EU GOSTO DE HOMEM CIUMENTO.

Todo mundo torce o nariz para essa frase.Vou tentar me explicar em duas páginas, não sei se vai ser possível.

Na minha cabecinha limitada, existe uma diferença muito grande entre CIÚMES e DESCONFIANÇA. CIÚMES um homem sente quando percebe que outro homem está querendo a mulher dele, DESCONFIANÇA ele sente quando percebe que além de outro homem querer a mulher dele, existe uma chance dela estar retribuindo.

DESCONFIANÇA é uma merda. Uma relação sem confiança não me parece possível. No entanto, sentir ciúmes me parece bastante coerente. Está ligado ao cuidado, ao carinho pelo outro, no caso, ao instinto de proteção do homem com a mulher.

Para sentir ciúmes não é necessário que você pense que seu parceiro está correspondendo. Vou citar um exemplo prático para me fazer entender: quando namorava com o Somir, um rapazinho deu em cima dele, na minha frente. Eu realmente não gostei e minha reação não foi das melhores. Em momento algum eu tinha duvidas que meu então namorado jamais corresponderia à cantada de outro homem, mas ainda assim, não gosto que mexam no que é meu, mesmo que não exista a menor chance de que ele seja tirado de mim. Além da falta de respeito, de passar uma cantada nos meus cornos, senti ciúmes sim.

Tudo bem, você pode estar pensando “Mas Sally, ninguém gosta de ver alguém dando em cima do seu parceiro”. Acredito que a maior parte das pessoas não goste mesmo, no entanto, tem alguns que insistem em não demonstrar, como se isso fosse uma vergonha ou uma humilhação. Porque não demonstrar ciúmes? Porque você mostra o quanto fica vulnerável por gostar daquela pessoa?

E ciúmes não implica em briga, ok? Não precisa brigar com seu parceiro, afinal, até que se prove o contrário, ele não tem culpa de ter uma infeliz dando em cima dele. Mas existem outras formas de demonstrar que não gostou, sem necessariamente brigar com o parceiro.

Tem aquelas pessoinhas “civilizadas” que dizem sentir ciúmes mas que não demonstram. Isso e nada para mim é a mesma coisa! Ora, eu preciso de uma pessoa que goste de mim o suficiente para perder o controle… odeio gente civilizada, eles me lembram o quanto eu não o sou. Prefiro o gostar de pessoas passionais, é mais intenso.

Quando se fala em homem ciumento, as pessoas logo pensam em extremos: um homem que comete um crime passional, um surtado que não deixa a mulher sair de casa sozinha… O ciúmes, como qualquer outro sentimento, quando em excesso, pode ser patológico. Mas isso não o faz um vilão por si só.

Quando eu digo que me sinto amada quando vejo uma demonstração de ciúmes, imagino que as pessoas pensem que sou uma mulher de malandro que gosta de apanhar do namorado. Gente, ciúmes pode ser demonstrado de forma inequívoca sem dizer ao menos uma palavra. Basta uma cara feia e com isso já dá para perceber que a pessoa não gostou de ver outro tão próximo da sua mulher. E a cara feia não é dirigida à mulher! A cara feia pode ser dirigida ao outro, ou a ninguém, apenas uma cara de descontentamento pela situação.

Quando falo em demonstração de ciúmes, não quero dizer um barraco, um escândalo ou uma cena. Acho tudo isso brega e desnecessário. Ciúmes não se resume a isso. Existem milhões de formas de demonstrar ciúmes. É possível demonstrar ciúmes sem sequer fazer cobranças. Por exemplo, existem roupas minhas que eu sei que incomodam meus namorados. Eles sempre demonstraram esse incômodo, mas nunca me proibiram de usar nada. Talvez por nunca cobrar, eu nunca seja cobrada em gratidão. Apenas cientificada de que tal situação causa algum incômodo.

O fato de saber que Fulaninho está com ciúmes não necessariamente vai me fazer obedecê-lo e suprimir da minha vida tudo aquilo que o incomoda. Cansei de ouvir “Não falei que estava com ciúmes porque não quero que você pare de dançar por minha causa”. Então tá, Bonitão, vai achando que SÓ porque você verbaliza isso a odalisca aqui atende sem piscar! Eu hein… eles devem achar que mandam em mim!

Se um homem me diz que tal coisa desperta ciúmes, evidente que eu vou levar isso em conta na hora de decidir se vou fazer novamente e como vou fazer, é uma informação muito relevante. Mas com certeza não é uma garantia automática de que eu vá deixar de fazer, só porque ele sente ciúmes! Não precisam ficar com medo de verbalizar ciúmes, mulher só deixa de fazer aquilo que quer e vocês não tem tanto poder sobre a gente.

Outra coisa: ciúmes não precisa ser racional. Tem gente que não verbaliza porque acha que não faz sentido. Eu tinha um ex que não gostava que eu me vista de vermelho, pode? E eu respeitava, porque mesmo sem entender os motivos dele, percebia que aquilo lhe fazia um mal enorme e o sacrifício de não usar vermelho não era uma coisa que me incomodava. Não é preciso compreender para aceitar. Para aceitar, basta a generosidade que só uma pessoa muito segura de si tem. Faz sentido ficar medindo forças e alardeando “Eu uso a cor que eu quiser, você não manda em mim!”? Aposentei os vermelhos sem problema.

Gostaria de saber porque o ciúme virou o vilão dos relacionamentos. Acho que o conceito de ciúmes se estendeu e está abarcando outros sentimentos negativos como possessividade, desconfiança e insegurança. Muitas vezes estou saindo com um homem e perco o interesse porque ele não demonstra um pingo de ciúmes. Não gosto de ser prescindível. Não gosto que sejam indiferentes a mim. Não gosto de gente “civilizada”, no sentido de gente que tem total controle dos seus sentimentos. Não confio em quem controla seus sentimentos: fico achando que ou não gosta de mim (e por isso consegue manter o controle) ou então não sabe/consegue gostar na intensidade que eu quero.

E muitas vezes, esses mesmos homens pelos quais perdi o interesse são ciumentos sim, apenas estavam sufocando isso porque presumem que mulher não gosta de homem ciumento. Quando eu digo que gente deveria vir com um manual de instruções me jogam pedras…

Eu gosto de ter um “dono”. Quando estou namorando, eu efetivamente digo “eu tenho dono”. Não acho isso degradante nem me ofende. Sabem porque? Porque no fundo, lá no fundo, eu tenho plena convicção de que eu sou minha dona. Por isso, posso brincar e me dar ao luxo de dizer que eu tenho um dono e de usar uma coleira com o nome dele se quiser. Só tem medo de parecer objeto quem não tem muita segurança em si.

Repito mais uma vez, e espero que vocês tenham uma nova leitura da frase:

EU GOSTO DE HOMEM CIUMENTO.

Para demonstrações de ciúmes, demonstrações de pena e discursos feministas raivosos: sally@desfavor.com

Hoje escrevo aos Cuecas. Não adianta, vocês são a minha cachaça. É com vocês que eu me (des)entendo.

Já conversamos aqui (ou seria no Sally Surtada?) sobre a necessidade de verbalizar um fora. Não basta sumir, é muito menos doloroso para nós, mulheres, se vocês verbalizarem o fora. Pois bem, hoje venho falar do tema oposto: a necessidade de verbalizar uma relação estável e monogâmica. Talvez essa necessidade seja só minha, talvez não. Veremos nos comentários.

Existem homens que começam a sair com uma mulher e vão saindo, vão saindo, vão saindo… sem nunca verbalizar a natureza da relação que se estabeleceu entre os dois. E por incrível que pareça, muitas mulheres acham isso normal e realmente não se importam! Será que eu sou insegura? Eu me importo, eu fico tensa, eu fico ansiosa e começo a sofrer os sintomas da TPN – Tensão Pré Namoro.

Essa não verbalização começa a gerar um incômodo silencioso. Cria um novo estado civil, o QAC – Quase Alguma Coisa.

Eu fico tensa na presença de QACs. Aquilo me parece uma situação transitória desconfortável, quase que uma gambiarra emocional. Como apresentar um QAC a um conhecido? Não dá para chamar de amigo, né? Muito menos de namorado, porque QAC são criaturas sensíveis que se sentem pressionados por qualquer merdinha que a gente fale ou faça. Eu opto por apresentar pelo nome: “Este é Fulano”. Maaaaas… sempre tem um espírito sem luz que solta a pergunta: “Vocês estão namorando?”

Passei por isso com meu último QAC. Um grande amigo meu, muito sacana, por sinal, me solta essa, na presença de várias pessoas: “Qual é a de vocês? Vocês estão namorando?”.
Eu olhei para ele e disse: “Quando você limpa a bunda, você olha para o papel antes de jogar no vaso?”. Silêncio total na mesa. E complementei: “Ué… que foi? Se é para fazer pergunta constrangedora, eu sei fazer também…”.

Entendem o drama da TPN? Não estou aqui fazendo campanha para que todo mundo comece a namorar de cara, acho saudável conhecer bem a pessoa antes, fazer um test-drive muito bem feito. Só estou dizendo que quando o Cueca sente internamente que quer firmar um compromisso com a mulher, DEVE VERBALIZAR ISSO DE FORMA CLARA E INEQUÍVOCA, porque a mulher pode estar ali sofrendo silenciosamente os efeitos devastadores da TPN.

Tem aquelas que ficam com uma paranóia de “ele só quer me comer”. Isso eu nunca tive. Não me tenho em tão alta conta a ponto de achar que uma foda comigo valha meses de cineminha e jantar, até ele finalmente conseguir o que quer. Quem quer apenas isso, procura outro tipo de mulher (nem pior, nem melhor, apenas outro tipo) que topa um sexo casual já no primeiro ou segundo encontro e não dá trabalho.

A TPN se manifesta em mim aproximadamente um mês depois de estar saindo regularmente com a pessoa. Fico em casa roendo a própria mão, tipo cachorro estressado, me perguntando porque ele não verbaliza. Sempre estipulo um prazo mental, geralmente algo em torno de dois meses depois que comecei a sair com regularidade, e chegado o prazo, se não veio a verbalização, mando um “precisamos conversar” e digo que não dá mais. Geralmente não explico o motivo, porque soa como chantagem: “ou namora comigo ou acabou”. Assim eu não quero. Se não for por vontade de pessoa, espontânea, então deixa pra lá.

Mas nesse período de 30 dias que se dá entre o momento em que eu estipulo o prazo e o momento em que o prazo expira, vivo o inferno na Terra. Uma espécie de continuação do efeito “Bastidores”.

“Sally, você é maluca”. Sim, ainda pairava alguma dúvida?

“Mas Sally, porque você simplesmente não pergunta para a pessoa?”. Porque QACs se sentem cobrados com facilidade. Eu quero que A PESSOA QUEIRA namorar comigo, e não que a pessoa ceda à pressão de namorar comigo! Sim, tem que ler minha mente, tem que ter bola de cristal e tem que verbalizar sem que eu tenha que ficar sondando e mandando indiretas. (30 anos e solteira… bem feito!)

Já escutei de muita gente coisas como “Namoramos faz mais de três anos e nunca teve verbalização!”. PARABÉNS. Eu não tenho esse desprendimento. Eu sempre fico com medo de presumir errado e me comportar como namoradinha enquanto o outro quica no calcanhar e faz o que bem entende, para depois me dizer que “nunca te prometi nada”.

Em parte, entendo os Cuecas. Deve ser chato verbalizar. Sempre acaba ficando uma coisa meio brega. É um horror chegar e perguntar “Você quer namorar comigo?”. Também é um horror sair afirmando que é namorado sem consultar a outra parte envolvida! Se eu fosse homem, teria muita dificuldade em expressar com palavras a estabilidade de uma relação. Deveria existir um código mundial para isso! Ex: Quando ele comparecer a um encontro com uma camisa AZUL, está socialmente instituído que vocês estão namorando. (insegura? Eu?)

Cansei de estar jantando, ou dentro do carro, ou na casa da pessoa e ficar pensando “Verbaliza, verbaliza, verbaliza… filho da puta! Tá esperando o quê porra?”.

EU PRECISO DE VERBALIZAÇÃO! Alguém aqui me entende?

*grilos

Ok. Só para ilustrar, porque meu público alvo de hoje tem uma certa deficiência cognitiva quando se trata do universo feminino…

NÃO GERAM PRESUNÇÃO DE NAMORO

– “Não paro de pensar em você”

– “Você é minha”

– “Vamos lá em casa conhecer minha mãe”

GERAM PRESUNÇÃO DE NAMORO:

– “Essa é Sally, minha namorada”

– “Que sorte que eu tenho, por ter uma namorada tão linda”

– Tatuagem escrito “Eu namoro a Sally” – mas só se for em um lugar visível… hahahaha

Para pedidos de namoro, sugestões de temas e convites para o ano novo: sally@desfavor.com

Minhas Amigas Mulheres, existe desfavor maior do que essa frase nefasta, sempre usada para justificar o injustificável? “Porque eu sou homem!”

ex: Você vai sair com as suas amigas para dançar. Ele olha de cara feia. Você o lembra que na semana anterior ele saiu sozinho com os amigos dele. Aí o Zé Ruela quica no calcanhar e grita “é diferente, eu sou homem!”.

Fico chocada que esse tipo de coisa ainda seja dita! CHO-CA-DA!

Dizer que pode alguma coisa PORQUE É HOMEM só se sustenta se ele estiver justificando que pode andar em público sem camisa ou que vai mijar de pé. Apesar de que, há controvérsias. Eu tenho amigas que dominam a arte de mijar de pé…

Já que eles continuam usando essa pérola do desfavor, vamos analisar, passo a passo, porque esta frase escrota não se sustenta.

ASSÉDIO

Já tentaram me convencer que por ser homem o assédio seria menor, enquanto que o assédio a uma mulher sozinha seria maior. Falo por mim: no Rio de Janeiro, homem está mais assediado que mulher, quantitativa e qualitativamente. Por aqui, tem mulheres que “chegam chegando” mesmo, passam a mão na bunda e agarram! Já homem não faz uma coisa dessas quando está flertando com mulher, mais por medo de apanhar do que por respeito. Logo, o fato de ser homem, nos dias de hoje, me leva a crer que em matéria de assédio, é pior do que ser mulher!

SEGURANÇA

Ahhh… Não é seguro uma mulher sair sem homem? Por aqui onde eu moro, acho mais perigoso uma saída noturna para o homem. Sabe porque? Mulheres são mais responsáveis, dirigem com mais cuidado (atenção, eu não disse melhor, eu disse “com mais cuidado”), não costumam beber e dirigir, não se metem em briga de porradaria e mesmo que aconteça alguma confusão, Amigo Cueca, sempre tem uma alma boa para nos defender. Já vocês… bem, vocês acham que bebem e podem dirigir depois (“Eu dirijo melhor quando estou bêbado, porque tomo mais cuidado”), qualquer porradaria pode sobrar para vocês (vai deixar o amigão apanhar?) e se alguém estiver te enfiando a porrada, nenhum marmanjo vai se meter para te defender. Então, em matéria de segurança também é melhor ser mulher.

PEGA MAL

Pega mal sua mulher ser vista sem você? Via de regra, socialmente, mulheres tem presunção de fidelidade, enquanto homens tem de INfidelidade. Se sua doce namorada for vista daçando com amigas o máximo que pode acontecer é seu amigo comentar “Vi Fulana em tal lugar” (se comentar, porque homem não tem prazer por ESSE tipo de fofoca). Já no nosso caso, se você for visto sozinho com um grupo de amigos, a coisa já vira “Ihhh… olha lá o namorado de Fulana na gandaia!” e no dia seguinte chove telefonema de “amigas” contando com detalhes tudo que você fez ou deixou de fazer. Logo, posso dizer que em matéria de comprometimento da imagem, socialmente, o desfavor maior é o homem sair sem a mulher.

HOMEM PRECISA

Você precisa sair só com seus amigos para falar coisas de homem, certo? (se portar como um retardado infantilóide, falar e rir alto e agir como um Bobo da Corte, tô sabendo). Só que mulher precisa mais ainda sair só com mulher. Sabe porque? Porque mulher gosta de falar e falamos em média 3.000 palavras a mais que vocês por dia. Logo, sobram diariamente 3.000 palavras que são acumuladas e tem que ser dada vazão, porque se gastarmos todas com vocês vem aquele “Fulana fala sem parar…” com um longo suspiro no final. Logo, se vocês precisam, nós também precisamos. Muito feio dizer que só vocês tem essa necessidade por serem homens.

EU SOU INJUSTO

Uma vez perguntei a um homem porque ele podia fazer uma coisa e eu não podia, em situações semelhantes. Não vou dizer quem foi por questões éticas Somir mas ele respondeu “Porque eu sou injusto”. Eu realmente preciso comentar? Não né…

Homem que usa essa frase é um desfavor tão grande que merece que você corte as bolas dele e dê para o cachorro comer, assim você pode rir dele novamente se ele ousar falar (com sua voz fininha) “Porque eu sou homem”.

Da próxima vez que um Cueca te disser “Porque eu sou homem” chute o saco dele, para lembrá-lo que a todo bônus acompanha um ônus.

Bom dia! Lá vou eu na minha nova tentativa de variar de tema. Pediram com tanto carinho que eu prometi que os SS desta semana seriam sobre assuntos não-relacionados ao Escroto Mundo dos Cuecas. Vamos falar de Orkut?

Eu teria tanta coisa para criticar no Orkut, que ultrapassaria o limite tirando de duas páginas que me foi imposto pela Madame que divide blog comigo, então, tenho que ser bem específica em nome do tão amado poder de síntese. Decidi falar sobre COMUNIDADES do Orkut que são um desfavor.

Não, não me refiro a comunidades politicamente incorretas. Comunidades como “Flavio Silvino fala baleies” e “Amazônia, vasto estacionamento” me divertem. Adoro um humor polêmico, prova ao menos a coragem da pessoa. Me refiro a comunidades bregas onde a pessoa fica se auto-exaltando. Com certeza ABSOLUTA metade das pessoas que estão lendo isto agora está em uma dessas comunidades e metade destas vai se ofender com esta postagem… Observem eu não me importar e ofendê-los mesmos assim:

EU SOU PARA CASAR – Sério, precisa exaltar esta… errrr… “qualidade” em uma comunidade do Orkut para todo mundo saber? Isso é uma coisa que se percebe com a convivência, com a intimidade. Eu desconfio de quem ostenta muito uma coisa. Geralmente quem ostenta muito uma coisa o faz justamente por ela não ser verdade. E quando pessoas que estão em comunidades assim também estão aomesmo tempo em outras que contradizem essa vocação? Rolo de rir. Temos que ter vergonha na cara, né gente? Dizer “sou para casar” e participar de comunidades como “Chifrei mesmo” e “odiada pelas namoradas” ficar vergonhoso.

Impressão que me passa: A pessoa tem uma puta fama de vadia ou de homem galinha e está tentando desesperadamente se livrar dela

CAUSO NA BALADA – É o oposto da anterior. Você “causa na balada”? Parabéns para você, você é foda mesmo, hein? Badala muito, sai muito, é muito popular… Só nos resta saber o que essa pessoa causa na balada… seria vergonha no namorado? situações constrangedoras aos amigos? Ou será que ela causa repulsa de desconhecidos, humilhação nos seus pais e risadas nos transeuntes?

Impressão que me passa: Pessoa sem vida social, meio encalhada, querendo tirar onda de quem faz e acontece.

DEUS ME DISSE: DESCE E ARRASA – Ok. Você é especial. Palmas! Tragam uma medalha! No meio de bilhões de seres humanos, Deus (coitado, sempre sobra para Ele) te disse “Desce e arrasa”. Muito bom, quase me convenceu de que você é uma pessoa segura e que tudo que você faz é um arraso. Agora… precisa ostentar seu arraso na frente de outros pobres mortais, como eu, que não arrasam?

Impressão que me passa: Pessoa insegura, carente, meio loser, meio fracassada, que quer passar ao mundo a mensagem de que ela vale muito e é competente.

SUA INVEJA É MEU IBOPE – Tem várias derivações: “Me inveja? Entre na fila” e similares. Existem seres humanos que acreditam que qualquer crítica é inveja. Qualquer opinião desfavorável é inveja. Qualquer coisa negativa que lhes acontece é inveja. E até mesmo câncer seria inveja. A causa de todos os males do mundo é a inveja. Ok, então tá. Todo mundo te inveja. Não apenas isso: todo mundo te inveja e você faz questão de contar de forma pública como você é invejada. Você deve ser uma pessoa muito fodona mesmo, hein? Tanta gente te invejando…

Impressão que me passa: pessoa louca para ser notada, que não assume que recebe críticas por mérito próprio e opta por creditar qualquer coisa que lhe desagrade à inveja.

DESCULPE, MAS SOU INTELIGENTE – Sei. Bom senso e bom gosto todo mundo tem, né? Uma pessoa tão inteligente, que além de ser inteligente ainda ostenta a própria inteligência em um meio público. Tenho certeza que se Albert Einstein tivesse Orkut ele também entraria nessa comunidade, não é mesmo? O que mais me fascina é que estas almas inteligentes nem ao menos escrevem no idioma pátrio de forma correta.

Impressão que me passa: A pessoa não é inteligente, posta um monte de corta e cola, não costuma ter o hábito de leitura, tem pouca cultura geral e muitas vezes não acerta nem mesmo concordância verbal e nominal.

Uma vez já tentei entrar em umas comunidades onde as pessoas se diziam mais inteligentes que as demais. Eu e Madame que divide blog comigo. Decidimos, por curiosidade antropológica, abrir tópicos sobre temas complexos e debatê-los ali: Nietzsche, Efeito Casimir, Manifesto Comunista, AI-5, enfim, uma grande mistura. Não, eles não me pareceram inteligentes. E graças a isso eu ganhei fama de “Troll”, dito como se eu tivesse roubado a senha do banco de alguém ou algo assim. Não ofendi ninguém, não briguei com ninguém, não provoquei ninguém. Entrei e comecei a propor temas. Saiu cada pérola… Infelizmente, quando ficou claro que eles não estavam conseguindo discorrer sobre os temas propostos, fomos expulsos da comunidade.

De certa forma, tenho uma ponta de inveja destas pessoas que se tem em tão alta conta. Só os ignorantes são felizes! Deve ser bom ter o ego blindado e essa falta de senso do ridículo a ponto de atribuir qualquer opinião desfavorável a inveja! Minha vida seria muito mais fácil (e muito mais medíocre) se eu pudesse me portar assim.

Só eu que acho brega as pessoas entrarem em comunidades se auto-elogiando? Qual é a credibilidade disso?

Para cantadas, ofensas, convites, processos e desabafos: sally@desfavor.com

Recebi vários pedidos (cercados de elogios) de “escreva sobre algum tema diferente”. Por isso, vou deixar de lado o Mundo Escroto dos Cuecas, que é meu tema favorito e falar sobre outra coisa hoje: Desfavores Profissionais.

Cada profissão tem seus desfavores. A minha, de advogada, tem uma penca deles, que variam dependendo da área de atuação. Talvez alguns sejam comuns a todas as profissões.

OBS: Se o texto ficar ruim, eu passo o endereço de e-mail dos Desfavores que me pediram para variar de tema e vocês xingam eles.

Vamos lá. Começo este texto com uma pergunta: Se você está tendo um enfarte, você corre até o consultório do seu dermatologista para que ele opere seu coração? Não, né? Porque? Porque cada área da medicina é responsável por uma parte do seu corpo. Isso está muito claro e é muito bem respeitado na medicina. Porque será que ninguém respeita isso na área do direito? As pessoas acham que advogado tem que saber de todas as áreas. Se você é advogado, automaticamente tem que saber fazer um divórcio, um Júri, uma falência, um imposto de renda, uma ação trabalhista e uma ação contra a operadora de telefone ou o banco que sacaneiam o consumidor.

Cansei de receber telefonemas de conhecidos pedindo para que eu faça uma ação de uma área na qual eu não me especializei e quando eu digo que esta não é minha área, escuto “Ué? Você não é advogada?”. Fica aqui meu conselho: suspeite do advogado que diz que faz tudo, assim como você suspeitaria do médico que diz que é capaz de operar qualquer parte do seu corpo, desde uma fratura até seu cérebro.

Mas a falta de respeito não para por aí. Todo mundo acha que sabe direito. Até mesmo a imprensa peca pela arrogância e não contratam uma assessoria jurídica decente. É nessas horas que a gente vê o William (Homer Simpson) Bonner dizer com aquela cara séria “Ofereceu Mandato de Segurança” (é Mandado de Segurança, e não se oferece, se impetra) ou ainda que “entrou com um recurso de Habeas Corpus” (Habeas Corpus é uma ação). Daí para baixo.

Quando sai escrito é ainda pior. No meu trabalho atual, pego causas grandes e algumas vezes tenho que dar entrevistas para a imprensa. SEMPRE, eu disse SEMPRE, sai coisa errada. Não é possível que jornais grandes não tenham uma assessoria jurídica competente! Chegou a um ponto que eu tenho o seguinte acordo com os jornalistas: dou minha entrevista POR ESCRITO e quando eles quiserem citar algo do que eu falei, devem transcrever entre aspas O EXATO CONTEÚDO do que eu escrevi, caso contrário, não dou entrevista e não comunico o andamento do processo.

E tem também os não-famosos que acham que sabem direito. Começam a emitir seus pareceres sem nunca ter estudado a legislação: “Nosso código penal é muito ultrapassado, é de 1940!”. Não dá nem vontade de explicar o porquê, mas confiem em mim, nosso código penal não é o mesmo de 1940 e não está ultrapassado.

Às vezes me dá vontade de abrir um consultório médico e começar a receitar remédio para as pessoas sem ter feito faculdade de medicina. Todo mundo emite comentários com base na opinião de terceiros, assumindo-a como verdadeira. “Fulano matou e está solto! O código penal é feito para bandido!”. Olha só, ele pode estar solto por MIL motivos que nada tem a ver com o código penal, não se dá opinião sem ler o processo e muito menos sem conhecer a lei. Se você vai ao médico e ele te receita um remédio sem nem te examinar, você toma?

Outro dia escutei uma pessoa afirmar com a máxima certeza: “Se você for pego com mais de 1kg de droga, é tráfico, se for com menos, é usuário”. Sabe, essas coisas me revoltam. Bate aquela vontade de construir um prédio ou uma ponte sem nunca ter cursado uma faculdade de engenharia. Não existe quantidade determinada por lei para classificar como tráfico ou como uso de drogas, e a quantidade nem mesmo é determinante. Mas todo mundo ACHA alguma coisa, mesmo sem ler a lei. Viram no Jornal Nacional, viram na Veja, ouviram do vizinho e repetem. Pegam fragmentos da lei, tiram do contexto e repetem. Um desfavor.

Me digam, se alguém resolve criticar um filme, faz sentido criticar o filme sem ter visto o filme? Apenas pela repercussão na platéia ou pelo que os críticos de cinema dizem? Interpretar as leis é uma arte, uma arte muito difícil, que requer muito estudo: é preciso saber a hierarquia das normas, a intenção do legislador quando criou a norma, sua compatibilidade com a Constituição e com alguns tratados internacionais e mais uma infinidade de coisas. No entanto, sempre tem um Zé Buceta que lê um único artigo, destacado do Capítulo, do Título e de tudo e o interpreta literalmente e começa a jogar pedras dizendo que “a lei é uma merda”. Uma merda é você, Zé Buceta. Uma merda de intérprete. (como alias, também o são diversos juízes… e a coitada da lei leva a fama)

Além de escutar todo santo dia que “advogado é tudo filho da puta”, (frase que escuto em silêncio, porque tem um fundo de verdade, por mais que não sejam todos), ainda tenho que ver leigos criticando e algumas vezes até exercendo minha profissão.

Sei que isso não é privilegio do direito. Tem cidadão se acha um psicólogo, por exemplo, e fala merda por cima de merda. Mas no direito é mais grave, porque quem dá uma de psicólogo ao menos não fica dizendo que “Freud é uma merda, que se enganou no que escreveu”. No meu caso, além do parecer do semi-advogado, ainda vem o “as leis no Brasil são uma merda”.

Em um mercado de trabalho tão baixo nível (tem mais faculdade particular do que Mc Donalds… uma em cada esquina, e até um analfabeto passa nas provas), os profissionais medíocres estão sujando o nome dos bons profissionais. Um tremendo desfavor. É uma crise generalizada.

Um ex-namorado médico me contou que na faculdade dele (pública e uma das melhores do estado), os alunos tinham que fazer uma prova prática dissecando um membro (olha a maldade! Membro = braços e pernas de cadáveres) sem cortar tendões, nervos e outras “cositas” importantes e quando acabavam a dissecção, chamavam o professor para que ele avalie. Pois bem, ele me disse que o material era: bisturi e super-bonder. Quando um aluno cortava um tendão, colava de volta com super-bonder. No final, quando o professor examinava o membro, o aprovava, porque estava tudo inteiro. É daí que estão saindo os melhores médicos do estado e do Brasil. Mais alguém aqui está com medo?

Contem nos comentários os desfavores das suas profissões, essas coisas tem que ser divulgadas!

Para sugestão de temas, propostas de trabalho como assessora jurídica, convites para jantar, doação de jóias e xingamentos em geral: sally@desfavor.com