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Faixa vermelha.

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| Desfavor | | 28 comentários em Faixa vermelha.

+Pelo menos 11 palestinos e um soldado israelense morreram nas primeiras horas da ofensiva terrestre do Exército de Israel na Faixa de Gaza, intensificando uma operação militar iniciada há dez dias.

Genocídio começa a parecer mais e mais com uma solução humanitária… Muito sagrada a terra de vocês, viu? Desfavor da semana.

SOMIR

Lembro que estreei a coluna “Desfavor Explica” falando justamente da Faixa de Gaza. O estilo de escrita é um pouco diferente, mas as piadinhas infames são as mesmas. Não estou só divulgando um texto antigo, estou começando com ele para dizer que depois de mais de cinco anos, estamos mais ou menos na mesma. Se eu simplesmente copiasse aqui, ninguém desconfiaria que o texto é antigo.

Se bem que dessa vez talvez não achem o assunto tão chato, várias celebridades apareceram ultimamente apoiando o povo palestino. Política internacional com hashtag e perfis verificados deve fazer mais sucesso. De qualquer forma, a história se repete: Israel bombardeia e invade a Faixa de Gaza com seu moderno e eficiente exército depois de serem atacados por alguns fogos de artifício oriundos do outro lado da cerca.

Os tempos de Davi ficaram no passado. Golias segue atacando os palestinos e não há nenhum sinal de uma pedra salvadora a caminho. A disparidade entre o poder de fogo dos dois lados é imensa. Não é de se estranhar que boa parte do mundo veja com maus olhos mais uma investida contra a favela desértica de Gaza. Mas se existe muita diferença entre mísseis teleguiados e foguetes atirados a esmo, no quesito bom senso os lados se equivalem.

Se aquela terra é abençoada, o Brasil é o próprio Céu! A animosidade milenar entre judeus e árabes é completamente imune aos avanços da humanidade nesse mesmo período. Israel está claramente abusando de seu poderio militar para chutar quem já está caído, mas… quando ambos os lados só enxergam sucesso com a eliminação do outro, fica muito difícil esperar algo diferente.

Que Israel passou a mão na terra descaradamente já não há mais dúvidas. Ignoram o resto do mundo na certeza doentia que nasceram com o direito de ocupá-la. Gente muito “esperta”, empurrando a cerca para a frente com assentamentos ilegais e reforço militar financiado pela maior potência mundial no setor. Se tem uma coisa que Israel não faz é brincar: se o resto do mundo prometesse “fechar os olhos” por um dia, não sobraria ninguém vivo na Faixa de Gaza antes do raiar do Sol do dia seguinte.

Não há nada de errado em criticar os israelenses por suas atitudes. Mas não podemos esquecer que se o outro lado tivesse a superioridade bélica, faria ainda pior. O Hamas ficou famoso por usar civis como escudos humanos. Soltando foguetes em direção à Israel e se escondendo atrás de mulheres e crianças para evitar retaliação. A luta entre zionistas e jihadistas não é feita de heróis.

E é claro, a maioria do povo tanto de um lado quanto do outro até tem ressentimentos a resolver, mas não sairiam matando civis indiscriminadamente. Boa parte dessa gente só quer seguir sua vida sem o medo constante de tiros e explosões. É por eles que nos sentimos mal com a história toda. Gente condenada por nascer naquela merda de lugar. A natureza já não foi muito atenciosa com a região, os humanos que teimaram em fazer daquela terra seca um solo sagrado elevaram o problema ao cubo!

Quem quer que vença esse embate, todos perdem. Os israelenses não deveriam ter sua tática de “bater enquanto a mamãe não está vendo” premiada com a aquisição das terras de outros povos, os radicais islâmicos não deveriam… bom, não deveriam ganhar nem par ou ímpar. Israel é problemática, mas pelo menos seu senso de superioridade manifesta-se de forma isolacionista. Se o Islã dominar o mundo, eles começam a se matar no dia seguinte para decidir qual dos modelos deles é o melhor (mesmo que a grande maioria nem sequer se importe com isso na vida real – são sempre os sacerdotes e generais que forçam essa estupidez em larga escala).

O ideal seria que os líderes de Israel e Hamas lutassem essa guerra sozinhos, se matassem de uma vez por todas e deixassem aquele povo sofrido em paz, nem que só pelo tempo necessário para outros surgirem no lugar. Mas é claro que isso não vai acontecer: os israelenses vão matar um bando de pobres com suas armas caríssimas, o Hamas vai se esconder debaixo das saias de seus civis até a poeira baixar… Os dois lados vão ficar ainda mais inflamados…

E eu ainda vou escrever outro texto sobre a mesma coisa. É desanimador que religião e xenofobia ainda sejam tão eficientes para manipular a população. Século XXI! E um bando de safados ainda conseguem criar fantasmas na cabeça do povo para realizar seus desejos bem mais mundanos do que uma suposta designação divina… A não ser que um desses povos seja exterminado duvido muito que a paz seja possível.

Ninguém quer largar esse osso. Por mais seco e petrificado que esteja. Fora essa possibilidade de “solução final”, só se algum cachorro maior ainda entrar na briga. E disso também duvido: a terra é tão amaldiçoada que ninguém teria coragem de mandar milhares de soldados para a morte certa. Sem contar que Israel provavelmente preferiria transformar a areia em vidro antes de ceder um metro que seja.

Colocar os judeus no meio dos árabes foi provavelmente a ideia mais estúpida da ONU até hoje. A solução é evacuar o lugar: seja tirando a gente de lá, seja tirando o lá da gente. Não adianta fazer campanha de conscientização: nenhum dos lados vai ceder.

Azar deles. E considerando como essas áreas contestadas sempre correm o risco de virarem estopins de guerras maiores… azar o nosso.

Para dizer que queria ler sobre o avião (Sally vai explicar por que não falamos dele), para dizer que eu era mais interessante em 2009, ou mesmo para me acusar de intolerante: somir@desfavor.com

SALLY

Eu sei que caiu um avião da Malaysia Airlines abatido por um míssil. Eu sei que ninguém sabe de onde veio o míssil e que daí se pode depreender que bastante gente no mundo tem mísseis fortes o bastante para abater um Boeing. Eu sei que morreram mais de cem cientistas (pagodeiro que é bom, não morre). MAS, a coisa ainda está obscura. Qualquer comentário nosso seria mera especulação vazia. E especular por especular, vocês podem fazer sozinhos. Então, optamos por falar de outro tremendo desfavor, que foi inclusive ofuscado pelo acidente e merece ter um holofote apontado: o conflito Israel-Palestina.

Pirraça bélica. Só isso define, pois por maiores que sejam os interesses, NADA justifica o massacre de seres humanos que está acontecendo. Nem água, nem um ponto estratégico, nem questões religiosas, nem todo o resto dos motivos ditos ou implícitos: NADA justifica o que está acontecendo. E o mundo não parece estar revoltado o suficiente, não parece nem ao menos sentir que aquilo é real. São seres humanos, poderia ser você, poderia ser a sua família. Mas não é, então ninguém se importa.

Não tenho a intenção de tomar partido, até porque acredito que quando as coisas chegam a esse ponto, ninguém mais tem razão. Ninguém mais pode sair vencedor. Todo mundo perdeu, inclusive a humanidade como um todo, pois é desalentador ver até onde o ser humano é capaz de chegar. Quando duas partes não conseguem cumprir uma proposta de trégua de APENAS CINCO HORAS, por razões humanitárias (permitir que inocentes recebam suprimentos e tenham atendimento médico) é porque todo mundo perdeu.

A vontade que dá é evacuar a área e dizer: “Chega! Não sabem se portar como gente então NINGUÉM vai morar aqui”. E de fato acho que merecia ser feito. A ONU se mete em tanta coisa que não lhe diz respeito, que fazer isso não seria nenhuma atrocidade. Tira todo mundo, “nem eu, nem tu”, porque a barbárie só aumenta e não dá para ficar batendo palmas para maluco dançar tentando resolver no diálogo quando as partes conversam com bombardeio e tanques. Quem responde a violência com violência nunca vai solucionar o problema, apenas agravá-lo ou criar problemas novos.

Existe a questão da soberania de cada nação? Ok, existe. Mas existem interesses maiores, como, por exemplo, a sobrevivência da raça humana. Esses putos vão continuar se matando com todos os recursos possíveis e qualquer hora dessas levam toda a humanidade junto. Vou repetir o que eu disse quando o Japão estava sendo negligente com Fukushima: o país é seu, mas o mundo é nosso. Não venha querer cagar (mais) o mundo onde eu vivo. Como bem disse um popular nos comentários de uma das muitas notícias sobre os ataques: “vai que tem um ASCENDENTE nuclear e fode com todos nós”. Ou coisa pior. Não se sabe ao certo o que existe nem o que está por vir em matéria de arma de destruição de massa.

O conflito em si já é um desfavor: um bando de babacas brigam oficialmente por causas religiosas. Os palestinos acham que o local é uma “terra santa” porque nele Maomé whatever. Os israelenses alegam que ali é sua terra sagrada e whatever. “Meu Deus é melhor que o seu Deus, toma uma bomba!”. “Não! Meu Deus é melhor que o seu Deus, toma outra bomba!”. A gente tende a ficar com alguma peninha dos palestinos porque eles são o lado mais fraquinho da disputa, os que mais apanham, mas porra, tá todo mundo muito errado. Inclusive nós, que estamos assistindo sem fazer porra nenhuma. Repudiar violência do conforto da sua casa em rede social é não fazer porra nenhuma, não permita que isso alivie sua consciência.

Verdade seja dita, na real, ninguém está brigando pela terra sagrada. A briga é pelos recursos naturais que existem no local, que vão desde água a petróleo. Mas soaria mesquinho, então, vamos vender para o povão que é por um motivo nobre: Deus. Por Deus o povo compra a briga! Por Deus é louvável matar e morrer. Vou te dizer uma coisa, se eu fosse o Deus desse povo, mandava logo um raio na cabeça de cada um que é para pararem de usar meu nome como álibi para ganância.

Mas, apesar dos inúmeros erros de israelenses e palestinos, eu acredito que o desfavor maior nessa história seja o resto na humanidade. Porque maluco, quando entra em parafuso, quando entra no modo birrento teimoso, não tem limites. O resto das pessoas supostamente sãs que o cercam é que tem que colocar um freio. Onde está o resto da humanidade com poder de decisão que não dá um basta nisso? Chega, né gente? Invadir país para ver se tem arma nuclear por uma denúncia infundada pode, dar um basta em uma guerra sangrenta onde morrem inocentes, crianças, onde bombardeiam escola e hospital não pode?

E o principal responsável por fazer alguma coisa é a ONU. Faz QUALQUER COISA, mas faz alguma coisa contundente. Já passou do ponto em que se pode resolver com diplomacia. Evacua todo mundo, mura a área e joga o Carlinhos Brown com um cocar no alto de um trio elétrico cantando full time para ter certeza de que nunca mais ninguém poderá habitar aquilo novamente. Faz ALGUMA COISA mais incisiva para evitar que um massacre. Sim, quebrar o cessar-fogo foi uma canalhice, mas deixar 70% da Faixa de Gaza sem energia elétrica também não foi bonito. E o Presidente da ONU, o Sr. Ban Ki-moon, parece namorada histérica pedindo calma a um namorado brutamontes enquanto ele sai na porrada com outro cara. Amigão, não adianta pedir, ninguém vai te ouvir, eles estão loucos.

Vivemos em um mundo onde dois povos podem se matar de forma violenta por décadas e mais décadas enquanto todo o entorno pede calma. Não dá mais para ter calma. A ONU que tenha vergonha na cara e remova TODOS os civis de lá, cobre uma multa violenta dos dois países por violações a direitos humanos e com esse dinheiro reassente os civis em quaisquer outros lugares do mundo. A ONU que entre à força e confisque as armas de todos mundo. A ONU que faça isso ou qualquer outra coisa urgente e radical para acabar com essa barbárie!

Mas não. Parece que se as vítimas não forem da Europa ou dos EUA, não tem tanto valor. Faz um pentelhésimo disso que está acontecendo nos EUA e observa o tamanho do problema que você arruma! Eu sou uma romântica incorrigível, para mim uma vida humana vale igual em qualquer lugar do mundo (menos em Salvador). A ONU deveria agir com o mesmo rigor, com base no ato em si, e não em suas vítimas.

É isso, o ser-humano médio é uma tristeza.

Para reclamar porque não quer saber de política internacional, para depreender erroneamente que eu estou defendendo um dos lados ou para não saber lidar com um texto onde não se defende um dos lados: sally@desfavor.com


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