Autor: Somir

Valdir estava muito atrasado. Era apenas o segundo encontro com aquela bela morena e os vinte minutos além do combinado não ajudariam com suas pretensões de esticar o jantar para um motel. Celular sem bateria, para variar. E para ajudar, o caminhão à sua frente parecia se arrastar pela estradinha. Belo atalho esse… não havia tempo a perder: subida, curva e tudo mais, lá se foi Valdir pisar fundo no acelerador para fazer a ultrapassagem. No sentido oposto, outro caminhão. Sem chance alguma de desviar, ouviu o estrondo, sentiu o corpo flutuando no ar… e depois, mais nada.

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Meu primeiro contato com um videogame foi com um Atari. Confesso que nunca entendi muito bem o que estava fazendo apertando um botão e vendo quadradinhos coloridos se mexendo na tela. Distraía, pelo menos. E, cacete, como era difícil conseguir qualquer senso de progresso ali. Devo ter jogado basicamente só as telas iniciais da maioria dos jogos que tínhamos em casa. Mas tinha algo de positivo aí: mesmo na mais tenra infância, já começava a entender que algumas coisas não eram para o meu bico.

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A adolescente chilena Valentina Madureira foi notícia nos últimos dias com um vídeo feito no seu celular, assim como tantos outros jovens já fizeram antes dela. Mas dessa vez, o tema do vídeo era bem diferente: Valentina pedia ao governo chileno pelo direito de… morrer. Portadora de fibrose cística, doença hereditária incurável, queria a eutanásia. O governo chileno não concordou, como era de se esperar. O que me leva à seguinte questão: de quem é a vida?

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O ano era 1989. Collor e Lula disputavam o segundo turno das primeiras eleições presidenciais desde o restabelecimento delas. Na última semana, o programa eleitoral de Collor coloca uma entrevista com uma ex de Lula, baixando a lenha no molusco numa baixaria ainda sem par no processo eleitoral. Sério, foi ataque pessoal deslavado, uma das coisas mais escrotas que já fizeram em campanhas políticas. Ainda bem que funcionou!

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Eu lembro bem quando os primeiros sinais foram captados. Discuti com meu chefe por um bom tempo tentando convencê-lo de que aquilo era só uma anomalia da radiação de fundo que calhava de parecer com uma palavra. Na minha profissão, ceticismo é um excelente antídoto para a frustração. Nunca era algum contato… bom, nunca até aquele dia.

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