Desfavor da semana: No limite.
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Génesis Carmona, Miss Turismo do estado venezuelano de Carabobo em 2013, era mais uma estudante que protestava na cidade de Valencia quando foi baleada na cabeça na noite de terça-feira. Levada para o hospital por manifestantes, Génesis, de 23 anos, morreu na tarde desta quarta-feira. FONTE
Milhares de membros da tropa de choque armados com canhões de água e granadas de efeito moral entraram em confronto com manifestantes antigoverno no centro da capital da Ucrânia, Kiev, deixando ao menos 25 mortos. Entre os mortos estão pelo menos sete policiais e 14 civis. FONTE
Venezuela e Ucrânia são as bolas da vez. Protestos recebidos com repressão violenta dos governos estão numa alta histórica e o brasileiro acha que ainda não é problema dele. Desfavor da semana.
SOMIR
O ser humano é adaptável. Para o bem e para o mal… A capacidade de perceber padrões e começar a se moldar a eles com certeza nos ajudou em situações como a colonização de áreas mais extremas do planeta. Ao invés de querer mudar (em vão) a temperatura de uma região, por exemplo, criamos formas de nos manter aquecidos ou hidratados apesar disso. Mas do lado oposto dessa moeda está a tendência a começar a achar normal se concentrar em formas de conviver com as regras ao invés de tentar mudá-las.
Mesmo se as regras podem ser mudadas. Estamos num momento importante de nossa história como ser racional e social: O modelo democrático ganha cada vez mais seguidores entre as nações, boa parte dos países onde as grandes revoltas dos últimos anos aconteceram são democracias jovens. Povos com pouca ou nenhuma experiência com toda essa coisa de governar seus próprios rumos.
Pode-se argumentar que em casos como o da Venezuela e democracia não passa de fachada, você pode escolher mas o governo manipula as escolhas. Mesmo assim o simples fato de precisarem de uma fachada para exercer poder totalitário já diz muito sobre como ditaduras assumidas estão cada vez menos em voga. Há muito mais oportunidades de perder o controle sobre o país tendo que interpretar um papel de sistema democrático.
Pode-se argumentar também que em casos como o brasileiro a democracia é quase um truque de mágica mantido pelos ricos e poderosos: você pode escolher o que quiser, mas não consegue enxergar as opções. Verdade também, mas ilusionistas não conseguem fazer seu papel se a plateia começa a invadir o palco. Seja como for a configuração da democracia ou projeto de democracia implantada num país, ela é muito mais favorável à população do que um regime autoritário sem nenhuma vergonha de se portar como tal.
Quando praças públicas tornam-se campos de guerra, quando uma parcela razoável do povo irrita-se o suficiente para enfrentar o poder constituído e exigir que cabeças rolem… aí sim que deveríamos perceber como o problema não é só o que os poderosos fazem com o poder cedido pelo povo, mas também COMO essa gente acabou no poder para começo de conversa.
Democracia é prática. Prática no sentido que tende a ser reflexo imediato das escolhas de um povo e prática no sentido que exige experiência inclusive de quem vota para funcionar de forma ideal. Agentes do governo atirando com munição letal em manifestantes é um atestado de despreparo total dos governantes e também uma indicação que CLARAMENTE essas pessoas não poderiam estar dando ordens.
Vamos botar essa na conta do povo também então? Calma… Esses problemas são menos conscientes do que parecem. Abri o texto falando de adaptação humana e é aqui que as coisas começam a se explicar: quem vive numa sociedade onde violência é comum e educação fica sempre em segundo plano tende a ver o mundo de forma mais egoísta e brutalizada. Necessidade de adaptação. Quando o sistema te convence que é cada um por si, difícil formar o conceito de colaboração social na cabeça das pessoas.
E aí a democracia parece menos democrática. Desde que o problema não te afete, as coisas parecem estar em ordem. Se a violência não ceifa vidas próximas à sua, se a repressão não deixa marcas na sua carne… Então é como se você tivesse sorte (ou juízo) de não estar no olho do furacão. De uma certa forma, é como se o povo de democracias jovens e dúbias como Venezuela, Ucrância, Egito e Brasil já considerasse injustiças e abusos como uma inevitabilidade, e suspirasse aliviado enquanto o problema não se move em sua direção.
A verdade é que o que acontece em escala mais assassina nos dois países usados como exemplo deste texto e também no Brasil sem uma contagem de mortos tão elevada são todos absurdos! Estado democrático não existe para reprimir reivindicações populares, MUITO PELO CONTRÁRIO. Quem bota tropa de choque nas ruas para controlar manifestação está cagando no sistema que dirige. Não tem meio termo. Quer fazer diferente disso não se chame democracia.
EM TODOS OS CASOS RECENTES (Egito e Primavera Árabe em geral, Turquia, Venezuela, Ucrânia, Tailândia e Brasil) as manifestações explodiram de forma violenta depois de repressão policial/militar. Todas começaram com um grupo reduzido e pacífico que foi reprimido de forma violenta e aí sim ganhou apoio popular suficiente para gerar a confusão que geraram. Isso não é o povo perdendo a linha por causa de redes sociais e sensacionalismo midiático, isso é falha ÓBVIA do sistema democrático. Quando o povo quer falar uma coisa, é obrigação do governo escutar. Se não o faz, não é democracia.
Parece que essa safra recente de democracias ainda não tem muita noção do que são, governo e povo inclusos. Continue não dando a mínima para manifestações e isso vai desaguar num movimento reacionário mundial. Democracias e Ditaduras são mais ou menos cíclicas em nossa história. Quando o povo finalmente se adaptar à democracia atirando em manifestantes, não vai mais fazer diferença o nome do sistema de governo.
Para dizer que está cagando para um povo que apoiou o Chávez (estrangeiros podem dizer o mesmo sobre o Lula), para dizer que deveriam usar munição real contra quem atrasa texto (está postado!), ou mesmo para dizer que democracia é supervalorizada: somir@desfavor.com
SALLY
Mais alguém está com a impressão que o mundo está involuindo? Apesar de todos os avanços científicos, eu tenho a sensação que, em matéria de relações humanas, caminhamos de volta à barbárie, por único e exclusivo descuido nosso.
O que está ocorrendo na Venezuela e na Ucrânia é inadmissível, do começo ao fim. Não é apenas um retrocesso para os respectivos países, o brasileiro retrocede junto quando assiste a isso calado, sem se indignar, canalizando sua indignação para situações, digamos, mais próximas. Ilusoriamente se pensa que questões mais próximas nos afetam mais, porém, quem enxerga mais longe percebe o quando esse desarranjo mundial prejudica e pode vir a prejudicar a todos nós de forma intensa. Não se indignar, não fazer nada, também é uma forma de involução, além de ser uma clara prova de burrice.
Parece que perdemos a capacidade de indignação quando, em um país vizinho como a Venezuela, ocorrem as mais diversas violações aos direitos humanos. Não fosse o bastante, também perdemos a capacidade de indignação ao ver esse Governo endossado por nossa atual Presidente da República. Pessoas que ficam putas se um cachorro apanha mas parecem ser indiferentes ao outros seres humanos apanhando. Ninguém deve apanhar, nem cães nem gente. Não proponho deixar de se solidarizar com os cães, mas sim passar a se solidarizar com as pessoas, no mínimo, em igual intensidade. Não, melhor não, porque entrar em contato com esse sofrimento humano pode trazer mal estar. Mal estar é proibido, vamos todos ser felizes full time, vamos tomar ansiolítico e fechar os olhos para a realidade, que é mais agradável. Está crescendo uma geração incapaz de lidar com a dor.
Talvez parte da culpa por essa indiferença seja da internet, pois ela permite que cada um crie seu mundinho falso onde deseja viver e crie também seu próprio avatar, sua personalidade falsa, com uma foto falsa que quase nunca retrata a aparência de seu usuário. Uma ferramenta que poderia ser usada para acesso à informação vem sendo usada como forma de alienação. Assim, as pessoas recriam seu mundinho e esquecem do mundo real. Ok, quem sou eu para recriminar a criação de um mundinho, afinal, Desfavor nada mais é do que isso. O grande problema é quando esse mundinho vira às costas para o mundo real e serve para vivenciar uma falsa felicidade que não foi alcançada na vida real. Não é medíocre viver alimentado por felicidade virtual? Deixa pra lá, a maior parte das pessoas nem mesmo vai chegar a ter ciência desse mecanismo um dia.
Não aprendemos nada com a história. Quando começa essa permissividade com sequestro, tortura e mortes em nome da pátria a coisa não acaba bem. Não acaba bem e muitas vezes se alastra para os países vizinhos, principalmente quando a Presidente do país vizinho parece manter relação de amizade e admiração para com o Chefe de Estado que está perpetrando estas atrocidades. Vamos parar por um segundo de pensar em tal coisa que queremos comprar, em tal pessoa que queremos ficar e vamos dar uma olhada no que está acontecendo no mundo? Vamos usar rede social para discutir e recriminar esse tipo de barbárie em vez de controlar se o celular da mocinha da novela estava de cabeça para baixo? Vamos não votar em quem de alguma forma endossa essas atrocidades?
Falta no brasileiro médio a noção de coletividade. Uma sociedade individualista, egoísta e infantilizada que sempre pensa no seu umbigo de forma imediatista. É hora de amadurecer. É hora de perceber que se o vizinho não vai bem, é preciso se mobilizar. Não acho exigível que ninguém compre briga pela Venezuela, apenas peço que olhem para o que está acontecendo e reflitam se querem votar novamente em uma Presidente que se alia a isso, porque manter no poder alguém que acha isso aceitável é trazer isso para dentro da sua casa. Ninguém acha que vai acontecer, até que acontece. E os primeiros indícios estão aí, para quem quiser ver: Poder Público cortando a luz nas ruas durante protesto para que a polícia possa bater e prender sem ser recriminada e tantas outras atrocidades que tomaram forma em 2013. Você conhece um Estado pela forma como ele trata seus inimigos, pois os amigos todo mundo trata bem.
É hora de aprender a ler as placas de “Pare”. A história conta vários exemplos de países que eram democráticos até a página 2, quando tudo muda repentinamente. O brasileiro está se achando muito certo, muito garantido de suas conquistas. Vamos dar uma olhada fria na atual realidade? Partido dos Trabalhadores, com histórico de reivindicações nas ruas, espancando e prendendo manifestante. Os indícios de que a massa do bolo está desandando estão bem evidentes. Mas as pessoas estão muito ocupadas ostentando uma falsa felicidade e superioridade no Facebook, twitando comentários sobre TV ou jogando FlappyBird. Enquanto a situação não as incomodar ou prejudicar diretamente, não vão se mexer. Não percebem que quando isso acontecer, terá sido tarde.
Como pode os mesmos que se escandalizam pela morte de um cinegrafista em protestos não se escandalizar pela morte de dezenas de pessoas em protestos internacionais? Evidente que quando acontece no nosso quintal choca mais, mas como pode não gerar uma presunção negativa uma Presidente da República que, NOS ATOS, endossa esse tipo de coisa? O brasileiro tem que dizer “Não concordamos com isso” e “Não vamos votar em quem não se opõe a isso”. Tem que se unir para discutir o assunto em rede social. Tem que procurar se informar do que está acontecendo nos países vizinhos e no mundo. Basta um clique, bastam dez minutos do seu dia. O preço da liberdade é a eterna vigilância.O brasileiro talvez seja o único povo do MUNDO que se sente no direito de ser desinformado.
Tristeza de ver o que tem sido priorizado pelo Brasileiro Médio. Medo de pensar que a ideia em abstrato dessas atrocidades não incomode, por si só. Medo de que quem de alguma forma, direta ou indireta, se vincula a elas não sofra uma rejeição social imediata e massiva.Tristeza e medo de que se um dia o povo brasileiro incomodar o suficiente, a situação aqui se agrave e descambe para isso. Às vezes dá vontade de ter uma rede social só para tentar falar de coisas que me parecem realmente importantes, mas daí eu lembro que não adianta nada falar para quem está desinteressado em ouvir e a vontade passa.
O Brasileiro Médio perdeu a capacidade de se chocar com algo que não o prejudique. Talvez esteja perdendo a capacidade de empatia, tamanho seu egoísmo, o que o coloca no mesmo patamar de animais rudimentares. Se não houver identificação com a vítima, não há indignação. Se não atrapalhar sua rotina, não merece um segundo olhar mais atencioso. Tudo isso vindo de um povo que se acha e se diz solidário e religioso. Alto grau de hipocrisia. Muito cansada da alienação do Brasileiro Médio para o que acontece no resto do mundo. Este povo vai acabar muito mal e nem ao menos está se dando conta disso. Voltem para a fila da Apple Store, façam planos para comprar uma roupa nova, postem selfie em rede social enquanto podem e continuem desinformados do que acontece no resto do mundo, mas não reclamem se em breve a sujeira do quintal dos outros entrar na sua casa, por causa de sua inércia contemplativa.
Abri o texto falando de adaptação humana e é aqui que as coisas começam a se explicar: quem vive numa sociedade onde violência é comum e educação fica sempre em segundo plano tende a ver o mundo de forma mais egoísta e brutalizada.
Pois é, você também disse…
Inclusive,
“minhas duas anedotas” :
Uma pessoa que ainda respeito muito já havia passado a se considerar completamente conformista / pragmática com esse primeiro ator…
E um hipócrita (virtual) “de um daqueles (supostos) lados” tanto acha que os atuais federais estão absolutamente durando demais, entretanto tanto defende o Bolsonaro ( I ) que (as palavras exatas são as da segunda parte) “se ele passar dos limites, a economia irá puni-lo”…
Oi ?! WAT
* fator
O brasileiro está se achando muito certo, muito garantido de suas conquistas. Vamos dar uma olhada fria na atual realidade? Partido dos Trabalhadores, com histórico de reivindicações nas ruas, espancando e prendendo manifestante.
Não poderia concordar (novamente) mais !
Houve umas (recentes) vezes em que quis me ver achando isso, mas até ontem eu, para meu Google News” já havia providenciado filtros sobre anistia (ou qual falta dela), Grécia (mais nação-chave do que imaginavam “até ontem”, quem diria, “berço ocidental” novamente…) e afins.
Aliás, “abrindo o leque” para esse(s) contexto(s)…
É Sally e Somir… parece que não tem jeito não! Só fico me perguntando: brasileiro médio pode ir se fuder com isso tudo, mas e nós aqui no caso da RID que não somos bm? Há algum resguardo pra gente?
Refletindo em sentido amplo a respeito do que a Sally falou no início do texto dela: se realmente Marx, Hegel ou esse povinho aí estava certo, se a história é realmente “cíclica” então não adianta! É o jeito aceitar que estamos caminhando de volta à barbárie, ao retrocesso.
Outra reflexão que tenho é: o que eu (ou nós), de minha parte, posso fazer pra tentar ajudar? Isso em meio à tantos BMs? bahh…
Não sei bem quais atos concretos ajudariam
O que mais me enoja é o descaso da nossa ‘grande’ mídia com o que está acontecendo nesses países, principalmente na Venezuela (parece até que a rede bobo está do lado do maduro!!!). Tudo o que eles divulgam parece ser uma notícia por alto, sem profundidade e maiores informações. Até a Veja (até a Veja!!!!!!!!) preferiu dar destaque de capa pra uma reportagem ufanista boba, deixando a questão da Ucrânia e Venezuela em segundo plano. Não tem direita nem esquerda no caso, é sobre regimes totalitários que precisam cair antes que mais pessoas morram.
Pois é, são vidas humanas e liberdade de expressão. Mas pelo visto isso não interessa muito.
Muito ruim a sensação de ser voto vencido. Tenho a impressão sim de que estamos involuindo e vejo isso gritante na forma de como estamos na geração dos coitadinhos intocáveis, onde muito raro a pessoa se dispor emocionalmente para se desenvolver, pois isso requer assumir responsabilidades, ter culhões pra sair da posição confortável de vitima.
Nada do que eu for falar é novidade. Mas não ler quatro páginas te decepciona? Imagine constatar que nem um informativo de quatro linhas colado em um mural as pessoas lêem: 30segundos de leitura X 8horas diárias de facebook.
Fico me perguntando como é que uma pessoa que não consegue ou tem que fazer um esforço para ler quatro páginas vai cursar uma universidade.
Me pergunto tb. Um amigo que passou pra medicina comentou comigo esse final de semana que achava que estudar pra vestibular era muito estudo, ele disse que nao e nada perto do que ele tem que estudar hj. Que tipo de profissional se forma levando o curso nas coxas?
Além disso, para ser um bom profissional, se passa o resto da vida estudando, se não fica desatualizado!
Vocês acham que algo assim pode acontecer com o Brasil nesse ano? Digo, eu imagino que vão haver protestos durante a Copa, imagino que a polícia vá bater nessas pessoas… vocês acham que o caldo pode entornar? Eu acho que algo até pior pode acontecer: a polícia pode bater num turista (ou até matar um) – imagino que seria um incidente bem complicado pro PT resolver…
Não acho que possa acontecer não porque a truculência da polícia e do Governo não sejam o bastante (são), mas porque o brasileiro peida. Brasileiro não banca o que o venezuelano, ucraniano e tantos outros fazem, de ir para a rua sabendo que pode ser massacrado, sequestrado e torturado.
Alguns dos maiores trolls desse bananal estão no PT.
Jogando as iscas certas, você consegue desmascará-los facilmente, mas se você cai na onda da agressão, acaba virando bode expiatório.
E quanto ao #9dedos, só tem um jeito… BALA NA CARA!
Estou de acordo com o texto do Somir,não tenho nada a acrescentar mas eu vou pegar uns trechos do texto da Sally, que eu achei brilhante, e que ao meu ver, define muito bem a situação da sociedade atual, pois sintetiza bem como vivemos em um efeito dominó em relação aos nossos atos, desde nossas atitudes individuais no cotidiano,que implica felicidade fingida ostentada em diversas redes sociais, ou gente que tem conhecimento do sofrimento pelo qual passa a sociedade, mas que prefere “fazer a egípcia” para não sofrer ainda mais com seus conflitos internos que, de maneira ou outra, tem relação com a sociedade que vivemos. Ao lerem meu comentário, por favor, não pensem que quero fazer a linha marxista,que vou culpar o capitalismo pelas misérias que sofrem os países de 3º mundo e tal. Eu concordo com esse sistema, mas de fato, o capitalismo tem que rever os seus conceitos, enfim. Lá vai:
“Mais alguém está com a impressão que o mundo está involuindo? Apesar de todos os avanços científicos, eu tenho a sensação que, em matéria de relações humanas, caminhamos de volta à barbárie, por único e exclusivo descuido nosso.”
Acredito que seja pela falta de informações, se bem que todos os dias somos bombardeados por informações, mas acredito que o cidadão hoje não se preocupa mais em se questionar, questionar o que está acontecendo a sua volta ou se preocupar com o pensamento do próximo.
“Não proponho deixar de se solidarizar com os cães, mas sim passar a se solidarizar com as pessoas, no mínimo, em igual intensidade. Não, melhor não, porque entrar em contato com esse sofrimento humano pode trazer mal estar. Mal estar é proibido, vamos todos ser felizes full time, vamos tomar ansiolítico e fechar os olhos para a realidade, que é mais agradável. Está crescendo uma geração incapaz de lidar com a dor.”
Talvez até as pessoas tenho consciência do sofrimento alheio, coisa que entra em divergência com meu pensamento anterior, preferem simplesmente olhar para seu próprio umbigo e fingir que estão vivendo sempre bons momentos, ou, desligar-se da realidade para não ficarem loucas. Sinceramente, esse é meu sentimento às vezes. Há um texto de de Lya Luft que eu não me lembro ao certo em que ela diz: “Se eu pensar, eu enlouqueço!”, algo desse tipo. Acho que é esse pensamento que as pessoas tem. Elas não querem pensar no sofrimento alheio e preferem viver numa certa utopia, ignorando as mazelas que existem na sociedade, enfim.
“Talvez parte da culpa por essa indiferença seja da internet, pois ela permite que cada um crie seu mundinho falso onde deseja viver e crie também seu próprio avatar, sua personalidade falsa, com uma foto falsa que quase nunca retrata a aparência de seu usuário. Uma ferramenta que poderia ser usada para acesso à informação vem sendo usada como forma de alienação. Assim, as pessoas recriam seu mundinho e esquecem do mundo real. Ok, quem sou eu para recriminar a criação de um mundinho, afinal, Desfavor nada mais é do que isso. O grande problema é quando esse mundinho vira às costas para o mundo real e serve para vivenciar uma falsa felicidade que não foi alcançada na vida real. Não é medíocre viver alimentado por felicidade virtual? Deixa pra lá, a maior parte das pessoas nem mesmo vai chegar a ter ciência desse mecanismo um dia.”
Pessoas ostentando falsa felicidade em redes sociais, rodeadas de amigos, com uma vidinha bem sucedida e perfeita, sendo que essa não é a realidade. Preciso dizer mais alguma coisa?
“Mas as pessoas estão muito ocupadas ostentando uma falsa felicidade e superioridade no Facebook, twitando comentários sobre TV ou jogando FlappyBird. Enquanto a situação não as incomodar ou prejudicar diretamente, não vão se mexer. Não percebem que quando isso acontecer, terá sido tarde.”
Preferem fingir uma vida perfeita que se sensibilizarem, indagarem, questionarem, whatever todas as coisas que estão acontecendo no mundo, ainda mais aqui, que é tão próximo. Não é necessário ir a Venezuela, ao Egito ou a Ucrânia para verificar a situação da sociedade. No Brasil estamos passando por isso, como o próprio Somir falou.O BM prefere continuar nessa política de pão e circo que se colocar como um ser pensante e questionar se vivemos ou não em uma democracia, democracia esta que, poucos tem a consciência de que é uma democracia mascarada, e que não caíram em si a partir do momento em que a besta barbuda de nove dedos possui boas relações com aquele cubano maluco e aquele outro imbecil “porqué no te callas” que provavelmente deve estar sentado no colo do capeta. Pessoas que realmente são politizadas, que pensam no futuro da humanidade como um todo estão se manifestando de maneira pacífica e usando as armas que podem, assim eu acredito, assim eu vi nos protestos durante a copa das confederações, em que sua maioria era de estudantes exigindo melhores qualidades de educação, saúde e transporte. Nisso tudo, minha conclusão é que nosso dever como latinoamericano, de “democracia” recente, é de apoiar a luta dos venezuelanos, que despertaram daquela presepada chavista, apoiar os argentinos que são contra o governo da Kretina Botox, que mais parece que quem governa aquele país é o Papa Chico, Luisana Lopilato e o Michael Bublé , enfim. Acredito que o caminho é desencadear uma verdadeira revolução na América Latina, nos países árabes que sofrem com as ditaduras até hoje, e em alguns países do leste europeu, que querem se livrar de uma vez daquele passado sombrio de URSS.
Eu ainda tenho um pouco de fé que essas poucas pessoas que são mais politizadas e pensam no coletivo façam a diferença no futuro. Pode ser complexo de Pollyana meu mas, eu acredito.
Concordo com você que HOJE, umas poucas pessoas fazem a diferença. Mas, estas poucas pessoas não farão muitos filhos, justamente por serem bem informadas. E talvez, se tiverem filhos, o meio acabe com eles. Imagino que seja difícil criar uma criança nesta realidade e que a escola, os colegas e “forma de funcionar” da vida moderna dificultem muito que se tornem adultos pensantes, até porque os pais não podem mais acompanhar seu crescimento de perto, tem que trabalhar muitas horas por dia.
Então, se hoje ainda tem gente capaz, não sei como será dentro de duas ou três gerações. Acredito que em um futuro próximo só existirão fora do Brasil.
Mas por isso mesmo, essas poucas pessoas que podem fazer isso, tem como um dos motivos fazer uma reforma na educação. Fazer com que o ser humano deixe de desse ciclo vicioso trabalhar-produzir-consumir-pensar em seu próprio umbigo, mas pelo menos ser um a fazer a diferença na sociedade.Imagine se nas gerações futuras vários pensem em ser um a fazer a diferença para o bem? O grande erro da educação de modo geral é que ela é enxergada como um negócio, em que o aluno é um mero instrumento para atender as necessidades da elite, inchando o mercado de trabalho, não importando se a mão-de-obra é qualificada ou não. Exemplo disso é que no governo da besta de nove dedos, não sei quantos milhões foram emergidos à classe média por conta de seus programas assistencialistas. Mas verifique as condições de saúde, saneamento básico, alimentação, e a base de tudo: a educação. Sim, existe a elite que quer manter a sociedade dessa maneira, mas há poucos dessa elite, ou os da classe média que pensam pelo coletivo e tem um certo nível de cultura que querem mudar as coisas.
Enfim, cada um com suas esperanças.
Será que dá para uma minoria impor algo aparentemente desagradável a uma maioria, principalmente quando quem detém o poder econômico não tem o menor interesse que isso aconteça?
Revolução em toda America Latina? Será?
Bom, acho meio difícil mas não sou totalmente utópico em relação à isso! Mas é um levantamento interessante pra refletir: será que através de certo limpa, certa revolução, o mundo melhora?
A cada dia que passa eu me decepciono mais com esse povo de bosta, eu fico de cara pensando em como podem viver de forma medíocre sem se importar com nada. Porra, o mundo tá desabando, o país tá afundando e as pessoas agem como se nada estivesse acontecendo.
Por esses motivos eu me isolo cada vez mais das pessoas, não tenho mais saco pra entrar em nenhuma discussão com seres que não sabem amarrar os próprios cadarços. E puta merda, como o mundo está tomado por esse tipo de gente. Eu realmente estou apreensiva com o rumo que as coisas estão tomando. Queria fugir desse planeta correndo 1 2 3 e já, mas infelizmente ainda não fiquei rica o suficiente pra comprar meu terreno na lua e construir minha casa bolha. :(
O pior é que essas pessoas alienadas estão cada vez mais alcançando cargos de poder, porque hoje em dia o tipo de requisito é outro para subir profissionalmente. Milhões de pessoas baixo nível, sem cultura e sem raciocínio estão ganhando poder.
Infelizmente, isso é a mais pura verdade. E a coisa só tende a piorar…
Mais gente tem que ler isto. Por isso, repassei o link dos textos pros meus contatos.
Pode e deve
E só nos restará apontar e dizer: eu avisei…
Não poderia concordar mais, Diana…