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Festas de Casamento

Festas de Casamento

| Sally | | 60 comentários em Festas de Casamento

Festas de casamento, para mim, sempre se resumiram a uma coisa: um ótimo lugar para comer. Não bebo e odeio gente, por isso faço da comida meu motivador social. Tal qual um cão, acabo fazendo muitas coisas que não quero só por causa da comida. Se você ama festas de casamento e acredita na santidade do matrimônio, passa amanhã, porque provavelmente este texto, apesar de ser em uma pegada de humor, vai te ofender.

Casamento é um evento brega por sua essência. Duas pessoas são idiotas o bastante de ostentar um relacionamento que tem mais probabilidade de acabar do que de durar para sempre e vão documentar o tamanho do seu erro com direito a troca de juras de amor eterno filmado. Que modo cafona de implodir sua credibilidade! Pior: muitas vezes a pessoa não tem nem mesmo casa própria mas gasta cinco ou seis dígitos em uma festa que dura apenas uma noite e que ela nem mesmo vai aproveitar direito, para passar o resto do ano pagando aluguel!

É muita falta de racionalidade. É um sonho? Meus bens, eu tenho muitos sonhos que não vou realizar por saber que, racionalmente, existem prioridades. Quem não sabe priorizar não realiza um sonho, apenas se porta como uma pessoa idiota, mimada, incapaz de uma frustração. Não sei que faniquito é esse que bate em mulher que querer ser noiva por uma noite. Me parece coisa de gente mais ou menos, que nunca brilhou e tem por sonho se o centro das atenções uma noite. Sei lá, quem sai na rua e vira o pescoço de 5 ou 10 não costuma sentir essa necessidade. Partindo dessa premissa, só podia ser um evento cagado!

A festa nasceu para ser brega. A premissa é essa, ainda mais em se tratando de um país que confunde romântico com brega. Se paga caro por um capricho de mulher carente, por uma ilusão vazia. A começar pelo vestido. Não tem coisa mais hipócrita do que casar de branco. Meninas que já deram até o buraco da orelha se valendo de um simbolismo desses é patético, além de ser um desserviço para as mulheres ostentar a beleza de supostamente casar virgem. E branco engorda.

Mas não basta ser branco, tem que ter renda e/ou babado e/ou volume e/ou Swarovsky e/ou ser tomara que caia. Anotem uma coisa, para a vida: pouquíssimas pessoas no mundo podem usar tomara que caia com dignidade (e metade delas são travecos, com seus braços durinhos, sarados e tonificados). Braço gordo, braço flácido, braço peludo (spoiler: descolorir não faz os pelos irem embora), enfim, qualquer braço que não seja fino e sequinho, fica um horror no tomara que caia! Não vou nem falar do véu, me recuso.

Daí neguinho vai entrando na igreja, o noivo, os padrinho, sei lá em que ordem. Eu evito ao máximo ir na igreja, pois na igreja não tem comida. Colocam uma criança vestida de merengue para entrar como dama de honra e a criança chora, não entra, entra errado. Ainda não perceberam que não rola de botar criança para fazer isso? Não, não percebem, pois estão pouco se fodendo para o bem estar da criança, a demente quer realizar seu “sonho” e foda-se o mundo, inclusive você, que está ali desconfortável naquele banco duro de igreja.

Daí entra a cabocla de branco brega com uma maquiagem na cara que mais parece uma gueixa. E chora. Entra parecendo uma Gueixa, sai parecendo o Coringa. Isso quando as filhas da puta não decidem casar em locais sem ar condicionado. Sério, qual é o problema dessas pessoas? Não tem dinheiro para fazer uma festa digna? Vai no cartório e não enche o saco dos conhecidos! Quando a noiva entra você já está de saco cheio, com calor e com fome. Mas não, não, não, não. Não vai pensando que vai acabar rápido, a palhaçada vai ser demorada.

Um padre faz um discurso tradicional-engraçadinho se achando “o inovador”. Os noivos trocam “votos”, uma série de mentiras bregas que eles acham românticas e que não serão cumpridas. Quem faz uma porra dessas, nunca fala com o coração, então, escreve a mentirada em um papelzinho e lê. Tudo filmado, que é para ambos ficarem bem desacreditados alguns anos depois e se sentirem bem ridículos de terem falado tanta merda.

Acaba o casamento na igreja e é aquela confusão para ir até o local da festa. Tem disso, neguinho dificilmente facilita e faz ambos no mesmo lugar. Trânsito, dificuldades para chegar até o carro ou conseguir um táxi, estresse. Tudo com um salto alto, bem alto, e um vestido longo que me obriga a andar como um pinguim.

Você acha que vai melhorar quando chegar no local da festa, afinal, tudo que envolve religião tende a ser brega. Só que não. Começa pelo bolo. O que são aqueles bonequinhos imitando os noivos? GENTE. Só fui a uma festa de casamento em toda a minha vida onde tiveram o bom gosto e bom senso de não colocar esses bonequinhos no topo do bolo. A decoração costuma ser sofrível também. Excessos, excessos por todos os lados.

Daí os noivos dançam uma primeira dança ou sei lá o que. Geralmente ao som da “música do casal”, que é sempre uma música brega, já que é escolhida pela mulher, pois homem caga baldes para tudo isso. É visível na cara do noivo que ele só está ali para compor o cenário, o sujeito não fazia questão de nada daquilo. A noiva sempre está sorrindo, com uma cara quase que vingativa, do tipo “eu consegui, eu casei!” como quem esfrega algo na cara da sociedade, da família do noivo, do próprio noivo ou das inimigas. Parabéns, você jogou fora uma boa quantia em dinheiro para mostrar algo para alguém. Você é foda!

Começa a parte boa: a comida. Entradinhas que seguem modismos começam a ser servidas. Isso me dá forças para continuar. Pessoas normais começam a beber, porque sóbrio é muito difícil aturar uma festa tão brega. Não importa quão bem feita seja a festa, as pessoas sempre saem falando mal e criticando, e no dia seguinte dizem aos noivos que estava tudo perfeito, que amaram tudo. Você tem a certeza de que seus convidados se divertiram genuinamente na sua festa? Faz o seguinte exercício mental: se não tivessem servido bebida alcoólica, teria sido igualmente divertido? Então não foi divertido, neguinho é que bebeu para suportar mesmo.

Sobre comida, quero dizer algumas coisas. Parem de servir comida a céu aberto, cheio de bichos, inclusive com mosquitos picando. Fila para servir jantar é coisa de bandejão não de casamento, levem pratos já servidos a cada mesa. Que tenha bastante comida, pois, sendo bem sincera, é o que move a maioria das pessoas, inclusive eu, a aturar essa chatice que é uma festa de casamento padrão.

Os próprios noivos não aproveitam muito a festa. A noiva está estressada com todos os preparativos que foram necessários, o noivo ou está bêbado para poder suportar aquilo ou está igualmente estressado pelo estresse que a noiva despejou nele. Estão exaustos, é visível. E, graças a esse circo, não vão fazer sexo na noite de núpcias. Parabéns pelas prioridades, viu? Ainda assim ainda obrigam (sim, obrigam, pois ficam putos se você não vai) as pessoas a participarem, mesmo sem gostar, mesmo achando um saco. Pior do que obrigar a participar, obrigam a mentir.

Seguem-se rituais idiotas, tipo o buquê. Não há indignidade maior nessa vida, nem mesmo limpar a bunda com folhas em um acampamento, do que se estapear para pegar um buquê. As mulheres ficam loucas, se agridem, se empurram. É tipo um Futebol Americano feminino, só que sem os protetores. A vergonha alheia não cabe em mim quando vejo a pancadaria para pegar o buquê. Não bastasse isso, ainda jogam outras coisas, como sapos de pelúcia ou o que quer que o modismo dite. Se amem, amigas. Não se prestem a isso.

O mais assustador é o numero de casamentos que começam falidos, pelos motivos errados: o noivo não tem coragem de desistir, a noiva deu o golpe da barriga,e tantos outros. Pessoas se casam sabendo, no fundo, que não estão se casando pelo único motivo que poderia explicar essa babaquice toda, o amor. Se casam por outros motivos. E mulheres ainda continuam achando que casamento é prova de amor e que melhor que ele falte ou não seja dos mais saudáveis, tudo vai mudar depois da troca de alianças. E nós, pobres convidados, que também sabemos que já estão casando falidos, temos que participar como cúmplices disso. Desagradável.

Mas as mulheres não são santas. Elas também casam pelos motivos errados. Se casam pelo status de serem casadas, ainda que com um idiota que as trata mal, com desamor, desconsideração e não raro as trai. Casam para se afirmarem perante a sociedade, passarem um recibo de “normalidade” e ostentar felicidade. Não casam para celebrar a união nem como um rito de passagem, casam para sambar na cara da sociedade e acabam gastando rios de dinheiro em um mix de egolatria e ostentação. “Vejam, vejam como sou amada”. Eu vejo, eu vejo sim, mas me dá comida, porra!

Olha, a festa de casamento é uma coisa tão cagada que já tive vontade por mais de uma vez de fazer uma festa de casamento só para debochar da festa de casamento. Sei lá, contratar um padre falso que faça um strip no meio do discurso, qualquer coisa que ridicularize esse evento sacal. Querem fazer? Façam, mas porra, pensem um pouquinho mais no bem estar dos convidados, já que ficam ofendidinhos se a gente não vai. Como está, a festa de casamento é um verdadeiro cu para quem não bebe. Vamos melhorar isso aí?

Para dizer que sou eu que tenho que começar a beber, para dizer que eu preciso ir a um casamento gay ou ainda para não me convidar para o seu casamento e me poupar dessa chateação: sally@desfavor.com


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