O tema de hoje é complicado. Vou escrever, atendedo a pedido, sobre as diferenças regionais/culturais que existem no Brasil. É complicado porque é um assunto muito sério e profundo para fazer humor e também porque estou seriamente tentada a meter o pau em alguns estados. Vou tentar me controlar.

Não conheço o Brasil todo. Mas conheço todas as regiões. Não queria abordar o assunto no tom de tratado antropológico, até porque, não estou qualificada para isso, então, resolvi enfocar as diferenças regionais partindo de uma única experiência em comum, que tive em todos os lugares para onde viajei: encontrar uma lagartixa no quarto. A reação ao meu ataque histérico fala por si só, não vou precisar expressar nenhum juízo de valor nem fazer inimigos. Me limito a narrar o que aconteceu.

Sempre viajei muito, a trabalho e a lazer. E é muito comum que eu encontre algum bicho do qual tenho medo no meu quarto de hotel (não que os hotéis sejam sujos, eu é que tenho medo de quase tudo quanto é bicho). Para não criar um clima chato, vou contar diferentes experiências minhas sem dar nome ao estado, apenas às regiões. E quero deixar claro que todos os hotéis eram não só do mesmo nível como da mesma rede e todos em grandes capitais. Lá vai:

REGIÃO SUDESTE – É noite, estou no quarto do hotel me preparando para deitar e dormir. Vou tomar meu banho, como sempre tomo antes de dormir. No meio do banho, percebo uma movimentação estranha. Sou mípoe, então demorei para perceber o que estava acontecendo. Cheguei perto para olhar, foi quando a vi. Ela me olhava também. Puxei uma toalha e saí berrando para o quarto. Liguei para a recepção:

Sally: “Boa noite, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui no meu banheiro, teria como mandar alguém para matar ela para mim?

Hotel: “Perfeitamente, Senhora.”

Dez segundos depois batem na porta. Um funcionário entra, pergunta onde ela está, mata e ainda se desculpa por ter uma lagartixa no hotel. No dia seguinte tinha diversos mimos no meu quarto, como chocolates e outras coisas, como um pedido de “desculpas pelos inconvenientes”.

REGIÃO SUL – Estava desfazendo as malas e quando abro o armário para guardar a roupa, lá está ela. Gritei um “Puta que pariu! Até aqui?”, porque jurava que elas não sobreviviam a baixas temperaturas. Liguei para a recepção e repeti meu discurso:

Sally: “Boa tarde, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui dentro do armário, teria como mandar alguém para matar ela para mim?”

Hotel: “A Senhora tem preferência por funcionário homem ou mulher?”

Sally: “Desde que mate, pode mandar até um cachorro” – Será que acharam que eu queria sexo?

Chega um funcionário homem. Saio de perto. Algumas pancadas. Silêncio. O funcionário me aparece com a lagartixa ainda viva nas mãos e pergunta “A Senhora deseja que mate ou que apenas a retire do quarto?”. Porra, desde o começo eu pedi para matar, mas ele me obrigou a dizer mais uma vez. Peço para ele matar e ele esmaga a lagartixa com um jornal. No dia seguinte não se falou mais no assunto.

REGIÃO CENTRO-OESTE – Estou vendo TV, no final do dia, quando ela aparece. Estava escondida atrás do móvel da TV. Pego o telefone e ligo para a recepção:

Sally: “Boa tarde, por favor não me ache maluca, mas eu morro de medo de lagartixa e tem uma aqui no meu banheiro, teria como mandar alguém para matar ela para mim?”

Hotel: “Vou verificar”

Quarenta minutos depois, batem na porta. Acho importante contar que passei os 40 minutos encolhida em um canto do quarto vigiando a lagartixa. Abro a porta. Uma mulher entra e começa a espantar a lagartixa. Eu peço para ela matar. Ela diz que “não precisa, ela já está indo embora” e coloca a lagartixa para fora pela janela.

No dia seguinte, ela estava lá novamente. Por sorte, eu estava indo embora no mesmo dia. Deixei minhas malas na recepção e passei o dia na rua.

REGIÃO NORDESTE – Juro para vocês que o que vou escrever aqui é verdade. É bizarro demais para acreditar, mas juro que foi assim mesmo que aconteceu. Cheguei ao hotel, peguei as chaves do quarto e fui me acomodar. Acho importante contar que de todos os hotéis, esse era o com maior número de estrelas. E o mais caro de todos os eventos aqui narrados. Abro a porta do quarto e fico paralisada de medo: vejo uma lagartixa ANABOLIZADA, gigante e gorda me olhando. Por aquelas bandas, eles a chamam de “Calango”. Visão do inferno. Nem tive como pegar o telefone para ligar para a recepção, porque não tive coragem de passar por cima dela.

Dei meia volta e fui andando até a recepção. Estava apavorada, porque era realmente grande. Cheguei na recepção dando meu faniquito de mulherzinha, que costuma colar bem:

“AAAiiii moçoooo, me ajudaaaa! Tem um bicho enorme e horríveeeel no meu quaaaartooo!!!”

O funcionário arregalou os olhos, abriu um armário e pegou uma peixeira. Naquela hora eu pensei “ACHO que ele vai ficar puto quando souber que é uma lagartixa”. Ele me acompanhou até o quarto, entrou e ficou procurando. Leiam o que se segue imaginando o sotaque do funcionário:

Funcionário: “Óóóóliiii, tô vendo nãããão, acho que já fooooi emboooora”

Sally: “Ali, moço! Ali! do lado da cama, no chão!”

O Funcionário fez cara de espanto e apontou para a lagartixa com cara de interrogação.

Sally: “É moço! É! MATA! MATA!”

O Funcionário inclinou a cabeça para um dos lados e ficou em total inércia contemplativa por diversos minutos. Quando eu estava quase tendo um AVC, ele disse:

“Mato nãããããããoooo”

Sally: “Como não? Porque não?”

Funcionário: “É bicho liiindu di Deeeus”

Sally: “E EU, MOÇO? EU NÃO SOU LINDA DE DEUS NÃO! PELO AMOR DE DEUS, MATA ESSE BICHO”

Funcionário: “Maaaaatooo nãããããão”

Entrei no quarto puta da vida. Eu teria que passar vários dias por lá. Ao contrário do resto do Brasil, a lagartixa de lá era arrogante e insolente, não respondeu a meus pisões e não se afastou nem se escondeu. A dona do quarto era ela. Abri a mala e comecei a jogar coisas nela. Joguei uma bola de meia e ela nem se mexeu, continuou me olhando com cara de desprezo. Podem rir, mas foi só quando atirei uma camisa da Seleção Argentina que ela se afastou.

Comecei a chorar. Na época, peguei o celular e liguei para o Somir, chorando e gritando. Ele não entendeu nada, demorei uns 20 minutos para me fazer entender. Ele disse que era um absurdo, que eles tinham que matar sim. Eu liguei para a recepção e pedi para falar com o gerente do hotel, expliquei o que estava acontecendo e ele disse que mandaria alguém. Mais de uma hora depois, bate uma mulher na porta. Digo a ela que a lagartixa se escondeu porque eu joguei roupas nela, que estava atras do armário e ela disse que quando ela saísse do armário eu deveria chamá-la novamente.

A lagartixa saiu do armário. Eu avisei. A funcionária demorou uma hora e quarenta minutos para aparecer. A lagartixa já tinha se escondido novamente. Ela disse que não poderia fazer nada. Ligo novamente para a recepção e peço para trocar de quarto, explico o motivo. A recepcionista RI sem cerimônias e diz que todos os quartos estão ocupados, fazendo um acréscimo “Óóóóli, se a Senhora tem medo, melhooor que volte pro Rio, porque aqui tem em tudo quanto é lugaaar”.

Ligo chorando para o Somir novamente. Ele me explica que as lagartixas respiram pela pele (respiração cutânea) e que o melhor que eu poderia fazer seria ligar o ar condicionado no máximo, porque isso ressecaria a pele dela e ela teria que sair do quarto para algum lugar mais úmido. E ele também apelidou o calango de Fred.

Ligo o ar na temperatura mais baixa e vou para um shopping. Saindo do quarto, quando passava pelo parque que tinha na entrada do hotel, vi diversos calangos andando normalmente entre as pessoas, alguns até na beira da piscina.

No caminho para o shopping, vi calangos pela rua. Na porta do shopping tinha calangos também. Eu criei uma teoria: lá tem tantas moscas que as lagartixas estão hiper-alimentadas e ficam enormes. Juro para vocês, até mesmo em lugares fechados como shoppings tinha moscas por todos os lados.

Na volta ao hotel (eram dez da noite e o shopping estava fechando) entrei no quarto (gelado, por sinal) e não encontrei o Fred. Mesmo assim, dormi de tênis e toda coberta, para não correr o risco dele encostar em mim. E só dormi porque tomei um anti-histamínico que me deixa com muito sono.

No dia seguinte, ao acordar, encontro o Fred no chão do quarto, como se nada. Aquilo foi demais para mim. Gritei com o Fred: “O que você quer? O QUE VOCÊ QUEEER?” Liguei o ar em uma temperatura anti-Fred e fui tomar o café da manhã. Ao passar pela recepção um funcionário ainda fez piada com a minha cara “E aí? péééérdeu o medo du bichinhuuuu?”. Pensei: “Não, mas ganhei a convicção que do Espírito Santo pra cima eu não viajo mais”.

Voltei para o quarto, liguei para o aeroporto e mudei minha passagem para aquele mesmo dia. Fiz as malas e fui para a recepção, avisei que estava indo. Se recusaram a me devolver os dias pagos. Não faz mal, paguei para ficar longe daquele lugar. Tá valendo. Enquanto esperava o funcionário da recepção chamar um táxi (tudo é em slow motion), passa um casal gays na recepção, um era gringo e o outro nacional. O mesmo funcionário que tinha se recusado a matar a lagartixa me solta o seguinte comentário: “Óóóóóliii! Mas tem é que mataaar um cabra deeeeesses!”. Olhei chocada e respondi “Moço, o Senhor se recusou a matar uma lagartixa mas acha que tem que matar um ser humano?” e ele respondeu “Issssu não é geeenti nãããão!”. Eu, quase beijando minha passagem de volta disse “Quer dizer que o senhor mataria um colega seu?” e ele finalizou “Nãããão! aqui não tem freeescu não!!! Vem tuuudo de Péééérnambuco!”. Entrei no táxi sem nem me despedir.

No aeroporto havia calangos. Do lado de dentro. Antes de ir embora, no melhor estilo Carlota Joaquina, bati um sapato no outro e disse “Desta terra eu não quero nem o pó!”.

REGIÃO NORTE – Estou jantando em um lugar a céu aberto quando se aproxima uma lagartixa. Fico de olho, só esperando o atendente chegar para pedir para que ele mate ou chame alguém para matar. Faço um sinal e ele faz que sim com a cabeça, está acabando de servir uma mesa ao lado e depois vem. Fico de olho nela, essas pragas quando se escondem ninguém acha. Do nada, surge um bicho peludo que eu não sei identificar (talvez por ser míope ou talvez porque lá é cheio de bicho exótico) e COME a lagartixa. O atendente se aproxima e pergunta: “Pois não?” e eu respondo “Uma fatia de torta de chocolate, por favor”.

Welcome to the jungle.

Dedico esta postagem à Camilla, que sugeriu o tema via e-mail.

O povo pediu. E o povo manda em mim. Hoje vou me arriscar em um tema ingrato: como esquecer aquele Zé Ruela que claramente não quer mais nada com você. O tema é ingrato porque não existe uma fórmula para esquecer alguém. Aqui me aventuro eu, em um estelionato intelectual, tentando ajudar. Mas já adianto que não devolvo o dinheiro se não funcionar.

A situação é a seguinte: ele caga e anda para você, não te trata como você merece e dá sinais de descaso e falta de consideração o tempo todo. Mas, por algum mecanismo bizarro você continua gostando dele, cada vez mais. Sim, Minha Amiga, isso é um desfavor. Mas quem nunca passou por isso?

Tudo que posso fazer por vocês, tentando não cair na auto-ajuda, é dar algumas dicas, que PARA MIM funcionam nesse momento de merda onde você passa por uma situação tão… de merda difícil. Mas veja bem, não são dicas para amenizar o sofrimento não. São dicas para não involuir. Render-se nunca, retroceder jamais.

NÃO TENTE EVITAR O SOFRIMENTO

Infelizmente (ou felizmente?) não existe uma máquina no estilo “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” que apague o Zé Ruela da sua mente. Seria bom? Não sei, o sofrimento é necessário. O doce não seria tão doce se você não tivesse provado do sabor amargo. Quem tenta correr do sofrimento sempre se ferra, o sofrimento corre mais e te pega. Ok, este parágrafo está brega…

O que quero dizer é que se você gosta de um animalzinho e chegou à conclusão de que ele não gosta de você e se dispôs a esquecê-lo, tem que aceitar uma premissa: VOCÊ VAI SOFRER. Ora, sofrer faz parte do processo para esquecer alguém. Nem pense em fugir do sofrimento, uma hora ele chega. Aceite de bom grado, vivencie o sofrimento porque ele é o meio que vai permitir que você feche o caixão do Zé Ruela.

Não estou dizendo que tem que se deprimir e ficar em casa chorando. Só estou dizendo que não adianta se entupir de remédios, bebida ou qualquer outro meio que “anestesie” ou disfarce o sofrimento (a menor que exista uma indicação médica para tal). É varrer a poeira para baixo do tapete.

Isso evita que você se pegue chorando seis meses depois, por causa de uma “angústia arquivada” que você não deu vazão quando tinha que dar. Também ajuda a não ter uma recaída quando encontra o Zé Ruela, porque as coisas ficam mais bem resolvidas dentro de você. (mesmo assim, algumas vezes acontece)

Sofrimento passa, (antes do que a gente imagina) e não mata. Só tem medo de cair quem não sabe levantar. Sofra, vivencie a perda. Mas estipule-se um prazo razoável para isso. Você deve se conhecer e saber mais ou menos o tempo que dura seu luto. O meu, para relacionamentos costuma durar um ou dois meses.

CERTO – Se permitir sofrer e chorar por umas semanas e/ou se entregar completamente à dor por poucos dias, até decidir que chega, que a vida continua.

ERRADO – Passar toda a semana com o mesmo pijama sem sair, estudar ou trabalhar, agarrada a aquela camiseta que ele esqueceu na sua casa, que você fica cheirando de tempos em tempos para lembrar dele e só sair de casa para ir à Tenda de Mãe Rita de Ogum, que traz a pessoa amada em três dias para doar R$300,00 para esta senhora.

RESPEITE SEU LUTO

Aceitou que vai sofrer? Ótimo.

Agora tenha em mente que você tem todo o direito de sofrer da forma que quiser. Uso a mim mesma como exemplo para explicar o que quero dizer: minhas amigas criaram uma lenda urbana de que quem sofre por amor tem que sair e badalar, isso cura tudo. Já me obriguei muito a sair estando triste e isso me era muito desagradável. Aprendi a me respeitar e ignorar essa imposição social de “você tem que sair, não vou te deixar em casa e não aceito não como resposta”. Elaboro meu luto no meu cantinho e só boto o nariz para fora quando a ferida já está parcialmente cicatrizada. Ninguém melhor que você para saber qual a melhor forma de superar. Não aceite fórmulas dos outros, o que dá certo para uma pode não dar para outra.

O que você deve pedir para suas amigas (e uma boa amiga já o faz, mesmo sem pedido), é que sejam fiscais do bom senso. Tem que respeitar sua forma de viver o luto sim, mas quando a coisa ultrapassa os limites do bom senso, tem que te sacudir. Ficar duas semanas sem badalar é aceitável, ficar dois meses trancada em casa não. É nessa hora que entram as amigas. Porque nessas horas de sofrimento a gente perde o bom senso.

CERTO – Não sair porque sabe que vai chorar em público e vai se sentir humilhada.

ERRADO – Sair e contar com detalhes toda sua história para aquele infeliz que te aborda casualmente na boate dizendo “Oi Gata, tudo bem?”: “Não, não está nada bem, o João, aquele safado, sabe o que ele fez? (…)”

AFASTE-SE

Ele é uma pessoa bacana? Você quer ser amiga dele? Ótimo. Mas tem que esperar passar uns meses. Eu acho muito difícil e doloroso conviver com alguém que você gosta e que não está retribuindo (ao menos não como você gostaria). Torna tudo mais difícil. Se poupe.

O chato é que tem alguns Zé Ruelas que não querem se afastar. Sim, eles gostam de saber que você está lá no banco de reservas, pagando paixão. E se puderem, vão fazer de tudo para te manter ali. Seja firme, forte e educada: “Desculpa, Fulaninho, também gosto muito de você, podemos ser amigos em um futuro próximo, mas agora não dá, porque seria doloroso para mim. Se você gosta de mim, peço por favor que não me procure nem me ligue por um tempo, eu te procuro quando estiver pronta para ser sua amiga”.

E não atenda o telefone quando ele ligar. Não responda torpedo. Não responda e-mail. Não recompense essa atitude canalha dele de sabotar seu processo de luto. Se responder uma vez, ele vai fazer sempre.

CERTO – Recebeu um torpedinho dele? Apague. Você não vai passar por mal educada porque já explicou a situação para ele de forma clara. Mal educado é ele, que não respeitou seu pedido.

ERRADO – Receber um e-mail dele e responder com 200 linhas explicando porque não vai responder o e-mail dele.

QUEIRA ESQUECER

Nietzsche saúde! disse, em uma simplificação muito tosca, que na verdade nós não gostamos de outra pessoa, nós gostamos DE GOSTAR de outra pessoa. Concordo em parte. Já me vi muitas vezes apegada ao sentimento que tinha pela pessoa. Reflita se você não gosta de gostar dele e quais são seus ganhos secundários nisso. É cômodo? Porque você insiste em alguém que não quer ficar com você? É bom ter as pessoas te mimando porque você está triste? Isso te desvia a atenção de outras tristezas maiores? São mil possibilidades. Pense e tente descobrir as suas. Desvendando o ganho secundário você quebra esse mecanismo que te aprisiona a essa situação de sofrimento.

Ninguém é inesquecível. Tem que querer esquecer. Não alimente esse sentimento. Ponha na sua cabeça que não deu, ele não quer e você tem e VAI esquecer.

CERTO – Quando bater aquela sensação de que você nunca vai esquecer, bote o lado racional para dominar a situação e pense “Parece que não vai passar nunca, mas VAI PASSAR. Passa para todo mundo, vai passar para mim” e segure as pontas até passar.

ERRADO – Ignorar os 327 sinais que ele deu de que está cagando e andando para você e se apegar a um único sinal duvidoso como fonte de esperança: “Ele disse que me vê como amiga, que quer ficar sozinho, mas poxa, ele também disse que meu novo corte de cabelo está bacana, ele deve me amar…”

FALE

Amigas servem para isso. É normal que você fique monotemática por um tempo. Fale, fale, fale. Quando colocar tudo para fora vai se sentir melhor. Fale até cansar. Eu acho que falar sem parar ajuda a mulher a elaborar a perda. Não tenha medo de aborrecer a sua amiga, um dia pode ser ela no seu lugar e você vai estar lá para escutar. Faça sua amiga responder mil vezes a mesma pergunta. Fale. Ligue de madrugada para ela e fale.

Mas veja bem, só para grandes amigas.

CERTO – Bateu aquela vontade de ligar para ele, porque nesse mesmo horário vocês sempre se falavam ou porque você viu algo que lembrou dele? Ligue para sua melhor amiga e FALE.

ERRADO – Falar para todo mundo, colocar no about me do Orkut “Estou sofrendooooo”, colocar no nick do msn “Tristeza sem fim” com a frase “esse amor que não passa nunca” e qualquer outra modalidade de ostentar sofrimento. Ostentar sofrimento ou felicidade é brega, soa falso e histérico. Poupe sua intimidade, se ame.

Para as mais assanhadas, eu recomendo um santo remédio: aulas de dança (qualquer dança, desde a vulgaridade do axé e funk, até a sofisticação de um tango) com um professor de dança LINDO (e geralmente eles são). É o “efeito Dirty Dancing”. Quem nunca teve um affair com um professor de dança não sabe o que está perdendo. Esquece o Zé Ruela em dez segundos… hahahaha

Quem morar no Rio de Janeiro entre em contato comigo, tenho muitos nomes e telefones. Desde já as convido para fazer muitas aulas de dança comigo! inteligência é o caralho! eu quero é homem gostoso, para ir a museu eu vou com amiga! hahaha

Dedico esta postagem à Vitória, que sugeriu o tema nos comentários da minha última postagem.

Hoje venho comentar sobre uma espécie conhecida de todas nós: a INHA

Sally, o que é a “inha”? A INHA, cara leitora, é aquela amiga do seu namorado que tem fotos de gosto bem duvidoso no Orkut e o trata com tanta intimidade que beira a falta de educação e a vulgaridade. Pode ser a Renatinha, a Regininha ou a Carolzinha. Tanto faz. É sempre uma INHA.

Não sou uma pessoa doentiamente ciumenta, meus exs podem vir aqui confirmar isso. Aliás, no caso das INHAS, arrisco dizer que nem se trata de ciúmes, e sim de falta de respeito. O que me irrita e me tira do sério é a falta de respeito delas (e deles, em alguns casos). Será que algumas mulheres não se dão conta que quando um amigo começa a namorar algumas atitudes tem que ser repensadas? Ou será que elas fazem isso de propósito, para se sentirem poderosas?

Geralmente os atos das INHAS nem são o maior dos problemas. O grande problema vem da reação do Zé Ruela aos atos das inhas. Cabe a eles colocar as INHAS no seu lugar, entenda-se, lugar de amiga. Homem bonito até que costuma cortar as INHAS, mas os feios e os mais ou menos… são um problema! Acho que são meio deslumbrados, porque nunca mulher nenhuma deu em cima deles e quando uma dá, ficam tão maravilhados que não conseguem cortar.

O namoro só perde com esse estresse: a namorada se aborrece, o namorado acha que a namorada está enchendo o saco. Que tal cortal o mal pela raiz, Amigo Cueca, assim você nos poupa (e se poupa também) de aborrecimentos?

E como eles nunca sabem o que vai chatear suas namoradas, pois parecem sempre ter sido pegos de surpresa pelas nossas reclamações, segue aqui uma lista de coisas que aborrecem a maior parte das mulheres. Acabou a era do “eu não sabia”. Quem mandou não entrar em um blog sobre carro ou sobre futebol, Amigo Cueca? Seu álibi de desconhecimento já era…

DESFAVOR INHA 1 – “EU TE AMO”

CENA: Você vê nos scraps dele o seguinte texto:

Oi LiNdu! SaUdAdJiX di Vc GaTu! SoNhEi c Vc! KKKKKKKKKKKKK

Ti Amoooooooooooo Mto!!!!!!!!! bjux

A foto da autora deste desfavor à língua portuguesa é uma menina com um decote daqueles que você pode ver os pêlos pubianos, chupando um picolé de forma vulgar, enquanto pisca um dos olhos, com a câmera na mão, tirando a foto em um espelho.

Minha opinião: Eu sei que no Orkut, MSN e similares o tom das conversas é mais informal. Mesmo assim, mulheres não gostam de ver outras mulheres dizendo que amam seu homem. É desagradável. É humilhante. Não é insegurança, ok? Pode ser uma gorda de 300kg, sem dentes e com um olho de vidro, ainda assim, é falta de respeito, mesmo que a mulher tenha a certeza de que nunca, jamais, em tempo algum, vai ser trocada pela Jubarte. Estampar em um lugar público um “eu te amo”, ou pior ainda “Ti AmU miGuuuuuu!” (além de vadia, analfabeta) é um desfavor. VOCÊ, Amigo Cueca, ficar inerte a isso é um desfavor maior ainda. Tudo bem, o simples fato de uma pessoa sem noção deixar um “eu te amo” não é motivo para briga, eu já recebi declarações de amor pelo Orkut de pessoas que nem conhecia, ninguém está livre disso. O grande problema é você, Cueca, ficar inerte a isso e não colocar limites. Comigo é delete + bloqueado, mas isso vai de cada um, cada um impõe limites como quer.

Mas Sally… É só amizade…
Amizade é meu cu cheio de purpurina. Mesmo que seja só amizade da SUA parte, Amigo Cueca, você não pode ter certeza se é amizade só da parte dela. E mesmo que seja só amizade, se os termos dessa amizade magoam tanto sua namorada, não custa fazer umas alterações. Ninguém está pedindo para que você vire as costas para a sua amiga, apenas para que converse e esclareça que você não acha essa atitude adequada.

Mas Sally… Eu não sei ser grosso…
Quem disse que precisa ser grosso? Fale na maior educação. E cá entre nós, Amigo Cueca, você SABE SIM ser grosso. Ou por acaso quando passam a mão na bunda da sua mulher você entrega flores ao autor da gracinha? O problema é que você só é grosso com aqueles que TE despertam raiva. Se o sofrimento for da sua mulher tudo bem, né?

Mas Sally… Nada a ver, ela tem namorado!
Pior ainda, está faltando com o respeito ao namorado dela e à sua namorada. Desde quando quem tem namorado impede de dar em cima de outras pessoas? E mesmo que ela não esteja dando em cima de você, custa evitar esse tipo de coisa para não magoar sua mulher?

Mas Sally… Eu não entendo porque isso incomoda!
Eu também não entendo porque vocês se descontrolam vendo jogo de futebol, porque tratam carro como filho ou ficam lendo o jornal enquanto cagam. No entanto, mesmo sem entender, consigo aceitar e respeitar, sabendo que é importante para vocês. Para respeitar é preciso entender? Não basta saber que vai causar um sofrimento para a sua amada para tentar evitar o desfavor?

Mas Sally… Se eu falar isso, mesmo com jeito, minha amiga vai ficar magoada…
Então, meu Amigo Cueca, você vai ter que escolher entre magoar a sua amiga ou magoar a sua namorada, porque se ficar recebendo “eu te amo”, “sonhei com você” e “saudades de você, Lindo!” e se mantiver nessa inércia contemplativa, vai magoar sua namorada. Tenha em mente que a sua amiguINHA pediu por isso: quão sem noção tem que ser uma mulher para deixar esse tipo de recado para um homem que sabe estar namorando? Passarinho que come pedra sabe o cu que tem.

DESFAVOR INHA 2 – CONTATO FÍSICO EXCESSIVO

CENA: Você está em um bar com seus amigos. Do nada escuta um grito estridente:

“AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!”

Você pensa que é um assalto ou uma barata, mas não é, é a INHA. Ela se pendura no pescoço do seu namorado gritando:

“FULANINHOOOOOOO!!! QUE SAUDAAAAAADEEEESSSS!”

Ela ignora você e conversa com ele pegando-o e apertando-o e depois ainda senta no colo dele.

Minha opinião: Não contente com as manifestações no mundo virtual, a INHA muitas vezes abusa no mundo real também. E elas adoram um contato físico excessivo: sentar no colo, longos abraços, segredinhos ao pé do ouvido, e algumas mais sem noção arriscam tapas na bunda. Na bunda do namorado. Supondo que a namorada seja uma santa, ela não dá na cara da INHA na hora por consideração e te poupa do barraco, mas pode ter certeza que ela está de olho na sua atitude esperando que você faça algo. Incomoda de forma dupla esse tipo de abuso: primeiro, porque tem alguém mexendo do que é seu (foda-se se ela é feia, se é amiga, se é traveco ou se é o Papa Bento XVI, tá mexendo no que é meu). Tá me achando ciumenta? Pense no contrário: um homem dando tapinhas na bunda da sua mulher e você do lado, de espectador. Incomoda também pelo mal estar social que causa, sua namorada protagoniza um puta papel de corna/idiota/babaca na frente de todo mundo. Por isso, é de bom tom dar um corte na hora. Abuso de forma pública? Corte de forma pública. Passarinho… pedra… você sabe.

Mas Sally… minha namorada sabe que eu amo ela, porque ela se importa?
Porque isso configura FALTA DE RESPEITO. E quando nos sentimos desrespeitadas ficamos muito chateadas. Você amar sua namorada não te dá carta branca para sair por aí fazendo coisas que magoem ela. Faz diferença porque ela se importa? O grande diferencial aqui é: estou informando que magoa. Você quer vê-la magoada? Quem é você para dizer o que magoa e o que não magoa?

Mas Sally… Chatão dar um corte na frente de todo mundo, né?
É sim. É chatão. Da mesma forma que é chatão sua amiguINHA fazer um desfavor desses na frente de todo mundo. Tá zero a zero.

Mas Sally… Foi de brincadeira!
Existem coisas que mesmo sem intenção, magoam. Essas coisas devem ser evitadas. Só porque não foi mal intencionado não quer dizer que é festa e tá tudo liberado. Tudo bem, tem algumas INHAS que tem a piranhagem tão enraizada no âmago do seu ser que nem percebem que estão sendo inconvenientes, mas isso não é motivo para não cortar. Tem coisas com as quais não se brincam, sobretudo as que magoam.

Mas Sally… Eu não fico com essa minha amiga!
Só faltava, né? Além dela fazer essas inconveniências em público, você ficar com ela. Não pense que é grandes bosta você não ficar com ela, você não faz mais que sua obrigação. E só porque não fica com ela, isso não quer dizer que você tenha carta branca para esse tipo de coisa.

Mas Sally… Ela sempre agiu assim comigo…
Eu sempre caguei na fralda até que um dia aprendi a usar a privada. Ela tem que entender que a sua situação fática mudou, agora você está namorando e isso pede uma nova postura. Não precisa deixar de falar com ela, mas também não se pode pretender que ela continue beliscando sua bunda e sentando no seu colo.

DESFAVOR INHA 3 – AMIZADE FORÇADA

CENA: A INHA que você já detesta, em função dos outros dois desfavores anteriores, começa a puxar papo com você. Ela sempre te ignorou, mas hoje está cheia de amores. Você, para não parecer antipática, conversa por educação:

INHA: “Menina, eu a-do-ro vestido tomara-que-caia! Você gosta?”

Você: “Ahãn”

INHA: “Então feeeechouuuu! Vamos combinar de ir juntas no shopping comprar vestiiiidooo! Pode ser no sábado?”

Você: (cara de bunda)

Minha opinião: Quem escolhe meus amigos sou eu. Justo, não? Pois é. Mas tem umas INHAS que se acham espertas e começam a querer forçar uma amizade com a namorada do amigo. Não sei bem porque elas fazem isso, se é para poder continuar piranhando em paz, se é deboche ou se tem titica de sabiá amarelo na cabeça mesmo. O fato é que não tem nada mais desagradável do que aquela INHA que você detesta (leva poucos segundos para odiar uma INHA) toda se querendo para cima de você. Começa a pagar de amiguinha, na sensacional estratégia dela e já te chama logo para ir ao shopping ou ao cinema. Você acha aquela pessoa ordinária e burra. Você não quer contato. Mas se você recusar, a INHA se faz de vítima para o seu namorado “Eu tentei me aproximar dela, mas acho que ela não gosta de mim, Fulano. Poxa, eu tô fazendo de tudo para ser amiga dela…”. Adivinha quem sai como a mocréia? Você. Periga até seu namorado fazer um discurso conciliador pedindo para você dar uma chance à INHA e dizer “O que foi que a menina te fez?”. Você pensa “nasceu”, mas não pode responder, porque a safada te deixou em uma situação complicada. Entendam: mulher não é homem, que se junta com qualquer homem e já joga uma pelada e toma um chopp falando besteira. Nossa amizade é mais profunda. A gente se abre com as amigas (Somir depravado, nem ouse fazer um trocadilho). Não podemos ser amigas nem colegas de qualquer uma, não é uma questão de esforço, precisamos de afinidade. Por isso, respeite nosso sagrado direito de não querer ser amiga da INHA.

Mas Sally… A menina tá na maior boa vontade, precisa ser grossa?
Quem aqui está sendo grossa? Você desconhece o que é ser grossa. Ser grossa é cuspir na cara dela e gritar “Que amizade o que! Amizade de cu é rola, sua piranha!”. Se um amigo meu gay chama meu namorado para ir ao cinema, eu entendo se ele recusar, porque não vai ter a menor afinidade. Espera-se que seja respeitada nossa recusa em confraternizar com a INHA.

Mas Sally… Não custa nada…
Alto lá! Não custaria nada PARA VOCÊ, mas você não pode medir o nosso sacrifício pelo seu. Para mulher custa sim. É um cu. Mulheres falam muito, por isso só aturamos outras mulheres com as quais a gente tenha afinidade. Procure ficar do lado de uma pessoa que fala muito e que não tenha nada a ver com você, sem a possibilidade de fazer sexo, e constate por você mesmo como é chato.

Mas Sally… Isso vai magoar a INHA…
Já falei mas vou repetir: ocorrerão situações onde você vai ter que escolher se magoa a namorada ou a INHA. Essa mania escrotamente diplomática que homem tem de querer sair bem com todo mundo me soa covarde.

Mas Sally… a menina é um amor…
Dá licença que outras pessoas achem ela um cu sujo e mal lavado? Obrigada.

Mas Sally… o que eu digo para ela?
Não diz nada. Quando a INHA chamar sua namorada para sair, ela vai dar o fora que achar mais conveniente. Se a INHA te perguntar alguma coisa, você manda ela perguntar para sua namorada. E nunca diga para a INHA que a namorada não gosta dela, isso dá uma alegria enorme às INHAS e nos deixa mal pra caralho. Não dê armas para a INHA se vitimizar. Diga que sim, que sua namorada gosta muito dela e deixe a própria namorada explicar porque não vai sair com ela.

DESFAVOR INHA 4 – EXCLUIR VOCÊ

Vocês estão em um aniversário. Infelizmente a INHA está lá. Ela é “amiga” de todo mundo, e por amiga, entenda-se, ela dá para geral por isso é mantida por perto. Alguém fala em acampamento. Você é uma criatura urbana que preza pelo conforto e se recusa a limpar o cu com folha de árvore. Você responde, em nome do casal, que não, muito obrigada, vocês não tem interesse em acampar. A INHA se manifesta:

“Imagiiinaaaa! O Fulano sempre acampava antes de te conhecer! Ele gosta siiiim! Fulano, vai deixar de acampar só porque está namorando? (e faz sinal com as mão simulando uma coleira no pescoço do seu namorado) Claro que não, né? Vem com a gente!”

As mais abusadas ainda dizem para a namorada, no caso, você:

“Ahhh… você não gosta, né? Deixa ele ir, vai… Me empresta o teu namorado só neste fim de semana então, te devolvo ele na segunda-feita inteirinho, prometo! hi hi hi…”

Minha opinião: Muitas INHAS armam programas onde acabam excluindo as namoradas, por um motivo ou por outro. Isso é um desfavor, mas o grande desfavor mesmo acontece quando seu namorado topa isso. Não precisa ser uma coisa maldosa. Por exemplo, uma INHA sabe que você odeia futebol. O que ela faz? Arma dela ir ver um jogo de futebol com o seu namorado. Ainda que não sejam só eles dois, é uma situação muito desconfortável que vai te incomodar profundamente. Você pode ir, mesmo odiando cada segundo do programa, só para marcar presença, pode se opor à ida dele ficando como chata mocréia e insegura ou pode ainda adotar uma postura blasé e ficar em casa espetando um bonequeinho vudu da INHA. Tudo uma merda. Por isso é que se pede encarecidamente aos Cuecas que recusem sair sem a sua namorada com aquela INHA que ela detesta, como um ato de carinho para com a sua namorada.

Mas Sally… vou a um lugar público, nem que eu quisesse poderia ficar com ela!
Meu Amigo Cueca, se a sua namorada tivesse alguma dúvida de que você poderia ficar com ela, nem estaria mais com você. O que nos incomoda basicamente não é o medo de você ficar com ela. É alguém mexendo no que é nosso. Mesmo tendo total garantia de que você não vai ficar com ela, incomoda, por si só, o fato de saber (ou achar) que tem uma mulher dando em cima do nosso namorado. Não é falta de confiança, é a falta de respeito dela de dar em cima de você o que incomoda.

Mas Sally… como assim “mexer no que é meu”? Eu não sou propriedade de ninguém!
Então tá, Hare Krishna. Vai morar em uma comunidade hippie e faz sexo com todo mundo. Evidente que o homem não é propriedade da mulher, mas em um relacionamento monogâmico estável temos o direito de cobrar exclusividade em algumas condutas: você só beija a namorada, você só faz sexo com a namorada… ao menos oficialmente. Então, quando você socializa essas condutas que deveriam ser exclusivas da sua namorada (e ela paga um ônus caro por essa exclusividade), dá a sensação de que tem alguém mexendo no que é dela. É quase uma quebra de contrato. E se você for casado, é de fato uma quebra de contrato. Sim, casamento é um contrato. Românticos, suicidem-se.

Mas Sally… Eu não vou poder mais sair sozinho com amigos agora?
Boa tentativa de se fazer de vítima. Mas não colou. Pode sair sozinho com amigos sim, só com essa INHA é que a coisa desanda. Não se trata de “não poder”, ninguém manda em ninguém, só estamos cientificando você, Amigo Cueca, do sofrimento que você vai nos proporcionar se sair sozinho com ela. E esperamos que você nunca nos provoque um sofrimento do qual foi previamente avisado. Se você tivesse cortado a INHA em suas inconveniências desde o princípio, não haveria essa animosidade. Logo, você está colhendo o que você plantou. Não faça parecer um sacrifício. Sua falta de postura está dando frutos.

Mas Sally… confiança é a base de uma relação!
Concordo! E a confiança da sua namorada em você está abalada, justamente pela sua inércia contemplativa de deixar a INHA correr solta e fazer todo tipo de desfavor. Se você tivesse colocado limites, a confiança estaria 100% e você poderia sair com ela. E veja bem, quando digo que a confiança não está 100%, não quero dizer que sua namorada ache que você vai ficar com a INHA. Na verdade, quero dizer que sua namorada não tem 100% de certeza de que você vai dar um corte em condutas inconvenientes dessa criatura.

Mas Sally… se não confia, porque não termina?
Não é que ela não confie em você. Ela não confia na INHA. Também não confia na sua capacidade de detectar e/ou cortar atitudes inconvenientes. Isso não basta para terminar. Uma pessoa pode não cortar por diversos fatores: porque não percebe, por exemplo, que por sinal, é a desculpa favorita de vocês. Agora, se sua namorada acha que você pode efetivamente vir a ficar com a INHA um dia, concordo com você, Amigo Cueca. Tem mais é que te dar um fora mesmo.

DESFAVOR INHA 5 – PROVOCAR A NAMORADA ABERTAMENTE

CENA: Vocês estão em algum evento, onde a INHA, para variar, bebeu muito e está emendando um desfavor no outro. Ela já mandou beijinho pro seu namorado de longe, já dançou estilo pole dance perto dele e quando ela vai sentar no colo dele pela milésima vez, você fecha a cara e bufa. Ela olha e grita:

“O QUE QUE ÉÉÉÉÉ??? HEEEIIIN? FULANO, ESSA SUA NAMORADA É MUITO CHATA, VIUUU? VIVE DE CARA AMARRADA! SOU MAIS EU HEEEEINNN? HAHAHAHA” – e dá um beijo no pescoço dele. Ele te olha apavorado, sem saber o que fazer, com olhar de “pelamordedeusnãodêumbarraco”

Minha opinião: Não sei se chega a ser um desfavor, porque depois dessa você tem permissão social para estancar a porrada em cima dessa filha da puta. Mas de qualquer forma, nunca é bom sair no tapa por aí. Sobretudo quando a INHA é maior que você. Infelizmente, isso acontece. Algumas INHAS partem para a provocação direta em determinado ponto do namoro. É lucro para elas, afinal, vai te deixar com fama de barraqueira. Algumas o fazem longe dos olhos do namorado e depois negam. Outras o fazem na frente de meio mundo em tom de desafio. Quando isso ocorre, você pode ter certeza que o conflito já é antigo. O ideal é que você tome o lado da sua namorada, mesmo que ela não tenha razão. Não tome o lado da INHA publicamente, mesmo que no fundo ache que ela está certa. Homem que toma as dores da INHA publicamente acaba mal. Além de perder sua namorada, você também pode perder seu bilau.

Mas Sally… Custa ser superior e ignorar?
Custa. Custa muito. Custa pra caralho. Custa você ser superior quando passam a mão na nossa bunda? Custa você ser superior quando toma uma falta desleal no futebol? Custa você ser superior quando xingam sua mãe? Pois é, cada um sabe onde aperta o calo. Se ela não ignorou, era porque para ela seria impossível fazê-lo.

Mas Sally… porrada de mulher é tão feio…
Há controvérsias. Eu acho qualquer porrada feia, um horror, um desfavor. Mas, infelizmente o ser humano é uma merda e algumas vezes só a porrada resolve. Culpa sua, Amigo Cueca, que deixou o barco correr solto até chegar a esse ponto. Tivesse colocado limites na INHA ou tivesse terminado seu namoro. Peidou? Agora cheira!

Mas Sally…Não tinha necessidade disso!
Falou a voz da razão. Quem você pensa que é para dizer o que nós temos necessidade de fazer ou não? Tudo bem, o certo é dar um pé na bunda de homem que não coloca limites na INHA, mas quem disse que a gente sempre consegue fazer o que é certo? Sempre fica aquela esperança babaca que vocês percebam que ela não presta.

Mas Sally… Ela não fez isso para provocar!
Não, né? Foi sem querer… Ok. Mesmo que a pessoa tenha feito uma coisa sem querer, a outra tem todo o direito de se ofender. Se não fez de propósito, NO MÍNIMO não parou para pensar nas consequências dos atos, não parou para pensar em quem ela poderia magoar. E vendo a mágoa, não se desculpou. Assumiu o risco.

Mas Sally… uma das duas está apanhando feio, devo me meter?
Depende, se for a INHA, não.

Meu Amigo Cueca, SE poupe de tudo isso e NOS poupe também. Coloque limites na INHA desde o começo. Seja honesto, você não ia gostar se houvesse um ÃO no seu caminho: Jorjão, Paulão, Serjão…

Me pergunto se no fundo, no fundo, eles não deixam a INHA deitar e rolar por pura vaidade. Será que eles não gostam de ver a nossa reação? Será que eles não gostam de ter uma mulher sempre dando em cima deles?

Dedico esta potagem para Juliana, que sugeriu o tema via e-mail. Juliana, espero que o cu dessa INHA que te inferniza pegue fogo e apaguem com um tamanco.

Amigo Cueca, nem precisa ler este texto, isso não acontece com você. Se quiser, leia para aconselhar aquele seu amigo cof! cof! quando isso acontecer com ele.

Ok, broxar acontece. Ainda não entendo muito bem porque, mas acontece. Tudo bem. Broxar, em si, não é o problema. O problema, como tudo nessa vida, é o desfavor. Porque depois da broxada sempre se seguem alguns DESFAVORES clássicos. E é incrível como são sempre os mesmos! Quando homem nasce deve receber uma cartilha com uma série de frases feitas.

Alguns Zé Ruelas já me perguntaram “Mas Sally, porque vocês se incomodam tanto com isso? Afinal, o vexame é nosso…”. Negativo. É um trabalho de equipe, mesmo que a mulher não tenha culpa nenhuma, a derrota pesa nela também. Além disso, vocês não são os únicos que ficam frustrados ao voltar para casa sem sexo. Leiam meu texto Bastidores e imaginem só a reação de uma mulher, depois de passar por tudo isso, ao voltar para casa com um episódio desses nas costas! É quase como chegar na final da Copa do Mundo e perder – em casa.

No fundo acho que toda mulher se pergunta onde foi que errou. No fundo, na rodinha de chopp com as amigas e na comunidade antiga no Orkut. A gente fala mesmo. Por mais que na hora a gente diga que está tudo bem, que não precisa se preocupar com isso, fazemos sim uma retrospectiva mental para entender onde foi que erramos.

E não se enganem: poucas são as mulheres que não comentam uma broxada.

Peço encarecidamente aos Cuecas que estão lendo que nos poupem desses desfavores listados abaixo, porque a broxada em si já é suficientemente constrangedora para a gente:

DESFAVOR 1 ISSO NUNCA ME ACONTECEU ANTES

VOCÊ, Cueca, que está lendo nosso blog: Não diga esta frase. NÃO DIGA ESTA FRASE. Muito menos precedida de “Se eu te disser uma coisa, você não vai acreditar…” porque aí fica ainda mais clichê. Mesmo que realmente tenha sido a primeira vez em toda a sua vida que você broxa, ahãn… não diga porque a frase soa falsa e mentirosa. Parece que você está debochando da nossa inteligência. Dá uma importância maior ao evento, sabe? A gente pensa “Ai meu Deus! Ele nunca broxou antes e broxou justamente comigo? Onde foi que eu errei?”. Prefiro acreditar que o sujeito é um broxador habitual do que eu sou ruim de cama ou estou fora de forma.

DESFAVOR 2 – A CULPA É DAS CONDIÇÕES TÉRMICAS

Tem uns que alegam que foi por causa do calor. Não dá para fazer sexo no calor? Se fosse assim ninguém fazia sexo na praia, nem em um acampamento, nem em um ofurô. Aliás, se fosse assim, toda a população abaixo do equador estaria extinta. Sem contar que homem é tudo descompensado térmico! Tá um frio de lascar e eles estão ali, suando e comentando como está quente! Motel. Ar condicionado a 18º. Ambiente mais gelado que cu de foca, e o Zé Ruela, todo suado, solta que a culpa é do “calor”! Complicado, né? Com frio, frio de verdade, eu não tenho muita experiência, mas acredito que também não baste para impedir um casal “na intenção”. esquimó faz sexo, né? Não consigo aceitar que condições térmicas justifiquem uma broxada. Na verdade acho que nem eles mesmos sabem explicar bem e ficam procurando uma justificativa.

DESFAVOR 3 – A CULPA É SUA

Pois é, ainda tem desses. Ficam meio intimidados porque aquela mixaria não subiu e se voltam contra a mulher com qualquer pretexto. Nem preciso comentar, né? Essa sub-raça acha que a melhor defesa é o ataque. E ai de você se tentar contestar. Deixa ele… com maluco não se conversa, maluco a gente interna.

DESFAVOR 4 – NEGAÇÃO

Você para no meio e faz um comentário tipo “Deixa pra lá, melhor a gente tentar mais tade” e ele se faz de ofendido, como se estivesse tendo A Ereção. Ele nega que esteja acontecendo alguma coisa. Está tudo ótimo. Se bobear ainda te chama de maluca! Fica ofendido com você e solta um “É, agora depois desse seu comentário, não dá mesmo”. Ora, que bonito! Ele faz parecer que seu comentário foi CAUSA e não CONSEQUÊNCIA da broxada dele! Acho até que eles chegam a acreditar nesse discurso. Patético.

DESFAVOR 5 – TENTAR ATÉ A MORTE

Com medo do efeito citado no Desfavor 4, você percebe que a coisa não está fluindo mas fica calada, melhor ele desistir voluntariamente assim não sobra para você. Mas…quem disse que ele se convence? A cada segundo que passa a situação fica mais constrangedora. Você ali, tentando seu melhor desempenho, sentindo aquela vergonha alheia por ele, e ele insistindo em protagonizar esse vexame como se nada estivesse acontecendo. Quando mais passa o tempo, mais complicado abrir a boca para falar alguma coisa. E você lá, se esforçando para ver se ressuscita o dito cujo. SE conseguir reverter a situação, provavelmente vai ser aquela foda meia-bomba, mais para constar mesmo, só para se livrar do estigma de ter broxado, mas cá entre nós, é pior ainda. Você vê aquela carinha de esforço dele, aquela concentração para conseguir manter aquela mixaria parcialmente de pé. Um pouco menos e entrava dobrado. Francamente, fazer sexo deveria ser um prazer, não um esforço…

DESFAVOR 6 – GRANDE DESABAFO

Broxou. Assumiu. Quando você pergunta o que aconteceu, segue-se um relato detalhado dos problemas que assolam a vida da criatura, alguns até choram. Se for seu namorado, marido ou se tiver intimidade, tudo bem. Se não, tudo péssimo. Leiam o texto Bastidores e pensem na nossa alegria depois de passar por tudo isso, além de voltar para casa sem sexo, ainda tivemos que ouvir uma serie de coisas constrangedoras que não nos diziam respeito. Por isso, só abra seu Coraçãozinho Broxa com que você tiver intimidade, Meu Amigo Cueca, porque do contrário, você será um fardo. Explicar sim, desabafar não.

DESFAVOR 7 – LONGO SILÊNCIO

Esse é terrível… Não deu, você fez até malabares com fogo naquela cama, mas não deu. Ai você, humildemente resignada, deita do lado dele sem falar nada. E fica aquele silêncio chato, aquele cheiro de merda no ar! E vem o efeito bola de neve, quanto mais tempo calados vocês ficam, maior a dificuldade de alguém quebrar o silêncio. E o desconforto aumenta. Impossível piorar (mentira, se um dos dois peidar pode piorar sim). Mesmo que ambos durmam, em algum momento vão ter que falar sobre isso. Não falar faz do assunto um tabu e lhe dá uma importância maior do que a que ele realmente tem. Cuecas, a culpa do mal estar é de vocês, cabe a vocês quebrar o silêncio! Vale tudo! (menos peidar), sei lá, conte uma piada, o que for, só não deixe o silêncio de prolongar!

DESFAVOR 8 – FALAR DA EX

Meu Amigo Cueca, você broxou porque estava pensando na ex? Broxou porque está com culpa de estar traindo sua atual namorada ou esposa? Não tem necessidade de contar isso para a gente. Eu não achava nem que precisaria mencionar isso, não fossem tantos os casos que escuto todo santo dia, ao vivo e por e-mail, narrando homens que fazem isso. Diga outra coisa, diga que está preocupado com um problema no trabalho ou que está endividado.

DESFAVOR 9 – GRIPADO

Bacana… não só nos faz voltar para casa sem sexo, como também ganhamos de brinde alguns germes! Muito bacana! Da próxima vez que estiver gripado nos poupe desse desfavor e só nos ligue cinco dias depois, que tal? Melhor para você, Amigo Cueca, que não dá vexame, e melhor para nós que preservamos nossa saúde.

DESFAVOR 10 – FALAR DO PÊNIS NA TERCEIRA PESSOA

Gostamos de ouvir uma explicação, mas não se esqueça que foi você quem broxou, não “ele”. Não se refira a seu pênis na terceira pessoa, como se fosse um ser autônomo naquela cama, porque não é. Dá vontade de rir quando vem uma explicação séria com o homem se dissociando do evento. Só se fala do pênis na terceira pessoa em caso de uma brincadeira (ainda assim, de gosto duvidoso para muitas). Ou então fale na terceira pessoa e permita que a gente ria sem você se ofender.

A essa altura, devem estar pensando que somos impossíveis de agradar! O que fazer?
Bom, eu só faço sexo com pessoas com as quais eu tenho muita intimidade, então, a situação fica menos dramática, porque a pessoa me conhece minimamente bem para saber o que me aborrece e o que não. Se você tem intimidade, avalie o que será menos constrangedor para essa pessoa. Se não tem, manda um “Foi mal ae… estou com uns problemas… achei que ia conseguir deixar eles do lado de fora do quarto mas não deu”.

E pague a conta do motel, né desgraçado?