Flertando com o desastre: Abençoados.

“A ignorância é uma bênção” é o tipo da frase que sempre me deixa com vontade de começar uma discussão, mas que sempre ocorre em situações onde uma discussão seria inconveniente. Por sorte eu tenho o desfavor para ventilar esse tipo de ideia. E para o azar de vocês, vou passar sim uma coluna inteira reclamando dessa frase.

A ignorância é uma merda. O padrão de felicidade que a ignorância traz (e efetivamente traz) é muito pouco se comparado com o incrível potencial que nossa mente permite. Tem muita gente que usa essa nefasta frasesinha para exprimir mais do que condescendência, o que teoricamente deveria ser sua única função. Muitas vezes, “A ignorância é uma benção” surge quase como uma expressão de desapontamento com a própria capacidade de perceber a realidade ao seu redor.

E é isso que me incomoda: Essa percepção que há realmente algo a se ganhar ao reduzir sua própria capacidade intelectual. Não é como se o caminho para a felicidade estivesse a alguns meros neurônios subutilizados de distância. Pouca instrução e pouco treinamento mental cobram sua conta na qualidade de vida, além de tornarem bem mais rasas e banais as situações de satisfação na vida de alguém.

Uma vida mais simples tem suas vantagens e desvantagens.

Reconheço que o conforto de acreditar piamente que minha vida é eterna e que existe uma espécie de justiça divina distorcendo as coisas ao meu favor é uma noção bem mais reconfortante do que ser um amontoado de poeira estelar com um curtíssimo tempo de consciência neste vasto universo.

Mas jamais cedo que essa percepção mais realista é menos deslumbrante. E me arrisco até a dizer, menos prazerosa. Uma pessoa presa aos grilhões do pensamento supersticioso, acreditando em deuses pessoais numa construção infantilóide de ditadura celestial, jamais vai conceber a grandiosidade e a elegância das leis naturais da forma como eu e tantos outros percebemos.

E não me venham dizer que eu ainda não “saquei” a mágica de acreditar em divindades, pois assim como todos vocês, eu também já fui criança e também já construí minha realidade baseada em fontes muito limitadas de informação. É um barato acreditar no incrível, não estou nem botando isso em discussão. Só que depois de um tempo, isso deveria começar a perder o apelo. Muito por causa da “iluminação” que estudo e curiosidade causam na vida de alguém. Ou pelo menos… deveriam causar em condições ideais.

Quando criança, eu já acreditei no deus judaico-cristão. Mas eu tive sorte de ter a minha disposição a liberdade e os meios para substituir essa visão simplória com um caminhão de informações e observações mais pertinentes ao meu desenvolvimento com o passar dos anos. O mundo passa longe de ser um lugar justo, e eu tenho plena consciência que a maioria das pessoas não vai ter liberdade ou meios para fazer essa transição.

Claro que a discussão pode descambar para religião, e será culpa minha por começar por esse exemplo, mas não é exatamente isso que me interessa neste assunto. Estou comparando estados de felicidade de alguém que acredita numa versão mais ignorante da realidade com o de quem formou uma opinião mais embasada.

O religioso fica feliz quando tem a impressão que sua relação com o deus em questão é vantajosa (vantagens pessoais, senso de justiça, confirmação de propósito). Um ateu apaixonado pela ciência como eu, por exemplo, fica feliz quando lê um livro, assiste uma palestra, vídeo ou qualquer outra forma de conteúdo que elucide ou faça senso do monstruosamente complexo universo que o cerca. Eu sei, eu sei… gosto é gosto. Mas eu acho essa coisa toda incrivelmente interessante.

A turma da “ignorância é uma bênção” acaba acreditando que o prazer desencadeado pela visão mais simplória das coisas é mais intensa e/ou duradoura do que a da pessoa que lida com variáveis mais complexas. O que é um ledo engano. As duas formas geram prazer. O que varia nada mais é do que a forma de aproveitar.

E é aí que eu volto para a minha afirmação de que o padrão de felicidade da ignorância é pouco. A mente simplória tem pouquíssimas áreas cinzas: Ou as coisas são boas, ou são ruins. A pessoa “abençoada” pela ignorância tem o senso crítico reduzido, o que a faz aproveitar muito mais coisas, é claro. Não ter senso crítico torna as Músicas Jabás e os Zorras Totais da vida fontes válidas de entretenimento.

Só que aqui temos um problema de compreensão do que é o senso crítico. Senso crítico não é achar tudo ruim, senso crítico não é sinônimo de nariz empinado, senso crítico é uma “caixa de ferramentas intelectual” com a qual você trabalha ao perceber o que está ao seu redor. Sem essas ferramentas, um monte de coisas que gente mais instruída acha horrível fica bem mais aproveitável, mas sem essas ferramentas, a mentalidade “preto ou branco” é responsável por muito mau-humor e descontentamento.

Sem a habilidade de relativizar e conectar informações, é muito difícil extrair diversão de situações inusitadas. Como esse desenvolvimento intelectual está na base do senso de humor, é muito mais fácil tirar um “abençoado” do controle e ferrar com sua capacidade de aproveitar o momento.

Lembro daquela postagem sobre inteligência racial que rendeu mais de 400 comentários como um dos grandes exemplos “próximos” de como a ignorância não é uma benção. Dado certo momento, eu estava me divertindo MUITO criando um circo ao redor do nazistinha, variando o discurso e criando situações inusitadas. Ao mesmo tempo, o rapaz estava claramente frustrado por não conseguir dar seguimento ao que pretendia.

Aquela discussão toda se tornou inviável, estava claro que não haveria uma vitória de nenhum dos lados (não pelo argumento, mas pela teimosia), eu poderia ter desanimado também, mas eu e vários outros que jogaram juntos, devo ressaltar, tínhamos os recursos necessários para perceber uma oportunidade de diversão e aplicá-la. A mente do rapaz estava tão fechada, ele tinha tão poucas ferramentas… Foi divertido para muitos, mas para ele deve ter sido um martírio.

Senso crítico também é encontrar diversão e encantamento em mais oportunidades. O ignorante só encontra prazer numa discussão quando tem a sensação de estar certo, ao passo que quem tem mais capacidade de compreensão pode sair realizado ao aprender algo novo, ao concatenar um grande argumento, ao extrair uma boa piada ou história dali…

Pode-se argumentar que o ignorante normalmente tem a vantagem de não ter seu ego abatido com a possibilidade de ser provado errado, mas, novamente, esse é o padrão do ignorante. Mesmo sendo uma pessoa assumidamente arrogante, tanto que estou me usando como exemplo do “não-ignorante” seguidas vezes, não enxergo nenhuma vantagem inerente a estar certo per se.

A “bênção” da ignorância se encarrega de parar a mente de uma pessoa no tempo. As opiniões congelam e a curiosidade se esvai. Estar certo tem o péssimo hábito de ser o fim do desenvolvimento de uma ideia. O que frequentemente é território fértil para acomodação e decisões pobres. É muito sábio ter um pé atrás com essa coisa de estar certo, e jamais se pautar por referenciais menos instruídos para tal.

Eu tenho mais medo de não ter mais o que aprender do que passar por ignorante. E curiosamente, é isso que realmente assusta os “abençoados”: Realizar que são ignorantes. A pessoa já vive com medo do que não conhece, e convenhamos que aí entra MUITA coisa, e ainda por cima tem que se manter suficientemente em guarda para não perceber o que está perdendo.

Justamente pela simplicidade, o caminho do ignorante é mais perigoso do que o do instruído. Pode parecer incrível para muita gente daqui, mas boa parte da população mundial está a uma “descrença” de perder todo o significado de suas vidas. Ignorância é uma ponte estreita.

Inclusive na questão do prazer de viver. O mais importante é lembrar que os prazeres mais básicos todos nós temos. Uma pessoa que só acha graça na vida de encher os cornos e fazer sexo, por exemplo, não tem nada de especial. A pessoa que aprecia um bom livro, música ou – porra, mesmo eu achando ridículo –  um bom vinho, pode fazer tudo o que o ignorante faz. Talvez com um grau de intensidade menor, mas nem na questão de quantidade o ignorante ganha: Ter mais opções e mais nuances no aproveitamento da vida no mínimo equilibra o foco “instintivo” do ignorante.

Não me entristece que as pessoas gostem de FANQUE, me entristece que isso nem possa ser chamado de escolha. E que muita gente babaca encha a boca para dizer que é esse padrão de limitação que mais se assemelha à felicidade. Felicidade funciona muito bem, obrigado, em mentes mais desenvolvidas. Mesmo que “A ignorância é uma benção” seja usada como discursinho condescendente de quem meio que se envergonha de ser privilegiado, ainda sim passa a mensagem errada. Conformismo.

E até por essa questão do prazer do ignorante ser mais simplório, a qualidade de vida sofre. A pessoa fica presa a círculo vicioso de buscar prazer sempre nas mesmas fontes. Os vícios do alcoolismo e do tabagismo são muito mais pervasivos nas camadas mais pobres da população, por exemplo. Filhos? Aos borbotões. Todas essas porcarias que derrubam a qualidade de vida da pessoa.

Sem contar um dos problemas mais sérios da ignorância: Ser massa de manobra e frequentemente pisado por quem é mais poderoso. Trabalhar que nem um escravo de sol a sol para receber pouco e ainda não ter acesso a serviços essenciais decentes me parece a antítese de benção.

Claro que expressar os pontos negativos de ser pouco instruído não soa como novidade para ninguém, mas eu faço questão aqui de reforçar como a compensação da suposta simplicidade não é nem um pouco justa. Se contentar com pouco é… pouco. Manter essa ilusão é um veneno social, que assim como a ladainha da “humildade”, serve basicamente para incentivar a docilidade de quem pega o pato pelos luxos de poucos.

E ainda nessa linha, é glorificação de pouca merda. Nunca que regredir a um estado mais próximo de nossos antepassados bestiais é vantagem num mundo onde já se provou que um padrão de vida MUITO maior não é só possível como a solução mais humanitária. Padrão de vida de país instruído é pior ou melhor do que os apinhados de analfabetos?

Instrução é uma bênção. É ela que te dá a capacidade de se adaptar e encontrar novos propósitos. Quase todo mundo tem medo de morrer, impulso sexual, vontade de sentir prazer e necessidade de se sentir reconhecido e valorizado. Mas a partir daí, muita coisa pode acontecer.

Para dizer que vai ignorar o texto, para fazer algum discursinho de quem acha BONITO exploração travestida de respeito pelas diferenças, ou mesmo para relativizar ignorância e jogar o propósito da coluna pela janela: somir@desfavor.com

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Comments (34)

  • Larissa Grotesca

    …Comentario atrasado parte 02

    Concordo com o W.O.J., acho que no caso, a frase esta voltada mais para o sentido que ele relatou. Eu a conheço como: “Com a sabedoria vem o sofrimento”

    É claro que existem uma maioria que vive uma vida de merda, sendo escravos do mundo capitalista para o eneiquecimento de poucos.
    Porém, entre um monte de gente que lamenta não ter tido oportunidades, há também um monte de pessoas que gostam de viver assim.
    Tem muuuuuuuuuuuuuuita gente que não quer mandar, que gosta de ser mandado e sente preguiça de saber mais. Eles não querem saber mais… e o que chamamos de felicidade, tem outro significado para essa galera.

    A galera do baile funk, que dança até se acabar, encontra sua mina ou o gatinho, tem 4 filhos…vive numa casa pequenina e vive feliz!!
    Oque não falta é gente com cultura, rica e solitária que precisa se entupir de rivotril todo dia… talvez para essa galera, a sabedoria trouxe o sofrimento.

  • Concordo plenamente com você Somir. Só faço um adendo: creio que é possível acreditar em algo além do observável, da matéria, e não se ver debilitado pelas questões lógicas e científicas. Particularmente, prefiro que discutam comigo sobre assuntos da atualidade, do que efetivamente naquilo que eu acredito, é meio que um ‘guarda pra você o que você acredita, que eu não quero saber’.
    Veja esse vídeo, é de um astrofísico muito foda.
    http://www.youtube.com/watch?v=aYDsememzA8
    e se você passeia pela blogosfera, saberá que ele também é o meme ‘watch out, we have a badass here’:
    http://www.youtube.com/watch?v=danYFxGnFxQ

  • Galera, e prestem atenção que a ignoransscia vai piorar cada vez mais. Já não chega os profissionais da Suiça serem uns merdas, agora cada vez mais que entra na faculdade não é por mérito, é pela cor da pele.
    Imaginem uns mérdicos ou advocagados que terão pela frente. Pra piorar tá rolando um boato, não sei se vai ser aprovado ou se já aprovaram que até pra contratar no emprego vai ter cotas por racismo.
    Não, eu não sou o nazista do outro post! Só que perde credibilidade quem entra por ser cotista. Ser foda é conseguir entrar passando e não na marmelada. Eu não contrataria serviços de alguém que só virou doutor por que teve vaga preferencial.
    Daqui a pouco vai ter cota pra mulheres, pra gays, pra lésbicas e o mérito que é bom vai pra vala.

    • Meu caro, vejo de forma crítica as cotas, mas acho que não vai ficar só nessa de dar um “agrado” para militantes que fazem a cabecinha desse povo alheio as questões de natureza política.

      Se ficasse estaria ótimo, mas o que vejo no horizonte é que a vaga gratuita na faculdade pública tende a ir pelo mesmo caminho da sacola descartável, ao menos para aqueles que não fizerem parte das cotas (que tenderão a ficar cada vez menores com o tempo).

      Pior: As cotas podem ser usadas como barganha no jogo da corrupção, o que é um arrego a mais para o bol$o dos paladinos que vivem nesse grandioso “pega pra capar”.

  • Concordo plenamente com o Somir. Por mais que a ignorância proporcione algumas comodidades, no geral ela caga a vida da pessoa. Mais vale encarar a realidade de frente como ela é e ter uma existência digna do que viver uma felicidade bobo-alegre transitória dentro de uma vida toda cagada.

    Fato: vida de gente ignorante é cagada.

    • Voltando de férias e tentando colocar a leitura “em dia”…

      Desse texto concordo com os dois. Ignorância NÃO é uma bênção, é uma forma escapista (tanto quanto se entupir de drogas) de achar que sua vida não é tão merda assim.

      Pergunta 1: who is Larissa Grotesca? É a Larissa antiga transformada tipo Hulk ou é uma pessoa nova?

      Pergunta 2: vocês leram o Incógnito? Li nas férias e lembrei do Desfavor: em uma passagem ele mostra estudos que indicam que os homens achavam que a consciência (quando começou a ficar parecida com o que conhecemos hoje) eram vozes que só eles ouviam. Pelas datas podemos até arriscar que a gibíblia pode ter sido influenciada por seres que ainda não tinham compreendido as “vozes das suas cabeças”.

      E lembrei de você, Sally, porque ele mostra de uma forma bem didática os motivos do encarceramento não ser a solução para os problemas e como o conceito de imputabilidade está ultrapassado. Gostei da leitura…

  • Ignorância é uma bênção, SIM! Além do mais eu tenho ENVEJA dos ignorantes. Vou dar vários exemplos:
    Hoje às 15hs começou a rolar uma festa no meu play tocando FANQUE e pode crer que vai até às 3 da manhã. Eles estão felizes, pulando feito macacos e achando as barangas gostosas porque estão de cornos cheios de cerveja. Eles estão felizes e eu com ódio. Amanhã eles vão estar inúteis de ressaca e eu vou estar morrendo de sono porque eles não me deixaram dormir e vou ter que trabalhar.
    Ignorantes ficam felizes assistindo novela, lendo fofoca de BBB, enquanto e eu me emputeço com política.
    Quando algo me tira do sério sempre vem um mané e me diz “vc tá nervoso, dá umazinha pra relaxar” Eu morro de inveja de quem resolve os problemas com uma trepada. Confesso que tenho inveja dos abençoados.

    • Eles conseguem ter momentos de falsa felicidade? Sim.

      Mas também assistem a seus filhos morrerem na fila do pronto-socorro, fazem tanto filho que não conseguem educar e vivem em um inferno de crianças gritando, não tem capacidade cerebral para encontrar soluções lógicas para seus problemas o que os faz andar em círculos, são tão limitados que não crescem profissionalmente e passa a vida toda ganhando merda e pagando juros de cheque especial e o que é pior, a grande maioria morre escravo de rituais idiotas e proibições babacas fruto de religiões.

      Ainda tem inveja?

  • Somir,

    Posso estar enganado, mas acho que a frase “a ignorância é uma benção” teve seu sentido original distorcido ao longo dos anos por seres de inteligência limitada depois de ter sido cunhada há muito tempo por gente com senso crítico. Explicando: é possível que o primeiro a dizer essa frase tenha tentado definir o fato de que, para algumas pessoas, ser ignorante possa mesmo ser uma benção porque impede o sofrimento pelo que os mais instruídos passam. Pessoas que sabem como o mundo realmente é sofrem por saber que tudo podia ser muito melhor se não fosse pela imensa massa de imbecis impermeáveis ao conhecimento. Não me lembro bem onde, mas li um artigo de um intelectual que dizia que “invejava” os ignorantes justamente por eles não sofrerem. Para esse intelectual, os ignorantes não sofriam justamente porque sua ignorância os cegava para aquilo que é sério, importante e incomoda. Os ignorantes seriam, assim, burros demais pra sequer perceber que suas vidas são miseráveis devido à sua própria postura diante da vida. E vai me dizer que você nunca se sentiu angustiado ao perceber em algum momento da vida que você era o único num raio de quilômetros que estava de fato entendendo as coisas como são e não podia fazer nada para mudar uma situação por estar sozinho? Por mais conhecimento e vontade de esclarecer as massas que alguém tenha, é praticamente impossível mudar de fato o mundo devido à estupidez da maioria e ao fato de os realmente inteligentes serem pouquíssimos. Você, por exemplo, deve se sentir praticamente único no seu círculo de convivência. E todos nós sabemos que “uma andorinha só não faz verão”… Não sei se estou sendo suficientemente claro, mas essa é minha opinião.

  • Eu já fui ignorante = crente. Se por um lado eu só me fodia porque me acomodava achando que meu amigão imaginário tomava conta de mim, por outro lado eu sempre achava uma desculpa por outras frases “não era pra ser” “há males que vem pro bem” etc… Hoje em dia ninguém mais me passa pra trás, aprendi a duvidar de tudo e todos, sou um cerumano pau no cu. Quem é ignorante é mais feliz, a idéia de ter um amigo é bom, imaginar um todo poderoso melhor ainda.
    Um colega meu ateu o pai zoava que quando eles morrerem e encontrassem deus ia rir da cara dele, daí ele respondia pro pai que não ia fazer o mesmo, afinal depois de morrer não ia ter nada. Esse mesmo colega quando o pai tava em estado terminal no hospital e falava pra ele que estava em paz com deus, ele segurava a mão do pai e falava que sim, ele ia pra um lugar maravilhoso. Imagina se alguém ia ter coragem de dizer pra uma pessoa que gosta e acredita que a morte é o fim da linha.
    Eu me acostumei ao atheist way of life, mas confesso que acho uma merda saber que estou só, que não tem deus porra nenhuma e que tudo sempre será um cu. Diabo também faz falta! Eu adorava imaginar que vários filhos da puta poderiam queimar no inferno. Merda de vida!

  • bibliotecário

    Excelente texto!

    Não me imagino sem as possibilidades que o senso crítico oferece. Além de arma intelectual é utilíssimo para conquistas práticas.

    Como bem dito: “Se contentar com pouco é… pouco”

  • só uso essa colocação p/ espezinhar os outros, nunca achei inguinorância uma bençá!!
    era só o que me faltava, além de pobre…ignorante??? não, isso não!!!

    DESS-via

  • Eu costumo falar que se paga um preço caro por ter consciência. O preço mais bem pago do mundo.

    Um dos textos que mais me emocionou. Perfeito…

  • Porra, eu li até o fim achando que fosse a Sally…uma Sally esquisita, é verdade…

    Acho que ignorância pode sim ser uma benção no nível individual e no curto prazo. Pegue duas pessoas que vivam uma vida de merda, na pobreza e sem instrução. Uma delas desconhece o que é bom ( ignorante) enquanto a outra teve contato com as coisas boas da vida. É bem provável que a mais ignorante seja mais feliz.

    É como mentir para criança, esconder algo dela, não contar que Papai Noel não existe. No curto prazo a alegria da criança é imensa.

    Claro que no longo prazo e para a coletividade a instrução traz felicidade, o primeiro mundo é melhor que o terceiro por que? Mas até chegar lá…

    Outra frase que daria um Flertando é “Desculpa qualquer coisa”…essa me irrita mais ainda…

  • Somir:

    Melhor substituir o período “A pessoa que aprecia um bom livro, música ou porra, mesmo eu achando ridículo, um bom vinho, pode fazer tudo o que o ignorante faz.” por “A pessoa que aprecia um bom livro, música ou – porra, mesmo eu achando ridículo – um bom vinho, pode fazer tudo o que o ignorante faz.”

    A primeira construção sugere que você está se referindo à pessoa que aprecia um bom livro, música ou porra.

    A ignorância da gramática também não é uma bênção.

  • “É muito sábio ter um pé atrás com essa coisa de estar certo, e jamais se pautar por referenciais menos instruídos para tal”.

    Pois é, aqui restou adotar o cinismo e o ceticismo como forma de vida. Não é necessariamente o melhor, mas é bem melhor do que a acomodação na ignorância.

    • Não sei se já escrevi sobre isso diretamente, mas cinismo e ceticismo também podem ser ferramentas de diversão na vida.

      Bilhões de pessoas nesse mundo perdem o prazer de rir de declarações fantasiosas e/ou puramente estúpidas por aí. A graça da paródia, do deboche… Tudo por levar as coisas no ferro e fogo da ignorância.

  • Vontade de imprimir este artigo do desfavor para ler aqui e passar para as pessoas a volta aqui…

    Em tempo, hilário aquele caso da postagem “inteligência na raça” que me abstive de comentar mais profundamente justo para não colocar mais lenha na fogueira.

    Para completar, minha mãe está fazendo por merecer o Troféu José Mayer de Sunga pelo conjunto de sua obra.

    • Eu vou usar como link toda vez que puder.

      Sobre a pataquada com o nazistinha, faltou você estar atacado para batermos os 500 comentários. Por sorte o recorde ainda está bem seguro.

      • Na verdade, tirando a Papagaiada (no qual não teve jeito por conta dos golpes baixos), deixava ele a margem, apesar de ainda tirar com o cara.

        Ele era aquele tipo de pessoa que queria pagar de fodão aqui com sua postura simplória e na festa da nuvem dos anônimos que pipocaram naquela época, até fiquei meio sem ver quem era quem.

        Quando começou a se esclarecer quem era quem, ficou até mais tranquilo pra mim.

        Não acho errado que critiquem minhas posições, contanto, claro, que as incongruências sejam expostas de forma sólida. Puxar tapete é coisa de gente baixa, mas vou lidando porque sei que é da selva.

      • Olha sóóóó… *mão na cintura

        Seu recorde só está de pé porque eu resolvi não responder a todos os comentários da minha postagem sobre o Judas enforcado, deixando as pessoas debaterem livremente. Dos 500 comentários na sua postagem metade são meus!

        Minha postagem atualmente passa dos 250 comentários. Se eu voltar lá e responder a TODOS como fiz na SUA POSTAGEM recordista, passa dos 500 comentários. Não me provoca não se não você vai ter que enfiar extinto recorde nessa sua bunda branca!

        • E minha mãe hoje aqui veio me encher o saco só porque liguei o computador, que nem ontem.

          A Cabecinha de Luma (vislumbrada que se acha fodona) acha legal esconder feijão, esconder açucar e ficar dia sim, dia também rodeando que nem mosca a mãe dela, que pelo visto ainda deixou barato em cima do perdido que deu no negócio do inventário dos bens do meu avô.

          E quanto a ontem, teve até polícia. A boneca foi me espancar e foi para o tipico teatrinho da miguelagem querendo me passar por doido pra passar a mão no imóvel aqui.

          Pior é que os meganhas ainda dão um tostão furado pro que essa puta fala.

          PS: Vou imprimir a imagem do José Mayer de Sunga aqui e entregar o merecido prêmio, que está bem a par com a capacidade intelectual dessa “grande atriz”.

        • E além disso, eu já ia sair agora cedo, ainda que varado de fome porque Geral da Miséria Cabeça de Luma deixou lasca de nada pra comer na geladeira… Ainda que me vire mal, estou um tico melhor que o contado nos relatos da série Siago Tomir.

  • A ignorância é uma bênção pra quem é ignorante conformado.
    Pra quem busca conhecimento, a ignorância é uma merda.
    Ela tem um sentido de repulsão pra quem é curioso.

    • Posso estar enxergando errado, mas tenho a impressão que estamos entrando numa daquelas fases de redução de curiosidade “geral”. A revolução da comunicação já está virando parte comum da vida das pessoas.

      Mal posso esperar pela bioengenharia fazer os primeiros grandes impactos para recomeçar uma dessas eras de “iluminação” de novo.

      • Olha, eu tenho um pouco dessa impressão também. Acho até que ela se deve a uma das vantagens da revolução da comunicação, a facilidade de acesso à informação.

        O problema não é a quantidade de informação disponível, mas sim a quantidade de informação ruim/inútil disponível. Dá para alguém ler, ver, ou ouvir o dia inteiro sem somar nada de válido ao seu conhecimento. A pessoa acha que está se informando e supre sua curiosidade inicial com um placebo. Com o tempo, a pessoa perde o senso de vez e acha que está vendo tudo o que há pra se ver.

        Não sei se estou sendo muito dramático, mas temos que tomar cuidado com o tanto de coisas que lemos sem critério.

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