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Siago Tomir de Schrödinger – Parte 2

Siago Tomir de Schrödinger – Parte 2

| Sally | , , | 50 comentários em Siago Tomir de Schrödinger – Parte 2

Após alguns votos anulados para ambos os lados, graças à possibilidade de interpretação dúbia (qual é a dificuldade em dizer EU VOTO EM FULANO em vez de dizer que quer ver um Siago Tomir, quando meio mundo sugeriu algum tipo de Siago Tomir?) ficamos na seguinte saia-justa: as sugestões da Marina – O Povo Quer Saber e da Alicata empataram.

Marina pediu um Siago Tomir duplo, delimitando exatamente quais pontos deveriam ser abordados. Alicata pediu uma postagem sem narrativa, com frases contendo fatos puros, onde apenas uma delas fosse verdadeira, nos moldes de uma postagem que já existiu.

Como não teve uma única criatura para desempatar e não conseguimos chegar a um consenso do que seria mais justo, resolvemos fazer um mix dos dois: Siago Tomir quatro mãos, abordando exatamente os pontos pedidos pela Marina (divididos ao meio entre Somir e Sally por pertinência temática) + uma narrativa em que, a cada ponto, contenha apenas UMA verdade, sendo todo o resto mentira.

Nasce aqui o Siago Tomir de Schrödinger, uma forma que temos de contar a verdade sem que vocês saibam exatamente qual é a verdade. A narrativa vai ser dividida em capítulos, cada capítulo correspondendo a um ponto solicitado pela Marina (o povo vai saber) e em cada capítulo teremos muitas mentiras e apenas uma verdade.

Devo adverti-los de que eu sou uma roteirista profissional e vou confundi-los em um emaranhado de tramas paralelas elaboradas na tentativa de camuflar as verdades e leva-los pelo caminho das mentiras. Boa sorte a todos para tentar desatar meu complexo nó de informações e peneirar a verdade em meio a um aglomerado de histórias.

A divisão de tópicos feita pela Marina que orientarão a minha postagem foram:

– Os detalhes do reencontro
– Os detalhes da reação de Sally ao pedido de desculpas
– Do perdão
– Se decidiram voltar a namorar ou não
– Sally vai mudar de cidade?

Por questões de pertinência temática, alguns temas serão agrupados. O gato está vivo? Está morto? Só vai ser descoberto ao abrir a caixa? Com vocês, a continuação do Siago Tomir de Schrödinger.

OS DETALHES DO REENCONTRO

As ruas do Rio de Janeiro estão limpas, seguras e só transitam pessoas bonitas e educadas por ela. Um dia de temperatura agradável e um silêncio tranquilo marcam aquele domingo.

Em uma calçada limpa e nivelada sem mendigos, sem lixo e sem cocô de cachorro, uma pessoa caminha em direção a um carro estacionado.

Ela se detém ao perceber uma grande sombra escura que cobre o céu: um asteroide está prestes a atingir a cidade. Ela cobre seus olhos para se proteger da claridade e olha para cima, acompanhando a trajetória do corpo celeste. O asteroide cai exatamente em cima do hotel conde Carlinhos Brown está hospedado, gerando uma grande explosão que abre uma cratera e todo o quarteirão. Ela soca o ar em sinal de comemoração.

Após comemorar, ela continua caminhando em direção ao carro, que está estacionado na calçada da frente. Em passos rápidos ela anda sem qualquer problema com o salto do seu sapato na lisa calçada de mármore do Rio de Janeiro.

Uma porrada forte da lataria do carro assusta quem estava do lado de dentro

Sally: TÁ MALUCO?!
Tomir: Que susto, Sally!
*Outra porrada
Sally: VOCÊ ESTÁ MALUCO?
Tomir: Sally…
*Outra porrada mais forte com as duas mãos espalmadas
Sally: VOCÊ ESTÁ MALUCO E SURDO?
Tomir: Podemos conversar?
*Soco no capô do carro
Sally: E se eu estivesse comprometida? E se eu estivesse casada? Já pensou a merda que essa sua surpresa ia me causar?
Tomir: Então você não está?
Sally: VO-CÊ ES-TÁ MA-LU-CO? (batendo no carro com as mãos a cada sílaba)
Tomir: Sally, sai do meio da rua, entra no carro
Sally: Pra que? Eu já sei exatamente o que você vai falar!
Tomir: Não, Sally, não sabe
Sally: Sei sim, SEI SIM! Vai dizer que não sabia de nada, vai dizer que foi enganado, vai dizer que NÃO TI-NHA CO-MO SA-BER! (batendo a cada sílaba, cada vez mais forte)
Tomir: Mas isso é verdade, eu não sabia…
Sally: Mas sabia que o Alicate NÃO PRESTA, sabe porque? VOCÊ SABE POR QUÊ?
*batendo várias vezes de mão aberta na lateral da porta
Tomir: Fala, Sally
Sally: PORQUE EU A-VI-SEI! (dando um último grande soco na lateral do carro)
Tomir: Não era isso que eu ia falar, por favor me escuta. As pessoas mudam, já se passaram dez anos
Sally: Mudam? MUDAM? MUDAM MESMO?
Tomir: Estou deixando você esmurrar meu carro sem reclamar, o que você acha?

Sally pensa por alguns segundos e entra no carro.

Um disco voador para na rua onde está o carro de Tomir e abduz um transeunte que ouvia funk sem fone de ouvido no seu celular. Um feixe de luz puxa o carioca para dentro da nave mas depois de entrar, ele é devolvido imediatamente à Terra. Antes de ir embora para nunca mais retornar, o disco voador cospe o boné da John John que o carioca deixara cair do lado de dentro.

DETALHES DA REAÇÃO DA SALLY AO PEDIDO DE DESCULPAS + DO PERDÃO

Sob o céu ensolarado do Rio de Janeiro, é possível visualizar uma vaca voando. No mar, uma baleia rosa salta para a superfície e mergulha de volta na água limpa, cristalina e quente das praias cariocas.

Um ambulante passa próximo ao carro e oferece petiscos preparados com toda a higiene, utilizando alimentos de primeira qualidade e conservados adequadamente, por um preço honesto. Ambos recusam, pois ambos tem gosto sofisticado para comida.

Siago Tomir finaliza um longo monólogo ao qual Sally apenas assiste calada.

Tomir: Eu espero que você perceba que eu estou sendo sincero
Sally: Meu problema com você não é desconfiar da sua sinceridade, na hora em que você me fala as coisas, você realmente acha aquilo. Mas no final das contas a “verdade” daquele momento não dura muito
Tomir: Essa vai durar, eu tenho certeza
Sally: Se eu ganhasse um real para cada vez que ouvi isso..
Tomir: Ok… ok… é justo minha credibilidade estar abalada
Sally: Prossiga
Tomir: Falar não vai adiantar aqui
Sally: Prossiga
Tomir: Talvez você deva falar o que quer
Sally: Recue
Tomir: Ok, ok, eu fiz a merda, eu tenho que me mexer
Sally: Prossiga
Tomir: Já que eu me encarreguei da minha palavra não valer nada, eu preciso te provar…
Sally: Prossiga
Tomir: E você sempre falou que acredita mais em atos do que em palavras
Sally: Prossiga
Tomir: Eu estou aqui, isso não é um ato?
Sally: Sim, um ato isolado que destoa de dez anos agindo de outra forma
Tomir: Meus atos nesses dez anos convergem para tudo que eu estou falando, você é que não viu o que aconteceu
Sally: Prossiga
Tomir: Depois que a gente se separou eu nunca mais tive um relacionamento sério, que dure mais do que poucos meses
Sally: Prossiga
Tomir: Eu não achei alguém que saiba lidar comigo como você fez
Sally: Prossiga
Tomir: E pensando bem, acho que não achei por não querer achar
Sally: Prossiga
Tomir: Meu pedido de desculpas é sincero, eu realmente fiquei muito infeliz sem você, tanto que eu nunca quis perder o contato, fiz questão de continuar o Desfavor
Sally: Prossiga
Tomir: Foi um erro horrível, foram muitos erros horríveis, mas se você observar meus últimos dez anos vai ver que eu percebi o erro e estou disposto a corrigi-lo. Dez anos, Sally! É muito tempo! As pessoas mudam em dez anos!
Sally: Ok, não tem motivo para não te desculpar, eu te desculpo. Passou muito tempo, vou tentar não guardar mágoa por uma coisa que aconteceu dez anos atrás
Tomir: Isso quer dizer que…
Sally: Isso quer dizer exatamente o que eu disse, que eu TE DESCULPO e vou tentar não guardar mágoa por uma coisa que aconteceu dez anos atrás, quando nem estávamos mais juntos. Apenas isso.

Um longo silêncio se fez no carro, apenas interrompido por um gigante tiranossauro que surge atrás de uma montanha e começa a pisar nos carros e nos prédios. Em sua pequena mãozinha direita, ele segura o Prefeito Eduardo Paes. O Tiranossauro coloca o Prefeito na boca, mastiga e engole. Vira as costas e vai embora. Sally sorri ao ver a morte do Prefeito, mas em pouco segundos o silêncio desconfortável volta a reinar.

SE DECIDIRAM VOLTAR A NAMORAR OU NÃO + SALLY VAI MUDAR DE CIDADE?

Na rua, uma transeunte é abordado por um meliante que tenta tomar sua bolsa. Imediatamente três carros de polícia aparecem e imobilizam o bandido, de forma eficiente e segura, devolvendo todos os pertences para a vítima e tratando-a com educação, se dirigindo a ela em um português impecável. Os policiais estão todos sóbrios.

Siago Tomir cria coragem e rompe o silêncio:

Tomir: Então?
Sally: Então o que?
Tomir: Estou esperando a sua resposta
Sally: Resposta…
Tomir: Sim, não vai falar nada depois de tudo que eu falei?
Sally: O que você está esperando, exatamente de mim?
Tomir: Um “sim” ou um “não”?
Sally: Eu não tenho essa resposta para te dar
Tomir: Como assim?
Sally: A resposta que eu tenho para te dar, é de outro gênero
Tomir: Não estou entendendo
Sally: ME RECONQUISTE. Faça por onde.
Tomir:É um desafio? Mas c…
Sally: NÃO OUSE
Tomir:
Sally: Não ouse me ofender perguntando “como?”
Tomir: Eu não leio mentes, Sally
Sally: Mas convive comigo há dez anos, de uma forma ou de outra. Não lê mentes, mas lê os meus textos. Você tem meu manual, você tem o walkthrough
Tomir: Didática nerd, como eu senti tanta falta disso nesses anos…
Sally: Você sabe quantos homens matariam por ter acesso ao walkthrough de uma mulher?
Tomir: Eu posso tentar colocar em prática as coisas que você escreve e…
Sally: Do or do not, there is no try
Tomir: Casa comigo!
Sally dá um longo beijo em Siago Tomir, sai do carro imediatamente depois, sem olhar para trás, e volta para sua casa.

Ela pode ouvir, já do elevador, que seus vizinhos escutam uma música agradável, a um altura adequada. A temperatura agradável, o silêncio e a sensação de segurança a fazem se sentir cada vez mais feliz por morar em uma cidade maravilhosa.

Para entrar em uma paranoia extrema e pensar se realmente o Prefeito não foi comido por um tiranossauro, para se sentir esperto por ter peneirado as verdades ou ainda para dizer se sentir no direito de ajudar Siago Tomir a fazer por onde: sally@desfavor.com


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