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Desfavor da semana: Roquinril!

| Desfavor | | 31 comentários em Desfavor da semana: Roquinril!

MÉÉÉÉÉÉTAU!Começou ontem mais uma edição do Rock in Rio, com Milton Nascimento, Claudia Leitte, Katy Perry, Elton John, Rihanna, Os Cambistas, Banda Muitas Filas, Lixo & Atrasos…

Line-up de primeira, desfavor da semana.

SOMIR

Tentando ver o lado positivo: Pelo menos dessa vez o Rock in Rio está sendo no Rio. Acredito que até por isso flexibilizaram toda aquela parte do “Rock”. Pode-se até argumentar que o Motörhead sozinho vale o título, mas a média denota que o evento é um caça-níqueis descarado.

Deve ser infernal organizar um show de grande porte no Brasil, tenho dificuldades de lembrar de uma porcaria de evento onde o público não foi tratado como gado e o jeitinho nacional não deu o ar da graça para coroar a situação. Quem se dá bem nessas é caixa dois de organizador e cambista.

Confesso que quando anunciaram o Rock in Rio, fiquei um pouco esperançoso. Tudo bem que a oferta de bons shows internacionais já melhorou aqui desde a edição anterior (em solo nacional), mas poderia ter a chance de pegar uma daquelas sequências “mágicas” de shows. Imaginem qual não foi a minha surpresa (minha e de muita gente) quando começaram a anunciar coisas como Claudia Leitte e Rihanna…

A merda nem é só a qualidade das músicas “jabá de rádio”, é o público que isso atrai e o que diz sobre a intenção da organização. Soltaram um “assina com quem é famoso e foda-se”. E aí não dá nem para se surpreender com a bagunça que vira o evento. O público-alvo é qualquer um que pague o ingresso, aliás, meio-ingresso. Porque aqui na República das Bananas a esperteza é endêmica. Se vivêssemos num país com tantos estudantes assim, o nível cultural desse povo seria bem melhor.

Paga o dobro do valor minimamente justo (vocês acham que eles não acham o preço certo e dobram?) quem não entra no jogo da UNE e outras organizações mafiosas. Depois não sabem por que os ingressos aqui no Brasil são em média mais caros que em países semelhantes. Tudo bem que eu quero que falte dinheiro, comida e atendimento médico na casa de fãs da Katy Perry e Cia., mas isso não é sobre minhas vontades. É mais um daqueles “momentos Brasil” onde ser honesto custa mais caro.

E mesmo com o sonoro “se fode aí” que é o evento, a pobralhada se acumula. O público dessa vez vai ser menor que em edições anteriores, pode até parecer que a organização achou melhor controlar a aglomeração da pobralhada, mas a verdade é que as bandas são bem… meia-bomba. Porra, o show de encerramento vai ser com o que restou do Guns N’ Roses (e mesmo que você seja fã, vai admitir que não sobrou muita coisa…).

Vários dos grupos já entraram definitivamente na fase “pé-de-meia” da carreira. Red Hot Chilli Peppers e Metallica como dois dos exemplos mais claros. O Coldplay já está pegando a descendente. As outras? Porra, nem para fechar os dias estão servindo (sem contar os dinossauros, que completam bem um set-list, mas já passaram da fase de atração principal). Eu fui adolescente no final dos anos 90, comecinho dos 2000, não tenho nada contra Slipknot e System of a Down, mas… eles não fecham dia mais em festival algum.

Se comparar com o line-up de um Glastonburry da vida, é de chorar o nível dos convidados. Não sou muito fã de ficar relembrando as primeiras edições do Rock in Rio (o povo ia ver o Cazuza! que horror…), mas há de se concordar que boa parte dos grupos estava no auge. Isso já faz uma puta de uma diferença. Numa comparação triste, se ontem tivesse terminado com aquela anta da Lady Gaga, até teria mais moral.

O Rock in Rio tem toda cara de “o evento que deu para fazer”. Mas a mídia vai cair matando em cima (tem que ter notícia e botar aqueles refugos da MTV para trabalhar no Multishow…) como se fosse um grande orgulho nacional um festival “enfiando dobrado” como esse.

O público do primeiro dia foi uma merda TÃO grande que a Claudia Leitte não levou chuva de garrafa! Gezuiz, o LOBÃO levou garrafada em edições anteriores. Alguém me explica como uma cantora de axé passou ilesa? Se explodisse uma bomba e matasse todo o público, a única consequência econômica seria a falta de tração animal por algumas semanas. Aliás, engraçado como bateu um momento honestidade nela e ela mudou pra caralho o set-list. Tudo bem que Chico Science é mais um daqueles “gênios porque morreu”, mas deve ter se revirado no túmulo depois dela mandar um Manguetown.

Ah sim, os atrasos. A última a se apresentar, a mulher-saco-de-pancadas, Rihanna, entrou só com duas horas de atraso. Espero que num evento mil vezes mais complexo como uma Olimpíada fique mais fácil de organizar as coisas.

Mas quem se importa? O evento vai girar quase um bilhão de reais. Tenho certeza que pelo menos alguém vai aproveitar bem o Rock in Rio. SPOILER: Esse alguém não vai estar na platéia.

Para fazer alguma defesa apaixonada da banda que marcou sua adolescência, como se isso tivesse alguma coisa a ver com o festival capenga mencionado aqui: somir@desfavor.com

SALLY

O que está acontecendo neste final de semana no Rio de Janeiro é uma amostra grátis do que veremos nas Olimpíadas e na Copa do Mundo: uma bagunça generalizada que a imprensa insiste em noticiar como um evento de sucesso. Não é. ESTÁ TUDO UMA MERDA.

O Rio de Janeiro está UM CAOS. Todo mundo sabia que o Rock in Rio daria um nó no trânsito, mas como desgraça pouca é bobagem, a Guarda Municipal amanheceu em greve ontem primeiro dia do evento. MUITO BACANA. O que já estava cagado, ficou cagado ao quadrado.

Para começo de conversa, as determinações anunciadas não foram seguidas. Informaram em tudo quanto era canto quais as ruas que fechariam e em quais horários. Me programei para passar por uma destas ruas uma hora antes do seu fechamento, para não correr riscos. Quando entrei na rua, uma hora antes do horário do seu fechamento, me deparo com um caminhão destinado a rebocar veículos que se atravessou na pisa DO NADA, sem fechamento prévio das entradas por cones (como deveria ser) impedindo a passagem. Perguntei o que era aquilo e eles me avisaram que o trânsito estava fechado e quando eu perguntei porque anunciaram uma hora e fecharam na outra, a resposta não poderia ter sido mais educada: “Porque sim, Madame, pode dar meia volta”. Eduardo paz, muita luz e muita saúde para você e para sua família, tááá?

O caos se estendeu de uma forma que eu precisaria de dez páginas para narrar. Os ônibus não deram vazão, o terminar principal de ônibus ficou sem luz, deixando uma multidão no escuro, fila para comprar cartão de ônibus, depois fila para pegar o cartão e depois fila para embarcar. Um amigo meu que veio de outro estado disse que demorou mais do terminal do ônibus especial para o Rock in Rio do que para chegar da cidade dele até a minha casa. O bacana é que o tal ônibus VIP não foi barato não: R$ 35,00. Muita gente NÃO CONSEGUIU CHEGAR.

Teve gente entrando armada, teve gente entrando com drogas e teve gente entrando sem pagar. Falhas grosseiras de fiscalização por todos os lados. Gente branquinha e bem vestida sequer era revistada. Fila para tudo. Ingressos caríssimos que vieram com falhas no código de barras deixaram muita gente na mão. É tanta merda, mas tanta merda, que vocês não tem noção. Infelizmente não é esse o ponto central da minha postagem, então, deixo os detalhes da bagunça e desorganização para aquela parcela da imprensa que tem comprometimento com a verdade divulgar. Mas podem acreditar, a maior parte da imprensa vai fazer parecer que foi um sucesso e que o Rio está suuuper preparado para eventos de grande porte. MENTIRA.

O ponto central é: tanto perrengue, tanta confusão, tanto esforço por shows que de rock que, de rock não tem nem o cheiro! Não que eu esteja falando mal dos artistas que irão se apresentar, gosto de diversos, mas porra, querer empurrar que Claudia Leite, Katy Perry, Elton John e Rihana são rock ofende minha inteligência. Depois, quando eu falo que Rafael Pilha é um astro do rock neguinho reclama! E nos próximos dias a coisa não fica muito melhor do que isso não: NX Zero, Ke$ha, Jamiroquai, Stevie Wonder, Jota Quest, Ivete Sangalo, Lenny Kravitz, Shakira, Skank e tantos outros NÃO SÃO ROCK. Eu sei que talvez seja complicado fazer um evento SÓ de rock, mas vocês tem que concordar que fazer um evento chamado “Rock in Rio” onde o rock é uma EXCEÇAO, é algo meio 171.

Acaba que a maior parte das atrações principais tem aquele estilo show fake americanizado já manjado e saturado, onde nos deparamos com as seguintes variáveis: a) quem se apresenta tenta cantar ao vivo e dá vexame, pois sua voz é fraca, despreparada e não suporta os movimentos de dança da apresentação, criando falhas e “ofergâncias” ou b) a pessoa assume que sua voz é um cu e faz um show em playback cheio de dança, cores e efeitos especiais mas que musicalmente não tem valor algum. Chega a ser um choque quando, no meio da música, ligam o microfone da pessoa e sua voz REAL ecoa, nada a ver com a voz tratada e sintetizada que canta a música. Francamente, acho ambos estelionato musical. Todo mundo sabe que essas celebridades pop dão vexame quando tem que cantar ao vivo, sem os inúmeros recursos de estúdio para melhorar suas vozes estridentes e irritantes e ainda assim insistem em chamá-los de cantores!

O mais bacana é reparar nas letras. A grande maioria é futilidade pura, ou baixaria, ou imbecilidade. Se as pessoas entendessem o que estão cantando, não teriam a metade dos fãs. Mas aqui é assim, o artista fala duas frases em inglês e todo mundo bate muitas palmas e vai ao delírio, sem nem ao menos entender metade do que foi dito, mesmo que tenham sido mandados tomar no meio dos seus cus e chamados de otários. Eles batem palmas pelo simples fato do artista ter lhes dirigido a palavra. Que honra uma celebridade de momento, drogada ou anoréxica ou que apanha do namorado ou que barraqueia onde quer que vá ter a generosidade de te dirigir uma frase de forma coletiva, depois de vocë ter gasto trezentas pratas para vê-la tão distante a ponto dela fica do tamanho do seu polegar, hein? Bate palma mesmo, foquinha latina subdesenvolvida!

O preço é outro fator que deve ser levado em conta. Se você não tinha tempo e paciência de virar a noite em uma fila para comprar ingressos (já caros no original), levou uma facada nas mãos de cambistas, que compraram tudo. Quem mandou trabalhar e não poder passar vinte e duas horas numa fila? Ingressos chegaram a ser vendidos pela exorbitante quantia de setecentos reais. Esse é o problema de deixar cambistas comprarem os ingressos: eles esgotam todos em poucas horas e o povo se fode, tendo que pagar pelo menos o dobro do preço.

Paga caro pelo ingresso, tem dificuldades para chegar no local e quando chega tem dificuldades para entrar e quando entra vê show em playback ou então cantado de forma vergonhosa. Sou eu que estou ficando velha ou o Rock in Rio é a maior furada?
Para piorar, a transmissão televisiva foi risível. Padrão Globo de Qualidade, conhecido também como TOQUE DE MERDAS (o oposto do toque de Midas). Só valeu a pena ver as entrevistas na área VIP, várias celebridades visivelmente bêbadas protagonizando vexames. Estou começando a achar que merece um Plantão Rock in Rio, pois a baixaria VIP tá correndo solta: é gente comprometida se chupando nos cantos com desconhecidos, é briga de marido e mulher com lavação de roupa pública em público, é crise de choro de mulher traída… teve de tudo ontem. Até os peitinhos da Gloria Maria deu para ver, quando jogaram um holofote nela durante uma entrevista. Tadinha, a blusa dela ficou transparente pra caralho, parecia um raio-x.

Enfim, o primeiro dia de Rock in Rio foi um cu completo e fodeu com a cidade toda. Imagina como vai ser quando for uma Copa do Mundo! E quando for uma Olimpíada, com semanas de atividades diárias? HAHAHAHA. Querem tentar maquiar e dizer que foi bonito? Tenta a sorte, se for leitor do Desfavor vai saber a verdade.

Mal posso esperar pelo dia de amanhã, a previsão é de chuvas torrenciais, vai ficar ainda mais divertido!

Para me chamar de espirito de porco, para me chamar de mentirosa porque reporteres da Contigo disseram que a organização foi exemplar ou ainda para dizer que toda paunocuzação nos cariocas é pouco: sally@desfavor.com


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