Autor: Sally

Já acabou? E agora? E agora?Era o casamento de uma das minhas melhores amigas. Eu era a madrinha. O casamento seria realizado em uma das mais tradicionais igrejas católicas em uma cerimônia super formal. Eu avisei com antecedência a Siago Tomir e o liberei de me acompanhar caso aquilo fosse tortuoso para ele:

Sally: Estou te avisando que vai ser formal e demorado
Tomir: Mas você não quer que eu vá?
Sally: Eu quero que você vá, se souber se portar de forma adequada
Tomir: *pensando
Sally: Se for para me causar problemas e constrangimento não quero que você vá, não quero estragar o dia mais importante da vida da minha amiga
Tomir: Você não quer que eu vá
Sally: Porque se portar como um ser humano normal não é uma opção?
Tomir: Defina “ser humano normal”
Sally: Sinto muito mas não vou entrar no seu jogo de palavras. Decide se vai ou não para saber se vou ter que alugar uma roupa para você
Tomir: Tem que alugar roupa?
Sally: Você tem um smoking?
Tomir: *cara de wat
Sally: Tipo um terno só que mais arrumado e com gravatinha borboleta
Tomir: Tipo um garçom?
Sally: Não, tipo James Bond
Tomir: Não, não tenho
Sally: Então você tem uma semana para decidir se quer ir ou não

Siago Tomir não queria ir. Nunca na vida adulta tinha entrado em uma igreja e detestava cerimônias demoradas. Mas, ao longo da semana ele acabou descobrindo que um ex-namorado meu com o qual ele não simpatizava muito estaria lá. Sabe aquela pessoa que vai de má vontade só para não te deixar ir sozinha? Pois é. Isso nunca presta.

Sally: Tem certeza que você quer ir?
Tomir: Porque? Você quer ir sozinha?
Sally: Não, eu quero não passar vergonha
Tomir: Você tem vergonha de mim?
Sally: Não, se você se comportar como a ocasião exige
Tomir: Como a ocasião exige?
Sally: Entre mudo e saia calado da Igreja
Tomir: Ok
Sally: Sem apontar, sem gestos, sem caras e bocas
Tomir: Chato
Sally: Sem expressar de qualquer forma sua opinião sobre religião, casamento ou sobre os noivos
Tomir: Você é tirana
Sally: Você pode não debochar da cerimônia, nem da Igreja, nem do padre?
Tomir: Eu posso tentar
Sally: Não, tentar não serve
Tomir: Ok, ok
Sally: Ótimo, amanhã vamos experimentar sua roupa.

Siago Tomir é uma versão tupiniquim do Dr. House. Ele promete que vai se portar de forma decente e no final das contas faz merda com convicção. A palavra dele vale menos que uma paçoca mordida fora da validade. Infelizmente quando gostamos da pessoa tendemos a acreditar nela. Os problemas já começaram na prova da roupa:

Sally: Ficou bom?
Tomir: NÃO
Sally: Parece bom
Tomir: Mas está desconfortável
Sally: Meu querido, roupa formal é sempre desconfortável
Tomir: Aperta tudo, coça tudo
Sally: Não é a sua bermudinha de moletom
Tomir: Sério que tem que usar isso?
Sally: Se você acha ruim usar, não quer nem ver a sua reação quando souber o quanto custa por isso…
Tomir: TEM QUE PAGAR?
Sally: Tem
Tomir: A noiva não vai pagar?
Sally: Não , a noiva vai pagar toda a festa, comida e bebida
Tomir: *palavrão

Pessoas que não estão acostumadas a trabalhar com roupa formal estranham muito quando tem que usar uma. Tomir queria levar um smoking dois números acima do dele porque “era mais confortável”. Parecia uma cruza de pingüim com sharpei, todo largo, cheio de dobras. Obriguei ele a levar algo no seu tamanho e ele já começou a emburrar.

Sally: São apenas algumas horas
Tomir: Vou ter que usar isso por HORAS?
Sally: Na festa você pode se desmontar um pouco, tirar a gravata quem sabe
Tomir: A cerimônia da Igreja vai demorar HORAS?
Sally: Não sei, mas nós vamos ter que chegar bem mais cedo porque eu sou a madrinha, então, você vai ter que usar a roupa por horas
Tomir: * palavrão
Sally: Se for para ficar de cara feia, te deixo em casa e vou comprar o presente sozinha
Tomir: *sorrindo de forma debochada

Chegamos na loja onde estava a lista de presentes. Ok, era um lugar meio caro, mas nada que justifique a reação de Siago Tomir. Ele quase tinha um treco a cada presente que eu olhava, e olha que quem ia pagar o presente era eu.

Sally: o que você acha deste balde de gelo?
Tomir: Ele fala?
Sally: Sério, Tomir…
Tomir: Estou falando sério, por esse preço ele tem que falar e cantar o hino nacional. Porque um balde custa isso?
Sally: Não é “um balde”. Ele é todo de cristal e…
Tomir: Frescura
Sally: Ok, o que você acha destes talheres?
Tomir: CARALHO!
Sally: Não há necessidade de gritar palavrões
Tomir: Não há necessidade de tantos zeros no preço!
Sally: São talheres de prata!
Tomir: É por isso que as pessoas casam! Depois elas vendem tudo, pagam a festa e ainda ficam com o lucro!
Sally: aff
Tomir: Começo a cogitar a idéia de fazer uma festa de casamento…

As semanas que antecederam ao casamento foram desgastantes, tentando relembrar constantemente a Siago Tomir o que ele não poderia fazer e como ele teria que se portar. Siago se portava com quem estava me fazendo um grande favor.

No dia do casamento ele foi dirigindo até a Igreja de calça de moletom e blusa branca porque, segundo ele, “Não dá para dirigir com essa roupa me apertando”. Estacionou dentro da Igreja, na vaga para deficientes físicos por pura implicância pois não havia uma viva alma.

Sally: Tá tudo fechado…
Tomir: Tô vendo
Sally: Deixa eu bater na porta e ver se autorizam que você use um banheiro para você trocar de roupa
Tomir: Eu troco aqui mesmo!
Sally: Sério?
Tomir: Sério! Não tem ninguém!
Sally: Não seria melhor se…
Tomir: Não quero favor dessa gente!

Siago começou a trocar de roupa dentro do carro.

Sally: Não tinha necessidade disso…
Tomir: Olha a hora que você me fez chegar! Não vai ter NINGUÉM lá dentro, eu posso trocar de roupa sem problemas aqui que ninguém vai me ver!
Sally: Não fui eu quem te fez chegar a essa hora, a noiva me pediu para chegar mais cedo!
Tomir: Tão mais cedo?
Sally: É que eu fiquei com medo da gente pegar trânsito…
Tomir: Essa calça é muito ruim de vestir!
Sally: Faz assim, vira de costas para o volante que fica mais fácil
Tomir: Ok

Siago Tomir estava de cueca, de costas para o volante, ajoelhado no banco do motorista tentando vestir a calça, com a bunda praticamente colada no vidro dianteiro do carro. Foi quando, do nada, abriram-se as portas da Igreja e começaram a sair pessoas, muitas pessoas e o padre. Falha nossa, que como bons ateus, não cogitamos a possibilidade de uma missa básica antes do horário do casamento. Os fiéis passavam e olhavam assustados para Siago, todo torto e semi-nu dentro do carro. Começamos bem.

Depois que acabou de se vestir, todo suado, Siago saiu do carro e, atraído pelo ar condicionado, resolveu entrar na Igreja.

Sally: Pega logo um lugar na frente antes que comece a encher
Tomir: Na frente?
Sally: Você não quer assistir a cerimônia?
Tomir: NÃO!
Sally: Vai ficar fazendo o que?
Tomir: Vou sentar no fundo, perto da porta
Sally: Sério?
Tomir: A menos que me deixem fumar aqui dentro…

Siago começou a observar a Igreja e falar uma merda atrás da outra. Seria impossível transcrever tudo aqui. De tanto falar merda, o padre acabou se aproximando da gente.

Sally: Porque você está encarando a cruz?
Tomir: Me lembra a alguém…
Sally: Lá vem!
Tomir: O Jesus daquela cruz não parece assustadoramente com o Kurt Cobain?
Sally: Aproveita e fala todas as merdas que você tiver que falar agora, assim fica calado durante a cerimônia
Tomir: *cantando Smell Like Teen Spirit com os braços abertos como quem está crucificado
Padre: Gostariam de conhecer a Igreja?
Sally: Não, não, muito obrigada!
Padre: Gostariam de conhecer um pouco mais sobre…
Sally: Não, não, obrigada!
Padre: Talvez tirar algumas dúvidas…
Tomir: EU TENHO ALGUMAS DÚVIDAS *sorriso debochado
Sally: NÃO TEM NÃO
Tomir: TENHO SIM!

Tomir começou a fazer perguntas ao padre. Eram perguntas bastante coerentes, mas que expunham as contradições e hipocrisias da Igreja Católica. Foi muito constrangedor. Culminou com as seguintes frases:

Padre: Se esta é sua forma de pensar, o que vem fazer na casa de Deus?
Tomir: Ela me obrigou *apontando para mim

A cerimonialista chegou cortando o momento constrangedor e começou a convocar os padrinhos e madrinhas.

Sally: Ok, daqui pra frente a gente se separa. Você vai ficar sozinho. Fique CALADO e não faça nenhuma merda
Tomir: Sua desconfiança me ofende

Deixei Tomir no último banco da Igreja e acompanhei a cerimonialista. Quando entrei ao lado do outro padrinho Tomir fez um sinal de “estou de olho” apontando para os dois olhos dele e depois apontando para o padrinho e isso foi filmado e está na fita do casamento.

Durante a cerimônia toda ele ficou de cabeça baixa. Aquilo me parecia bom demais para ser verdade. Foi quando percebi: ele estava jogando um daqueles vídeo-games portáteis. De vez em quando se entortava, como quem está ultrapassando um obstáculo difícil. Até então, era até uma vitória, pois era uma forma de mantê-lo em silêncio.

Mas nada com Siago Tomir é tão simples. No auge da cerimônia começa a tocar um celular. Era o celular de Siago Tomir, que ele NUNCA lembra de desligar. O toque? Uma música de Rogerio Skylab com a pior letra possível para a ocasião. A voz de Skylab e a letra cheia de palavrões ecoando pela Igreja e Tomir todo confuso procurando o celular no bolso interno do Smoking.

Hoje ele alega que como o smoking não era dele, ele não sabia muito bem onde ficavam os bolsos e demorou para achar, mas eu acho que ele demorou de propósito, isso se não pediu para alguém ligar já pensando nas conseqüências. No vídeo do casamento aparece nitidamente a cara de espanto do padre, ato contínuo eu batendo na minha própria testa e murmurando um palavrão e depois uma música clássica que jogaram por cima na edição para abafar os versos de Skylab. A cara de cu constrangido de todos é flagrante.

Tomir alega inocência dizendo que sempre esquece de desligar o celular, mas eu pergunto: se você é uma pessoa que sempre esquece de desligar o celular, coloca um toque ofensivo e alto? É ou não é pedir para dar merda?

Para orar pela minha alma, para dizer que se eu agüentei tudo isso nem imagina o que Siago deve ter feito para que efetivamente se coloque um ponto final no relacionamento ou ainda para dizer que enjoou e não quer ler um Siago Tomir tão cedo novamente: sally@desfavor.com

Se fosse plástico...Siago Tomir não lava louça. Siago Tomir tem um bloqueio intransponível para lavar louça. É mais fácil ver Siago Tomir escutando axé do que lavando louça. Sei que não gostar de lavar louça é uma característica masculina, o problema é que com Siago as características masculinas são tão acentuadas que beiram à patologia.

O pavor de lavar a louça era tanto, que quando o conheci ele adotava pratos e talheres de FUCKIN´ PLÁSTICO! Alguém consegue comer direito com talher de plástico? Aqueles dentinhos do garfo quebram dentro da carne e a faca não corta direito nem purê.

Imediatamente aboli os talheres e pratos de plástico da nossa vida, o que trouxe um problema enorme, afinal, Siago Tomir não lava louça. Nunca. No começo achei que era pirraça de alguém que tinha sido mimado pelas mulheres de sua vida, mas com o tempo descobri que Siago Tomir não lava louça. Nunca.

Sally: QUE PORRA É ESSA?
Siago: O que?
Sally: Na geladeira!
Siago: Os pratos?
Sally: Tem pratos e talheres SUJOS na geladeira!
Siago: Semana passada você reclamou que se deixasse na pia atraia moscas…
Sally: E a sua solução para isso é colocar NA GELADEIRA?
Siago: Não, a minha solução para isso é usar prato e talher de plástico, mas a Madame não come em pratos de plástico…
Sally: Hoje é seu dia de lavar louça! Você sempre arruma um jeito de fugir da obrigação quando chega o seu dia de lavar louça!
Siago: EU NÃO LAVO LOUÇA! Quantas vezes vou ter que repetir?
Sally: Isso é RIDÍCULO
Siago: EU TENHO ESSE DIREITO!

Siago Tomir, como a maior parte dos homens, se fecha quando se sente pressionado. Tentei conversar para que ele perceba o absurdo da situação. É ridículo chegar na vida adulta sem ser capaz de lavar louça.

Sally: Então me explica como você viveu até agora sem lavar louça
Siago: Simples, NÃO LAVANDO!
Sally: Sua mãe lavava toda a louça sempre?
Siago: Exatamente
Sally: aff
Siago: Ela GOSTAVA de mim e não queria me ver SOFRER
Sally: Ok, mas depois que você saiu da casa da sua mãe…
Siago: Saí quando casei, e minha esposa também lavava a louça para mim
Sally: Porque ela GOSTAVA de você e não queria te ver SOFRER
Siago: Exato
Sally: E depois que você agradeceu tanto amor dando um pé na bunda dela, quem passou a lavar sua louça?
Siago: Ninguém, eu passei a comer em pratos de plástico
Sally: Ok. Você cozinhava em panelas de plástico também?
Siago: Não, a Sadia cozinhava para mim em uma bandeja descartável que eu colocava no microondas
Sally: Tá de sacanagem que você só comia comida congelada?
Siago: Em pratos e talheres de plástico
Sally: Pois está na hora de você crescer e lavar louça
Siago: NÃO

Esse é um grave problema de Siago. Ele tem uma personalidade dominante somada a um grande potencial manipulador. Tiranizava a mãe e tiranizava a esposa. Com isso, cresceu desacostumado a ser contrariado e a seguir regras. Para Siago, prova de amor era deixar ele fazer o que quisesse. A pergunta é, porque namorar com alguém como eu se quer manter a posição de tirania?

Sally: Me explique porque você não gosta de lavar louça
Siago: PORQUE NÃO
Sally: Me ajudou muito a entender! Argumento de criança de cinco anos!
Siago: Não tem que entender, tem que respeitar
Sally: Eu respeitaria, se lavar louça não fosse indispensável
Siago: NÃO É
Sally: Infelizmente na vida adulta é
Siago: Então me deixa comer com prato e talher de plástico e você come em prato comum e lava a SUA louça
Sally: Ok, e as panelas? Frigideiras? Tudo que se usa para cozinhar?
Siago: A Sadia gosta de mim
Sally: Você quer comer só comida congelada?
Siago: Sim
Sally: Não
Siago: SIM
Sally: NÃO! Isso faz mal! Não tem nem seis meses que você saiu de uma cirurgia! Você perdeu um órgão por causa da sua má alimentação!
Siago: Lavar louça é nojento!
Sally: Usa luvas
Siago: Aqueles pedaços de comida, aqueles restos engordurados, aquilo tudo boiando… *cara de nojo
Sally: Você é muito viadinho…
Siago: Eu compro uma máquina de lavar louça!
Sally: Você vai tirar os restos de comida dos pratos antes de colocá-los na máquina?
Siago: *cara de nojo
Sally: Foi o que eu pensei… viadinho
Siago: Vou lembrar que eu sou viadinho quando aparecer uma lagartixa

A opção era essa: aceitar o pacto perverso de lavar toda a louça para sempre ou aceitar que Siago Tomir acabe com a própria saúde comendo apenas comida congelada. Para quem lê fica fácil dizer para mandar Siago à merda, mas ao vivo e a cores ele é perigosamente convincente. Ele te faz sentir mal cada vez que você o contraria. Se eu cedesse e aceitasse, estaria condenada a lavar louça para sempre.

Sally: Estou aberta a negociações, mas comer só comida congelada não é uma opção. Faz mal à saúde e você sabe disso, ainda mais para você que tem gastrite. Reconsidere e máquina de lavar louça
Siago: Não. Nojento mexer nos restos de comida.
Sally: Então me apresente outra solução.
Siago: Você lava a louça
Sally: Não, isso é injusto
Siago: Eu mato todas as lagartixas e você lava todas as louças, não vejo como isso possa ser injusto
Sally: Na Tomirlândia deve ser muito justo!
Siago: Divisão de tarefas! É justo
Sally: Eu conheço a nossa divisão de tarefas: eu cozinho, você come, você suja, eu lavo… Tudo muito justo!
Siago: Sally, você vai acabar lavando a louça. Eu vou vencer, você sabe que eu vou vencer.
Sally: Cresce, Siago

Namorar com Siago era bastante cansativo. Ele vai até as últimas conseqüências para vencer. Mesmo que ele se ferre todo, mesmo que a casa pegue fogo, mesmo que todo mundo saia perdendo. Gostaria de deixar meu agradecimento especial à Mamãe Siago e à Ex Sra Siago que contribuíram para criar este monstro que não suporta ser contrariado.

Sally: Eu vou lavar essa louça de hoje, mas você tem 24h para me apresentar uma solução
Siago: Eu já apresentei e você não aceitou
Sally: Uma solução viável, que não te mate, pode ser?
Siago: Eu não vou lavar louça
Sally: Então trate de pensar em uma solução
Siago: Não, pense você. Eu vou comer comida congelada
Sally: Você não pode comer apenas comida congelada
Siago: Observe

Lavei a louça muito puta da vida. No dia seguinte preparei a comida favorita de Siago no jantar e comi na frente dele. Ele não demonstrou qualquer interesse e comeu uma porcaria congelada qualquer com gosto de isopor e dez vezes a quantidade de sódio recomendada para um ser humano.

Sally: Você está detonando sua saúde
Siago: O corpo é meu, problema meu
Sally: Não, o problema não é seu. Se você passar mal o problema passa a ser meu também
Siago: Se está tão preocupada, lave a louça
Sally: Você está me chantageando?
Siago: Não
Sally: Você acha que eu gosto de lavar a louça?
Siago: Não sei
Sally: Eu não gosto de lavar a louça! As pessoas no geral não gostam de lavar louça, mas fazem porque sabem que é uma obrigação
Siago: Existem outros jeitos
Sally: Siago, é muito cansativo conversar com você
Siago: Então não converse, me deixe em paz
Sally: Acontece que, infelizmente, eu gosto de você e me faz mal ver você se destruindo
Siago: *balançando os ombros como quem não pode fazer nada
Sally: Eu te dei 24h para apresentar uma solução, você pensou em alguma coisa?
Siago: Não
Sally: Então pense agora, você é criativo
Siago: Posso jogar fora a louça em vez de lavar?
Sally: Hã?
Siago: Jogar fora
Sally: Pratos de verdade? Talheres de verdade?
Siago: Sim, eu prefiro jogar fora e comprar novos
Sally: Você tem idéia do quanto isso vai te custar?
Siago: Não me importo, eu pago o que precisar para não ter que lavar louça

Essa frase ficou na minha mente. Recursos ilimitados sempre ajudam a solucionar o problema. Liguei para alguns conhecidos e marquei uma entrevista com uma pessoa indicada

Sally: Olá, eu sou a Sally, nos falamos por telefone
Diarista: Oi Dona Sale
Sally: É Sally
Diarista: Então, isso que eu disse, SA-LE
Sally: Bom, primeiro quero te dizer que eu não sou maluca, tá?
Diarista: Tá bom, Dona Sale
Sally: Eu preciso de uma pessoa só para lavar os pratos
Diarista: Oi?
Sally: Normalmente você arruma a casa, limpa, lava roupa, cozinha…
Diarista: É
Sally: Então… eu te pago metade só para que você venha aqui no fim do dia e lave a louça
Diarista: É sério isso?
Sally: Sim, é sério. Você só vai ter que lavar a louça, depois pode ir embora
Diarista: Eu aceito, Dona Sale

Me armei de provas documentais e fui avisar ao Tomir que ELE pagaria a diarista, que posteriormente foi apelidada de Personal Dish Washer

Sally: Achei uma solução melhor do que a sua e mais barata
Siago: Vai deixar de frescura e lavar a louça?
Sally: Não, vou contratar alguém para lavar a louça
Siago: TÁ MALUCA?
Sally: Com o seu dinheiro
Siago: TÁ MALUCA? *hiperventilando
Sally: Não, estou economizando, na verdade
Siago: Hã?
Sally: Bem, você sugeriu jogar fora os pratos, talheres e panelas todos os dias para não ter que lavar, alegando que preferia esse tipo de despesa do que lavar louça…
Siago:
Sally: Então eu fiz um orçamento de quanto custa comprar diariamente pratos, talheres e panelas novas, tá aqui o orçamento de três lojas diferentes, com direito a encartes com preços dos produtos anunciados
Siago:
Sally: Contratando a diarista você vai gastar a metade
Siago: Mas não é você que sempre disse não gostar de ter uma estranha dentro da sua casa?
Sally: Não gosto mesmo, mas vou ceder parcialmente
Siago:
Sally: Além disso ela não vai ficar zanzando pela casa o dia todo como uma diarista comum, ela só vem no final do dia para lavar louça, fica no máximo uma hora e sai
Siago: Personal Dish Washer?
Sally: Mais ou menos isso. Posso conviver com uma estranha por uma hora e posso conviver com a louça suja na pia até o final do dia.
Siago: Eu tenho opção?
Sally: Sim. Lavar a louça
Siago: *preenchendo o cheque

Para dizer que não agüenta mais ouvir falar de Siago Tomir, para pedir o telefone na Personal Dish Washer ou ainda para dizer que Siago Tomir te faz valorizar o homem que você tem em casa: sally@desfavor.com

De 0 a 9,8 em um segundo!Desde pequena, sempre tive o que eu chamo de “agonia de altura”. Deixa eu explicar: não tenho medo de altura, posso subir ao topo de um prédio ou de uma montanha sem me incomodar, meu problema é quando vejo algo ou alguém nas proximidades de um precipício. Qualquer coisa, desde uma latinha de refrigerante a um bebê. Me bate toda uma agonia inexplicável e eu fico nervosa. Gente maluca é assim, cheia de manias.

Por exemplo, não suporto quem sacode coisas para fora da janela (Michael!). Siago Tomir tinha a mania irritante de tirar fotos em lugares altos sacudindo a máquina para fora das janelas sem usar aquela tirinha de segurança que amarra no pulso. Isso me deixa DOENTE. É agonia mesmo. Se a máquina (dele) cair, foda-se, vou até rir, mas enquanto ela não cai, bate um tremendo mal estar por ver aquele objeto para fora da janela, à beira de um precipício. Prefiro que caia logo do que ficar nessa agonia, nesse MEDO DE CAIR.

Sabendo disso, Siago Tomir sempre me infernizou sacudindo coisas à beira de precipícios e fingindo que elas estavam escapando de suas mãos, rindo da minha cara a cada reação desesperada. Uma vez, estávamos em um ponto turístico alto no Rio de Janeiro e ele estava balançando uma lata de refrigerante em direção ao precipício. Ele me irritou a tal ponto que tomei a lata da mão dele, joguei no precipício e gritei “ACABA LOGO COM ESSA MERDA!”.

Assim era a minha vida conjugal. Sempre que podia Siago Tomir sacudia coisas na beira do abismo para me aborrecer. Até que um dia ele se excedeu. Era ano novo e ele tinha tomado umas e outras, coisa rara vindo de Siago Tomir. Quem não costuma beber, geralmente faz merda quando bebe. E foi justamente isso que aconteceu.

Estávamos no apartamento de uns amigos conversando na varanda. Tudo bem, era um andar baixo, mas mesmo assim eu fiquei agoniada quando ele sentou na grade da varanda e ficou com as costas no ar. Ele estava meio alegre demais por causa da bebida e nem ligou quando pedi para ele descer dali, de forma séria. Ficou se balançando e gritando “OOOOOOEEEE!” como se fosse cair. Comecei a ficar transtornada.

Ele começou a ver que eu estava transtornada e começou a fazer o “OOOOOOOEEEE!” sem as mãos. Comecei a puxar Siago Tomir pelo braço para que ele saia da varanda, mas ele não tinha intenção de se mexer.

Sally: Quer sair daí!
Siago: Deixa de ser chata, Sally!
Sally: Isso é PERIGOSO
Siago: Deixa de ser estressada!
Sally: Você sabe que eu não gosto!
Siago: Você não gosta de nada!
Sally: Estou falando sério, isso é perigoso
Siago: Você por um acaso acha que eu vou cair?
Sally: Acho que existem grandes chances de você cair
Siago: Sally, eu não sou idiota…

Ficou ali, empoleirado na porra da grade da varanda e não tinha nada que o tirasse dali. Vários amigos dele começaram a se juntar a nós na varanda e eu tive uma esperança inocente de que um deles me ajudaria a retirar o Tomir dali. Muito boba que eu sou.

Alicate: OOOOOEEE! * se sacudindo na grade
Siago: HAHAHAHA
Sally: *cara feia
Beto: OOOOEEEEEEE! *deixando cair um copo
Sally: Tá vendo? Tô falando que vai dar merda!
Beto: Tomir, tua mulher está estressada!
Alicate: OOOOOEEEE *se sacudindo ainda mais
Siago: Sally… Saaaallyyy… olha! *sacudindo a máquina fotográfica pendurada por um dedo para fora da varanda

Já que apelando para a racionalidade não funcionou, pensei em usar um plano B:

Sally: Ok, o que você quer para sair daí?
Siago: Um milhão de dólares
Sally: Eu não tenho um milhão de dólares
Siago: Que pena! OOOOOOOEEEEEE! * colocando meio corpo para fora da varanda
Alicate: OOOOOEEEEE! * colocando meio corpo com os braços estendidos para fora da varanda
Sally: Pede alguma coisa que eu possa te dar para você sair daí e não chegar perto dessa varanda até o final da festa
Siago:
Alicate: *sussurrando uma sugestão no ouvido de Tomir
Siago: *sussurrando no ouvido de Beto
Beto: *fazendo que sim com a cabeça
Tomir, Alicate e Beto: OOOOOOEEEE! * se jogando para trás

É por essas e outras que Siago Tomir não pode beber. Já faz merda sóbrio, quando bebe então… Siago puxou o isqueiro para ascender um cigarro quando Alicate fez uma “ola” seguida por Beto, que pegou Tomir desprevenido, deixando cair seu isqueiro lá na portaria do prédio.

Siago: Meu isqueiro, seu viado! *dando mini-empurrão em Alicate
Alicate: Quem mandou não prestar atenção! *tapa na nuca de Tomir
Siago: Agora você vai lá pegar! *empurrando de leve
Alicate: Não vou não! *empurrando de leve
Sally: Vocês podem POR FAVOR parar com isso…
Beto: Não se mete não! Não se mete não!
Siago: *olhando feio para Alicate
Alicate: *rindo
Siago: *empurrão considerável em Alicate
Alicate: *empurrando de volta

Quando percebi eles estavam quase se chutando, em um tremendo empurra-empurra sentados na grade da varanda. Me diz, pode prestar dois bêbados de empurrando sentados na grade de uma varanda?

Sally: PAAAAAARAAAAAA! PAAAAAAARAAAAAAA!
Beto: Que mulher estressada…
Sally: Eu vou pegar o seu isqueiro, Tomir
Siago: êêêêê
Sally: SE você sair daí
Siago: ALGUÉM TEM FOGO?
Convidado da festa: * indo até a varanda e estendendo um isqueiro
Sally: Tomir, se você cair você pode se machucar
Siago: Eu não vou cair, quer apostar?
Sally: Não, não quero apostar, quero que você saia daí
Siago: OOOOOOOEEEEEE! *balançando para frente e para trás na pontinha da grade

Fui falar com o dono da festa porque estava realmente com medo do que pudesse acontecer. Siago Tomir é assim, quando percebe que você quer muito que ele faça uma coisa, ele faz o oposto e não desiste por nada do mundo. Normalmente consigo contornar com psicologia reversa, mas minha agonia de precipícios me impedia de ter a calma necessária para fazer joguinhos.

Sally: Preciso da sua ajuda
Jão: Que foi?
Sally: Apontando para Siago, Alicate e Beto se balançando na varanda
Jão: *correndo em direção à varanda
Sally: Tira ele de lá! Rápido!
Siago, Alicate, Beto e Jão: OOOOOOOOEEEE!
Siago: AGORA SEM AS MÃOS!
Siago, Alicate, Beto e Jão: OOOOOOOEEEEE!

Pensei em pagar de maluca e empurrar um deles lá embaixo para servir de exemplo para Siago, mas seria, no mínimo, tentativa de homicídio. Fui chamar a namorada do dono da festa mas ela estava no banheiro vomitando e quando saiu me abraçou e disse que me considerava uma irmã, sendo que eu tinha visto ela quatro ou cinco vezes na vida. É uma merda ser a única sóbria em uma festa.

Quando percebi, quase todos os homens da festa estavam sentados na grade da varanda fazendo OOOOOOEEEEE! e se sacudindo em direção ao precipício. Pude observar que a grade estava envergando por causa do peso. Liguei para a polícia e reclamei do barulho da festa na esperança que viessem acabar com aquela palhaçada antes que os palhaços despencassem, mas aparentemente eles me ignoraram. Fui até a varanda puta da vida, decidida a tirar Siago de lá na unha.

Sally: *sussurrando* Sai a-go-ra
Siago: Não vou sair! OOOOOOOEEEEEE! *jogando meio tronco para trás
Sally: Se você não sair eu vou embora agora
Siago: Não vou sair, você tem que tratar esse problema com precipícios
Sally: Deixou de ser problema com precipícios faz muito tempo! Agora é problema com risco de vida!
Siago: Você não confia em mim?
Sally: Mmmmm… deixa eu veeer… NÃO!
Siago: Eu não vou cair!

Nisso começaram os fogos, logo atrás da varanda.

Jão: Junta todo mundo para tirar foto com os fogos no fundo!
Siago: Viu? Já virou o ano e eu não caí! Eu disse que eu não ia cair! HÁ!
Sally: Estou pedindo pela última vez, desce daí, tira uma foto aqui do meu lado!

Todos correram para a varanda e foram se espremendo, se acomodando. Siago Tomir tem compulsão por fazer palhaçada na hora da foto. Eu não vi porque estava virada de frente para a câmera, mas ele resolveu ficar de pé na grade da varanda para aparecer melhor na foto. Bêbado. De pé na grade da varanda. Quando me virei, vi uma das cenas mais aterrorizantes da minha vida: Siago Tomir se desequilibrando e rodando os braços sem parar.

Sim, ele caiu. Caiu de costas no canteiro da portaria. Longo silêncio, cortado pelo genial amiguinho de Siago:

Alicate: Ué… Cadê o Tomir? Ele tava aqui agora mesmo!

Corri para a portaria desesperada e chorando e quando cheguei vi uma cena patética: Siago Tomir se acabando de rir, no chão, estatelado, na mesma posição em que caiu. Apenas olhei para ele. Os amigos dele vieram ver se ele estava bem.

Jão: Você caiu?
Sally: NÃO! NÃÃÃÃO! ELE VOA? VOCÊ NÃO SABIA?
Siago: Hahahahaha
Jão: Me ajuda, Alicate, vamos levar ele lá pra cima
Sally: NINGUÉM ENCOSTA NELE
Jão: Para de besteira *andando em direção a Siago
Sally: Se você encostar nele eu vou te enfiar a porrada. Estou falando sério, eu vou te dar tanto cacete que ou você vai ter que me bater de volta ou vai sair daqui machucado
Siago: HAHAHAHA
Sally: Cala a boca se não eu meto a porrada em você também! Estou por aqui (*mão na testa) com todos vocês!
Jão: Vai fazer o que? Deixar ele aqui?
Sally: Liga para uma ambulância, só mexem nele se ele estiver imobilizado

Jão subiu para chamar uma ambulância. Realiza quais eram as chances de uma ambulância chegar em uma noite de ano novo, com ruas todas cortadas, meia noite e quinze.

Sally: Você pode mexer as pernas?
Siago: Acho que sim
Sally: Mexe seu pé
Siago: *imóvel
Sally: Mexe seu pé
Siago: Estou mexendo *imóvel
Sally: Ok… ok… *segurando as lágrimas
Siago: Está tudo bem?
Sally: Tenta mexer o outro pé…
Siago: *imóvel Estou mexendo ambos!
Sally: Você sabe meu nome?
Siago: Sei sim: Fulana (*sendo Fulana o nome da ex dele)
Sally: Hã?
Siago: Fulana, minha esposa. Somos casados
Sally: *pálida
Siago: Você está bem, Fulana?
Sally: Você sabe o seu nome?
Siago: Clark Kent
Sally: Hã?
Siago: Mas também sou conhecido como Super Homem! HAHAHA
Sally: Seu filho da puta…
Siago: HAHAHAHAHA *sacudindo as pernas
Sally: NÃO TEVE GRAÇA, VOCÊ É UM ESCROTO!
Siago: *levantando
Sally: NÃÃÃÃO!
Siago: Porque não?
Sally: Se você tiver alguma lesão na coluna…
Siago: Levantando calmamente e tirando a sujeira da roupa
Sally:
Siago: Lesão porra nenhuma, eu estou ótimo.

No hospital constataram que ele não sofreu absolutamente NADA. Eu tenho uma teoria que babaquice e irresponsabilidade são condutas recompensadas. Nunca acontece nada com esses idiotas que se expõe a perigo, mas com pessoas cuidadosas como eu acontecem merdas o tempo todo.

Ah, sim. Na foto que causou a queda aparece o Tomir se desequilibrando, com um pé na varanda e outro no ar, cara de wat e meio corpo caindo. Ele mandou ampliar e colocou na sala da casa dele. Depois ainda me perguntam porque não estamos mais juntos.

Para contar alguma história de irresponsabilidade premiada com nenhuma conseqüência ruim, para achar normal/legal/justificável alguém cair de uma varanda ou ainda para dizer que eu mesma deveria ter quebrado o Siago: sally@desfavor.com

TCHU TCHU PÁ EDITION, MOTHERFUCKERS!Até agora, Caro Leitor, não aconteceu nada que justifique você se sujeitar a ver essa excrescência que é “A Fazenda 4”. A menos que você ame do fundo do seu coração o Cumpadre Washington como eu amo e sua simples aparição alegre seu dia. Fique tranqüilo, assim que alguém bater em alguém ou comer alguém ou matar alguém (não necessariamente nesta mesma ordem) eu te aviso e você dá uma olhadinha no programa.

Por enquanto tepos apenas pequenas pérolas de Cumpadre Washingtong. Por exemplo, ele disse que se alguém mexer com ele (“se alguém pegar no meu calo”, mais precisamente), quando sair vai meter a porrada na pessoa do lado de fora. Deixa disso, Cumpadre! Mete a porrada do lado de dentro mesmo, não nos tire essa alegria! Só toma cuidado com a Duda “Petkovich” que ela é mais macho do que você. Ele frisou que não vai admitir que chamem ele de viado (“meto a mão na boca, seja de quem for” ou ainda “meto a mão na boca e tiro os dentes todos” – tem como não amar?). Gostei do termo e vou passar a adotar: “meter a mão na boca”. Será que se eu ameaçar alguém assim no Rio de Janeiro serei compreendida? Vou testar esta semana e conto para vocês.

Cumpadre é corajoso. Não só por gostar de meter a mão na boca dos outros e tirar todos os dentes (*fazendo sinal de coração com as mãos) como também por ser o único a não ter medo de Monique Evans. Tá na cara que Monique tá totalmente descompensada das idéias. A Tiazona tá sob efeito de remédios brabos e nem assim fica normal. Ela é aquele tipo perigoso de pessoa que não tem o que perder, não tem como descer mais um degrau de perda de dignidade e por isso é capaz de tudo. Reparem que todo mundo é cheio de cuidado quando chega perto dela. Menos Cumpadre, que quando a viu tomando banho chegou perto e créééu! Deu-lhe uma tapona na bunda. Isso porque antes Monique tinha dito “Não gosto que batam em mim”. Com Cumpadre não tem essa de gostar, gostar é para os fracos, os fortes saem metendo a mão na boca.

Além de tudo, Cumpadre Washington vem se mostrando uma pessoa segura. Cercado de homens jovens e teoricamente bonitos ao senso estético tosco do populacho, ele não se deixou intimidar: “Eu sou feio, mas de uma coisa tenho certeza: eu faço gostoso. A pegada aqui é boa. Sou melhor que esses tanquinhos aí. Dou no rim esquerdo, elas ficam apaixonadas.” Tem como não amar? TEM COMO NÃO FUCKIN´ AMAR? Neste mundo de metrossexuais nada melhor que um Retrossexual para resgatar antigos valores! Alguém que já tenha tomado no rim esquerdo poderia me contar como é a sensação? O bom é que Cumpadre dá no rim esquerdo por dentro quando quer satisfazer e também dá no rim esquerdo POR FORA quando quer disciplinar. Deveria ser nefrologista esse homem.

Joana Machado, aquela que mandou Cumpadre Washington falar baixo por ser muito altruísta e estar preocupada com Bruna Surfistinha bêbada passando mal e logo depois fez um escândalo aos berros com ele, resolveu chorar. Sensível ela. Porque não se importar com bêbado é desumano, mas fazer aborto porque Adriano pediu e contar pro Extra é bacana. Vai entender os valores das pessoas… Tava lá falando dos filhos (que largou para morar com os pais) e chorando. Curioso que ela fica bastante tempo sem ver as crianças no seu dia a dia e não chora assim enquanto está na buááátchi, na academia ou nas feiiixxtinhaiiixxx. É choro para enganar otário. Gosta dos teus filhos, Neguinha? PEGA E CRIA, porra! Para quem disse que eu vou apanhar dela porque ela é minha vizinha, mas olha, EU TÔ PAGANDO PRA VER se ela é capaz de me bater. Mas to pagando É MUITO. Ela é barraqueira mas não é idiota, sabe que dependendo com quem tire farinha sai presa MES-MO. Tô torcendo para ela partir para cima de mim. Bater em motorista de ônibus é moleza. Gentinha assim paga de maluca de que encrenca com geral mas sabe bem com quem mexe. Ela que venha, eu me garanto inclusive se tiver que partir para a porrada.

De resto, alguns tem maior probabilidade de ter atrito com Cumpadri. João Kleber paga de humilde mas bastou uma Nobody que eu nem sei o nome comentar que tinha mais de uma escova de dentes em casa para ele tentar humilhá-la dizendo que se ela tinha várias escovas de dentes, ele tinha uma Ferrari na garagem. Tirando onda demais para quem PERDEU A ESPOSA para o Fulano que fazia o teste de fidelidade no programa dele! Levou um chifre e provou do próprio remédio! Nessas horas eu até me pergunto se Deus realmente não existe, porque se isso não foi trollada divina, não sei o que foi. Já vi Cumpadre olhando torto para ele. Ele que tente tirar onda com Cumpadre Washington para ver o que acontece. Cumpadre vai enfiar aquele óculos nas narinas de João Kleber e enforcar ele no teto da sala com aquele lencinho ridiculamente escroto que ele usa no pescoço gritando “Olha o Kibe!”.

Valesca é minha maior decepção. Entrou tirando onda de putona, como sempre faz para se promover, mas na verdade se mostrou uma mulher pipoca: esquenta, esquenta e pula fora. Só faz pose de piranha, na realidade é mais recatada do que qualquer mulher, o que leva a um estranho fenômeno de hipocrisia inversa. Estamos acostumados a ver putas se fazendo se santinhas, mas santinhas se fazendo de putas é novidade. Brigada, viu Sandy, por começar com essa babaquice. Como se já não houvesse hipocrisia suficiente neste mundo! Quero só ver a hora que ela vier toda se querendo para cima do Cumpadre e não puder recuar. Vai tomar no rim esquero, porque Cumpadre não tem cara de quem atende a gritos de “PARA! EU NÃO QUERO!”. Ele não tem dessas frescuras.

Renata Banhara (profissão: Personalidade da mídia – hahaha) que fez questão de dizer na entrevista do primeiro programa que achava ridículo quem entrava e ficava chorando, não faz outra coisa a não ser chorar. Ok, a gente também choraria se tivesse casado com Franky Aguiar, O Cãozinho dos Teclados, ainda mais se tivesse apanhado dele publicamente, mas porra, chora calada caralho! Irritante o barulho que ela faz chorando! Eu colo o ouvido na TV para ouvir as pérolas de sabedoria do Cumpadre Washington está falando lá no fundo e tem que ficar escutando aquele barulho que mais parece um brinquedinho de cachorro daqueles que você aperta e chia. Já já Cumpadre se cansa e dá motivo para ela chorar.

Mas, devo confessar que o embate pelo qual eu mais anseio é de Cumpadre com um Nobody chamado François que, por incrível que pareça, é do sexo masculino. Ele é um cosplay de Theo Becker. Uma hora tá de boa e na outra começa a se descompensar todo. Perde a calma por nada e quando fica puto fala com os dentinhos trincados. Cumpadre vai resolver esse problema, até o final do programa ele não vai mais ter dentinhos para trincar. Acho que a pancadaria vai ser com ele porque é um dos únicos que fica cego de fúria quando está irritado. Os demais tem o feeling de olhar pros cornos de Cumpadre e perceber o instinto animal super maloqueiro. François promete.

Fique esperto, a qualquer hora do dia ou da noite Desfavor te atualiza em tempo real. Tchu tchu paááá!

Para dizer que vai montar um ringue com gel para que eu e Joana Aborto Machado briguemos, para dizer que se Cumpadre Washington bater no João Kleber você até compra um CD do É o Tchan ou ainda para dizer que ele tá pau a pau com o Diogo em matéria de chatice em reality show: sally@desfavor.com

Civilizado!

Como vocês sabem, na semana passada a Madame que divide o blog comigo postou às pressas uma conversa nossa no msn sem revisar e acabou postando mais do que deveria. Em resposta, esta semana será recheada de Siagos Tomires. Semana que vem volto à programação normal.

Não sei se eu já comentei, mas Siago Tomir é nervosinho ao volante. Se você acha que o seu namorado é estressado no trânsito, bem, você não conhece Siago Tomir. E se o seu namorado é de fato estressado no trânsito, recomendo que não o deixe ler esta postagem, porque periga dele achar o máximo e resolver imitar.

Quando conheci Siago Tomir ele já era estressadinho no trânsito. Mas era um estresse “normal”, se é que se pode dizer que atitudes como abaixar o vidro e xingar o outro motorista sejam normais. É que quando eu conheci Siago Tomir ele era um recém formado sem muito dinheiro no bolso, com um carro modesto. Com o tempo, Siago Tomir foi crescendo em sua profissão e ganhando mais. Qual é a primeira coisa que gente descompensada faz quando começa a ganhar dinheiro? Exatamente, compra um carro acima de seu poder aquisitivo.

Um belo dia, Siago Tomir decidiu que queria um carro pelo qual ele não podia pagar e decidiu que iria contar com o ovo no cu da galinha, apostando que ganharia cada vez mais no futuro. Comprou a porra do carro era uma PickUp daquelas que chamam bastante a atenção. Evidente que isto não foi previamente discutido comigo, imagina, quem era eu além da reles noiva dele. Apareceu com o carro do nada, e ainda teve a cara de pau de dizer que tinha uma surpresa para mim. Para mim? Pois é, Siago Tomir é esse tipo de pessoa odiosa que quando quer uma coisa compra e tenta fazer parecer que comprou pensando em você.

Tava lá, o carro gigante. O troço parecia mais uma nave espacial. Quando ameacei abrir a boca, ele veio com aqueles argumentos nojentos que todo homem costuma ter na ponta da língua: “eu dirijo muito, todos os dias, tenho que ter um carro confortável”, “eu passo muitas horas no trânsito, eu preciso deste carro” ou ainda “eu não me meto nas suas roupas e sapatos, não se meta no meu carro”. Seria inútil argumentar, mais fácil ele me devolver para os meus pais do que devolver o carro para a loja. Fiquei quieta e apenas lancei um olhar de censura, que foi ignorado.

O curioso foi quando Siago Tomir saiu logo depois e deixou o carro em um mecânico, alegando que iria fazer uma revisão para ver se o carro estava ok. Achei estranho ele primeiro comprar para só depois levar no mecânico para verificar o estado do carro, mas calei minha boca porque eu entendo de carro o mesmo que entendo de física quântica. O carro ficou uns dias fora, o que também me chamou a atenção, porque até onde eu sabia, revisão se faz de um dia para o outro. Continuei quieta. Um dia ele apareceu com o carro e um olhar maligno muito preocupante.

Sally: Qual foi a merda que você fez?
Siago: Porque você sempre espera o pior de mim?
Sally: Porque você sempre faz as piores merdas!
Siago: O carro só voltou hoje porque ele só ficou pronto hoje
Sally: Pronto?
Siago: Sally, você quer detalhes técnicos? Você nem sabe onde fica o motor!

Fiquei quieta novamente porque sabia quem de nós dois seria devolvido se eu desse um faniquito. Um tempo depois a primeira prestação do carro bateu e praticamente limpou a conta de Siago Tomir. Fiquei assustada.

Siago: Fudeu
Sally: Você comprou o carro à vista?
Siago: Não pensei que fosse ficar tão caro
Sally: Você não sabia o valor da prestação quando comprou?
Siago: O problema não é a prestação do carro, o que está me matando é o seguro
Sally: O seguro?
Siago: Sim, o seguro
Sally: Aqui? Em Campinas? O seguro é tão caro?
Siago: Deste carro é
Sally: Porque?
Siago: Sally, você quer o que? Detalhes técnicos? Fiz o seguro que eu achei melhor, você não entende nada de carro! VOCÊ QUER SE METER EM TUDO!

O argumento procedia. Eu não entendia e não entendo nada de carros. Calei a minha boca. Mas não me convenceu. Sabe quando você sente uma voz lá no fundo sussurrando que tem algo errado? Aquela intuição não saiu da minha cabeça, mas eu a ignorei. Ninguém grita assim por nada, havia um motivo oculto para essa irritação. Na primeira viagem que fizemos juntos eu descobri a verdade.

Sally: Lá vem…
Siago: *palavrões
Sally: Siago, fica calmo…
Siago: CALMO COMO! VOCÊ VIU O QUE ELE FEZ?
Sally: Vi, Siago
Siago: ELE ME FECHOU! ELE ME FECHOU!
Sally: Tá, Siago, deixa isso pra lá…
Siago: *palavrões
Sally: aff
Siago: *palavrões
Sally: O que você está fazendo?

Somir emparelhou com o carro, abaixou o vidro e começou a soltar uma série de ofensas que nem eu em meus piores Sally Surtada tive coragem de dizer.

Sally: PARA SIAGO! Você não sabe se ele está armado!
Siago: CAGUEI!
Sally: MAS EU NÃO! NÃO QUERO LEVAR UM TIRO! Faz isso quando estiver sozinho no carro!
Siago: VOCÊ VIU O QUE ELE FEZ? VOCÊ VIU O QUE ELE FEZ?
Sally: * abaixando no banco

Infelizmente, o motorista do carro que fechou Siago também não era muito calmo e ao ouvir os xingamentos, olhou para Siago e disse “Vai se foder, seu merda” e ficou rindo. Siago começou a seguir o carro, chegando cada vez mais perto até quase encostar:

Sally: PAAAARA! SIAAAAGO! PAAARA!
Siago: *rindo
Sally: SIAGO, SEU RETROVISOR! VOCÊ VAI…
Siago: ELE VAI!

Um estalo depois, o retrovisor do motorista que xingou Siago ficou no chão. Siago acelerou e foi embora rindo e mostrando o dedo médio para o motorista.

Quando minha taquicardia passou, comecei a raciocinar. Algo não batia. Como pode um homem que compra o seu carro sonho de consumo e está ralando para pagar porrar outro carro na maior tranqüilidade? É como se uma mulher usasse um sapato Christian Louboutin para esmagar uma barata cascuda. Enquanto dava esporro em Siago, fui tentando juntar as peças.

Sally: QUAL É O SEU PROBLEMA?
Siago: No momento? Falta de dinheiro, e o seu?
Sally: Tá ficando maluco?
Siago: Sempre fui, só reparou agora?
Sally: Arriscar danificar o carro que você acabou de comprar? Tá maluco?
Siago: Não
Sally: Você podia ter perdido o retrovisor e estragado a nossa viagem!
Siago: Não
Sally: Ah, agora você vai dizer que consegue dirigir sem retrovisor?
Siago: Consigo, eu não sou mulher. Mas não era sobre isso que eu estava falando
Sally: Sobre o que você estava falando?
Siago: Eu não ia perder o meu retrovisor
Sally: Como você pode ter tanta certeza?

Siago Tomir tem um sorriso de canto de boca que ele usa quando fez merda. Ficou sorrindo e fazendo ar de mistério até confessar que na verdade tinha levado o carro em um mecânico para mandar soldar os retrovisores e o pára-choque com algum metal fundido que eu não vou lembrar qual: ferro, aço, sei lá, alguma coisa que deixava o retrovisor e o pára-choque mais resistentes. Assim, cada vez que ele, O Justiceiro do Trânsito, achava que alguém merecia, arrancava o retrovisor ou então arrastava a pessoa dez metros à frente ou para trás, amassando o outro carro e deixando o seu intacto. Siago Tomir tinha transformado o carro dele em uma máquina mortífera.

Sally: Sério…
Siago: Sim?
Sally: Sério… eu não acredito que você fez isso. Vai dar merda!
Siago: Não fica aparente, não tem como ninguém saber
Sally: Você acha que pode arrancar o retrovisor dos outros como punição?
Siago: Acho
Sally: Você acha que quem dirige mal ou devagar tem que ser punido?
Siago: Acho
Sally: Sabe como se chama isso que você fez:
Siago: Solid Granite Car
Sally: Hã?
Siago: Nunca jogou Carmaggedon não?

Assim foi a nossa viagem. Cada vez que alguém irritava Siago perdia o retrovisor. Se isto fosse tudo, eu até poderia tentar relevar, mas a loucura dele não parou por aí. Na volta ele teve um desentendimento com outro motorista e começou a segui-lo. O motorista fechou Siago e parou o carro na sua frente, no sinal amarelo.

Siago: * um olho só latejando
Sally: PARA COM ISSO AGORA!
Siago: *metendo a pata na buzina
Sally: Para de buzinar! Sinal amarelo indica que é para parar!
Siago: Só se for lá no Rio de Janeiro!
Sally: Sinal amarelo é o que?
Siago: “Acelere, porque vai fechar”
Sally: Quer respeitar o sinal?
Siago: É um sinal de pedestre e não tem ninguém para atravessar!

Antes que eu pudesse perceber, Siago Tomir acelerou e saiu empurrando o carro da frente até o cruzamento. Arrastou o carro até metade do cruzamento, botou a mão para fora da janela e mostrou o dedo médio. O motorista do carro saiu assustado. Eu estava encolhida no banco pedindo para ele sair dali rápido, mas Siago não parecia preocupado.

Foi quando o motorista pegou uma pedra e jogou no carro de Siago. Bateu no vidro de trás e trincou tudo. Siago Tomir hiperventilava. Se eu soubesse rezar, eu tinha rezado nesse momento. A última coisa que lembro foi Siago gritando para eu me segurar no banco.

Siago deu ré em cima do carro do sujeito que tacou a pedra. Depois andou alguns metros para frente e deu nova ré. O diálogo que se segue foi no meio dessa brincadeira de bate-bate:

Sally: PAAAARAAAAAA!
Siago: Ele vai aprender…
Sally: A gente vai ser preso!
Siago: Estamos no meio do nada, sem testemunhas
*batida
Sally: Por mais que seu carro esteja soldado, essas batidas vão prejudicar o carro! PARA!
Siago: Caguei
Sally: Hã?
*batida
Siago: CAGUEI

Se ele tivesse dito que valia a pena ou coisa do tipo eu nem estranharia tanto. Mas ouvir ele dizer que cagou para o seu brinquedo mais caro era demais.

Sally: Você caga pro seu carro novo?
Siago: Não, eu cago para estragar meu carro novo!
Sally: Hã?
*batida
Motorista do carro batido: Seu idiota! Tá fodendo com o seu carro!
Siago: TÔ MESMO, EU PAGO SEGURO TOTAL É PRA ISSO MESMO! AMANHÃ EU PEGO UM NOVINHO! E VOCÊ?
*batida
Sally: Siago, você não vai ter dinheiro para pagar a franquia do conserto deste carro! Para de porrar o carro novo AGORA!
Siago: Franquia? HÁ
*batida
Siago: Meu seguro é caro, mas eu não pago NADA, se der perda total no meu carro no dia seguinte eles me dão um carro novo!
Sally: PARA SIAGO!
Motorista do carro batido: Seu idiota! Você também vai ter prejuízo!
Siago: EU PAGO CARO PARA PODER BATER O QUANTO EU QUISER! EU BATO MESMO! EU BATO O QUANTO EU QUISER E AMANHÃ EU TENHO UM CARRO NOVO!

Vendo o transtorno mental de Siago, o motorista puxou o celular. Acredito que estivesse ligando para a polícia. Siago continuou porrando o carro de ré até que ele fique próximo a um canal. Ele me olhou e sorriu. Acelerou e porrou o carro pela última vez jogando-o dentro do canal. O dono foi atrás, desesperado e Siago arrancou e fomos embora.

Sally: Você pode ser preso!
Siago: Não é você quem sempre diz que crime de trânsito nunca dá em nada?
Sally: Mas isso que você fez foi grave demais!
Siago: Ótimo, vamos ver se você é uma boa advogada!
Sally: Se ele anotou a sua placa, ele vai te achar!
Siago: Não anotou! Ele estava muito preocupado correndo atrás do carro quando a gente foi embora!
Sally: Ele pode ter anotado antes!
Siago: Enquanto eu porrava o carro dele? Duvido!
Sally: E se anotou:
Siago: Se eu for preso, eu vou FELIZ, porque ele teve o que ele mereceu!
Sally: E por acaso você acha que a seguradora vai cobrir danos propositais ao veículo?
Siago: Acho. Acho que vai cobrir tudo porque eu paguei para isso
Sally: Você pagou PARA PODER SAIR BATENDO EM QUEM QUISER?
Siago: Qual parte você não entendeu?

Fiquei vários dias sem falar com Siago Tomir, apenas respondendo a e-mail e mensagens com a mesma frase: “venda o carro e conversamos”. Chegamos a um acordo razoável, mas assim que nosso relacionamento terminou, ele voltou a andar com máquinas mortíferas. Se um dia você for propositalmente porrado por um carro com placa de Campinas, diga olá para Siago.

Para achar bonitinho/bacana/compreensível mais uma merda enorme que Siago fez, para reforçar o comportamento negativo exaltando os erros de Siago ou ainda para justificar o injustificável: sally@desfavor.com