
Mentes em branco.
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+O Ministério da Educação divulgou na tarde desta terça-feira (13) o balanço final da edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre os alunos participantes, 529.374 obtiveram nota zero na redação da prova (8,5% dos candidatos). O MEC informou ainda que 250 candidatos tiveram nota mil na redação – a máxima possível.
Vota, faz filho, etc. Desfavor da semana.
SOMIR
A vida imita a internet. Está aí a geração opinião de 140 caracteres ou menos mostrando o seu valor. Uma saraivada de notas baixas já seria preocupante pela baixa capacidade de expressão, mas quando falamos de mais de meio milhão de notas zero, algo de ainda mais nefasto começa a aparecer: não é só não saber se expressar, é não ter nem o que dizer.
Não que eu acredite que as pessoas já foram menos burras em geral, mas mesmo levando em conta que a maioria tem a capacidade de escrita de um babuíno bêbado, é assustador que mesmo essas gerações com acesso praticamente irrestrito à informação continuem passando esse tipo de vergonha na hora de escrever uma redação.
O bonde da história passou e o brasileiro médio não fez questão de pegar: com o advento da internet, o mundo ficou conectado e as discussões pipocaram em todos os cantos. Com tanta informação disponível, era de se esperar um aumento substancial na capacidade de argumentação das pessoas, mas… é claro… desperdiçamos tudo com bobagens.
A era da informação feita de um grande tablóide global onde os participantes se contentam em berrar obscenidades para as telas (cada vez menores) em suas frentes. Gente que passa tanto tempo discutindo e dando opiniões deveria ser mais capaz de se articular! Mas o que vemos na prática um excesso de “o quês” sem “porquês”.
Atualmente a opinião parece uma entidade separada da sua justificativa. Ambas podem existir de forma independente, desde que existam curtidas o suficiente. Opinião é peça de vestuário, acessório da moda que adorna quem quer parecer mais interessante. Tem que ter uma opinião, mas não precisa se preocupar demais com ela.
O problema obviamente não era extrair uma opinião desse povo sobre o assunto, isso eles fazem todos os dias sobre os mais diversos assuntos. Opinião é a parte fácil. A coisa complica na hora de justificar a opinião. “Opa! Isso não faz parte do combinado! Eu dou minha opinião e me escondo atrás do direito de opinar se for confrontado”.
Mas quando o meio no qual se opina não é um antro de masturbação ideológica como as redes sociais, só ter a opinião não basta. Querem saber se cidadão pensou no assunto para aferir sua capacidade de compreensão do tema. E é aí que cidadão tira nota zero. Não tem nada a dizer de verdade, só sabe berrar alguma coisa razoavelmente conexa de tempos em tempos.
A pessoa fica absolutamente vendida na história assim que surge a condição de justificar o que pensa. Como justificar o que não se entende? O bacana é ter uma opinião e brigar com quem tem uma diferente, mas saber porque essa diferença existe é forçar a amizade. É mais simples e mais conveniente para quem governa que o povo tenha opiniões sem fundamentação: elas são ao mesmo tempo frágeis quando a máquina estatal está contra elas e muito fortes quando a campanha é de reforço.
Povo sem ter o que dizer reage melhor às estratégias de controle. Opiniões fundamentadas são difíceis de derrubar e raramente estão em acordo com o tipo de ideia que sai de um poder forjado para se auto-sustentar. Mas isso nem é culpa exclusiva do PT, isso é tão velho quanto o Brasil, estamos só vendo mais um grupo tirando vantagem disso.
O mais triste é que essa gente consegue se virar na nossa sociedade. Não estou desejando o mal delas, estou apenas dizendo que há pouco ou nenhum incentivo para a melhoria. Como o idiota vai perceber que é idiota se estiver cercado por iguais? Como exigir algo na redação que a vida não vai pedir? A maior sacanagem não é o brasileiro ser tratado como gado pelos seus governantes e líderes em geral, é a glorificação desse padrão bovino de pensamento.
Tudo bem ser imbecil, você vai ser acomodado em algum lugar da sociedade, mesmo que tenhamos que te pagar só para ter filhos. Isso é fácil de fazer, não? Eu gostaria de ver uma sociedade menos tolerante com analfabetos funcionais não pelo sofrimento que causaria para muitos, mas pela criação de uma necessidade mais urgente de evolução intelectual.
Mas sabem o que eu acho que vai acontecer? No próximo ENEM as notas vão melhorar. Não porque terão feito por onde, mas para que cabeças não rolem. É muito mais simples baixar o padrão de exigência do que fazer o povo se adequar a um mais alto. Mais notas máximas e menos notas mínimas como propaganda pronta de um país em evolução.
E os nossos postulantes ao ensino superior continuarão sem nada a dizer. Quer dizer, até pelo menos saírem da prova e puderem ligar seus smartphones.
Para dar nota zero para a minha redação, para dizer que o tema foi difícil, ou mesmo para dar uma opinião bem fundamentada: somir@desfavor.com
SALLY
Lembra do tempo em que o Desfavor da Semana era descobrirem fraudes na prova do ENEM? Pois é, bons tempos aqueles. Não que hoje a fraude tenha deixado de existir, ela existe e estampou diversos jornais. O desfavor é que apareceu coisa pior do que ela: mais de meio milhão de candidatos tiraram nota ZERO na redação.
Nota ZERO, Minha Gente. Nora zero não é tirar uma nota baixa, nota zero significa que do aglomerado de palavras que aquele aluno escreveu, NADA se aproveita. NA-DA.
Eu não tinha ilusões de que todos os habitantes brasileiros fossem letrados e capazes de fazer uma redação, mas eu achava que ao menos aqueles que se prontificam a fazer o ENEM e passaram por algum tipo de educação formal eram capazes de escrever ao menos uma redação ruim. Não. Nem isso. Escrevem linhas e linhas de onde nada se aproveita.
Pessoas que não conseguem concatenar ideias de forma lógica traduzidas em frases que façam sentido. Mais de meio milhão de pessoas que se achavam preparadas apresentam esse resultado. Chegamos a esse ponto: as pessoas não conseguem escrever algo que faça sentido. Não conseguem organizar suas ideias de modo a expressar uma opinião sobre um tema que lhes é apresentado.
Não tenho dúvidas que essas pessoas sabem ler e escrever. Essas pessoas provavelmente passam metade de seus dias em redes sociais. Sabem escrever um discurso repetido, uma coisa sem nexo, sem coerência, sem sentido. Não sabem argumentar, confundem sua opinião/convicção com argumento. Ao perder a capacidade reflexiva, ao perder a multiplicidade de referências focando sua vida apenas em redes sociais, a capacidade argumentativa se atrofia.
Em um mundo de selfies, aparências e eu, eu eu, a capacidade de argumentar está se perdendo porque não é nem ensinada, nem cultivada. As pessoas acham tal coisa e atacam quem discorda delas. O grande problema é: isso não funciona em uma redação. Taí o resultado. Em um exame com mais de seis milhões de candidatos inscritos, apenas 250 tiraram nota máxima na redação.
O que se pratica hoje não é a escrita, a argumentação, o questionamento e a reflexão. O que se pratica é a histeria em rede social, a opinião sem fundamento que mais parece uma diarreia mental e o culto ao ego, às aparências, a si mesmo. Taí a porra do resultado: mais de meio milhão de pessoas vai para uma prova acreditando ter aptidão para fazer uma redação e apresentam algo de onde NADA se aproveita.
Mais alguém está chocado, tirando nós aqui no nosso cantinho disfuncional? Parece que não. Não vi nenhum pronunciamento de Ministro da Educação dizendo o que pretende fazer a respeito para melhorar uma realidade tão alarmante. Detalhe que não foi apenas gente de baixa renda quem zerou redação, tá? O sistema educacional brasileiro, assim como quase tudo nessa vida, se tornou um ramo falido ou um negócio com fins exclusivamente lucrativos.
Uma pessoa que não consegue escrever e concatenar ideias está virando socialmente aceitável. Ela é tida como funcional, arruma empregos. A pessoa não percebe que suas ideias vagam sem sentido em um emaranhado de palavras, onde a introdução (se é que há) não guarda pertinência com a conclusão. Pessoas apenas falam/escrevem, sem ter nada a dizer. Falam pelo ego, por pensarem que sua maravilhosa opinião basta. Não. Escrever é uma arte, conseguir se expressar com clareza e prender a atenção de alguém mantendo a coerência é uma arte. E está prestes a se perder.
Sim, ainda existem pessoas que escrevem bem, até mesmo nessa geração lixão que está vindo aí. Os honrosos 250 que tiraram nota máxima são prova viva disso. O problema é: cada um deles terá apenas 249 pessoas preparadas e dispostas e ler o que escrevem. Percebem o problema? Mesmo com bons escritores, não haverá público para eles e o que se popularizará e reproduzirá serão aterros sanitários literários como Paulo Coelho e 50 Tons de Cinza.
Como nos tempos de hoje o que ganha publicidade é o que rende dinheiro, o que ganha publicidade será algo que a grande massa consumidora esteja apta a consumir. Certamente não é uma redação sua ou minha e sim algo no nível deles. Idiotas orbitam em torno de idiotas e são estes mesmos idiotas, por serem maioria, que ditarão aquilo que vai alimentar nossa cultura pelas próximas décadas. Ou seja, estamos todos muito fodidos.
Houve uma queda de quase 10% nas notas de redação, quando comparadas ao ano anterior. Duvido que essa queda reflita uma queda no ensino público, que continua a mesma bosta faz tempo. Essa queda reflete uma queda no QI do povo mesmo. É comportamental. E tende a cair cada vez mais.
Olha que o tema não era difícil: publicidade para crianças. É pão pão, queijo queijo. Contra ou a favor? Em quais termos? Não era sequer uma avaliação com uma “resposta certa ou errada”, era tudo questão de saber justificar e explicar seu ponto de vista. Mas nem isso foi possível.
O pior de tudo vem agora: muitos desses reprovados acabarão em universidades e acabarão prestando serviços como profissionais para mim, para você e para os seus filhos. Seja pelo sistema de cotas, seja pelas universidades pagas nada seletivas, seja por tantos outros motivos, o Brasil acolhe gente incapaz de concatenar ideias de forma lógica e lhes dá um diploma. E o mercado, movido a contatos e indicações, acaba por absorver muitos desses ignóbeis.
Só eu vejo uma grande bola de neve catastrófica vindo em nossa direção? Pessoas burras nos afetam, mesmo que tenhamos dinheiro para pagar bons profissionais, porque pessoas burras, quando constituem uma maioria, ditam o ritmo no qual a manada vai correr.
Senhoras e Senhores, a sociedade está cada vez mais desacelerando para correr no ritmo desses ignóbeis. Gente boa ou sofre desinteresse, ou está enferrujando por ter que se sujeitar a produzir mediocridade para essa massa de público incapaz.
Pátria educadora – pausa para rir.
Mais notas máximas e menos notas mínimas como propaganda pronta de um país em evolução.
Realmente estão fingindo que “os extra extra burros” diminuíram em umas 10 vezes, mas…
aí. Os honrosos 250 que tiraram nota máxima são prova viva disso. O problema é: cada um deles terá apenas 249 pessoas preparadas e dispostas e ler o que escrevem.
…e agora que essa próxima elite é de 104 (103 dispostos para cada) ?!
Acho que ainda cai pra menos de 100, gente !
É assim, você estuda na escola pública e no futuro faz faculdade paga. Já quem estuda em escola particular no futuro entra na universidade pública.
E o premio Nobel do Brasil, quando vem?
Ainda bem que temos o Neymar e o BBB vai começar.
Nem me admiro mais…
Final de dezembro teve vestibular na faculdade em que trabalho. Fui convocada para fiscal. O tema da redação era sobre a escassez de água em São Paulo. Uma candidata perguntou para mim o que era escassez… O que é escassez?… O que é escassez?…
O que deve ter de professor falecido se revirando nos túmulos…
Deprimente
6 naum tãum comnada. Pra q escreve si hoge esiste Whatsapp? Idaí tira zero na redassão? Pega i fala né omeu!
PS: a ortografia é autêntica, tirada do “discionário hortográfico” que estou compilando desde o século passado, mais precisamente desde 1998 ;)))
A educacao deste pais so vai melhorar quando os politicos dominantes desejarem que seus suditos sejam cultos e questionadores. Enquanto o empenho do Governo for implantar a Patria (Des)Educadora na massa selfie, ao numero de milhoes que tiram zero nas redacoes do ENEM apenas surgirao mais zeros!
ou seja… nunca
Obrigada desfavor pelo texto nosso de cada dia.
De nadegas
Sabe? Lendo esse texto vejo que eu ainda posso exigir mais de mim…
Apesar da minha correria, pouca participação aqui, eu tive uma melhora tão boa nas minhas redações e responsabilizo muito a Rid. O meu único problema agora é evitar os posicionamentos muito radicais e polêmicos nas redações.
Ser sincero em redações não dá certo.
Pior que não dar certo, é cada vez mais estigmatizado…
Realmente Sally, sufoco censurador sofisticado(?) e insuportável faz tempo !
Sally até para cotas é necessário bom desempenho no enem viu.
Dependendo do curso, basta não zerar
Com a mudança de regras ocorrida no último pacotaço, a nota de corte para conseguir bolsa universitária pelo ProUni ou para o financiamento estudantil via FIES é 450 (45% de 1000 pontos). E isso é independente de ser branco, negro, indio, pardo ou o caralho a quatro.
Com menos que isso, você só conseguiria bolsa pelo Pronatec. E mesmo assim, não pode ter nota zero na redação.
E você acha que 45 é uma boa nota???
45% é o mínimo do mínimo… Isso na prática só serve quando muito pra entrar em um EAD na Detestácio ou algo do tipo. Pra tirar uma vaga minimamente razoável, o score tem de ser no mínimo 55% com cotas ou 60/65% sem cotas.
Ok, mas um 55 pode tirar uma vaga de um 95?
Sally, no ProUni as vagas de cotas estão separadas das vagas de “disputa aberta”, bem como as bolsas parciais estão separadas das bolsas totais.
A concessão da bolsa total é condicionada a um rendimento per capita comprovado de até um mínimo e meio (1182 reais/pessoa), enquanto que a parcial é condicionada a um rendimento per capita comprovado de até três mínimos (2364 reais/pessoa).
Fora disso, só é acessível o financiamento via FIES.
Mas isso é para financiar os estudos, não para entrar de forma classificatória em universidade, certo?
Para ter acesso ao FINANCIAMENTO do FIES, agora você tem de fazer o ENEM e tirar uma nota de 450 ou mais. E se a renda for superior aos limites pré-estabelecidos, você só tem o financiamento como opção.
O jeito para quem não quer pagar e não se enquadra nos critérios é tentar a sorte em alguma das faculdades que não entrou no programa federal.
Para todos os efeitos, o preponderante é a RENDA BRUTA (o único abatimento aceito nessa conta é o eventual pagamento de pensão alimentícia), que tem de estar dentro dos limites estabelecidos para se conseguir a bolsa. O desempenho em si tem importância SECUNDÁRIA.
Tem de declarar a renda do pai, da mãe, dos irmãos e até do papagaio e se algum dos membros não tem renda e é maior de 16 anos, você tem de conseguir uma declaração. UM SACO!
Sally. Teoricamente sim. Mas na prática não.
Explico:
Pelo menos quanto ao Prouni, as faculdades recebem subsidio do governo e reservam 20 a 30% no máximo de vagas para os inscritos por esse programa. Estas vagas já seriam ociosas, e a faculdade consegue preencher todas as vagas.
Vestibular em faculdade ou universidade particular é uma piada. Mera formalidade. Quem paga entra. Então naõ tira vaga de ninguém.
Quanto ao Sisu, a coisa é mais complicada. O governo já destina uma quantidade de vagas que são para cotistas. Isso tira algumas vagas dos restantes, mas um cotista compete numa outra ‘faixa’.
Um cotista que tirar 95 pode tirar a vaga de um cotista que tira 55.
Mas um cotista que tira 55, 70 ou 100 não tira a vaga de um não cotista que tirou por exemplo 95. Eles não estão disputando exatamente as mesmas vagas.
Espero ter ajudado.
Posso me intrometer?
Hugor, Ainda que os cotistas concorram separados, se a média cotista é menor que a média do público aberto no SISU, ainda acho um desrespeito com quem estudou e conseguiria entrar nas vagas se não tivesse as cotas. Não sei se me expliquei direito então vou dar um exemplo, que eu vi quando me inscrevi no SISU para ver se entrava:
Total de vagas: 80
Vagas para negros: 7
Vagas para pobres: 13
Vagas para negros da escola pública: 7
Vagas para pessoas da escola pública: 13
Vagas para ampla concorrência: 40
As vagas para pessoas que vieram das escolas públicas tem um certo sentido, pois tiram um pouco do peso da consciência das pessoas que gerenciam o sistema público de ensino.
Agora me diz: Só por que a pessoa é negra, ela tem mais direito que as outras? E digo isso para as duas modalidades reservadas para negros, pois se estudou em escola pública, tem tantos problemas quanto os brancos, amarelos e indígenas.
Desculpe se pareceu racista, não é minha intenção, mas não consigo realmente entender por que o governo considera os negros burros o suficiente para não conseguir entrar sozinhos em uma universidade pelo ENEM, ou será que considera os brancos “Alta Burguesia da Direita”?
Onde vc conseguiu essa relação. Não consegui achar em nenhum lugar.
Sei que este ano, as vagas para cotistas são em média 40% (ano passado eram 37%).
De qualquer forma sua relação está errada:
Além das vagas para cotistas, existem as vagas de ‘ação afirmativa’, e nestas entram os negros (só por serem negros) e esqueceu das vagas para deficientes, indíos e os quilombolas. (rsrs), que em alguns casos não passa de 3 % das vagas.
http://g1.globo.com/educacao/sisu/2015/vagas.html
A idéia por trás de ações afirmativas pode parecer injusta e muitas vezes é mesmo. Mas ela visa compensar aquele racismo velado, consequência cultural de outrora. Assim como a meritocracia pode parecer extremamente justa a principio, ela também pode cometer injustiças. Uma delas é que nem todos partem da mesma linha de partida, ou nas mesmas condições. Esta é a situação de muitos negros.
Vou desconsiderar seu exemplo da exceção, pois como disse, estas ações não são totalmente justas pois podem beneficiar quem naõ precisa. Mas são a forma de mais importante beneficiar quem precisa mesmo. E como pode ver na tabela, são uma porcentagem pequena na disputa de vagas.
Enfim. Justo justo, pode não ser. Para isso seria necessário se avaliar cada pessoa cada história de vida, etc. Mas é uma medida menso maléfica do que se esperar o bom senso de nossos governantes e melhorar o acesso e educação e além disso condições mínimas para cada pessoa. O que levaria décadas.
A Relação eu peguei quando fiz a inscrição para o curso de engenharia química na UFSCAR, se quiser ver as vagas de algum curso, tiro print e mando, pois minha segunda vaga está vazia e posso ver os cursos.
Enfim, não sei como falar sobre o “racismo velado”, pois moro perto de uma favela, em uma cidade no interior de São Paulo, e aqui nunca vi esse dito racismo, nem entre os negros nem entre os brancos com os negros. Na minha rua tem uma senhora, que sempre foi muito amiga da minha avó, e quando eu e um dos netos dela brincávamos na rua de esconde-esconde, eu ás vezes falava: “Deita no asfalto que ninguém te acha”, e ele me respondia: “Eu consigo me esconder atrás de uma árvore, pra te esconder precisa da amazônia”, eram brincadeiras, nunca foi preconceito.
Mesmo na igreja, onde eu era coroinha, e sabia das coisas (fofocas), sempre tiveram várias pessoas negras, e muitas vinham da favela, mas nunca vi o padre negar que alguém fosse “barata de sacristia” (não lembro o nome, é quem arruma a igreja), por ser negra ou mesmo pobre.
Por fim, sou novo, e posso dizer que não tive muitas experiências na minha vida, mas nunca vi, pessoalmente, um caso de racismo. Eu sei que existe, pois a TV mostra, mas serão tantos assim, que as pessoas não consigam se defender sozinhas, sem precisar de ajuda?
“Programa Mais Cotas”
Faz algum tempo que assisti uma comédia tosca chamada Idiocracia e ali tive um vislumbre do que seria o Brasil no futuro, um pais onde uma anta ignorante se torna um verdadeiro gênio. Se ninguém viu o filme vale a pena ver pois parece mais uma profecia levando -se em consideração nossa situação atual.
A ideia do roteiro é sensacional, mas o filme em si eu achei uma merda.
“A merda se tornou pública. O que o Ministro de Educação pretende fazer a respeito?” = ENEM online! haha
Vale lembrar que as médias da prova de matemática também tiveram queda de 7% em relação ao exame do ano passado. Nada mais do que o reflexo de uma educação falida e digna de pena. A matemática exigida pelo ENEM passa muito, mas muito longe da realidade das escolas públicas. Avançada demais para os padrões das escolas do Brasil. Eu tive equação de 1º e 2º grau desde a sexta série até o segundo ano ensino médio e no ENEM só falta cair derivada e integral.
Já a incapacidade de formular uma merda de redação de 30 linhas com pelo menos uma palavra que se aproveite deve-se apenas a um motivo: Falta de leitura. O brasileiro médio definitivamente não tem o costume de ler, nota-se pelo facebook. Tenho meia dúzia de amigos na rede social que escrevem bons textos, de conteúdo e ganham 5 curtidas. Uma brasileira média posta uma selfie na frente do espelho com os peitos saltando da blusa rosa fosforescente com uma frase de funk toda errada e ganha 150 curtidas. Passou de 3 linhas neguinho não lê, fica com preguiça. Como a pessoa vai dissertar sobre um tema sem ler e interpretar seu conteúdo?
Acho que não custa nada os pais ensinarem os seus rebentos a lerem desde cedo. A boa leitura traz argumentos, faz o cidadão questionar, agrega valor ao vocabulário. Minha mãe lia pra mim. lia na minha frente quando eu era pequena. Acaba que a pessoa acaba crescendo com gosto pela leitura e desenvolvendo a capacidade de escrever uma redação nem que seja aceitável para os padrões de um ser humano com mais de dois neurônios funcionais.
O problema é que os próprios pais não tem hábito de leitura, não tem como ensinar aquilo que não se sabe e não se pratica!
Tem pais que gastam cerca de mil reais em escola infantil pra melhorar a educação da criança, mas estes filhos nunca vem os pais pegarem um livro sequer dentro de casa.
Educação não é nada sem hábito, sem exemplos dentro de casa, sem culturalmente ela estar preparada para isso.
Além disso, não é só jogar um livro e mandar ler. Tem que sentar para debater o livro com os filhos, trocar ideias, mostrar diferentes pontos de vista. O processo não se completa com a mera leitura de um livro!
Mas eles se dão a todo esse trabalho? Não mesmo! O resultado? Essa geração de mongos que não são capazes de formular uma mísera frase numa redação. Só vão conseguir passar no vestibular da Estácio e virarem profissionais de merda que colam os tendões dos pacientes com “super bondi”.
Isso mesmo! O difícil é os pais fazerem isso, sendo que muitos nem tem o hábito, então… triste realidade da educação e da sociedade brasileira.
Acho que já dei esse exemplo aqui, mas vou dar de novo porque é pertinente: quando dava aula de computação, o meu melhor aluno era o Isaac: pequeno, favelado, negro retinto e filho de catadores de papelão. Pois bem, ele dava um banho na branquelada bem nascida em tudo que era software: desde Word até Corel. Fiquei sabendo depois que os pais dele, no processo de catarem papelão, achavam livros e davam pra ele, que os devorava!
Nunca mais vi esse guri, mas torço pra que ele se dê bem pra caralho na vida, porque merece, e muito!
O caso é ainda pior. Sou Professor de curso superior e a regra geral é não perder alunos (mensalidades). Matrículas a qualquer custo. Já vi alunos serem aprovados no vestibular para bater a meta de matrículas.
As disciplinas devem ser facilitadas ou o aluno mudará de faculdade.
Os Professores são aconselhados a passar um aluno para que ele não desista.
Professor que reprova muito tem sua atenção chamada pela direção.
Um aluno pode ter 50% de faltas e ainda assim ser “passado”.
Dia desse um alunos plagiou o TCC e mais de 90%. Deu em nada.
Artigos e trabalhos são em sua maioria Ctrl C e Ctrl V.
Educação tornou-se um negócio e como tal deve gerar lucro.
Não vejo solução no horizonte. Lamento muito.
*Nome fictício.
Pois é, eu também não vejo solução. E ainda acho que vai piorar.
Um amigo meu é professor de física do Instituto Federal. Ele foi coagido pelo coordenador do curso a aprovar um aluno que não sabia multiplicar. Isso mesmo que vocês leram, o aluno não só conseguiu entrar num curso técnico sem dominar sequer as operações básicas da matemática, como provavelmente vai concluir o curso e quem sabe entrar numa faculdade – sem saber multiplicar. Daí você imagina a qualidade do profissional que está saíndo desses lugares, que em tese, deveriam ser o trampolim para a mudaça na vida dessas pessoas.
Ao que parece, a política é: aprovar todo mundo para fazer número para exibir na propaganda.
O coordenador é militante ferrenho do partido que está no poder. Vermelho até a alma.
Já dei aula em faculdades tidas como boas e havia a mesma pressão
Eu fiquei na dúvida se esses que zeraram chegaram a escrever algo. Porque não consigo acreditar que mais de 500 mil pessoas não conseguiram construir um único parágrafo que pontuasse alguma coisinha.
E o pior é a mídia falando que o tema de fato era muito difícil. Se não me engano, foi noticiado no JN sobre as notas das redações e a âncora falou sobre a alta dificuldade de redigir sobre o tema. Dá a sensação de que tudo bem uma criatura que está saindo do ensino médio não saber escrever nada sobre publicidade infantil, afinal, é “dificílimo mesmo”. Pobres estudantes, foram escolher um assunto que nunca foi debatido inclusive na mídia, não é?
Sim, escreveram!
Porra, com tanta coisa discutida nesse campo de publicidade voltada ao público infantil, é INCRÍVEL que o pessoal tenha batido tanto a cabeça com isso.
Em tempo, acho que seria ótimo uma postagem com esse tema por parte do Somir para a coluna Publiciotários. Sim, eu sei da patrulha do politicamente correto querendo banir tal apelo sob o pretexto de que o apelo emocional presente na propaganda voltada ao público infantil seria um incentivo ao consumismo, o que ao meu ver é o mesmo que querer esconder o elefante na sala com uma toalha.
Vamos nessa Brasil. Graças a factoides de gente sem noção dando chilique por qualquer merda que medíocres que gritam muito e não dizem nada ganham espaço de forma imerecida.
Escreveram, saiu no jornal que teve gente que entregou redação de 7 linhas, onde já se viu isso? Nem na 3a serie do primário a professora deixava, obrigava a escrever 30, quanto mais pessoas que pretendem entrar numa faculdade. E teve candidato que copiou o texto que vem antes, depois de receitas e hino do palmeiras devem ter pensado que ia colar. Imagino que era obrigado a escrever entre 20 e 30 linhas.
Pois é, teve gente do próprio governo (não me lembro quem agora) falando que não podiam comparar as notas dos anos anteriores, ou seja queriam dizer que a redação estava difícil.
Mas a verdade é que os alunos tem poucas aulas de redação, por isso tem dificuldades.
Ano passado e em outros anos teve gente copiando hino e receita de bolo tirando nota boa!
Quando eu disse que EU ter tirado uma nota boa no Enem sem estudar nada não era motivo de orgulho e sim de preocupação, era mais ou sobre isso que falava…
Ah, o Brasil. É como aquele peixinho dourado fraquinho tentando ir contra uma correnteza fortíssima.
Campanha faça um favor para as próximas gerações e só tenha filhos quando e se morar num país civilizado. Na boa, fazer alguém nascer no Brasil é uma crueldade sem fim.
Vai convencer a pobralhada a parar de fazer filho aos montes, vai…
As pessoas com mais de dois neurônios na cabeça já estão fechando a torneira genética faz é tempo. O problema são os iletrados e afins que fazem filho pra ganhar mais Bolsa Família e encher esse país superlotado com mais gente ainda.
Somos 200 milhões! 200 milhões!
Acha que os zé-ruela estão pensando no Bolsa-Família? Hahahahahahahaha!
Claro, a graninha é boa como extra, mas depende muito da conivência do assistente social contigo, que senão… Esquece!
Então manos, eu nunca fiz concurso público porque achava perda de dinheiro ja que eram 5 vagas pra 999999999999999 candidatos mas sendo assim vou acabar mudando de ideia.
Não me surpreende nem um pouco. Como professor de nível superior da área de exatas, já tive que ler coisas absurdas em minhas avaliações. A mais chocante foi um aluno de uma disciplina de matemática elementar (preparação para as porradas que vêm na seqüência) que concluiu que, dentre todos os retângulos de perímetro 20 cm, o de área máxima era um quadrado de CINCO lados (pausa pra você recuperar o fôlego!). Outra repetiu o que deve ter feito no ENEM e escreveu uma resposta a dada questão simplesmente ininteligível, composta por um monte de palavras jogadas a esmo. Em menor escala, temos aqueles que fazem gráficos à mão, mesmo estando escrito em letras garrafais na folha de prova que eles devem ser feitos com régua, do contrário seriam invalidados, e por aí vai.
O que ocorre é que o ENEM virou uma vitrine de merda que só escancara a realidade que esse lixo de governo tenta esconder há anos. E isso é muito bom pra ver que o buraco é muito mais embaixo, mesmo que nós, profissionais do ensino superior, soframos com a ausência de qualidade da enxurrada que entope as universidades/faculdades/centros universitários Brasil afora. Sinto apenas pelos colegas que atuam em arapucas particulares, que são sumariamente despedidos quando reprovam essas cavalgaduras, só porque elas estão pagando… como diz o dono de uma dessas arapucas (em Santa Catarina), usando sua lógica torta e torpe de empresário do ramo educacional (isso é um perigo!): “nosso ensino não precisa ter qualidade pois o mercado seleciona!”.
A merda se tornou pública. O que o Ministro de Educação pretende fazer a respeito?
“O que o Ministro da Educação pretende fazer a respeito?” Temo que ele acabe fazendo o mesmo que todos os que o antecederam fizeram, Sally… Ou seja, absolutamente nada. Ou, no máximo, anunciar “novas medidas” que serão ou inócuas ou nem serão postas em prática.
Não interessa a ninguém um povo educado e pensante, né?
Nada, minha cara Sally. Os donos dessas arapucas são amiguinhos dos corruptos que estão no poder. Esse que eu mencionei, em especial, além de maçon (cambada de filhos dumas putas, iguais aos rotarianos e leoninos!) era (não sei se é mais) protegidinho do tal de Bornhausen, o Sarney catarinense. Mas também há os grandes conglomerados que lucram com a “educação” (note as aspas) em todo o território nacional, incluindo em seu mix de negócios desde o ensino fundamental até o “superior”, com apostilões defasados que ensinam apenas a decoreba, “professorzões” estilo Pachecão do Objetivo (outra arapuca, essa em São Paulo) que só se fazem entender agindo como macacos amestrados e uma quantidade imensa de grana pra gastar em recursos áudio-visuais, com o intuito de enganar incautos com toda essa soberba tecnológica. Tive meu período de prostituto nessas arapucas e tudo isso eu vi, ninguém me contou, pra minha própria tristeza (se me tivessem contado, custaria a acreditar)!
Triste
A mesma fórmula de sempre: diminuir o nível e dizer que é tudo pessimismo e intriga da oposição.
Boa resposta…
Quadrado de cinco lados… E eu pensando que a maior aberração que eu tinha visto na Má Temática era o “Quadradinho de Oito”.
Tá certo, eu não sei de nada e sou inocente.
Quadrado de 5 lados, esse tem que voltar para o jardim II.