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Sim Senhora: Clipes Brasileiros Médios.

| Somir | | 114 comentários em Sim Senhora: Clipes Brasileiros Médios.

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A postagem de hoje é uma punição pelo não cumprimento do prazo de segunda-feira passada, onde Somir não apenas não postou como também não me avisou sobre a impossibilidade de postar. Sempre que isso acontece, seja ele, seja eu, surge o direito de exigir uma postagem sobre qualquer tema à escolha do outro.

Vamos brincar de Marcos Mion, e comentar os piores clipes? A tarefa deve ser cumprida forma de dois textos, reviews de de dois hits musicais que prometem infernizar nossos ouvidos nos próximos meses. Os textos deverão conter obrigatoriamente:

– comentário sobre as letras e as imagens dos vídeos
– detalhes que mais chamaram a atenção que passariam despercebidos se não tivesse olhado o vídeo com atenção
– uma análise sobre os motivos que levarão estas obras a caírem no gosto popular.

Desde já deixo minha recomendação ao leitor para que NÃO VEJA os vídeos.

VÍDEO 01: Bigode Grosso
VÍDEO 02: Vai no Cavalinho

ANÁLISE VÍDEO 01: Bigode Grosso.

Eu odeio vocês.

Vamos começar a tortura: O vídeo já começa mostrando para o que veio. Um logo claramente feito por quem não sabe fazer logos estampa os primeiros frames do vídeo… Tom Produções. E logo em seguida, os créditos. Você sabe que vem coisa boa quando metade desses créditos são mera repetição do nome da “produtora”. Tecla SAP para “ninguém”. Menção honrosa para a assistente de câmera: Daiane Stefane. Quando a cidadã tem um nome desses, TEM que aparecer nos créditos mesmo que não tenha movido um músculo durante as filmagens. A partir de hoje eu sempre vou jogar um Daiane Stefane nos créditos de tudo o que fizer.

Mas voltemos ao foco: O vídeo. Dizem que o primeiro take de um filme qualquer deve estabelecer o tom que vai ser seguido por toda sua duração. E nesse ponto, palmas para a Tom Produções! O ser que aparece na cena logo de cara parece o filho bastardo do Alexandre Frota com o mascote da Michelin, já soltando um “caraaaalho” cujo áudio infelizmente foi suprimido na edição final. Classe! No fundo, um parque aquático chinfrim aleatório, com direito a famílias aleatórias e curiosos completando a cena. Pode-se ver também um Gol branco na cena. Ah sim, também tem um rebelde que se recusou a sair da piscina!

E a partir daí, começa a festa de milionário. Não são palavras minhas, é uma das 3 frases das quais a letra da música é composta. Começa com a chegada de pessoas a uma festa, em um local que elas parecem achar que é muito bacana, mas na verdade se resume a uma piscina provavelmente mijada e mato em volta. Toda a classe da mulher carioca também fica bem representada: O que falta em uso de produtos capilares sobra em pele exposta! Ótimo, mais pochetes e tatuagens de cadeia para deleitar nossos olhos.

A música se resume a repetir um refrão incoerente sete milhões de vezes, o que incentiva os distintos participantes da festa a se contorcer de forma ainda mais incoerente sob o pretexto de executar uma coreografia. Mas sigamos a letra: Aparentemente os participantes dessa festa chique acham que churrasco é um grande evento e que whisky com Red Bull é uma bebida fina que agrega valor. E fazem questão de ostentar essas escolhas na música. Também ostentam Amarula e Chandon, como se fossem as bebidas mais finas e cobiçadas do planeta. É até meio triste que uma festa de classe média tenha essa conotação para eles… Mas nada disso os abala: Gentalha fazendo pose de que vai beber muito no churrasco não é do tipo que pensa demais sobre o que está representando. Não contentes em achar que estão fazendo “o evento” por causa dessas bebidas, ainda acham bacana ostentar o cardápio: “300 kg de carne e o dobro de linguiça”.

E é claro que a linguiça está na letra por um motivo: “Vai ter muita picanha, para quem quiser, mas a linguiça toscana é só para nós mulher”. A cena das distintas funkeiras sensualizando com a linguiça vale o ingresso! Na parte seguinte não consegui identificar o que a filha do Pato Donald depois de fumar cinco maços por dia por vinte anos estava falando e tive que recorrer ao Google. Ao que parece, ela diz “Vai geral ficar louco, como de costume e o equipamento de som vai estar no último volume”. A pobralhada reforçando a ideia do abuso auditivo: quanto mais alto o som melhor a festa. Faz sentido… eu também não gostaria de ouvir o papo que rola numa festa dessas!

Em quase todas as cenas esse povo se amontoa e se esfrega usando roupas em cores e modelos que ofenderiam o senso estético até do Tiririca. Um palhaço fora de contexto aparece diversas vezes, talvez para simbolizar o espectador que está se sujeitando a ver uma merda dessas. O palhaço está lá porque ele “não respeita o moço”… Mas, podemos culpá-lo?

Mais para frente a cantora, ostentando o já famoso buço da mulher carioca (imagino que tenha composto uma música autobiográfica) diz que no tal churrasco não pode entrar mulher feia nem homem barrigudo, caindo em uma contradição sem precedentes. Bom, ela não disse que a regra começaria a vale DESSA vez. Pode-se perdoar.

Depois de ostentar no cardápio, achando que qualidade é quantidade e depois de ostentar no som, achando que volume é mérito, começa a ostentação errada no que diz respeito à duração da festa. A Bigode Grosso diz que a festa vai durar dois dias, que só fica quem aguenta. Mais uma clássica demonstração de como pobre não sabe ter sofisticação e acha que fartura, tamanho e quantidade são referência de algo bom.

A ostentação continua, dizem que é a melhor festa do ano e é festa de milionário enquanto a pobralhada em coro joga bebida alcoólica dentro da piscina. Tudo bem que depois de dois dias de festa na piscina a água já estaria com a mesma cor e o teor alcoólico do champanhe…

Sobre a “cantora”, ela parece um pouco com a Lindamàr, o que é sempre um ponto positivo. As tatuagens são todas muito escrotas e abundam. O cabelo dos homens é um mix de sertanejo com jogador de futebol. Não há NADA esteticamente agradável nesses três minutos de pobreza, que mais parecem 3 semans quando se assiste ao vídeo.

Aos exatos 2 minutos de vídeo, aparece uma cena com a pobralhada tentando copular com a água, se vocês repararem bem ao fundo aparece uma ponte que liga uma ponta da piscina à outra. Pois bem, nessa ponte tem um pobre com camisa vermelha tentando atravessar a ponte de quatro. Se não queria estragar a filmagem ou se estava muito bêbado jamais saberemos. Esse é o nível da coisa. Mais para frente, quando a pobralhada se aglomera em uma laje, eles empunham garrafas de whisky Red Label como se fosse o melhor whisky do mundo. Há pessoas de boné dentro da piscina por motivos desconhecidos. Sinceramente, acho que só não flagraram alguém cagando na piscina porque a bateria da TecPix© acabou antes.

Ainda estou tentando entender porque eles pulam tanto. Ou a água estava gelada pra cacete, o que é sempre uma possibilidade quando a produtora não sabe que sempre se filma esse tipo de cena quando o dia está amanhecendo ao invés de anoitecendo, OU, credito esse excesso de energia à falta de trabalho intelectual, pois como se sabe, trabalho intelectual cansa muito mais do que trabalho braçal. E pode acreditar, energia não faltou ali.

Só não torci para que caísse um fio de alta tensão na piscina porque aparentemente não faria diferença.

ANÁLISE VÍDEO 02: VAI NO CAVALINHO

Só gostaria de avisar que na sanha de me punir vocês todos perderam. Eu queria fazer uma análise cena a cena do vídeo anterior, mas vai faltar páginas. Deveriam ter me deixado só com um…

Vamos lá… Vai no cavalinho… Nem ao menos é o clipe oficial, é um viral de dois pobres (um macho e uma fêmea) bêbados dançando uma música horrorosa que eu nem ao menos sei classificar. Dizem que isso se chama “arrocha”. A pobre fêmea e o pobre macho contracenam no meio da rua disputando para ver quem se destaca mais, por horas encenando a letra da música, por horas improvisando com coisas como um cosplay de capoeira ou uma sensualizada mal feita. Se existe o Brasileiro Médio, esse é o retrato do Baiano Médio.

A pobre fêmea está com uma rouba amarelo-ovo e laranja. O cabelo, cagado como sempre. O pobre macho evidentemente está sem camisa, com óculos escuros e usando uma pochete preta, que de tão mimetizada quase passa despercebida. A pochete chacoalha cada vez que o pobre macho faz movimentos copulatórios. A certa altura do show, o pobre macho resolve fazer abrir as pernas no chão e se depara com sérias dificuldades na hora de desfazer o movimento, provavelmente pelo alto teor sanguíneo em seu álcool. Ninguém faz uma porra dessas de cara limpa.

A estranha dança do acasalamento continua. A pobre fêmea, apesar do corpo esculpido por anos de sedentarismo etílico, por diversas vezes levanta a blusa para mostrar a pança. É possível sentir o CHEIRO deles pelo vídeo, naquele misto de sovaco azedo e bafo de cerveja tão afrodisíaco para o BM. Começo a acreditar em histórias de possessão demoníaca depois de presenciar este balé profano. Aos dois minutos e vinte segundos é possível ver o pobre macho se retirando tal qual um siri, com o apoio de dois braços e apenas UMA perna. Essa imagem vai me perseguir até o dia da minha morte. Vira e mexe os pobres se coçam, o que também não é uma novidade, só para constar.

Mais para o final, um terceiro elemento se junta ao casal de pobres e interage com eles. A trama se complica. Pode ser impressão minha, mas ele está com uma camiseta com inscrições nas costas que me levam a crer ser um funcionário público em seu horário de trabalho.

A letra da música é basicamente uma reclamação de um homem dizendo que sua mulher quer montar nele como se ele fosse um cavalo, descambando para um refrão repetitivo e grudento que se repete à exaustão. Nada de novo. O curioso do clipe é que os pobres não parecem saber que estão sendo filmados, pois pobre quando é filmado não para de olhar para a câmera. Ainda assim insistem em protagonizar um show de vergonha alheia, com todo aquele típico orgulho de nada tupiniquim. Destaque para a cor azul calcinha da casa em frente onde os pobres estão dançando. Quem pinta uma casa dessa cor? Foi na Bahia, né?

Destaque também para os transeuntes que passam durante esse espetáculo bizarro. Em vez de repudiar, chamar o SAMU ou sentir vergonha alheia, eles entram no jogo e dão suas reboladas também. Aparentemente usar camisa nesse lugar deve ser crime inafiançável.

Aparentemente a música já faz sucesso no Nordeste. Espero que fique contida por lá, mas não vou esperar de pé… O pior: Estas pessoas dos dois vídeos votam e fazem filhos. Quem não tem vergonha de fazer ISSO vai ter vergonha de votar no PT?

Análise do porque estas duas músicas vão virar hits: Porque o ser humano médio gosta mais de dança do que de música. Evidente que QUALQUER DESGRAÇA com ritmo vai achar seu público. E como o brasileiro médio é um ser humano médio com sérias dificuldades de compreensão de textos, palavras e ideias em geral, letras simplórias e infantilóides encontram seu caminho para a única área capaz de compreender estímulos externos em seus corpos: A virilha.

E agora chega dessa merda porque cheguei nas quatro páginas. Vou ficar com essas aberrações sonoras na cabeça por algumas horas depois disso…

Créditos:

Tema: Sally
Texto: Somir
Vídeo 01: Tom Produções
Vídeo 02: Celular de pobre
Daiane Stefane: Daiane Stefane

Para dizer que não achou punição suficiente, para dizer que achou punição cruel e incomum, ou mesmo para falar que eu escrevi de má vontade (esse é o objetivo do texto!): somir@desfavor.com


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