Dúvida infantil.

Crianças fazem perguntas, é da natureza desses pequenos seres. Mas às vezes as perguntas são muito mais complexas do que elas presumem, e feitas para pessoas “erradas”. Sally e Somir discutem o melhor caminho caso você seja essa pessoa errada. Os impopulares respondem sem medo.

Tema de hoje: Se uma criança do seu convívio (filha de amigos ou parentes, por exemplo) te faz uma pergunta sobre um assunto delicado (morte, de onde vêm os bebês etc.), você responde?

SOMIR

Sim. Conhecimento faz bem por definição, se a pessoa que o recebe ou aqueles ao seu redor não souberem lidar com ele, problema deles, não meu. Eu honestamente acho errado não fornecer informações para quem as solicita, e no caso de crianças, é provavelmente o desejo mais puro e honesto de aprender que vamos ver nas nossas vidas.

A humanidade só funciona (e apesar dos pesares ainda funciona) porque aprendemos a duras penas que compartilhar informações é a forma mais confiável de manter a espécie evoluindo. Se depender de mim, vamos continuar nesse caminho. Sem contar que eu acho um desperdício eu não usar o meu maior poder (e também meu maior defeito): eu consigo responder qualquer pergunta.

Eu não consigo responder com exatidão qualquer pergunta, é importante ressaltar, mas abrindo mão desse pequeno detalhe, eu garanto que sem resposta ninguém fica ao meu lado. Existem muitas ferramentas disponíveis na mente para saciar as dúvidas alheias: conhecimento real, presunção ou mesmo mentiras bem fundamentadas. Como já disse antes em textos, trabalho com o conceito de “melhor resposta possível” para estabelecer meu senso de realidade.

A melhor resposta possível nem sempre corresponde à realidade, mas se esforça para chegar lá. É aquela história de mirar nas estrelas, e se errar, acertar a Lua. O meu conhecimento geral é vasto o suficiente para apontar na direção certa na imensa maioria das vezes. Já aprendi que não adianta explicar para as pessoas que tudo nessa vida é cheio de nuances e contextos, então acho mais fácil simplesmente responder com a melhor das minhas capacidades, e se a pessoa quiser se aprofundar, que o faça no seu próprio tempo.

E se trato adultos desse jeito, não vejo problemas de tratar crianças assim também. Crianças são adultos extremamente ignorantes, só isso. O cérebro é basicamente a mesma coisa, as partes são as mesmas, só que menores. Obviamente uma resposta tem menos informação prévia para se conectar na mente da criança, mas não é como se os neurônios delas não sejam capazes de absorver informações. Aliás, o fazem até melhor que os adultos!

Claro que existe o bom senso de não passar uma informação obviamente angustiante para quem não tem capacidade de lidar com ela, mas, francamente, não sei qual a dificuldade… todo mundo foi criança. Você tem uma boa noção de quando está falando algo escroto para uma ou não. Todo mundo sabe botar medo em criança ou dizer algo que as deixa se sentindo mal, é só fazer o contrário. Você é um adulto, você sabe muito bem o que dizer, o que omitir e o que enfeitar. Impossível não conseguir imaginar o funcionamento de uma mente tão mais atrasada que a sua.

Vou falar algo que ninguém gosta de pensar, mas que é a mais pura verdade: adulto sabe quando está falando merda pra criança. E normalmente quando o faz, está desequilibrado. E não precisa de tanto drama, criança é um bicho resistente, que se distrai em segundos com qualquer objeto brilhante. Sim, acontece de às vezes a pessoa dizer uma merda daquelas pra criança por estar numa hora ruim, crianças precisam lidar com a parte ruim da vida também (na medida que elas aguentam).

Só puxo essa tangente para quebrar o argumento que é possível dizer algo horrível e traumático para uma criança por mera distração. É possível errar a mão por um estado emocional problemático, mas não por não usar “as melhores táticas pedagógicas”. Isso é bônus, não o básico. Criança pode ouvir coisas além de sua capacidade, ou às vezes meio assustadoras sem virar um poço de traumas. E francamente, só cresce sem nenhum trauma se passar a infância toda em coma. Se você saiu só com um ou dois da sua criação, seus pais são o mais próximo da perfeição possível.

Se me perguntam qualquer coisa, eu respondo. É parte do desenvolvimento humano, a criança vai passar por mais pessoas que fazem a mesma coisa que eu, e muitas delas podem não ter a mesma habilidade de aponta-las na direção certa. Caguei se os pais não acham que é a hora de falar de tal assunto, eu não estou conversando com os pais. A criança veio falar comigo. Eu não vou passar a vergonha de dizer que não sei algo que eu claramente sei só para proteger um plano de criação que não me foi comunicado.

Se não quiserem que a criança fale de um assunto, que me avisem de antemão. Eu pelo menos posso responder a verdade: “não posso falar disso com você porque seus pais proibiram”. Agora, se eu não fui informado explicitamente para esconder informação, eu vou compartilhar. Não precisa descrever uma relação sexual em detalhes gráficos para falar sobre de onde vem os bebês. Já pensou que falar sobre DNA pode ser um bom caminho? Eu não sou obrigado a dar o curso completo, sou só uma pessoa aleatória na vida daquela criança. Posso responder à pergunta como quiser. Tem muita coisa pra ter medo nessa vida, criança não é uma delas.

E se você estiver com vontade de brincar, pode até responder algo completamente insano para dar uma sacaneada nos pais. Não precisa contar uma história horrível para fazer a criança chorar, só colocar algum elemento aleatório na história para fazer os pais ficarem perdidos por alguns instantes quando a criança repetir. Pode dizer que depois que morre, volta pra tela de seleção de personagens, e se conseguir fazer muitos pontos nessa vida pode escolher um elfo ou um dragão para a próxima.

É uma criança! Ela acredita em tudo, mas tem a memória de um peixinho dourado. Não tem perigo nenhum de você deixar alguma informação totalmente bizarra na mente dela agora, ela não sabe muito bem a diferença entre imaginação e realidade. E para amarrar esse argumento: criança não vem te perguntar de onde vem os bebês do nada, ela já perguntou em casa e não deu certo por algum motivo. As dúvidas surgem mais ou menos nas mesma idade entre todas elas, e se chegou em você é porque alguém amarelou na casa onde ela vive. Acho uma punição muito válida você abrir o assunto e forçar os pais a lidarem com isso de uma vez por todas. Da próxima vez, responde em casa do jeito que acha correto antes de deixar a dúvida ir parar na mão de uma pessoa de fora.

Se tivesse a profissão de responder pergunta difícil pra criança, eu aceitaria. Se quiser me assustar, vai precisar ter muito mais músculos que eu!

Para dizer que vai encaminhar as dúvidas dos seus filhos pra mim, para dizer não responde porque não sabe mesmo, ou mesmo para dizer que quem fodeu que se foda: somir@desfavor.com

SALLY

Se uma criança do seu convívio (filha de amigos ou parentes, por exemplo) te faz uma pergunta sobre um assunto delicado (morte, de onde vêm os bebês etc.), você responde?

Não. No máximo digo “Meu amor, eu não sei! Vamos perguntar para a sua mãe/pai?” (aquela pessoa do casal com a qual eu tenha maior intimidade). Se eu quisesse ter o trabalho de me informar sobre a melhor resposta e os tempos certos para contar coisas a crianças, eu teria filhos.

Cabeça de criança é um mistério para mim. A forma como crianças absorvem informação e compreendem/constroem o mundo em que vivem é um processo completamente alienígena, provavelmente por nunca ter convivido com uma criança na minha vida. Então, eu não me sinto apta a revelar ou explicar alguma coisa sem saber qual será o impacto disso na cabeça da criança. Não serei eu a estragar, traumatizar ou assustar o filho alheio.

Além disso, explicar coisas para crianças demanda tempo e didática que eu não estou disposta a ceder. Você responde uma coisa e vem outra pergunta por cima, às vezes até pior. Quem pariu Mateus que o responda. Não, obrigada. Vamos perguntar para sua mãe ou para o seu pai, eles passem a informação do jeito que acharem melhor.

E, para completar, existem perguntas para as quais não existe uma resposta certa. Por exemplo: “O que acontece quando a gente morre?” Quem te responde isso aí, tem que pensar duas vezes, pois ninguém morreu e voltou para contar. De posse de todas as informações e vivências que cada um tem, a gente constrói o que acreditamos ser a hipótese mais provável, mas vai explicar esse disclaimer para uma criança! Muito mais fácil e seguro seguir meu caminho: “Eu não sei responder, vamos perguntar para sua mãe/pai?”.

A grande questão é: por mais que você saiba como os pais da criança pensam, você não vai saber exatamente a linha temporal que eles escolheram para lidar com certos assuntos complexos, que exigem uma capacidade mental, entendimento ou abstração que a criança pode não ter. Eu sei que meus amigos não acreditam na existência de Papai Noel, por exemplo, mas não sei com que idade eles querem revelar isso a seus filhos.

Acho invasivo entrar nesse terreno. Responder a perguntas complexas é tarefa de pai e mãe pois elas podem ter desdobramentos que vão muito além de saciar uma curiosidade momentânea. Eles conhecem seus filhos: os medos, o contexto, o momento de vida. Uma frase dúbia, uma palavra mal interpretada, uma coisa dita de forma truncada podem gerar um enorme conflito ou preocupação na cabecinha em desenvolvimento de uma criança. É tarefa dos pais foder a cabeça da criança, não minha.

Se escrevendo coisa aqui, supostamente para adultos, a gente já causa estragos involuntários, imagina o que não pode acontecer em uma mente em formação. Se respondendo perguntas para adultos a gente já causa ira, ódio e hate aqui, imagina o tipo de emoção que não pode desencadear em uma criança. Não, não, é muita responsabilidade e eu não quero isso para mim.

É algo que eu sempre digo abertamente a todos, desde família a amigos: eu não me oponho a, eventualmente, passar um tempinho com uma criança caso eu tenha tempo, vontade e bom humor. Se tiver que brincar, a gente brinca. Se tiver que assistir um desenho, a gente assiste, se tiver que desenhar, a gente desenha (e certamente a criança, em qualquer idade, vai desenhar melhor do que eu).

Mas cagou na fralda, chorou ou demandou qualquer coisa desagradável de lidar, aí é com a mamãe e com o papai, pois não é minha responsabilidade. Eu não vou limpar cocô, não vou acalmar criança em fúria, não vou arcar com nenhuma responsabilidade pedagógica. Tia Sally é pura diversão, o resto que papai e mamãe lidem.

E responder a perguntas complexas, na minha opinião, entra nesse quesito de responsabilidade, de educação, de coisa séria da qual eu definitivamente não quero participar. Quem tem filhos provavelmente vai experimentar alegrias que eu jamais vou conhecer, então, acho justo desconhecer os desgostos, o trabalho e a encheção de saco também.

É um misto entre não querer pisar na grama do vizinho, invadindo seu espaço e não querer ter o trabalho de fazer o que é necessário. Não quero causar problemas, conflito ou traumas nem para a criança (nem para os pais) e também não quero perder meu tempo pensando e explicando a melhor resposta que entendo pertinente ao caso.

É também uma pontinha de humildade: eu sei que tenho conhecimento zero de crianças, tanto é que dificilmente vocês vão encontrar um texto meu aqui falando sobre como lidar com elas. Não conheço e não tenho o menor interesse em estudar sobre, acho um assunto chato. Se eu não conheço o assunto, não tenho capacidade para decidir o melhor a fazer.

Se o carro de um amigo para no meio da rua e ele me pede para abrir o capô e identificar o problema eu não vou fazer, pois as chances de o carro pegar fogo ou explodir são muito maiores do que a ínfima chance de que eu reconheça e solucione o problema. Eu não entendo porra nenhuma de carros, logo, eu não me meto a mexer com carros. O mesmo vale para crianças ou qualquer outro assunto que eu desconheça e tenha completo desinteresse em aprender.

E, revertendo a situação, hipoteticamente, eu ficaria muito puta se eu tivesse um filho e um amigo meu respondesse a uma pergunta difícil da criança. É minha prerrogativa decidir o que contar, quando contar e como contar. Eu sou capaz de dar na cara de alguém que dá comida para meu cachorro sem me pedir autorização, imagina em uma situação dessas, muito mais grave. Ia correr atrás da pessoa com um lança-chamas.

Então, ante o meu total desconhecimento sobre crianças e maternidade, me resta adotar a postura coerente com o que eu acho que hipoteticamente eu gostaria que façam comigo. Deixem os pais decidirem.

Para dizer que é pai/mãe e ama quando alguém resolve esse problema por você, para dizer que tanto faz quem vai desconversar e fazer a criança esquecer do assunto ou ainda para dizer que a melhor solução é fingir um desmaio: sally@desfavor.com

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Comments (12)

  • Eu não respondo. Nunca gostei de perguntação de criança e prefiro deixar que o pai e a mãe carreguem esse fardo. Também não quero correr o risco de pais religiosos ou superprotetores virem me acusar de estar “ensinando coisa errada” pros seus fedelhos.

    • Eu ainda acho que, dependendo da pergunta e da idade da criança, até dá para responder, tentando falar de forma simples, generalista e objetiva. Mas, realmente, pais que são muito religiosos e/ou superprotetores – quando não são as duas coisas ao mesmo tempo – são um problema sério: para a própria criança, para quem quer que conviva com essa criança e até, muitas vezes, para eles mesmos…

  • Mil perdões! Eu não li direito a premissa do artigo (se uma criança do seu convívio, sem ser filho).

    Bem… minha resposta não muda mesmo assim: responderia sim. Só que no caso especial de perguntas de cunho sexual, eu faria como a Sally: encaminharia o(a) curioso(a) pros pais, pois sexo é um tabu no mundo ocidental que não vai deixar de sê-lo pelos próximos 50 séculos. Tirando isso, creio que quaisquer outras perguntas infantis(*) poderiam ser respondidas sem maiores problemas por alguém próximo a uma criança.

    (*) supondo-se questionamentos “normais” feitos por crianças “normais”, ficando o conceito de “normal” ao gosto do leitor interpretar.

  • Respondo sem pestanejar. Aliás, meu filho mais velho perguntou justamente por esses dias como ele nasceu. E até acho que ele fez essa pergunta tarde demais (ele está com 9 anos), o que me facilitou bem explicar isso pra ele. O guri ficou meio espantado de saber que uma garota não tem o mesmo “aparato sexual” que ele, mais ainda de saber como se dá o processo (cuja explicação tirei de um livro infantil muito bom sobre educação sexual – coisa absolutamente necessária nas escolas), mas também, depois disso, ele sossegou e não tocou mais no assunto.

    Eu, hein? Melhor eu ou a mãe explicar isso pra ele do que ele descobrir por conta própria no xVideos!

  • Pai se exclui de responder essas dúvidas dos filhos. Como mãe, coube a mim responder e fiz com maestria o que me foi negado até os 18 anos pela minha mãe.
    Aos 3 aninhos, comprei livrinhos com figurinhas ilustrativas de bebê na barriga da mãe, dei aos meus filhos que folhearam, perguntaram, respondi e boa.
    O nome do livrinho é: “como vim ao mundo”
    Missao cumprida.
    Sobre a morte: a resposta foi: não sei. As teorias são religiosas. A minha teoria não serve para vocês.
    Quando crescerem criarão as suas próprias teoria.
    O tempo passou, as deles sao iguais as minhas e diferentes das do pai.
    10 para mim e zero para o pai.

    • Gostei. Especialmente da sua resposta sobre a morte, Io. Pergunta de criança nem sempre é fácil de responder – ainda mais essa – e você se saiu bem.

  • Por experiência própria, eu não respondo. Exemplo: uma criança me perguntou se eu acreditava em Deus, eu, na minha honestidade, respondi que não. Resultado: a criança falou para os pais, os pais me esculhambaram, levei uma bronca dos meus superiores e quase fui demitida. Valeu a pena? Não valeu. Agora, se alguma criança me pergunta algo, eu simplesmente respondo que “não sei”, “nunca parei pra pensar nisso” etc. E tem casos onde a criança não te pergunta nada, mas numa infeliz ocasião escuta você conversando com outro adulto, isso também pode causar problemas. Exemplo: eu estava conversando com meu pai e uma criança escutou eu dizer que “meu ouvido não era penico”, após eu rejeitar um convite para um culto evangélico. Resultado: a mãe ficou furiosa pois a criança não queria mais ir para a igreja por causa do que ela escutou. Alguns familiares criaram ódio de mim e nem falam mais comigo (não que eu faça questão). Criança não tem discernimento e pode contrariar os pais caso aquilo entre na cabeça delas, então, muito cuidado.

    • Já passei por problema parecido envolvendo pais, e, embora tenha uma tendência ou uma vontade de responder, prefiro me segurar e ficar calado. Não quero lidar com encrenca de pais alheios depois.

  • Eu não respondo, deixo esse pepino pro pai e a mãe da criança, porque eu me lembro das abobrinhas que falavam pra mim. Quando pergutei pra um adulto de o de vem os bebês, me falaram que era do amor do pai e da mãe. Imagina eu pirralho com medo de me apaixonar na escolinha e a menina engravidar! Eu já tinha ouvido que pai paga pensão e eu não tinha dinheiro. Veja meu drama!

  • Essa questão é mais difícil do que parece à primeira vista e sinto que, embora vocês talvez não gostem de um posicionamento como o meu, eu, mais uma vez, vou ficar em cima do muro. Como para mim a resposta para o tema de hoje é “depende”, no plano geral, eu tendo a concordar com a Sally; mas, no específico, fico, ainda que só parcialmente, com o Somir. Tentando explicar melhor: esse meu “depende” significa “depende tanto da pergunta quanto da idade da criança”. Se for algo que cuja resposta esteja ao meu alcance, eu adoto uma postura semelhante à do Somir, embora eu prefira não dizer sobre mim algo como “o meu conhecimento geral é vasto o suficiente para apontar na direção certa na imensa maioria das vezes” porque o meu modesto saber não chega a tanto. No entanto, como ele, eu também creio no poder do conhecimento e, ao tentar elucidar a dúvida da criança, tentaria ser o mais generalista e objetivo possível, até porque creio que provavelmente lhe faltaria paciência e capacidade para entender complexidades como nuances e contextos. Agora, se a pergunta for sobre um assunto mais pedregoso ou que eu simplesmente desconheça, ajo como a Sally: digo que não sei – porque são os pais e mais ninguém quem têm que saber quando e como falar com sua prole sobre certas coisas – mas, conforme a conveniência no momento e a minha simpatia pelo petiz, até posso sugerir: “porque a gente não tenta descobrir a resposta juntos, hein?”

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