
Às margens.
| Somir | Flertando com o desastre | 17 comentários em Às margens.
Momento hipster: eu já estava interessado nessa história de refugiados entrando na Europa bem antes da grande mídia. A coisa estava feia há muito tempo e passava mesmo da hora dos países mais ricos mexerem seus traseiros. Não só por questões humanitárias, como para sua sobrevivência no longo prazo. Mas, qual vai ser o custo dessa decisão?
O momento histórico é até bonito. Países ricos abrindo os braços para acolher gente sofrida? Não temos muitos registros disso não. O padrão sempre foi fechar as fronteiras e tentar varrer para debaixo do tapete aqueles que conseguissem entrar. E pode-se até dizer que uma foto triste de um garoto afogado numa praia turca fez os europeus botarem a mão no coração (só eu achei de mau-gosto as montagens “fofinhas” que fizeram disso?). Não se enganem, é sim um momento de “Viva a humanidade!”. Dá pra sentir claramente a sensação que estão fazendo algo de bom, só pra variar. Eu gosto desses momentos, eles tendem a mudar o mundo para melhor.
Mesmo que numa análise mais fria, nunca seja exatamente questão de bondade. Fim da escravidão, declaração universal de direitos humanos… todas coisas lindas que no fundo vinham com vantagens financeiras ou políticas para quem detinha o poder no momento. O mundo, o moderno pelo menos, tem suas necessidades de ceder ao que parece mais nobre e humano para não entrar em colapso. A regra é até clara: vende-se essas mudanças de mentalidade pelo preço mais caro possível, extraindo até a última gota de vantagens sobre o sofrimento alheio antes de se aceitar algum avanço no tratamento dos abandonados e explorados.
Antes de dizer que vão aceitar milhões de refugiados em suas terras, muitos desses países faziam parte ativa do sistema que os mantinha marginalizados. Tem ótimos documentários da Vice sobre o assunto. Os “primeiros países” – aqueles que recebem em suas praias e alfândegas os refugiados vindos da África e do Oriente Médio – recebiam dinheiro dos “países destino” – aqueles nos quais os refugiados queriam morar de verdade – para controlar suas fronteiras, custasse o que custasse. Os europeus tinham uma convenção específica para lidar com quem “invadisse” seu continente, mas a ignoravam sem dó nem pena.
Um imigrante ilegal não poderia ser simplesmente empurrado de volta se passasse pelos muros e cercas do Velho Continente. A regra era acolher, processar, e só aí decidir se poderia mandá-lo de volta pelas vias legais para seu país natal (ou o mais próximo que o aceitasse). Quem acompanhou essa história sabe que essa regra era ignorada solenemente. Não faltam relatos de imigrantes dizendo que foram expulsos à força da Europa.
Além disso, também surgiram empresas escusas para fazer o trabalho sujo. A marinha italiana tinha de longe o melhor programa do mundo para lidar com os constantes e sucateados barcos apinhados de refugiados que cruzavam o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor. Durante o tempo em que trabalharam nisso, houve uma redução considerável no número de mortes em alto-mar. Mas, o governo considerou o projeto caro e terceirizou para uma empresa privada indicada pela União Europeia que tornou o serviço ineficaz novamente (está achando que é só aqui que é tudo na base do esquema? Bem vindo ao planeta Terra…).
Sem contar que na hora que os reacionários locais colocavam as asinhas de fora, ninguém vinha a público dizer o que estão dizendo agora. Era impopular dizer que aceitariam imigrantes, e com isso até grupos neonazistas começaram a construir poder e influência por lá. Povão é povão, quem prega o discurso dos “estrangeiros usurpando a nossa pátria” costuma encontrar ávidos ouvidos em qualquer lugar desse mundo. A Europa guinou à direita, o que até aumentou as tensões internas entre locais e visitantes.
Eu não posso me desdizer porque já escrevi um texto inteiro há muito tempo atrás sobre os perigos de deixar muitos religiosos fanáticos entrarem de gaiato junto com os pobres coitados que pagam o pato por eles. Nem quero, porque dá para compreender claramente quem tem medo de uma invasão islâmica de grandes proporções na Europa. Fanáticos estragam basicamente qualquer lugar onde colocam as patas. O discurso extremista que nos fez temer até um novo brilhareco nazista é de arrepiar, mas tem uma base que no mínimo nos faz pensar: qual a participação das pessoas que fogem de países assolados por guerra e fome na criação dessa situação? Será que se reunirmos muitas delas de novo no mesmo lugar, o ciclo não recomeça?
Eu até tenho minha opinião mais bem formada, acredito que o segredo é manter a parte religiosa sob controle e integrar essa gente até não poder mais dentro de um sistema mais secular de pensamento. Se não forem “bonzinhos demais” e deixarem os muçulmanos formarem um poder paralelo, a sociedade vai se corrigindo. Mas não sei se o meu exercício de futurologia é condizente com a realidade. Talvez nem mesmo a religião consiga se manter com a melhora constante de qualidade de vida dos imigrantes, talvez dê tudo errado e o Oriente Médio fique maior nas próximas décadas.
O que importa aqui é que não tinha mais tapete suficiente para varrer tanta gente embaixo. Pode ter sido um momento de comoção mundial, mas a coisa ia ficar irremediavelmente estragada se as grandes potências europeias não revissem suas políticas. Eventualmente se sofre mais tentando segurar do que soltando de vez. E convenhamos, com as taxas de natalidade pífias de países como Alemanha, o sistema viria abaixo em algumas décadas com ou sem imigrantes. Não custava mesmo dar essa cartada e torcer pelo melhor. Países como os EUA e até mesmo o Brasil se tornaram minimamente viáveis com ondas e ondas de estrangeiros descontentes com suas terras natais. Claro que o Brasil tirou o palitinho menor na História e acabou cheio de portugueses, mas…
O que eu vejo nessa solução é um perigo potencial de descaracterização do que fez da Europa um bom lugar para se ir para começo de conversa. Será que existe por lá o tempo suficiente de aculturar tanta gente antes dos europeus “criados a leite com pera” estarem velhos demais para indicar os caminhos mais humanitários aprendidos duramente através dos séculos? Agora que abriram a porteira, só podemos torcer pelo melhor: que os jovens vindos de culturas brutalizadas sejam REALMENTE bem recebidos e “amoleçam” a tempo de educar as próximas gerações já com apenas problemas de primeiro mundo na cabeça. Isso pode dar tremendamente certo e fazer renascer um continente moribundo, ou pode dar tremendamente errado e mudá-lo completamente.
Por isso eu acredito que não dê para ser apenas bonzinho. Receber bem não é só dar condições mínimas e oportunidades, é educar também. É ser firme quando precisa e impor a cultura local quando necessário. É um equilíbrio sutil de “criação” que a onda do politicamente correto pode atrapalhar mais do que ajudar. É gente desesperada vindo disposta a tudo para não viver mais nos lugares horríveis de onde vieram, mas passa-se algum tempo e os elementos podres dentro desse universo começam a botar as asinhas de fora. Os imigrantes podem salvar uma economia necessitada de mais trabalhadores e consumidores, mas também podem ir criando guetos cada vez maiores de culturas e religiões que… francamente… já estão fazendo hora extra nesse mundo.
E não que a Europa não tenha feito por merecer se algo de ruim acontecer, lembrando que foram eles que cagaram completamente a África e ajudaram junto com os EUA a manter o fogo no Oriente Médio queimando até hoje. Não deixa de ser justiça poética que imigrantes desses lugares invadam a Europa e deixem tudo de cabeça para baixo. Mas infelizmente, às vezes temos que perdoar quem deu o primeiro soco para ver a briga acabar.
A Europa está mais do que sendo boazinha, está pedindo arrego pelas consequências dos atos que a tornaram tão atrativa para imigrantes. Não deixa de ser um momento bonito, mas… vai ser um risco. Só nos resta torcer. Nem que você seja do tipo que torça para ver o circo pegar fogo… porque potencial tem. Tem sim. É só não perder isso de vista.
O que é impressionante nesses invasores africanos é a sua burrice! Pois esses invasores africanos além de burros, ainda são masoquistas que estão se enfiando no rabo do Capitalismo Europeu, em vez desses imbecis otários se enfiam no rabo do “paraíso socialista” em Cuba, Venezuela, Angola, Moçambique ou Coréia do Norte! É para esses países de merda comunista que os imbecis masoquistas africanos devem ser mandados!
Vai dar merda! Vai faltar montanha…
Radicalismo á vista!!!!
fundamentalistas islâmicos x neonazistas europeus
Placar?? tanto faz, será merda pra todo lado…
Exatamente !
Algo como “-∞ x -∞”…
Mas será que até aqui ?! O dinheiro para tudo isso vai ter que ser “ambientado” bem antes, e não caberia (somente) nos outros paraísos fiscais mais distantes…
Estão levando muito a sério esse papo de “multiculturalismo”. Sério que ainda não notaram os conflitos que isso pode/vai causar? E vale notar que de todos os imigrantes, os vindos de países islâmicos mais atrasados são os que menos aderem à cultura e ao idioma do país ao qual está. E se no meio houver mais lobos em pele de cordeiro do que se imagina? E se tipo, 90% esteja só esperando o momento certo pra desconjuntar a Europa? Gente ruim também anda de barco e também pode ser pobre.
Sempre achei meio besta (pra ser bem franca, sinto vergonha alheia) ostentar estrangeirice e bagulhos “étnicos” em vez de acrescentar em si mesmo o aprendizado de outras culturas e línguas. Digamos, quando você vai morar num condomínio precisa seguir as regras.
Ainda por cima há a previsão que até 2050, esses países serão os maiores responsáveis pela reposição populacional no mundo. Tenho medo do futuro.
Houve um político inglês chamado Enoch Powell que, já em 1968, havia previsto que problemas como esse acabariam acontecendo, se não houvesse uma política de imigração que se preocupasse em integrar efetivamente quem procurasse seu país para morar. O problema é que ele fez uma primeira alusão ao problema ao proferir um discurso que soou supremacista, e sua carreira política nunca mais foi a mesma.
Antes de ser político, Powell havia servido na Índia por alguns anos e se tornou um profundo conhecedor da cultura hindu e paquistanesa (bem como dos hinduísmo e do islamismo). Já como Ministro da Saúde no início dos anos 60, incentivou a imigração de médicos e enfermeiros das antigas colônias para suprir a falta dessas profissionais , o que de certa forma ajudou a consolidar a integração definitiva dessas pessoas qualificadas e de seus eventuais descendentes no país.
O problema é que o governo logo em seguida passou a permitir a entrada irrestrita de imigrantes em uma contexto ainda de recuperação econômica, e, obviamente, esse pessoal acabou rapidamente deixado à margem da sociedade. O resto é história…conflitos raciais e religiosos (tais como a fatwa contra Salman Rushdie, jamais revogada) a partir dos anos 80 que culminaram com os atentados terroristas de 2005, orquestrados por descendentes desses imigrantes.
Powell morreu em 1998, em tempo de saber que muito do que ele temia acontecer, acabou por ocorrer.
Pode parecer paranóia de teórico da conspiração, mas tratando-se de política social em ampla escala, como no caso, essa “consequência” estava prevista.
Por mais que um ser humano seja imprevisível, tal regra não se aplica aos movimentos sociais, facilmente antecipados e frequentemente cíclicos. O comportamento de bando é facilmente previsto.
Sendo o caso, não trata-se de bondade a abertura das fronteiras, por mais que eu gostaria de acreditar no contrário, mas definitivamente, não.
A inclusão massiva dos imigrantes, mesmo parecendo um ato de desespero com uma aposta no resultado, é um acontecimento previsto e existem planos de contingência para qualquer resultado.
Uma coisa é certa: os interesses de quem está segurando as cordas serão atendidos de uma forma ou de outra.
A esse propósito, li na Rede Voltaire esse comentário:
“O presidente da Federação da indústria alemã, Ulrich Grillo, pretende 800. 000 trabalhadores estrangeiros suplementares na Alemanha. Uma vez que os acordos europeus o interditam, e a opinião pública é hostil a isso , ele participa na encenação da «crise dos refugiados» afim de fazer evoluir a regulamentação” (http://www.voltairenet.org/article188626.html).
Bondade? Como eu gostaria de acreditar…
Espero que o contingenciamento seja o melhor de todos os tempos, porque isso reduziria minhas opções de imigração, ainda mais que relativamente já “anti-americanizava”…
*porque caso eu não possa contar com isso (…)
Baseando-se somente no que ocorreu na Escandinávia, realmente essa burrice de arregar as pernas pro que estrangeiros fazem independente das leis locais com a tosca desculpa de “respeito à diferença” tem de mudar. Foda-se que irá morrer em seu país natal: se não obedece às leis e costumes locais sai e não volta!
Né? Tem certos hábitos que precisam mudar ou desaparecerem.
Há culturas que aceitam mutilação genital feminina, apedrejamento, assassinato de homossexuais e sacrifícios imbecis “para os deuses”. Os europeus vão ter que aceitar isso em respeito às diferenças?
Imagine no futuro a Alemanha, um país com uma baita cultura do corpo livre, com maioria islâmica. Ia (vai?) rolar petição pra obrigar as mulheres a andarem cobertas.
E nem mencionei a censura de programas e desenhos supostamente obscenos.
Tenho certeza de que vai dar merda.
Eu não acho que esses imigrantes vão fazer bem pra europa, muito pelo contrário tudo que esses extremistas religiosos tocam vira merda é o começo do fim; Haverá violência, fome, terrorismo e inúmeras brigas entre refugiados e europeus, não consigo ser otimista numa situação dessas, a europa vai entrar em decadência
“O que eu vejo nessa solução é um perigo potencial de descaracterização do que fez da Europa um bom lugar para se ir para começo de conversa.”
Concordo plenamente com esse trecho, e com essa preocupação. Ou eles “europizam” a cultura e o pensamento dos imigrantes, ou os imigrantes vão “orientemedizar” a Europa. E logo logo a Europa pode deixar de ser essa maravilha toda com a qual muita gente sonha
http://odia.ig.com.br/noticia/mundoeciencia/2015-09-10/estado-islamico-diz-ter-infiltrado-mais-de-4-mil-de-terroristas-entre-refugiados.html
Tudo complexo, até devido ao citado caso ” Laith Al Saleh”…
“Claro que o Brasil tirou o palitinho menor na História e acabou cheio de portugueses, mas…”
Téquinfim uma frase do Somir interessante! Pra mim, que convivi com portugueses durante três anos, nada mais repugnante do que eles, com seus costumes pré-históricos, sua religiosidade equivocada, sua visão mesquinha de mundo e seus esqueminhas pra se darem bem em tudo. O Brasil é a cara deles!
E pensar que esses caras um dia foram dos primeiros a se meterem no mar, na época das grandes navegações!