Não é aceitável.

Quando se vive em uma bolha, ambiente, país ou sociedade que normaliza certos comportamentos, fica muito fácil confundir o que é certo do que é errado, o que é aceitável do que o que é inaceitável e o que é normal do que é um abuso.

Acredito que esse seja um dos motivos pelos quais tantas pessoas que vivem no Brasil tem muita dificuldade em se adaptar quando vão morar no exterior (ou nem conseguem, e acabam voltando). É um novo código social, completamente diferente, a menos, é claro, que o país seja tão informal, bagunçado e eticamente flexível como o Brasil.

Então, a quem interessar possa, vou fazer um guia do que não é aceitável em países menos informais, bagunçados e eticamente flexíveis. Não para recriminar ninguém, mas para ajudar mesmo. Quando se cresce no Brasil, fatalmente alguns hábitos ruins entram no nosso dia a dia sem que a gente sequer perceba. Eu mesma tive que me reajustar depois que saí do país.

Se você faz qualquer dessas coisas, por favor, não se ofenda. Sagrado direito seu se comportar da forma que achar melhor. Apenas saiba que em outros ambientes isso será muito malvisto, fechará portas e, em alguns casos, renderá multa e um processo. Vamos ao guia.

Não é aceitável promover qualquer tipo de barulho que interfira na vida alheia como forma de lazer: botar música alta em casa de modo a que o vizinho escute, botar música alta no carro de modo a que a vizinhança escute, gritar, soltar rojão, permitir que um animal de estimação faça esse tipo de barulho ou qualquer outra fonte geradora de ruídos.

E, saibam, o limite de decibéis que o brasileiro considera aceitável é imprestável. Um ambiente salubre deve ter, segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 60 e 70 decibéis, acima disso começa a causar danos. Então, se você pensa em sair do Brasil para algum lugar sério, faça um favor a si mesmo: baixe gratuitamente qualquer aplicativo medidor de decibéis no seu celular e deixe ligado.

Quando você passar de 60, no que quer que faça, está sendo mal-educado e inconveniente. Para a maioria das pessoas vai parecer impossível, mas, acreditem, é bem possível e bem agradável viver em uma casa de 60 decibéis.

Não é aceitável furar fila, em nenhum momento, sob nenhuma justificativa. Você pode me contar a história mais triste do mundo, a pior urgência, que não vai me fazer mudar de ideia.

Se realmente aconteceu algo de grande porte, a coisa educada a fazer é explicar a situação para as pessoas que estão na fila e, caso alguém queira ser gentil e trocar voluntariamente de lugar com você, tudo bem. Se não, vá embora e volte outro dia com mais tempo. Uma vida civilizada requer planejamento.

Falando nisso, é mal-educado se atrasar. Sempre. Esse papo de “tolerância de 15 minutos” é uma aberração. Marcou tal hora? Chegue tal hora. Imprevistos acontecem com todo mundo, eu entendo que não dá para ser pontual em todos os compromissos da sua vida, mas, senso o caso, ligue e comunique o atraso e ofereça a pessoa a possibilidade de te esperar o remarcar.

E tenha em mente que imprevistos acontecem raramente, atraso crônico não é imprevisto, é erro na administração do seu tempo, o que também é muito malvisto: coisa de adultinho que não é funcional, que não sabe administrar sua vida.

Vale o mesmo quando você for anfitrião. No Rio e Janeiro, quando te chamam para uma festa às 20h, se você chegar às 20h encontra o anfitrião no banho e a comida ainda cozinhando. Isso não reflete a regra mundial de boa educação. Se você estiver em um lugar civilizado e marcar às 20h, esteja com tudo pronto para receber a pessoas às 20h, pois provavelmente é a hora em que a pessoa vai chegar.

Ir a uma festa/evento sem ser convidado é inaceitável. Isso quer dizer que se convidar para qualquer coisa também é. Você pode ir como acompanhante de alguém, caso o convite tenha essa previsão (como é o caso, no geral, de convites de casamento). Caso contrário, o mais longe que se pode chegar é que a pessoa que conhece o dono da festa, se tiver muita intimidade com ele, ligue e pergunte se pode te levar.

Se você nem conhece ninguém relacionado com o dono da festa e não foi convidado, não apareça no lugar e se poupe do vexame. Essa coisa de “onde comem um comem dois”, esse constrangimento em barrar pessoas, essa permissividade de querer seu evento lotado com qualquer merda, não é regra mundial. Você vai ser barrado ou vai passar uma vergonha ainda pior.

E, mesmo convidado, se for a uma festa onde há obrigação social ou lista de presentes (como costumam ser as festas de casamento) não vá sem comprar nada da lista. Não quer comprar? Beleza. Não vá. É uma troca, uma contrapartida: a pessoa gasta em comida e evento e espera que você gaste em presente em troca. Sua presença não é um presente e não é relevante para valer o gasto que a pessoa fez.

Não vá à casa das pessoas sem ser expressamente convidado. E se for, apareça na hora marcada. Não apareça de surpresa, nem mesmo ligando para dizer que “está passando lá”. Nem todas as pessoas do mundo são aborígenes 100% disponíveis o tempo todo. E se uma pessoa te convidar para ir à casa dela para jantar ou algo do tipo, a coisa educada a fazer é retribuir o convite.

A lei é flexível no Brasil, em países sérios não. Não tem “só dessa vez”, não tem “mas é que”, não tem jeitinho. Estacione só onde pode, circule só onde é permitido, cumpra as regras de vestimentas. Não concorda? Não vá. E, importante ressaltar, normas implícitas e de bons costumes, bem como regras de cada estabelecimento são quase como lei. Se você não concorda, simplesmente não vá.

Chegar bêbado nos lugares não é aceitável, salvo lugares trash onde o nível é esse mesmo, como puteiros ou surubas. Apesar de que eu tenho um amigo que foi expulso de uma suruba em um país escandinavo por estar bêbado, mas, bem, vocês entenderam meu ponto. É vergonha chegar ou sair bêbado de restaurantes, clubes ou qualquer ambiente minimamente respeitável.

Não grite. Nunca. Talvez só em caso de incêndio. Se está interagindo com alguém e a pessoa te desagradou, te ofendeu ou te chateou de alguma maneira, não grite. Em alguns lugares isso dá até polícia. Não há necessidade de se portar como um símio em conflito com um bando rival na floresta.

Converse abaixo dos 60 decibéis e seja civilizado. E não permita que seus filhos gritem também, esse papo de “ah mas é criança” só cola em shithole, existem centenas de países no mundo onde as crianças são educadas e não gritam. Eu fui uma criança que não grita. As crianças da minha família não gritam. Portanto, não venham dizer que isso é impossível. Não é. Inclusive, em muitos países, crianças que não gritam são a regra.

Por falar nisso, quem anda com filhote a tiracolo é canguru e coala. Não leve crianças para programas inadequados. Resolveu ter filhos? Adeque-se e faça os sacrifícios necessários, como por exemplo só frequentar lugar de adultinho quando não estiver com crianças. Quem leva uma criança pequena para assistir um drama de Shakespeare em um teatro merece apanhar com um gato morto até o gato miar.

Certos ambientes mais formais, como por exemplo alguns restaurantes, nem mesmo permitem a entrada, então, a coisa vai bem além do vexame de ter todos os clientes olhando feio e o restaurante pedindo para a pessoa se retirar: nem ao menos entra. Vai comer na calçada como o Bolsonaro.

Lugares que demandam silêncio, como cinemas, teatros e ambientes mais sofisticados (que promovem conteúdo para adultos) não combinam com crianças, pois crianças não sabem se portar neles, ficam entediadas e fazem da vida dos pais um inferno. Melhor não ir, por você e por eles.

Não fale mal das pessoas por suas costas. Isso é esporte nacional no Brasil, mas não costuma ser muito bem-visto em culturas mais aprimoradas. Eu disse cultura aprimorada. Não adianta vir citar aqui países ricos que tem cultura merda onde pessoas falam mal das outras adoidado. A questão não é dinheiro. China é um país rico e as crianças cagam no chão do shopping. Estou falando de ambientes de cultura mais evoluída.

Ficar falando mal dos outros pelas costas passa a impressão ao interlocutor de que, assim que ele virar as costas, você vai falar mal dele também e te torna uma pessoa não confiável. Se não tem nada de bom para falar sobre alguém, seja civilizado e cale a boquinha. Guarde seus comentários desagradáveis apenas para pessoas com as quais você tenha muita, mas muita intimidade.

O mesmo vale para fofoca. Enquanto no Brasil fofoca é um lubrificante social, em lugares melhores ela é vista como algo baixo, mesquinho e desinteressante. Ninguém quer saber quem tem um caso com quem, quem engravidou de quem, quem é gay. As pessoas não terão nem tempo nem interesse nisso, então, tente buscar outras fontes de conversa mais ricas que a vida alheia. Não discuta pessoas, discuta ideias. Não desvalorize quem tem opinião diferente da sua.

E já que entramos no assunto: brigar por política, por futebol ou por qualquer assunto polarizado é coisa de gentalha. Eu sei que quase 100% dos brasileiros o fazem, mas não seja essa pessoa em um país civilizado. É feio, imaturo, é adolescente. Por sinal, qualquer comportamento intenso desse nível, seja briga, seja discussão, seja idolatria, é visto como um comportamento símio.

Essa passionalidade, essa intensidade, esse descontrole sem discernimento são muito malvistos, mesmo que seja para elogiar alguém. Ama o ator fulano de tal? Se controle. Fundar fã clube, tatuar o nome do ator na testa, ficar berrando na porta do hotel? Se você tem mais de 15 anos, vai pegar muito mal. Sentimentos ponderados, ajustados, maduros. Nada de extremos.

Pegar emprestado coisas e não devolver é inaceitável. E, se você não tiver muita intimidade com a pessoa, caso pegue algo emprestado diga o tempo que vai ficar com a coisa e quando pretende devolver. E cumpra, devolva a coisa, no prazo acordado. E se for uma coisa que, de alguma forma pereça, reponha o que você gastou. Ex: pegar emprestado um carro com tanque cheio e devolver com tanque vazio é inaceitável.

O que quer que seus animais de estimação ou crianças façam que interfira na coletividade, gera e você a obrigação de reparar e deixar como estava antes. Vale para recolher o cocô que seu cachorro fez na calçada, vale para pagar a janela do vizinho que seu filho quebrou chutando uma bola. Seus animais e suas crianças são sua responsabilidade, encare tudo que eles fazem como se você tivesse feito.

Palavras como “por favor” e “obrigada” não são opcionais. Olhar os prestadores de serviços nos olhos quando falar com eles também não e, se possível, chame-os pelo nome e trate-os como você gostaria que tratem a sua mãe. Em países civilizados ninguém é “inferior” por fazer este ou aquele trabalho. Não ouse abrir a boca para dizer falas pejorativas como “eu que pago seu salário” ou “por isso que é motorista de táxi”. Em alguns lugares (melhores) do mundo, todo trabalho é digno. Indigno é quem pensa o contrário.

Não mexa no celular se: estiver trabalhando ou no seu ambiente de trabalho no seu horário de trabalho (a menos que seja uma emergência), se estiver conversando com outras pessoas, se estiver dirigindo ou se estiver fazendo qualquer coisa que demande a sua atenção por questões de segurança. E não deixe uma campainha alta tocando, daquelas que quando alguém te liga, meia dúzia de pessoas no entorno infartam de susto. Se for de fato uma emergência, peça licença e atenda o celular ou troque mensagens distante do resto das pessoas.

Não mastigue de boca aberta. Não arrote. Não assoe o nariz à mesa. Não faça barulho mordendo os talheres quando levar comida à boca. Limpe a porra da boca com guardanapo antes de beber no copo. Na sua casa, sozinho, você faz o que quiser, mas na rua tem que agir de forma educada. E, é aquela conversa de mãe: se você fizer errado em casa, inevitavelmente vai acabar repetindo o erro na rua.

Ser amante de alguém casado não é tão natural quando no Brasil. Não dá para dizer que não acontece, mas saiba que as chances de ser um escândalo que deixa sequelas na opinião das pessoas sobre você são grandes.

O mesmo vale para outras infidelidades, em outras áreas: meter atestado falso para não ir trabalhar, mentir para o Governo e coisas do tipo: se descoberto, as consequências costumam ser bem mais graves do que no Brasil. E não fique achando que você é mais esperto que os outros e ninguém vai descobrir, em lugares onde as coisas funcionam direito, fatalmente as pessoas descobrem.

Olha, eu achei que conseguiria, mas já se passaram seis páginas e eu mal comecei a pincelar os comportamentos indesejáveis, então, este texto vai precisar de várias continuações. Mas, posso adiantar que o cerne da questão é uma mudança de mindset, de forma de pensar: “eu faço o que eu quiser” não existe mais na sua vida se você se mudar para um país civilizado. Esqueça.

Você não faz o que você quiser, nem mesmo dentro da sua casa. Existem normas, regras e leis que valem para todo mundo, em todos os lugares e, se você fizer o que quiser dentro de casa, mas violar essas regras e alguém se incomodar, na melhor das hipóteses você pagará uma multa cara – e na pior pode ser preso ou até deportado de volta para o Brasil, o castigo mais cruel do mundo.

“Eu faço o que eu quiser” é o caralho. Você vai fazer o que não foi proibido fazer, o que não prejudicar a coletividade fazer. Não tem essa de “mas eu não concordo com essa lei” ou “mas eu não vejo problema em fazer isso”. Foda-se o que você acha, o que você concorda e o que você vê: a regra é clara e é uma só para todo mundo e você, assim como todos os outros, vai ter que seguir, sem deturpar, sem flexibilizar, sem distorcer.

Inclusive no que diz respeito a hábitos culturais: quando você muda de país, é VOCÊ quem tem que se amoldar à cultura do novo país, e não as pessoas, os estabelecimentos e o poder público do país que tem que se adaptar a você. Vá ciente de que você vai ter que fazer muitas adaptações em seu jeito de viver, em sua rotina e em suas escolhas de vida.

Eu sei que vai ter algum espírito de porco nos comentários para dizer que não sei onde uma pessoa fez não sei o quê que contraria o que eu estou escrevendo. Bem, gente mal-educada tem em qualquer lugar do mundo, mas, felizmente, em alguns países eles são minoria. Não seja você o mal-educado da vez.

Continuamos em um futuro breve, se vocês tiverem interesse no tema.

Para dizer que o certo seria colocar tudo isso me prática no Brasil mesmo, para dizer que ninguém consegue viver assim (spoiler: consegue) ou ainda para desacreditar do que estou falando por achar que o mundo é sua bolha: sally@desfavor.com

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Comments (68)

  • Minha voz é naturalmente alta, às vezes causava uma impressão um pouco errada, então fui criada para sempre maneirar no tom. Adivinha só… numa viagem à Europa, pedi para meus colegas de viagem maneirarem no tom num restaurante e ficaram bravos comigo. O garçom era BR e ainda disse pra eu não me preocupar “pois os italianos falam mais alto ainda que nós”. Meu filho, estou pouco me lixando para o mico deles. Só quero evitar a minha.

    A propósito, nunca aceitem esse jeitinho atrasado de ser nos amigos. Eu me adaptei a isso anos atrás e está sendo um saco pra reaprender a me organizar nesse sentido. Atrapalha a vida de todo mundo.

    Acho que este post poderia virar uma coluna, ninguém está livre de cometer estes erros.

    • Não é de todo ruim a ideia de virar uma coluna: “Des Educados”
      Pelo que estamos vendo, as pessoas não tem a mínima noção de nada

    • Engraçado, passei coisa parecida com minha família, que também é de ascendência italiana…

      Sempre fui do contra na família e sempre evitei falar alto.

    • Quando há essa pauta de pessoas falando alto só consigo lembrar de uma personagem do programa “Vai que cola”, chamada Terezinha, que só se comunicava aos berros e não se tocava disso por ser algo já tão naturalizado para ela. Seria como o fumante que nunca sente o odor de tabaco impregnado em si. A boa notícia é que há como se desfazer desse mau hábito com uma boa dose de “semancol” e força de vontade, a notícia ruim é que quem sofre disso não se toca e muito menos pensa em mudar isso.

  • Concordo 200% com tudo que tem no texto, mas o povo lá fora nem sempre é o ideal de civilização.
    Dinamarquês masca tabaco e depois gospe no chão a gosma preta, também jogam a embalagem do tabaco no chão. Italianos são barulhentos e baderneiros, nem sempre respeitam o espaço alheio. Qualquer nacionalidade em grupo: se bronzear um pouquinho e colocar no mute da pra falar que pelo comportamento símio só pode ser BR. Desorante é luxo, mesmo no calor europeu de 40 graus, escovar os dentes também é luxo. Chineses: chegam em bando tal qual uma nuvem de gafanhoto, hahaha! Se tiver um chinês perto, brasileiro passa despercebido. Aqui no Brasil, já vi uma família gringa com crianças menores de 12 anos fazendo passeio dentro de caverna, tinha uma criança visivelmente assustada, claro que é exceção, mas apenas exemplificando as barbaridades que já vi gringo fazer.

  • Regra válida para muitos países, menos para Portugal e Espanha. Dois países nos quais a população fala aos berros, fazem escândalo e se acham superiores aos brasileiros. Um verdadeiro inferno, sobretudo se você resolver morar no interior de uma dessas “vilas”. As mulheres gritam, os homens são grosseiros, a higiene é precária. Enfim, mas andem na linha. Imigrante não tem vez, os conselhos da Sally seguem de pé, mas saibam que não vão receber boas vindas.

  • Eu faço tudo isso apesar de não ter sido criada assim, então criação não é desculpa. Pessoas realmente educadas praticam isso, mas impor limites tb funciona com quem não assimila isso mto bem. Eu não abro a porta da minha casa pra quem vem sem avisar então não tenho visita surpresa, desconverso quando o assunto é fofoca então não me falam da vida dos outros, e quando voltar a sair vou manter o hábito de não convidar nem aceitar convite pra estar com quem só fica no celular.

    • Ir à casa das pessoas apenas quando somos convidados deveria ser questão de bom senso básico, ninguém deveria ter de pedir para pelo menos avisarem antes. Quando morava só, também não abria a porta para ninguém que já não estivesse esperando. É até uma medida básica de segurança, não entendo como tem gente que deixa qualquer pessoa entrar em casa.

      O mesmo deveria valer para passar nossos números de contato a desconhecidos, na verdade.

      • Lembro quando morei na Bahia: todo santo dia aparecia alguém na minha casa, na maior naturalizade, principalmente na hora do almoço. Um horror.

  • Eu queria muito sair do país…pq meu marido e eu nos comportamos como vc recomenda no texto e praticamente somos vistos como aliens, simplesmente por pedir que prestadores de serviços usem máscara! Essa pandemia maximizou a má educação brasileira a um ponto que eu realmente percebi que nunca foi questao de classe social, não somos ricos mas sempre prezamos pela educação e bom convívio com vizinhos e demais pessoas da sociedade. Tudo que pode incomodar e aborrecer quem convive conosco, evitamos.
    A contrapartida está longe de ser verdadeira…

    • Saia. Parece impossível mas não é. Está cheio de países dando subsídios, casa e emprego precisando de pessoas de fora.

  • Continue a série, Sally, é muito necessária. Estou me preparando pra imigrar em alguns anos e quanto mais conhecimento em matéria de cultura de país civilizado, melhor. Por mais que eu destoe dos BM’s, permissividade em geral é muito entranhada em nossa cultura… Acho que mesmo não agindo de certas formas, a gente meio que ‘aceita’ coisas inaceitáveis pois esse é o costume.
    Se bem que até em países mais ou menos a gente é ‘famoso’ pela falta de educação… Fiz um intercâmbio curto na África do Sul há dois anos, o professor me chamava de ‘a brasileira esquisita’ porque eu chegava nas aulas no horário. Ficando no alojamento da escola (como me atrasaria?? Pois sim, nossos compatriotas conseguem e são a regra)
    Presto a minha solidariedade ao colega comentarista (Manolo?) que irá de se mudar de casa devido ao barulho… Moro numa vizinhança super barulhenta, tem dia que choro de tanta exaustão. Não vejo a hora de sair daqui, mas ainda vai demorar um pouco (help!)

    • Vani, sai daí o mais rápido possível. Existem países como Itália, Canadá e Austrália que dão subsídio em dinheiro, dão casa e emprego por estarem precisando de pessoas.

  • E essa é a razão de pessoas minimamente educadas que vivem no Brasil sofrerem tanto.

    Quando o assunto é educação do brasileiro, eu acho mais fácil questionar sobre o que deu certo, porque tudo parece ter saído errado (se bem que aí não haveria condição de escrever uma página…).

  • Morei por um bom tempo na Inglaterra. Um amigo foi multado pela prefeitura por não aparar a grama do próprio jardim. Com certeza é uma questão local, mas sair bêbado de um pub ou boate inglesa é muito normal. Não vou dizer que seja bem visto, por que não é, mas também não é essa desgraça toda também. O fato é que, desde que você não faça nada ilegal ou bizarro, ninguém liga.

    • Sim, um pub é um lugar para beber. Mas tenta aparecer bêbado no trabalho (como já vi acontecer dezenas de vezes no Brasil), entrar em uma agência bancária bêbado ou coisa do tipo… Não é normalizado como é no Brasil.

      • Lembrei de uma coisa engraçada. Eu dou uma aula de segurança em laboratório, e uma das recomendações é “não vá ao laboratório bêbado”. Pra que tenham colocado isso na norma, imagina o que já deve ter acontecido. Felizmente meus alunos são todos uns lordes e nunca tive que lidar com isso…no laboratório.

  • “Não vá à casa das pessoas sem ser expressamente convidado. E se for, apareça na hora marcada”.

    E, em alguns lugares como nos Estados Unidos, vá embora na hora marcada, quando vier escrita no convite.

  • Muitos brasileiros têm mania de tomar banho de perfume, sendo considerado falta de educação em países civilizados. Eles pensam nas pessoas que podem passar mal (sim, algumas pessoas podem até vomitar com certos cheiros) e nas pessoas que tem alergias. Mesmo tendo passado um tempo fora, há certos hábitos simiescos que ainda desconheço, então esse tipo de texto é sempre um aprendizado e uma oportunidade pra reflexão. Continue, por favor.

    • E é sempre aquele cheiro doce ou forte pra cacete, né?
      Nunca entendi isso. Pra que fazer isso em um país de clima quente?

    • Nem me fala… minha mãe tem enxaqueca crônica e vomitar com cheiros fortes é frequente pra ela; ontem mesmo a moça que trabalha com ela foi com um desses perfumes fortes e doces, 08h da manhã… Ela teve que ir embora pra casa e passou a-tarde-toda passando mal. Foda, né? Totalmente desnecessário. Pior que, vai falar alguma coisa! A pessoa surta, apela pra “liberdade individual”. Como se a gente não vivesse em sociedade né…

      • Qual é a dificuldade de entender que a liberdade individual só pode ir até onde não prejudique os outros e a coletividade?

  • Estados Unidos você considera um país civilizado? É cada barraco que eles fazem lá! Fora que saem atirando por qualquer bobagem no Texas.
    E Argentina? Hermanos, se agem com a ética com que jogam futebol, não são lá um bom exemplo.

    Pergunto sinceramente quais países são civilizados, não se ofenda.

    • EUA é um país eficiente em muitos sentidos, mas civilizado não é não

      Argentina já foi um país civilizado, hoje é um shithole

    • Não tem como ser 100% civilizada uma nação que tem um “cinturão da Bíblia” de um lado e, de outro, cowboys antropóides toscos, broncos e chucros naqueles estados atrasados do sul (não por acaso, perto de um dos piores shitholes da América: o México). Mas os (sei lá%) 40%, 50% civilizados de lá são infinitamente melhores que o mais refinado bananalândico médio de classe supostamente alta.

      Sally, por favor continue. Essa série é absolutamente necessária.

      • É o que eu sempre digo: existem graus de “incivilidade”. As pessoas parecem não entender.
        Tem muita gente não civilizada, mas a não civilidade do Brasil é diferente, é outro patamar.
        Quando você compara com os vizinhos, que também são shithole, percebe claramente como o Brasil é diferente. Por pior que sejam ou estejam, Argentina, Uruguai e Chile dão banho de educação e cultura no Brasil.

  • Sally sensata, adoro!
    Isso vale não só no caso de tu migrar de país, mas sim quando tu simplesmente vai visitar como turista, seja na Europa, América, ou qualquer outro lugar.

    • Olha, turismo eu nem me arrisco a dizer nada, pois eu acho que quase todas as pessoas do mundo, inclusive as de países civilizados, se portam mal quando são turistas. Não sei o que acontece com o ser humano quando viaja, ele parece esquecer a educação em casa. Talvez seja uma sensação de impunidade pois sabem que nunca mais verão aquelas pessoas e, por isso, não serão socialmente recriminados pelo que vão fazer. Eu não faço coisas sem educação por mim, não pelos outros, mas parece que essa não é a regra.

  • Na prática, se você for branco pode fazer qualquer merda, mas se for negro você tem mais chances de ser maltratado e até punido mesmo seguindo essas recomendações e se portando melhor que muito branco por aí.

    Experiência própria.

    • Não, não. Se você for branco não pode fazer qualquer merda não.
      Não nego a existência de racismo, obviamente existe, mas ser branco não é esse passaporte para extrapolar a lei em países civilizados não.

  • Quer ouvir música alta? Fones de ouvido. Quer conversar? Fale em um tom que só a pessoa que participa da conversa escute. Se ela estiver em outro cômodo, vá até ela. Não é legal chegar ou sair bêbado de onde quer que seja, inclusive por questão de segurança. E ao sentar em algum assento de transporte público, não há necessidade de se arreganhar todo/a. Não vejo necessidade também em usar um litro de perfume pra sair e empestear todo o lugar com o cheiro, ou fazer demasiado barulho com saltos – parece um cavalo trotando.

    Não acho legal também motos com escapamento arrombado e entregadores (como os do Mercado Livre) que batem no seu portão depois do horário comercial. Se for entregador de comida ou visita, não fique buzinando ou berrando no portão, liga para a pessoa que fez o pedido/convite, e quem for receber, já fica esperando; não fique distraído com algo deixando o entregador/convidado fazer escândalo lá fora.

    Sempre sair com antecedência justamente por esperar imprevistos. Quando fiz ENEM e tentei concursos, cheguei sempre antes mesmo dos portões abrirem. Sim, eu sei que é entediante ficar esperando até dar o horário certinho, mas melhor passar tédio do que vergonha ou apuros.

    Aqui nessa merda de país é comum carteirada. Tu é garçonete, balconista, frentista? Algum bostinha com diploma de uniesquina ou pleyba sustentado pelos papais vão tentar te reduzir. “Eu estudei pra ser alguém”. Já passei por essa situação, e depois perguntam porque evito sequer amizade com brasileiro médio formado.

    • Concordo com tudo, queria apenas acrescentar que quem vai na casa alheia e, em vez de tocar a campainha grita ou bate palmas, deveria ter as cordas vocais removidas e as mãos amputadas.

    • Só discordo um pouco da parte do entregador depois de horário comercial, afinal, quando tu trabalha até mais de 18hs, chega só depois das 19hs em casa e não tem ninguém pra receber pra ti, daí fica difícil…

  • De todas as bizarrices do brasileiro, essa de colocar som alto a qualquer hora do dia ou da noite sinceramente é oq mais me irrita. Estou trocando de cidade simplesmente pelo fato de uma igreja evangélica ter se instalado do lado da minha casa (própria, onde moro desde os 6 anos de idade) e todo fim de semana é uma barulheira infernal. Eles ja foram interditados pela prefeitura, indiciados em um processo movido pela delegacia do meio ambiente e mesmo assim todo fds estão lá como se nada tivesse acontecido, porque aqui no Brasil (especialmente no norte, onde moro) é terra sem lei. Vou me mudar e torcer para encontrar um lugar com gente um pouco mais educada. Sei que isso é muito dificil no Brasil, mas infelizmente no momento nao tenho como sair do país.

    • A melhor solução é comprar um terreno grande e construir uma casa bem no meio, com muitos metros de distância dos vizinhos. Eu prefiro morar em um lugar distante e mais barato, onde possa comprar um terreno maior e ter paz.

  • Quando eu peço delivery, se não botar na observação pra não buzinar, os caras já chegam berrando e buzinando e eu peço comida de noite, os vizinhos e pessoas da minha casa já tão dormindo. Quanto a ter amante, é comum em qualquer país, mas aqui é escancarado e nos outros é escondido.

    • Ter amante é comum em qualquer país, mas as consequências de que isso seja descoberto são completamente diferentes.

      Sobre entregados que faz escândalo, eu faria uma reclamação ao aplicativo.

  • Só são civilizados entre eles, eu queria uma moeda por cada farang que vem a Ásia e faz bagunça na rua, perturbam as mulheres como se todas nós fossem prostitutas exóticas ou interesseiras a buscar green card (yellow fever não é um meme divertido para as mulheres asiáticas), desobedecem autoridades.

    Como se o país, por ser pobre fosse uma selva sem leis que permite mau comportamento, o que não é verdade (e mesmo se for, o seu comportamento revela quem você realmente é). Ironicamente minha mãe brasileira se comporta muito melhor.

    Por isso acho melhor falar de indivíduo e não de povo como um todo. Aquela pessoa fez coisa errada? Aquela pessoa é ruim, não importa se veio de Brasil, Suécia, Vietnã, Marrocos. Mas acho que isso é uma opinião impopular por aqui…

    • Mas quem foi que citou algum país asiático como exemplo de civilidade?

      Sim, existem pessoas com e sem educação em todos lados, mas é inegável que todo país tem uma predominância de algum dos dois grupos.

    • Concordo plenamente. Eu também não entendia por que muitos japoneses tratavam os brasileiros mal às vezes sem nenhum motivo aparente. Perdi a conta das vezes que meu grupo chegava no horário marcado e sempre tinha um japa que fazia um comentário do tipo “UAU, chegaram na hora! Que incrível!”, e a gente ficava com aquela cara de bunda sem reação por ter feito algo certo…

      • Pois é, falam tanto que asiático tem preconceito com ocidentais, inclusive em alguns lugares cabelo loiro é associado à delinquência e selvageria. Não estou advogando pela xenofobia, mas tem que reconhecer que há um contexto pra existência dela…

        • Não é totalmente certo, pelo menos não aqui em sudeste asiático (sou de Tailândia, e já morei em Brasil, Indonesia, Vietnam, Malaysia temporariamente).
          Tem uma dinâmica peculiar em que muitos asiáticos acham cabelo loiro bonito, acham pele branca bonita, ao mesmo tempo não gostam de imigrantes europeus (farang) por causa do que eu disse na mensagem anterior, eles deixam a ” civilização ” na casa deles.

  • Adorei, Sally. Por mim, este tema ainda pode continuar por muitas e muitas postagens. Assunto, infelizmente, é o que não falta. Um tópico que você talvez possa mencionar em uma eventual parte 2 é: para uma pessoa que for imigrar, é questão de bom senso viajar já conhecendo um mínimo da língua do local para onde se está indo. Nem todo mundo tem paciência com quem não sabe nem o básico e tampouco entende certos gestos. Também há países onde mesmo o inglês parece não servir assim tão bem como “quebra-galho”; seja em razão de poucos nativos o falarem bem ou por o sotaque deles ser tão carregado ao ponto de até um simples “the book is on the table” ficar ininteligível. Isso sem falar nos lugares cujas populações têm histórica aversão ao vernáculo anglo-saxão por causa de velhas rivalidades com os britânicos e/ou por ojeriza aos EUA.

    • Fui coordenador de curso numa universidade e fizemos um convênio Brasil-Alemanha para intercâmbio de estudantes. Os alunos alemães chegavam aqui falando português melhor que muito brazuca, ao passo que os nossos deixavam pra aprender lá mesmo, durante as aulas, depois de chegados há uma semana no país… pense na vergonha do peão (eu) em lidar com essa situação…

      E lá na Alemanha eles não pagam pau pra inglês não. Nem na universidade que visitei por conta do convênio eles fizeram questão de falar inglês, mesmo sabendo que havia uma pessoa na comitiva (eu) que não compreendia o alemão (as outras eram fluentes). Daí isso eu já achei sacanagem.

      • Mas… se a pessoa não falava alemão, como poderia fazer intercâmbio para estudar? O que se consegue aprender sem falar o idioma???

        • Havia um teste básico de alemão que os alunos daqui deveriam fazer ao se candidatarem ao intercâmbio. Mas essa suposta “proficiência” avaliada se mostrou muito insuficiente pelo relatos dos próprios alunos, que tinham uma baita dificuldade de entender o sotaque e o modo de falar do alemão de Berlin, ao passo que os jovens alemães que pra cá vinham chegavam já muito treinados em português, o que mostrou claramente o abismo dessa preparação nos dois países. Na prática, os alunos daqui acabavam apanhando por uns bons quinze, vinte dias até começarem a tomar pé no idioma a um nível que fosse aceitável. Não se deram mal, mas sofreram muito e desnecessariamente: bastava um planejamento melhor aqui, com um curso mais puxado e intenso (eu peguei esse convênio já pronto quando assumi a coordenação e não participei da sua elaboração).

  • -Você já falou no texto, mas vale repetir. Não trate como inferiores as pessoas que estão te servindo! Qualquer que seja o serviço! No Brasil parece ser normal tratar essas pessoas basicamente como serviçais. Eu já vi em mais de um país isso acabando mal. Se vc decidir dar uma patada na atendente ou garçom, pode esperar tomar uma também e passar vergonha.
    -Aprenda a língua do lugar, não espere que todo mundo fale a sua língua ou que vão te entender se você gritar em português enquanto faz gestos. Se envolva na cultura local e fale com locais, não fique somente na panelinha brasileira.

    • Sim, essa precariedade de se comunicar por sinais ou aos gritos é desnecessária. É possível aprender qualquer idioma online hoje em dia.

      • Já soube de casos de brasileiros falando “em baleiês” com atendentes gringos pedindo algo onde pudessem colocar as compras: “SA-QUI-NHO! SA-CO-PLÁS-TI-COOOOOOOOO…”

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