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Família Brasileira.

Família Brasileira.

| Sally | | 55 comentários em Família Brasileira.

A família brasileira sempre me chocou. Sempre. Sempre mesmo. Lembro de episódios na infância onde olhava estarrecida e pensava “O que é isso? Isso não é aceitável!” enquanto as pessoas da família BM agiam com a mais tranquila das normalidades.

Tomara que a sua não seja assim, que seja uma exceção à média, mas se for, fique sabendo desde já que a) não é normal ; b) não é aceitável e c) se você não fizer terapia, provavelmente vai repetir esse padrão de comportamento de alguma forma nada saudável.

A família brasileira costuma falar aos berros. Um está em um cômodo da casa e em vez de caminhar na direção da outra pessoa, opta por gritar, onde quer que esteja. Eu já tive a infelicidade de presenciar uma criatura que foi repreendida por estar gritando e respondeu “Ah, Fulano, são 11h da manhã!” como se apenas se devesse falar em tom de voz normal nos horários de madrugada. Berram entre sim. Não é que um berre chamando e o outro vá, um berra e o outro, super de boa, responde igualmente aos berros. Daí se inicia um diálogo da berrolândia que, pasmem, dificilmente é sobre algo urgente. Não havia a menor necessidade de berrar.

Foda-se vizinhos, foda-se visitas que estão na casa, foda-se mundo. Além de sequer perceberem que é uma tremenda falta de educação, coisa de gente barraqueira, favelada e ordinária, estão cagando para o outro. Se tem alguém doente na porta ao lado, se tem um bebê que acabou de pegar no sono, se tem qualquer ser humano tentando uma vida digna, FODA-SE, porque o brasileiro médio não é capaz de perceber o outro. Ele faz o que ele quer: deu vontade de urinar? Faz no meio da rua. Coloca os filhos para fazerem no meio da rua. Incapacidade total de frustração e refrear seus instintos mal educados. E ainda acham isso uma forma de liberdade e se vangloriam – pausa para rir – “Eu faço o que eu quero”. Ok, nada te difere de um bonobo, parabéns.

A família brasileira está sempre permeada por baixarias. A única que conheci a fundo e não estava foi a do Somir, (uma família querida, mas que não conta, por não serem brasileiros). Sempre tem um pai de família com uma amante. Sempre tem uma mulher que casou por interesse e detona o marido. Eu sei que infidelidade não é exclusividade do brasileiro, ela é do ser humano, mas no grau de baixaria e barraco com que é feita, parabéns para vocês, só vi aqui. A ponto de terceiros, fora da família, ficarem sabendo do chifre que o marido leva da esposa pela prima DA ESPOSA, ou seja, os de mesmo DNA se detonam entre si. História verídica. Quase morri de vergonha.

Falam mal uns dos outros, abrem os podres uns dos outros em desabafos para amigos e até mesmo colegas os problemas mais pessoais de terceiros! Mas quando chega data comemorativa, todo mundo se junta e finge que é feliz. “Família é assim”, ele dizem, em sua brutalidade. Coitados, eles pensam que isso é inerente à família. Não é, isso é inerente a um aglomerado de pessoas baixo nível, sem ética, sem caráter, de moral duvidosa, mesquinhos, invejosos e pobres de espírito. São os mesmos que justificam gritos de criança dizendo “Mas é criança”.

Outra coisa que me choca, apesar dos muitos anos (nos quais eu já deveria ter me adaptado ao Brasil, mas não consigo) é o número de mulheres que casam ou permanecem casadas buscando, no fundo, conforto financeiro. Não, não me refiro a golpe bem dado, aquele onde a pessoa casa com um bilionário e resolve sua vida de vez. Não. É ainda mais incompetente do que isso. É a mulher que não gosta do marido mas fica porque se separar seu padrão de vida vai cair. O marido não é rico nem nada, a mulher é que é um cu incapaz de se sustentar mesmo. Pense nos casais que você conhece e me diga qual dessas mulheres se bancaria totalmente sozinha?

Pior ainda, querem o status social de ter um marido, mas falam mal dele o tempo todo! Se a pessoa é tão ruim assim, o que você está fazendo com ela? Aí vem o clássico “pelas crianças” como desculpa. Spoiler: faz mais mal para as crianças ouvir a mãe falando mal do pai do que ser filho de pais separados.

Liberdade meu rabo! Muita mulher tem marido para bancar a ela e à casa sim! Arruma um empreguinho qualquer coisa só para dizer que trabalha fora e não se esforça para crescer, se acomoda. Basta prestar contas para a sociedade que ela trabalha, foda-se se o salário dela não paga nem o que ela come, o que importa é que ela não parece sustentada. Continua sendo o mesmo esquema de dominação econômica de sempre.

Mesmo tendo o direito a se separar, a mulher acaba ficando com o sujeito meio que pelo conforto financeiro que ele lhe oferece. Meus amigos, se isso não for prostituição, eu não sei o que é! Daí tenta camuflar sua prostituição com desculpas risíveis dizendo que está lá por causa das crianças, ou que é uma fase, ou que a culpa é da má influencia dos amigos dele, sogra ou o que quer que seja. A culpa é de todo mundo: da amante que é uma piranha e seduziu um homem casado, só não é do marido.

O outro lado da moeda é homem que não gosta mais da esposa, que não sente mais atração física por ela, mas quer mantê-la por perto por gostar dos serviços que ela lhe presta (mantem a casa arrumada? Cozinha? Cuida de criança chata? Impede que ele se autodestrua como homens tendem a fazer?). Não importa o motivo, pode ser até mesmo brigar constantemente para dar vazão a uma angústia represada, mas a ideia de uma segunda mamãe limpando a merda os faz suportar um casamento falido, que é prontamente resolvido com amantes.

A mulher sabe, de um jeito ou de outro ela sabe, e de dois um: ou se convence que ela é espertona em tolerar pois está gastando o dinheiro dele ou pior, arruma um amante também e acha que está zero a zero. E tudo isso vem a público! E as pessoas não tem vergonha! Continuam recebendo pessoas em eventos familiares! SOCORRO! Nelson Rodrigues estava certo, de perto, parece só ter baixaria!

E quando brigam entre si na frente de você, que é visita, hóspede ou convidado na casa? Eu nunca sei onde enfiar a minha cara! E briga de brasileiro médio nunca é uma desavença simples, é sempre cheia de baixaria. Jogam coisas hiper-privadas na cara. Lavam roupa suja achando que quem está ali tem que presenciar isso! O mais engraçado é que apenas eu pareço constrangida, as pessoas estão cheiras de razão se cobrindo de merda, bastante convictas do que estão fazendo. CHO-CA-DA como casais ofendem uns aos outros com a maior tranquilidade. CHOCADA.

A família parece perder a delicadeza no trato do dia a dia, que é o que, para mim, faz a convivência tolerável. Ok, perder a calma eventualmente é humano, mas se tratar rotineiramente no coice? Não sei como suportam viver assim! O tempo todo controlando o que os outros estão fazendo, o tempo todo hostilizando, o tempo todo falando mal. Haja inveja! E a tara pelo filho alheio? Comemoram quando acontece algo ruim com o filho dos outros. Não declaradamente, mas você pode ver o prazer escorrendo no canto da boca. “Viu a filha de fulana? Engravidou… também… fulana sempre deixou ela muito solta” – onde fulana é a própria irmã. Isso é coisa que se diga?

E quando brigam em público, só que fora de casa? Minha Nossa Senhora da Vergonha Alheia! Até mesmo com bebês! Já vi mães dizendo que não queria que seus filhos tivessem nascido em eventos públicos, na frente de todo mundo, inclusive da criança. Já vi mãe dizendo para os filhos que eles estragaram sua vida. Já vi família brigando em locais públicos tão inconvenientes que levam “shhhh” dos presentes. O que a mim choca, aos membros dessas famílias é de uma naturalidade assustadora: “mas no fundo a gente se ama, família é assim”. NÃO É NÃO. E se ISSO é algo que a pessoa considera amor, fuja. Fuja o mais rápido possível.

E os que se dizem bipolares para justificar descontrole emocional? Amiga, enquanto você não sair fazendo sexo com estranhos por compulsão, desculpa, mas eu não acredito que você seja bipolar. E se o fizer, bem, acho que não vai sobrar muito espaço para moralismo. Não são bipolares. Rompantes nem sempre são bipolaridade. Pode ser falta de caráter mesmo. Não precisa ter doença para explicar filho da puta. Tem gente que é apenas egoísta, filha da puta e mal educada mesmo.

Eu não pactuo com a baixaria (se eu ganhasse um real para cada vez que repeti essa frase em relacionamento…). Por isso quando presencio uma baixaria tipo traição ostensiva (não sou obrigada a acobertar coisas que não concordo nem ser cúmplice de quem sacaneia alguém), agressões, barracos e toda sorte de bizarrice que a família brasileira média faz sem um pingo de vergonha na cara, como se fosse normal, começo a parar de querer frequentar esse meio. Pronto! Escrota, arrogante, antipática… Se a pessoa fala mal do irmão, do filho, do sobrinho… vai falar três vezes pior de mim, que nem família sou. Eu tenho essa mania de querer distancia de quem fala mal e depois abraça.

Mais uma vez: eu não pactuo com baixaria. Para minha surpresa, eles tem uma capacidade bizarra de esquecer a tonelada de merda que despejaram um no outro e se reunir de forma feliz como se nada. Eles chamam de perdão ou do amor falando mais alto. Que perdão eterno é esse, onde a pessoa sempre volta a fazer aquilo que supostamente se arrependeu? Eu chamo de falta de autoestima e falta de vergonha na cara. Me revira as tripas ter que frequentar um evento familiar onde eu já vi baixaria comendo solta. Não, obrigada. Me faz mal. Me choca. E não entendo como não choque os envolvidos. Mas adivinha se as pessoas não se sentem no direito de recriminar?

“Mãe é mãe” é o caralho. “Mas a gente se ama” é o caralho. Optar por estar ao lado de quem não nos respeita é doença. Ponto final. Não tem o que discutir. Se você se deixa maltratar e está ok com isso, beleza, seja mulher de malandro (no sentido amplo), mas não obrigue a que terceiros presenciem este espetáculo deprimente, até porque, isso faz a pessoa perder o respeito por você.

Falta de respeito não é inerente à família. É possível sim uma família civilizada que se respeite. O problema é que quem cresceu no desrespeito, nem ao menos o reconhece quando o vê, pois ele sempre foi o modo normal de funcionar dentro da sua casa. Por isso tanta gente protagoniza atrocidades em família sem sequer esboçar constrangimento, vergonha ou reprovação: acham aquilo normal, acham que todas as famílias são assim e que apenas “escondem”.

Terceira vez: eu não pactuo com a baixara. Leve esse mantra para sua vida. EU NÃO PACTUO COM A BAIXARIA. E não pactue! Afaste-se de uma família onde impere a falta de respeito, a baixaria, o descaso no trato com as pessoas, mesmo que essa família seja a sua. Onde está escrito que a pessoa é obrigada a conviver com isso por ter o mesmo DNA? E afaste seus filhos também desse convívio, antes que eles comecem a achar isso normal e repitam esse comportamento em suas vidas adultas.

Para contar mais baixarias inerentes à família brasileira, para me chamar de fresca e assinar um atestado de baixo nível ou ainda para dizer que este texto veio a calhar perto do natal: sally@desfavor.com


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