher de feições orientais aparece sentada numa pequena sala de estilo japonês. Ela está sobre um tatame, vestindo um kimono de cores vibrantes, rosto esbranquiçado e cabelo preso como uma verdadeira gueixa. Ela sorri de forma tímida. A imagem dá um salto rápido.

“Gostei dela, eu quero entrar nessa.”

“O cenário foi sobrescrito em partes e pode estar corrompido. Deseja continuar?”

“Sim.”

Trellax está vestindo um robe, sem nada por baixo. A gueixa se levanta graciosamente, e com um gesto manual, o convida para se sentar no tatame. No centro dele, uma pequena mesa apoia uma chaleira e duas xícaras. Trellax se anima com a novidade e vai chegando perto da mulher. Suas mãos buscam pelo vão do kimono, tentando sentir as pernas dela.

Ela dá um tapa delicado em sua mão. Seu sorriso terno se transforma em reprovação, mas em claro tom de brincadeira. Ele sorri e obedece. Deveria ter pensado nisso antes: tem mais graça se a mulher não for tão fácil. Ela vai até o outro lado da mesinha e se abaixa para pegar a chaleira.

“Oh, não, acabou o chá.”

“O que vamos fazer?” – Trellax começa a gostar da brincadeira.

“Eu faço mais chá para o senhor, mestre.”

Ela, num movimento fluido, levanta o kimono, exibindo o corpo nu por baixo. Ele sobe até sua cintura, exibindo a pele lisa e muito branca em contraste com os pelos pubianos, frondosos e negros como a noite. Ele toma mais uma nota mental: fazer todas as mulheres depiladas na sua fantasia tornava tudo muito parecido. Ele espera ansioso pelo próximo movimento de sua companheira.

Ela levanta a tampa da chaleira, passa a perna para o outro lado da mesa e se abaixa sobre ela. Ele pode ver seu sexo se abrindo pelo movimento, ela parece compenetrada no que está fazendo. Até que ele finalmente entende o que está acontecendo.

Ela começa a urinar na chaleira. Um fluxo poderoso que começa a respingar por todos os lados. Trellax fica estático. Ela urina por alguns segundos, o suficiente para encher a chaleira. Com mais um movimento, junta as pernas e abaixa o kimono. Trellax está com os olhos arregalados, em dúvida se faz contato visual com ela ou não.

“Agora, eu te sirvo o chá, mestre.”

“Sabe do que mais? Eu acho que…” – ele faz o gesto de fechar novamente.

Mas dessa vez, nada acontece.

“Mestre, o senhor não vai me desonrar de não experimentar meu chá, não?”

“É… eu não estou com vontade de chá…”

Ele faz o gesto novamente. Nada.

“Então o senhor deseja a sobremesa?”

“Sistema, fechar. Sistema… fechar!”

“Vou servir do jeito que o mestre mais gosta.”

Ela abre o kimono, exibindo o corpo nu. Quem quer que tenha criado ela, sabia o que estava fazendo. Belos seios e curvas, sem exageros. Por um momento, ele até esquece que estava tentando sair dali. Para tornar a missão ainda mais difícil, ela se aproxima com um olhar sedutor. Antes que ele tenha muita ideia do que estava acontecendo, ela já havia tirado seu robe e deitado por cima de Trellax.

Com movimentos suaves, ela começa a massagear seu corpo, usando o dela para gerar o máximo de contato possível. É como se o corpo dela fosse capaz de deslizar sem atrito sobre o dele. Ele decide que era apenas um fetiche estranho de outra pessoa, mas não era motivo para desistir de tudo. A parte da massagem estava excelente. Ele dá a liberação mental para ter uma ereção, o que ela percebe imediatamente.

A gueixa se vira, ainda por cima de Trellax. Ela fica de costas, sentada sobre ele, quando guia seu membro para dentro de si. Trellax relaxa e começa a curtir o movimento.

“Está na hora do chocolate.” – Ela diz antes de rir de forma tímida.

“Chocolate?”

De um pequeno e delicado ânus que até a pouco mal chamava sua atenção, um jato dantesco de uma grossa substância marrom voa em direção ao seu corpo. Primeiro atingindo sua barriga, depois subindo enquanto ela inclinava o corpo, até atingir seu rosto. O cheiro era terrível. O gosto, pior ainda. Até o som seria capaz de embrulhar o estômago.

O jato de diarreia finalmente se acalma. Trellax leva as mãos aos olhos, tentando limpar o excesso antes de abrir novamente os olhos. Quando o faz, vê a mulher ainda posicionada, com o buraco agressor apontado firmemente em sua direção. Ele tenta se desvencilhar da chave de pernas criada pela gueixa, mas não tem a força necessária. O peso dela parece aumentar na medida da força que faz.

“SISTEMA! Ptuu… plff… SISTEMA! ENCERRAR!”

A imagem começa a se desfazer, mas antes que a cena da sala branca consiga se materializar, um clarão com um som metálico toma seus sentidos. Ele se vê de volta sob as garras da gueixa.

“O mestre quer mais?”

“NÃO!”

O ânus dela se abre lentamente, o corpo da pequena gueixa tremendo em antecipação. Trellax tenta escapar mais uma vez, mas impedido pela força sobrenatural daquela mulher, apenas fecha os olhos. O som de líquido e gás sob pressão chega antes do impacto, direto em sua cara. Ele vira o rosto para tentar livrar o nariz, esquecendo até que estava numa simulação.

O fluxo de matéria fétida continua por segundos, minutos… horas. Depois de tanto tempo, a voz da gueixa pode ser ouvida por trás da cacofonia diarreica num riso repetido, como se fosse um disco riscado. A sala onde estavam começa a inundar, num mar marrom de cheiros e visões traumatizantes.

Nada da diarreia da gueixa terminar, nada da força descomunal em suas pernas ceder. Trellax começa a flutuar naquele líquido repulsivo, até que finalmente o peso dela sobre seu corpo força os dois a virar de ponta cabeça, ele começa a sentir sinais de afogamento, por mais que tente evitar engolir, é impossível. A sua cabeça começa a ficar leve, o corpo também. Eventualmente, ele perde a consciência.

“Argh!”

Trellax acorda, dentro da Cabine. Ele levanta o braço para ver quanto tempo ficara lá. Dezesseis horas. Solta o capacete e sai lentamente de dentro da máquina. Ele olha para baixo e percebe a calça manchada. Com uma expressão envergonhada, ela se afasta dali, ainda processando o acontecido.

No dia seguinte, Trellax completa todas suas tarefas e volta para a Cabine.

Para dizer que esse foi o pior conto erótico do universo, para dizer que odeia o C.U., ou mesmo para dizer que nojento é o nome dele: somir@desfavor.com

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