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Desde o início, a programação da Rede TV sempre foi voltada ao entretenimento, com diversos programas direcionados a segmentos específicos: humorísticos, talk shows, esportivos, séries, programas de entrevista e femininos.
O jornalismo, pelo que presenciei e pelos relatos de pessoas de lá, continua a ser a área mais negligenciada pela emissora. Não fosse por um ou outro brilho individual, diria que a emissora tem o departamento de jornalismo mais medíocre da TV aberta.
Essa mediocridade não é por falta de recursos. O dono, Amilcar Callevo, merecidamente podre de rico, investiu em uma estrutura que faria inveja ao primeiro mundo, colocando no ar uma emissora full-HD antes mesmo de muita emissora europeia e até japonesa.
O problema está no gerenciamento de pessoas. Querendo expandir, mas com pés de barro (para não dizer de merda), pensaram que bastava contratar gente experiente, que o resto se encaminharia naturalmente.
Até parece. O primeiro nome de peso a ser contratado foi o monótono e monotemático Marcelo Rezende, contratado para ser o âncora do jornal das 21h a peso de ouro. Esse peso de ouro era precisamente 300 mil reais. Mensais! Para alguém com a cara do Mr. Potato Head.
Naquela época, a Rede TV patinava, atrasava salários dos funcionários, e aí vem o Mr. Potato Head, com aquela desenvoltura de repórter de porta de cadeia, a única coisa em que é bom, aquela voz horrível, péssimo humor e entonação ainda mais sofrível, ganhar R$ 300 mil reais mensais. Seria como o Flamengo contratar o Robinho pagando muito, coisa pior do que peido em preleção.
Obviamente, acabaram atrasando o salário dele também. E Marcelo se viu em desespero pois, comprando garrafas de vinho de 10 mil reais para tomar no trabalho e tendo que pagar a pensão à ex-mulher, não poderia se dar ao luxo de passar o mês sem receber. O que ele fez? Disse que seria detido se não atrasasse a pensão da ex-mulher. Tudo mentira, inclusive a ex participara da armação. Nisso, levou o pé na bunda e perdeu a boquinha mais fácil da vida dele: ganhar R$ 300 mil para ler (muito mal) notícias. O Vanucci, entupido de remédios, se daria melhor do que ele . No fim, Rezende voltou a fazer o que se espera dele, ser repórter investigativo. Mas não creio que a Band tenha sido trouxa de ter bancado o mesmo salário.
Nisso, enquanto o Potato-Head ganhava o que não merecia, os repórteres se viravam como podiam. Uma vez, um jornalista foi no mesmo lugar em que a equipe do Pânico estava, para fazer uma reportagem ao vivo para o jornal das 21h. E, ao chegar lá, descobriu que estava sem áudio para fazer o link. Ou seja, não ouviria o que o pessoal do telejornal perguntaria a ele. Nisso, uma mulher da produção do Pânico ficou com pena, ligou para uma amiga com quem morava, pedindo para que essa amiga ligasse a TV no Jornal e encostasse o telefone, para que essa mulher da produção pudesse avisar o repórter quando o Potato-Head o chamaria para dar seu relato ao vivo. Sorte que o repórter sabia mais ou menos o que falar, e o que ele disse acabou não destoando (muito) do que o Marcelo Rezende lhe havia perguntado.
Se isso já mostraria o quanto essa emissora era amadora (para não dizer patética), resolveram apostar nas reportagens internacionais. Tentar crescer lá fora com, dessa vez, pés de merda em sua estrutura e, principalmente, na cabeça de seus diretores que, só Deus sabe o porquê, ganham seus 30, 40 mil reais por mês.
Pés de merda porque, já que montaram uma infraestrutura bem além da capacidade intelectual das pessoas que lá trabalham, em sua grande maioria, seria café pequeno investir em um escritório no exterior. Não logo de cara no porte do escritório da Globo, em Londres, mas pelo menos um apartamento em que o correspondente, juntamente com uma equipe mínima, tivesse o mínimo apoio para fazer reportagens.
Não foi o que aconteceu. Inicialmente, escolheram os Estados Unidos e a Europa. Aí, fizeram com que os repórteres se desvinculassem da emissora e abrissem uma pessoa jurídica, para trabalharem como autônomos, em uma flagrante burla ao Direito do Trabalho, em termos do que os juristas chamam de primazia da realidade. Explicando melhor: são autônomos só no papel, porque trabalham com habitualidade e sob diretrizes do ex-empregador, como se nunca tivessem deixado de ser empregados. De fato, nunca deixarem de ser, mas ficam privados dos direitos trabalhistas e de seguridade social, a que teriam direito caso tivessem registro em carteira.
Com isso, esses correspondentes ficaram por sua própria conta e risco. O correspondente da Europa, principalmente. Esses dias, ele foi in loco conferir os combates na Líbia e, nisso, seu carro foi alvejado por seguidores do Gaddafi. Não tendo vínculo algum com a emissora, e sem qualquer seguridade social, não teria direito a qualquer ajuda caso fosse incapacitado de vez. Ou, caso tivesse virado presunto, a emissora iria buscá-lo?
Para alguém de fora, a carreira de correspondente, em que o repórter vai para um local diferente a cada dia, parece ser o emprego dos sonhos. Emprego dos sonhos desde que você tenha uma equipe de apoio ou, pelo menos, um cinegrafista.
Ocorre que esses correspondentes da Rede TV nem isso recebiam. Em parte, porque os cinegrafistas não eram pessoas intelectualmente apropriadas, nem tinham passaporte de 1º mundo para a emissora enviá-los sem ter que gastar com vistos de trabalho. E, de resto, se os correspondentes entregavam muito por muito pouco, investir em uma estrutura profissional lá fora para quê?
Enfim, além de ter que trabalhar levando à tiracolo a câmera, o tripé, o computador, literalmente correndo atrás das notícias, eles tem que se virar para reservar hotel, pesquisar sozinhos informações sobre o local ou o tema da reportagem, e se virar para achar internet disponível, seja na Líbia ou no Haiti, para enviar as reportagens. Nada comparado ao conforto de repórteres globais, tais como o Marcos Losekann, que tem uma vida de rei na Grã-Bretanha.
Detalhe: como a Rede TV se gaba de ser a primeira emissora 100% digital, fazer um upload de arquivos para reportagens pode levar facilmente uma madrugada inteira para ser enviado e, como a conexão pode cair a qualquer momento, isso obriga o repórter ficar acordando, ou ficar acordado direto, para conferir se o envio foi realizado, obrigando também a equipe deste lado que vai receber o arquivo a ficar alerta. Só para compararmos, um arquivo não-HD leva, dependendo do tamanho, uma hora apenas para ser enviado para o Brasil.
O despreparo do departamento de jornalismo é tão gritante que soube de amigos e conhecidos dos jornalistas e dos correspondentes ajudando esses profissionais, seja pesquisando a pedido deles, ou até junto com eles, a realizar reportagens, tamanha a falta de capacidade do departamento de fazer um trabalho de apoio digno de nome.
Ou seja, se há algum sucesso do jornalismo da Rede TV, esse é por conta desses profissionais que, sejam daqui, sejam lá do exterior, realizam suas reportagens sabe se lá como. O duro é que não ganhavam sequer um quarto do que ganham os de alto escalão. Pagavam ao correspondente internacional, até pouco tempo atrás, R$ 7 mil por mês e levavam mais do que isso para reembolsar as despesas incorridas para realizar as reportagens, o que forçava os repórteres a . Não é por menos que o primeiro correspondente nos EUA deve ter jogado logo a toalha, afinal todos sabem o quanto é barato rolar dívida de cartão de crédito aqui, não é?
Mas, o fato dos primeiros correspondentes terem entregado bons resultados, incentivou a emissora colocar mais escravos em outros continentes. Já há outra repórter na Europa e um em Buenos Aires, até onde sei. Todos escravos, sem qualquer direito trabalhista nem acesso à seguridade social.
Mas o amadorismo não para por aqui. A enfeite no bolo, ou melhor, o pedacinho de comida na bosta, foi quando o presidente Amilcar achou que sua esposa, Daniela Albuquerque, teria talento para ser apresentadora de TV.
De fato, talvez o fato dela ter experiência com programas tenha vindo do fato dela ter feito programas quando era ‘modelo’. Modelo que cobrava horrores por uma trepada. Afinal, era uma moça simplória, que nunca dispensa uma “rabada com mandioca”, mas com uma beleza ordinária e um nariz destoante do resto, que conseguiu ficar ainda pior com a rinoplastia. Enfim, nada que a destacasse das mulheres que vêm aqui tentar a sorte e acabam fazendo a alegria dos puteiros.
Sem falar da inteligência dela, abaixo da média, a não ser para fisgar o dono da Rede TV. Se fosse dono da faculdade em que ela e o marido frequentaram (dizer que se formaram seria uma afronta aos estudantes sérios), morreria de vergonha, afinal de contas ela não melhorou muita coisa desde que estreou discretamente na Rede TV, mesmo complementando sua formação com teatro e fonoaudiólogo e completando sua deformação com aquele nariz horrível. E pensar que obrigaram uma equipe da Rede TV a estar lá na formatura para entrevistá-los ao vivo, parabenizá-los pela formatura e ouvir o que o casal tinha a dizer. Coitado do repórter.
Lembro que uma das primeiras aparições de Daniela foi no próprio telejornal das 21h. Tive pena do correspondente internacional uma vez. Ele conseguiu um furo no interior da Inglaterra, sendo o primeiro a relatar a prisão do brasileiro que exportava lixo hospitalar para cá. Aí, a burrinha vai e anuncia que o correspondente estava na…Itália!
Mas não culpemos a ‘cadela’. Cadela por cadela, a Luciana Gimenez abriu a porteira. Daniela não é muito diferente do meio em que está. Há um motel perto da atual sede da Rede TV, lá em Barueri, para onde um antigo diretor de jornalismo levava frequentemente suas colegas de trabalho. Mas os jornalistas também são bem entrosados, afinal de contas é o emprego perfeito para pular a cerca, pois notícia não tem hora para acontecer. Tem jornalista que até abortou para não comprometer a carreira, dela e do colega que a engravidou. Generalizações são injustas, é verdade, mas não teria algo sério com um repórter. Daquela emissora, jamais.
Diante disso tudo, é uma pena que uma estrutura montada por uma pessoa bem-intencionada até, como seu Amilcar o é, não tenha e, pelo jeito, jamais terá uma qualidade equivalente na maioria das pessoas que lá trabalham, em sua maioria.