A evolução, em nossos tempos de savanas africanas, preparou-nos para vivermos em bandos de doze a quarenta pessoas. Alguns se adaptaram melhor do que outros à civilização e à vida urbana, outros desenvolveram sintomas de pânico, fobia social, agorafobia ou outros sintomas mais brandos, como algum desconforto na presença de estranhos ou em multidões. Eu acho aglomeração de gente um desfavor, mesmo não apresentando sintomas clinicamente significativos. Vamos a alguns exemplos, pra ilustrar:

Você vai ao Shopping Center em uma terça à tarde, fora do período de festividades: há lugar no estacionamento, as lojas estão vazias, há vendedores disponíveis, mesas livres na praça de alimentação. Tente ir perto do Natal ou mesmo em um sábado de chuva. Ano passado eu rodei todos os Shopping Centers da cidade em um dia chuvoso de verão porque tinha que comprar algo – moro em uma cidade turística em que triplica o movimento no verão – e não tinha lugar para estacionar. Inclusive, circular pela cidade estava complicado. Em outras ocasiões, cansei de ficar “sobrevoando” as mesas da praça de alimentação como uma ave de rapina, à espreita de alguém terminando sua refeição para liberar o lugar. Chega um momento em que é preciso ficar postado ao lado de alguém, encarando com um olhar de “vamos, tem mais gente querendo comer, deixe de conversa fiada!” Fora que os restaurantes e fast-foods mais encaráveis ficam demoradíssimos para atender, aí resta comer algo que você não queria no que tiver a menor fila. Você vai comprar alguma bobagem em uma loja de departamentos qualquer, aí a fila para pagar é quilométrica. Provavelmente a linha para pagar com cartão de débito estará congestionada, então você terá que passá-lo várias vezes, ou então pagar com dinheiro e fazer uma nova visita ao caixa eletrônico – que também tem fila. Fora o ruído… Fica um zumbido estranho que obriga todo mundo a falar mais alto, aumentando o maldito. Aí você resolve ir ao cinema, mesmo sabendo que a programação geralmente não é grandes coisas. Mais filas e só sobram ingressos para você ver “Besteirol Americano VIII” ou “O retorno dos tomates assassinos”, ambos dublados. Aí você fica revoltado, acha que atingiu seu limite e resolve ir embora. Passa no guichê para validar o ticket do estacionamento e constata que por cinco minutos as suas notas fiscais não bastarão para validar a conta, então você percebe que passou dez minutos na fila para validar a porcaria do ticket. Com ele validado e uns reais a menos no bolso, você tem poucos minutos para deixar o estacionamento, mas percebe que muita gente teve a mesma idéia. Poderia ser pior? Sempre, por definição. Tudo isso pode ser somado a discussões em família, brigas de casal ou choro de crianças que ficaram chateadas por não assistirem ao filme “O retorno dos tomates assassinos” pela terceira vez.

Você vai à praia em um domingo. Já sugeriu à sua namorada que é melhor ir cedo pra escapar do engarrafamento, ela jurou que no máximo às 9:00 vocês estarão a caminho. Você chega na casa dela às 8:30 e a sogra está servindo o café. Ela lhe convida para comer com eles, porque sua amadinha acabou de acordar e resolveu tomar um banho antes de ir à praia. Você fica pensando: claro, é preciso estar bem limpinha para não sujar a areia, a canga ou o mar. Meia hora depois ela chega, bela e faceira, e inicia o café. Você não pode dar uma bronca nela na frente da família, pois ainda conserva algum juízo, então o seu estômago capricha no ácido clorídrico e o seu fígado começa a fazer sua magia. Aí eles ficam em um bate-papo interminável sobre alguma fofoca familiar, ou pior do que isso, discutindo na sua frente e querendo que você se posicione. Você imagina se conseguirá realizar um truque mental ninja: fechar os olhos, desmaterializar-se e rematerializar-se em outro lugar, ao abrir os olhos. Não funciona. Às 10:30 ela vai reunir o equipamento: cadeira de praia, guarda-sol, quatro tipos de protetor solar, roupa para o caso de ventar, outra para o caso de chover, de nevar… Aí vai perguntar se o biquini novo, que ela levou horas escolhendo na loja, a deixa gorda. Você reprime o pensamento maligno “não, amor, o que te deixa gorda é o chocolate” e responde baixinho pro sogro não ouvir “não, amor, ele te deixa muito gostosa”. O irmãozinho caçula escuta e sai repetindo em altos brados. Às onze da manhã você está na estrada, junto com todo o pessoal que farreou na noite de sábado. Uma fila miserável, um calor dos diabos, o carro andando três metros, parando, sucessivamente. Você descobre que inventaram a p#@@% de um triatlo no mesmo dia e agora aqueles m&*%@$ desocupados estão andando de bicicleta, por isso uma das pistas foi interditada e a polícia rodoviária está circulando pelo acostamento. Depois de duas horas, vocês chegam à praia e não tem um p#%@ lugar para estacionar, então você tem que parar a quase 500 metros da praia e carregar toda aquela tralha, suando e bufando. Ela generosamente carrega as raquetes de frescobol. A areia está tão quente que daria para preparar seu almoço nela. Mais uma longa caminhada até encontrar um lugar para colocar o guarda-sol, longe dos quiosques que vendem coco, milho, cerveja e água mineral. Quando o acampamento está pronto, são duas da tarde e a fome retornou. Você come um milho-verde e umas castanhas de caju pra enganar o estômago, aí aparecem trinta vendedores de redes, um a cada cinco minutos: “e aí, meu rei?”

Abriu um bar novo na cidade. Florianópolis é a terra dos modismos, então a cidade inteira estará lá por no mínimo umas três semanas. Eu, que detesto muvuca, quando perguntam “Já foi ao bar novo?”, respondo “Não, estou esperando o bar ficar velho pra ir”. Mas não adianta, naquele período os outros bares da cidade estarão praticamente vazios (que maravilha) e o pessoal (amigos, amigas e agregados) resolverá marcar o encontro no bar novo. Eu adoro bares e vida noturna, não é pretexto para ficar em casa vendo filme. É que já conheço inauguração de bar de outros carnavais. Não há lugar para estacionar em um raio de 500 metros, há uma legião de flanelinhas para lhe extorquir na entrada, não haverá mesas disponíveis, os garçons estarão estressados e assoberbados, a cozinha não dará conta dos pedidos e a cerveja não terá tempo de gelar, tal a demanda.

Show da Madonna? Oktoberfest? Folianópolis? Show do dia do trabalhador? Carnaval de rua? Fogos na Avenida Beira-Mar na virada de ano? Tô fora! Muvuca é um desfavor.

Paulo

Estou em em casa, num sábado de ócio criativo acabando de narrar a odisséia que virou post no meu blog, enquanto blipo, twitto, orkutto e faxino a casa. Eu faço milhões de coisa ao mesmo tempo, mas quando estou no computador eu não falo com ninguém, não presto atenção. Minha mãe vinha aqui, dava recados, eu não ouvia e ela ficava puta.

Mas tem algo que me irrita muito mais que falem comigo quando estou na internet…

Estou lá eu, entretida com meus textos quando que toca o telefone com número restrito.
Procedimento padrão: atendo grosseiramente:

– ALÔ!!

Cai a ligação. Satisfeita, continuo o que estava fazendo e o telefone toca novamente:

– ALÔ???

– Bom dia! (tímido)

– Quem é???

– Como eu estava dizendo, bom dia, é a senhora Mary que está falando?

– Sim é ela e quem é você?

– Sou fulaninha da central de relacionamento do banco Satãseder e estamos entrando em contato com a senhora pois a senhora é uma cliente muito especial!

– Desde quando? Nunca fui cliente do seu banco e também não tenho a mínima intenção.

– Calma senhora que eu vou estar explicando…

O sangue ferve. O gerundismo é engraçado até que você é a vítima.

– Obtivemos informações junto ao comércio de que a senhora é uma boa consumidora, e por isso vamos estar oferecendo uma excelente proposta que certamente estará agradando à senhora, posso continuar?

– TEM JEITO?

– É que o banco Satãseder, como eu ia explicando selecionou você dentro de uma lista selecionada (sim ela DISSE ISSO) para estar recebendo um produto muito especial, nosso cartão de crédito blá blá blá…

– Sim. Agora me explica como vocês conseguiram meu cadastro junto ao comércio se eu não tenho cadastro? Eu não faço cadastro em lojas, não uso cheques, não faço crediário, só uso cartão de débito ou de crédito. E esse telefone é um netfone, logo, não esta nas telelistas. Você pode explicar?

– Um momento senhora vou estar verificando junto à supervisora. Por favor não desligue sua ligação é muito importante para nós. (musiquinha)

Juro que ia desligar, mas nessa hora vislumbrei o desfavor, por isso permaneci na linha.

– Oi senhora, desculpe a demora. Conversei com minha supervisora e para sua segurança vou estar informando que não podemos dizer onde obtivemos os dados, mas afirmo que é um cadastro seguro e que seus dados não estarão sendo expostos.

– Sei.

– Mas voltando ao produto, gostaria de estar dando mais detalhes, falando sobre a promoção das anuidades…

– Desculpe, mas eu quiser não estar aceitando essa proposta fantástica? E se eu disser que vou
estar ficando furiosa, aliás já estou por estar sendo incomodada no meu lar, num sábado, de tarde
na hora mais sagrada do meu dia. O que você vai estar fazendo a respeito?

– A senhora não precisa estar ficando nervosa nem falar comigo desse jeito.

– Como assim desse jeito?

– Bem a senhora está, você sabe… zombando de mim.

– Sim eu vou estar zombando de você sim. Me diz uma coisa, existe algum curso onde todas vocês são treinadas quando entram na empresa?

– Sim existe senhora, todas recebemos treinamento especializado.

– E todas as empresas fazem treinamento na mesma empresa?

– Bem senhora isso não sei informar.

– Pois sabe, me impressiona e me IRRITA a forma padronizada como vocês falam ao telefone. Gerúndio é a coisa mais abominável do mundo. Parecem robôs. E o pior, pagam fortunas para vocês falarem besteira. Vc estranhou o jeito como eu respondi você? É porque você fala assim com os outros mas nunca recebeu uma ligação destas. Você sabia que vocês falam completamente errado?

e Continuei:

– Você sabia que o seu “vou estar fazendo” algo é motivo de chacota na internet? Nas revistas? Nos jornais? NAS ESCOLAS? Sim, o atendimento de vocês é ensinado como algo errado que se deve evitar em aulas de português sabia??

(Mocinha engasgada)

– Não sabia senhora. Me desculpe senhora.

– Pois é: Porque ao invés de falar “vou estar verificando” você simplesmente não diz: “vou verificar”. Por que complicar?

– Eles nos ensinam as técnicas de atendimento e nós apenas seguimos, senhora.

– Pois bem. É ridículo. Irrita. Irrita mais do que receber ligação em hora não apropriada sabia?

– Entendo senhora. Posso estar ajudando em mais alguma coisa?

Respirei fundo.

– Sim você poderá esta ajudando sim. Primeiro você poderá estar anotando no seu sistema que a cliente informa que não tem cadastro no comércio pois só trabalha com cartão de crédito. Pode estar informando também que ela é advogada e que ela sabe que o comércio não tem o direito de passar seus dados a empresa alguma e que isso pode ser considerado crime. Você também pode estar informando que eu não tenho, nunca tive e provavelmente nunca terei interesse em qualquer produto do seu banco e de qualquer banco que me ligue oferecendo algo, pois eu gosto de pesquisar antes e isso faço pela internet. E que quero que meu cadastro seja permanentemente excluído ou eu poderei estar processando o banco de vocês.

– Entendo senhora. O banco Satãseder pode estar ajudando com mais alguma coisa?

– Sim. Você pode estar me fornecendo o número do protocolo do atendimento?

– Tu, tu, tu, tu…

Ela não se despediu nem concluiu com a clássica: o banco Satãseder agradece a sua atenção!

E eu nem estava na TPM…

Mary

Hoje o complemento da série especial com desfavores convidados sem saber.
No próximo domingo, voltam os textos enviados. Se você tem um desfavor de idéia mande para desfavor@desfavor.com, você não vai acreditar no que nós temos coragem de publicar…


  • O texto dessa cartinha também foi modificado. Nomes, datas e informações pessoais foram editadas, assim como algumas pequenas correções de português foram necessárias; (Ok, não foram necessárias, mas eu não resisto… Ninguém usa vírgula direito!)
  • Comentários em azul;
  • Ah, foi resumido. BEM resumido. (Mas os clichês e os desfavores ficaram intactos.)

E agora, em primeira mão, a Desfavor Convidada da semana, minha Ex-Quase-Namorada:

Cabeçalho formal de carta. (lolwut?)

Como você vai, Somir? (Antes de ter que ler esse desfavor, muito bem.)Nem precisa responder porque eu nem ligo mais… (Ok, fechando o e-mail… Ah, droga, fiquei curioso. Boa tática.) estou te mandando esse e-mail porque você não ouviu nem um pouco do que merecia da ultima vez que a gente se falou… (Não, eu ouvi choro, ouvi incontáveis “por quê?” e um show de chantagens emocionais para fazer uma mãe judia achar exagerado…) Pra variar você estava frio que nem uma pedra de gelo comigo… (Não, era tédio.) O que eu acho é que você não sabe como é difícil ficar com você desse jeito que você é. (Eu convivo comigo há muito mais tempo que você e estou levando numa boa. Já com você…) Eu já chorei o que tinha que chorar por você. viu? (Ainda bem, você já viu como fica sua cara chorando? ) O que você fez comigo não se faz, (Concordo, da próxima vez eu não ligo no dia seguinte.) você me deu esperança de alguma coisa mais forte e me largou como se eu não valesse nada (Dois meses sem verbalização de namoro.), eu fiz tanta coisa por você (Dois meses.) como largar um emprego que não deixava a gente ficar juntos no fim-de-semana (Imagino que a briga com a chefe e o salário vergonhoso não tenham nada a ver com isso, não?), eu briguei com uma amiga minha que eu gostava demais (Amizade de mulher é tudo falsa mesmo… E eu só não gostava dela, sua maluca.), eu…

(Resumido por chatice)

… e você em troca não me deu nada (Eu dei a minha paciência incrível.) , nem me disse um eu te amo nesse tempo todo (Dois meses.)… eu fiquei me sentindo a otária (Concordo.) quando te dizia isso e você ficava quieto (Poderia ter agradecido ou feito uma piada. Na minha escala de valores, ficar quieto foi um gesto de carinho.), as minhas amigas (Tudo puta.) ficavam me perguntando o que estava acontecendo quando você ficava todo seco comigo na frente do pessoal (Todo seco = Não agindo feito um babaca.) e a burra aqui (Concordo.) ficava dizendo que era o seu jeito mesmo… (A primeira coisa certa que você diz até agora…)

(Resumido por chatice)

… nem pra deixar de ver um jogo de futebol você me dava atenção (Injusta generalização de fato único. Era a final da Champions League. Qualquer homem entenderia isso.)

(Resumido por chatice)

… o seu problema é que você não gosta de ninguém… (Como você.) não vai achar outra mulher que faça o que eu fiz por você fácil assim… (Agora você está dizendo coisas só para me animar, né?) parece que quanto mais alguém gosta de você mais você se afasta (Segunda coisa certa.), eu sempre te achei muito inteligente (Terceira coisa certa.), mas você não tem inteligência emocional (Caralho! Desse jeito você me faz rever meu conceito sobre você, acertou de novo!), você estraga tudo (Considerando esse caso, estragar até que não foi uma coisa ruim…), perdeu emprego (Below the belt...), perdeu chance na vida porque é teimoso (Não sou!) e acha que tem que ser tudo do seu jeito (Discordo, eu não acho. Tenho certeza.)… eu só queria te mostrar um jeito legal (Legal? Não sabia que auto-respeito era crime.) de ficar com uma outra pessoa, mas não adianta, você não quer ser feliz… (Muito pelo contrário, fiquei muito feliz saindo de perto de você.)

(Resumido por chatice e drama familiar)

… você me perdeu (Quem achar pode ficar…) porque não deu valor para o que eu sinto (Se o que você sente fosse uma ação, seria uma de banco de investimento americano…) e eu não vou me humilhar para te trazer de volta (O e-mail seguinte começou com “eu te amo”.), e eu espero que você se arrependa bastante do que fez (É… não vai rolar…) porque uma mulher que nem eu não vai ficar te dando bola todo dia, (Sim, você está mesmo dizendo coisas só para me animar!) eu sei o meu valor (Namorado seguinte = Praticamente alcoólatra.) e você não merece mais isso… (Que Gezuiz te ouça!) eu queria resolver a nossa briga (Dando mais motivos?), eu te liguei (desfavor.), eu fui na sua casa (desfavor!), falei com os seus amigos (desfavor!!), falei com a sua mãe (DESFAVOR!!!)… eu fiz tudo o que eu podia (Tomara…) e você ficou me ignorando (Funciona com gente com algum resquício de orgulho, não me culpe por tentar…) … eu cansei, Somir. (Bom, pelo menos as coisas terminam por aqui. Respeito sua decisão.) Não sei se eu consigo te perdoar mais (Opa…), você vai ter que fazer muito esforço para reconquistar sua EX namorada… (“Como jogar fora toda uma argumentação em uma frase.”, por Ex-Quase.)

(Nunca é demais repetir: Dois meses sem verbalização de namoro.)

Ao invés de publicar o texto de um(a) convidado(a) normal, Sally e Somir resolveram criar um Desfavor Convidado à revelia, numa série de duas cartinhas “amorosas” recebidas por eles.
Neste domingo, Sally. No próximo, Somir.

Mas nada temam: Continuaremos a postar textos dos convidados normalmente após essa série especial.

Teve um desfavor de idéia para um texto? Escreva e mande para desfavor@desfavor.com, não tem limite de caracteres nem limite ético. Prove que é um desfavor e você pode até fazer parte da nossa equipe. (Tem gosto pra tudo…)


Se eu fosse transcrever exatamente o que recebi, seria muito desagradável. Para tornar este Desfavor Convidado (que nem sabe que foi convidado) mais agradável, tomei algumas precauções:

  • O texto original sofreu correções ortográficas e na concordância verbal e nominal
  • Palavra que podem chocar uma alma mais sensível foram substituídas por “bolinho”
  • Meus comentários estão em azul.
  • Meu nome real foi substituído por “Sally”

Segue o Desfavor Convidado de hoje, o Sr. Meu Ex Namorado:

Desta vez eu cansei, Sally. É sério mesmo. Cansei e não vou mais correr atrás (ué… então porque não me ignora, Querido Ex? Precisa mandar carta para comunicar que está me ignorando?) Deus sabe que eu tentei (Deus tem mais o que fazer, né Zé Ruela?) Mas conviver com você se tornou impossível faz tempo (sou eu que ronco e estou acima do peso?) por mais que eu goste de você não dá mais não porque você prefere essa bolinho dessa dança de bolinho a mim (nesse ponto ele tem parte de razão, a dança me dava mais prazer e menos pentelhação) O tempo que você podia estar comigo você passou com seus amiguinhos dançarinos filhos de um bolinho que todo mundo sabe que dão em cima de você (as mães dos meus amigos são ótimas pessoas, eu juro) porque você é uma menina minhadinha, egoísta e acha que o mundo gira em torno do seu umbigo e que eu tenho que estar disponível para você quando “sobrar do seu tempo” (você falou isso para mim, nessas palavras) (é, falei sim, mas está tirado do contexto) Eu também tenho um hobbie mas nunca deixaria de sair com você por causa disso (também, né? O hobbie era colecionar SELOS! Vai deixar de comer uma mulher para olhar para selos? Boa, Campeão!) Eu agüentei tudo até aqui e Deus sabe que eu agüentei (deixa O Cara em paz, pô! Ele tem coisas mais importantes para saber!) mas o que aconteceu ontem ninguém agüentaria. Deixar de ir no aniversário da minha avó, uma senhora idosa (sério? Sua avó é idosa?) por causa dessa bolinho dessa apresentação foi a maior falta de consideração que alguém já teve comigo (garoto de sorte! Comigo já fizeram tão pior do que faltar no aniversário da vovó…) Ela perguntou por você várias vezes, sabia? (imagino que sim, já que ela tem Alzheimer e pessoas com essa doença se esquecem de tudo cinco minutos depois) e eu fiquei com cara de babaca porque tinha dito para ela que você ia quando ela avisou da festa quase um mês atrás! (disse sem me consultar, além disso, a veia nem reconhece ninguém, te chama até hoje pelo nome do seu pai, minha presença na festa seria indiferente)
Mesmo depois de fazer essa desfeita comigo você ainda achou pouco e desligou o telefone na minha cara e quando eu fui na sua casa te procurar terminou comigo (foi na minha casa me procurar às três da manhã e sentou na portaria e esperou até eu chegar e ainda queria fazer DR comigo naquele horário) Você foi grossa quando tinha que pedir desculpas. Não sei o que eu fiz para merecer isso (não seja por isso, te conto agora: me conheceu DANÇANDO , fez de conta que aceitou e tentou me mudar depois. Se não aceitava a dança, tinha que ter terminado. Mas não, ficou me pentelhando MESES E MESES mendigando atenção, competindo com a dança e enchendo meu saco, e quanto mais meu saco você enchia, mais me afastava de você) Você não me deu valor e agora vai me perder (perder? Não, não. Eu mesma te dispensei ontem) e eu sei que um dia você vai olhar para trás e se arrepender (sério? Passaram anos e ainda não bateu esse arrependimento não…) porque vai perceber que eu gostava de verdade de você (eu sempre soube disso, mas isso não me basta para ficar com alguém, é preciso compatibilidade) Nem a minha mãe tinha me dito coisas como as que você me falou ontem (justamente por isso você é meio frouxinho, faltou pulso firme desta Senhora) e eu acho que não vou conseguir passar por cima disso (não precisa passar por cima, o noivado estava terminado) só lamento por você que nunca mais vai achar um homem que goste de você com eu gostei (COM A GRAÇA DE DEUS espero MESMO nunca mais achar alguém que goste de mim COMO você gostou: de forma carente, sufocante, dependente e auto-depreciativa) Se eu fosse importante para você, você tinha largado essa dança de bolinho e teria feito de tudo para o nosso relacionamento dar certo e para salvar ele (se você tivesse se portado de forma menos grudenta e cobradora, talvez eu tivesse parado. Mas quis fazer cabo de guerra comigo…)
Sua sorte é que eu sou um Cara calmo (apático) porque se fosse outro não ia escutar calado o que eu escutei ontem não (mosca morta) Assim não vai ter homem que pare do seu lado (foi mal, logo depois emendei um namoro de 4 anos, muito feliz) porque você é maluca e quando acorda de ovo virado desconta em quem está do seu lado (não, Querido Ex, eu sou como o Imposto de Renda, desconto NA FONTE. Se descontei em você foi porque você foi a causa do meu estresse) Você teve coragem de me olha nos meus olhos e me chamar de bolinho, bolinho, bolinho e bolinho. Lamento que tenha que terminar assim, porque tinha tudo para ser uma bonita história de amor (viadeeeeeenho!) mas se você quer assim eu cansei de lutar sozinho.
Espero que você se desculpe com a minha avó (pode esperar aí sentado) por não ter ido no aniversário dela (que pode ter sido o último) (chantagem burra: depois de tanto tempo deveria saber que eu não ligo a mínima para família nem para idosos)
Se um dia você sentir a minha falta e quiser deixar de lado essa vida de bolinho que você está levando, se quiser sair com seu noivo em um sábado, se quiser chegar em casa quando eu estiver acordado, se quiser ter tempo para mim, me procure. (como assim? Não tinha um papo de que não ia passar por cima e de que não queria mais?) Eu vou estar esperando. (senta)

Bom, fui convidada pela Sally para escrever sobre os desfavores que acontecem no maravilhoso mundo das compras.
Se formos para pra pensar, o próprio ato de comprar pode ser um tremendo desfavor, que pode levar você de um extremo feliz a um outro trágico, em 10 minutinhos. Vamos examinar essa idéia com um exemplo bem “Delírios de consumo”:

Clic. Cronômetro ligado e……VAI!

“Você está andando despretensiosamente na rua quando pára pra apanhar um moeda de 1 real que acha na calçada. Feliz e sorridente, você levanta a cabeça, olha para o lado e imediatamente entra em estado de choque ao dar de cara com uma vitrine fabulosamente decorada. No centro da vitrine, em posição de destaque, está ele: o sapato dos seus sonhos. É perfeito! É tudo que você sempre quis….e um pouco mais! (1 minuto de êxtase). Você entra na loja e a vendedora o tira da vitrine pra você, porque aquele é o último. Você pensa que ele só podia ser seu mesmo! (2 minutos e o êsxtase aumenta). Você o experimenta e ele não contraria suas expectativas. Seu reflexo no espelho poderia muito bem ser uma daquelas propagandas da Vogue.( 3 minutos e um comprimido de ecstasy não te daria tanta euforia quanto agora).

– Eu quero! Eu quero! Eu quero! – É tudo que você consegue dizer. A vendedora pega feliz seu cartão de crédito e você assina a nota sem mesmo respirar. Ela então te entrega aquela sacola linda e mais algumas palavras saem da sua boca:

– É meu! É meu! É meu! (6 minutos e meio, você está no auge). Então, você deixa a loja feliz e satisfeita, pensando em mil maneiras e combinações diferentes para usá-los. É o limiar de sua felicidade. (7 minutos e meio). Daí você avista uma manchete na banca de jornais: “Crise nos Estados Unidos poderá nos atingir”. Você olha pra sua sacola e solta:

– Vou ter que pagar. Vou ter que pagar. Vou ter que pagar. (8 minutos e meio – início da depressão). Você continua andando pela rua, agora pensando em todas as dívidas que você ainda tem que quitar. E nesse momento de desespero, você grita: – Como é que vou pagar!? Como é que vou pagar!? Como é que vou pagar!? ( 9 minutos e 59 segundos – pronto, do céu ao inverno, em 10 minutos)”

Aproveitando a deixa dessa historinha de terror, embarco no Desfavor número 1: Remorso de compradora: Você vê uma maravilha na vitrine, você sabe que é caro, mas sabe também que você é uma mulher maravilhosa e merece aquele mimo. Você compra. Chega em casa doida pra mostrar pra mãe/namorado/marido/amigas e só o que você ouve é: “Como você gastou tanto dinheiro nisso?” Pronto, acabaram com você. Não se arrase amiga….diga: o dinheiro é meu, o pobrema é meu e seja feliz!

Desfavor 2: Shopping em época de Natal: Todo mundo faz compras nessa época, não tem jeito. Você decide então ir no sábado, que é seu único dia livre; mas como não quer pegar shopping lotado, você decide ir na hora que abre. Só que todo mundo teve a mesma idéia que você. E daí você leva 56 minutos só pra conseguir parar o carro. Tákiupariu, que inferno! Não vou nem comentar do estado dos corredores e das lojas “mais humildes” porque você já devem estar realizando! Fora aquele pessoal que só vai “pra passear”, geralmente com seus filhos, seus sobrinhos e os filhos da vizinha. É quase um pandemônio! Acho melhor esquecer de dar presentes esse ano.

Desfavor 3: Vendedores 8 ou 80: Ou eles grudam em você que nem carrapato ou não te dão a mínima. Essa variação de humor costuma variar também de loja pra loja. Por que os vendedores da H. Stern não vêm te pegar na porta da loja?Resposta pra essa variação: ou você tem cara de trouxa ou você tem cara de trouxa. Trouxa porque vai comprar qualquer porcaria que eles te empurrarem ou trouxa tipo zero à esquerda, que não tem dinheiro pra comprar ali. O melhor é fugir desses extremos pra não se aborrecer, e procurar aquelas lojas do tipo “serv-service”.

Desfavor 4: Provador único: Mania entra as lojas femininas agora (Não sei quem foi o tarado que inventou isso!). Em vez de várias cabinezinhas, você parece estar em um boudoir francês da década de 40. Tudo que você consegue ver são um monte de mulheres de lingerie, tirando e colocando peças. Parece o Victoria’s Secret Fashion Show, com quilos de celulites e gordurinhas extras. Aí você lembra que sua depilação não está em dia. Decide levar só a camisetinha básica, que nem precisa experimentar, porque “deve dar”. Desfavor horrível isso. Cabe até danos psicológicos!

Desfavor 5: Nunca tem o seu tamanho: Ahhhh, isso sempre me acontece. Nunca tem. Aí a vendedora sugere: “me dá seu telefone que eu te ligo quando chegar”. Mas elas nunca ligam. Que atire a primeira fatura do cartão quem nunca ficou na mão numa situação dessas. Aí você liga pra loja e te informam: “Ihhh já chegou, mas acabou!”. Dá vontade de trucidar a cretina que anotou seu telefone. Eu, por exemplo, estou esperando uma sapatilha dourada há exatos 2 meses e um biquíni da Salinas há 3. Já desisti.

Desfavor 6: Eu vi primeiro: Hmmmm…..esse causa 99% de puxões de cabelo em lojas. Geralmente ocorre em liquidações. Você e um “colega” colocam a mão na mesma peça, ao mesmo tempo. Logo aquela que era a última! Aí as duas não largam, dando uma risadinha sem graça uma pra outra; então começa um discussão mais calorosa, uma puxando de um lado e outra de outro; daí pros estapeios é um pulo! Aí depois ambas percebem que de tanto puxarem, a peça deformou. Agora ninguém quer mais. Muito barulho por nada.

Conclusão: Fazer compras é legal, mas pode dar em m….! Evite os desfavores que acabei de comentar, se não quer ganhar traumas pro resto da vida. Fazendo isso, você será a mais nova consumidora feliz desse emergente e rico país!!

Até a próxima.

Prissyrj