Família Brasileira.

A família brasileira sempre me chocou. Sempre. Sempre mesmo. Lembro de episódios na infância onde olhava estarrecida e pensava “O que é isso? Isso não é aceitável!” enquanto as pessoas da família BM agiam com a mais tranquila das normalidades.

Tomara que a sua não seja assim, que seja uma exceção à média, mas se for, fique sabendo desde já que a) não é normal ; b) não é aceitável e c) se você não fizer terapia, provavelmente vai repetir esse padrão de comportamento de alguma forma nada saudável.

A família brasileira costuma falar aos berros. Um está em um cômodo da casa e em vez de caminhar na direção da outra pessoa, opta por gritar, onde quer que esteja. Eu já tive a infelicidade de presenciar uma criatura que foi repreendida por estar gritando e respondeu “Ah, Fulano, são 11h da manhã!” como se apenas se devesse falar em tom de voz normal nos horários de madrugada. Berram entre sim. Não é que um berre chamando e o outro vá, um berra e o outro, super de boa, responde igualmente aos berros. Daí se inicia um diálogo da berrolândia que, pasmem, dificilmente é sobre algo urgente. Não havia a menor necessidade de berrar.

Foda-se vizinhos, foda-se visitas que estão na casa, foda-se mundo. Além de sequer perceberem que é uma tremenda falta de educação, coisa de gente barraqueira, favelada e ordinária, estão cagando para o outro. Se tem alguém doente na porta ao lado, se tem um bebê que acabou de pegar no sono, se tem qualquer ser humano tentando uma vida digna, FODA-SE, porque o brasileiro médio não é capaz de perceber o outro. Ele faz o que ele quer: deu vontade de urinar? Faz no meio da rua. Coloca os filhos para fazerem no meio da rua. Incapacidade total de frustração e refrear seus instintos mal educados. E ainda acham isso uma forma de liberdade e se vangloriam – pausa para rir – “Eu faço o que eu quero”. Ok, nada te difere de um bonobo, parabéns.

A família brasileira está sempre permeada por baixarias. A única que conheci a fundo e não estava foi a do Somir, (uma família querida, mas que não conta, por não serem brasileiros). Sempre tem um pai de família com uma amante. Sempre tem uma mulher que casou por interesse e detona o marido. Eu sei que infidelidade não é exclusividade do brasileiro, ela é do ser humano, mas no grau de baixaria e barraco com que é feita, parabéns para vocês, só vi aqui. A ponto de terceiros, fora da família, ficarem sabendo do chifre que o marido leva da esposa pela prima DA ESPOSA, ou seja, os de mesmo DNA se detonam entre si. História verídica. Quase morri de vergonha.

Falam mal uns dos outros, abrem os podres uns dos outros em desabafos para amigos e até mesmo colegas os problemas mais pessoais de terceiros! Mas quando chega data comemorativa, todo mundo se junta e finge que é feliz. “Família é assim”, ele dizem, em sua brutalidade. Coitados, eles pensam que isso é inerente à família. Não é, isso é inerente a um aglomerado de pessoas baixo nível, sem ética, sem caráter, de moral duvidosa, mesquinhos, invejosos e pobres de espírito. São os mesmos que justificam gritos de criança dizendo “Mas é criança”.

Outra coisa que me choca, apesar dos muitos anos (nos quais eu já deveria ter me adaptado ao Brasil, mas não consigo) é o número de mulheres que casam ou permanecem casadas buscando, no fundo, conforto financeiro. Não, não me refiro a golpe bem dado, aquele onde a pessoa casa com um bilionário e resolve sua vida de vez. Não. É ainda mais incompetente do que isso. É a mulher que não gosta do marido mas fica porque se separar seu padrão de vida vai cair. O marido não é rico nem nada, a mulher é que é um cu incapaz de se sustentar mesmo. Pense nos casais que você conhece e me diga qual dessas mulheres se bancaria totalmente sozinha?

Pior ainda, querem o status social de ter um marido, mas falam mal dele o tempo todo! Se a pessoa é tão ruim assim, o que você está fazendo com ela? Aí vem o clássico “pelas crianças” como desculpa. Spoiler: faz mais mal para as crianças ouvir a mãe falando mal do pai do que ser filho de pais separados.

Liberdade meu rabo! Muita mulher tem marido para bancar a ela e à casa sim! Arruma um empreguinho qualquer coisa só para dizer que trabalha fora e não se esforça para crescer, se acomoda. Basta prestar contas para a sociedade que ela trabalha, foda-se se o salário dela não paga nem o que ela come, o que importa é que ela não parece sustentada. Continua sendo o mesmo esquema de dominação econômica de sempre.

Mesmo tendo o direito a se separar, a mulher acaba ficando com o sujeito meio que pelo conforto financeiro que ele lhe oferece. Meus amigos, se isso não for prostituição, eu não sei o que é! Daí tenta camuflar sua prostituição com desculpas risíveis dizendo que está lá por causa das crianças, ou que é uma fase, ou que a culpa é da má influencia dos amigos dele, sogra ou o que quer que seja. A culpa é de todo mundo: da amante que é uma piranha e seduziu um homem casado, só não é do marido.

O outro lado da moeda é homem que não gosta mais da esposa, que não sente mais atração física por ela, mas quer mantê-la por perto por gostar dos serviços que ela lhe presta (mantem a casa arrumada? Cozinha? Cuida de criança chata? Impede que ele se autodestrua como homens tendem a fazer?). Não importa o motivo, pode ser até mesmo brigar constantemente para dar vazão a uma angústia represada, mas a ideia de uma segunda mamãe limpando a merda os faz suportar um casamento falido, que é prontamente resolvido com amantes.

A mulher sabe, de um jeito ou de outro ela sabe, e de dois um: ou se convence que ela é espertona em tolerar pois está gastando o dinheiro dele ou pior, arruma um amante também e acha que está zero a zero. E tudo isso vem a público! E as pessoas não tem vergonha! Continuam recebendo pessoas em eventos familiares! SOCORRO! Nelson Rodrigues estava certo, de perto, parece só ter baixaria!

E quando brigam entre si na frente de você, que é visita, hóspede ou convidado na casa? Eu nunca sei onde enfiar a minha cara! E briga de brasileiro médio nunca é uma desavença simples, é sempre cheia de baixaria. Jogam coisas hiper-privadas na cara. Lavam roupa suja achando que quem está ali tem que presenciar isso! O mais engraçado é que apenas eu pareço constrangida, as pessoas estão cheiras de razão se cobrindo de merda, bastante convictas do que estão fazendo. CHO-CA-DA como casais ofendem uns aos outros com a maior tranquilidade. CHOCADA.

A família parece perder a delicadeza no trato do dia a dia, que é o que, para mim, faz a convivência tolerável. Ok, perder a calma eventualmente é humano, mas se tratar rotineiramente no coice? Não sei como suportam viver assim! O tempo todo controlando o que os outros estão fazendo, o tempo todo hostilizando, o tempo todo falando mal. Haja inveja! E a tara pelo filho alheio? Comemoram quando acontece algo ruim com o filho dos outros. Não declaradamente, mas você pode ver o prazer escorrendo no canto da boca. “Viu a filha de fulana? Engravidou… também… fulana sempre deixou ela muito solta” – onde fulana é a própria irmã. Isso é coisa que se diga?

E quando brigam em público, só que fora de casa? Minha Nossa Senhora da Vergonha Alheia! Até mesmo com bebês! Já vi mães dizendo que não queria que seus filhos tivessem nascido em eventos públicos, na frente de todo mundo, inclusive da criança. Já vi mãe dizendo para os filhos que eles estragaram sua vida. Já vi família brigando em locais públicos tão inconvenientes que levam “shhhh” dos presentes. O que a mim choca, aos membros dessas famílias é de uma naturalidade assustadora: “mas no fundo a gente se ama, família é assim”. NÃO É NÃO. E se ISSO é algo que a pessoa considera amor, fuja. Fuja o mais rápido possível.

E os que se dizem bipolares para justificar descontrole emocional? Amiga, enquanto você não sair fazendo sexo com estranhos por compulsão, desculpa, mas eu não acredito que você seja bipolar. E se o fizer, bem, acho que não vai sobrar muito espaço para moralismo. Não são bipolares. Rompantes nem sempre são bipolaridade. Pode ser falta de caráter mesmo. Não precisa ter doença para explicar filho da puta. Tem gente que é apenas egoísta, filha da puta e mal educada mesmo.

Eu não pactuo com a baixaria (se eu ganhasse um real para cada vez que repeti essa frase em relacionamento…). Por isso quando presencio uma baixaria tipo traição ostensiva (não sou obrigada a acobertar coisas que não concordo nem ser cúmplice de quem sacaneia alguém), agressões, barracos e toda sorte de bizarrice que a família brasileira média faz sem um pingo de vergonha na cara, como se fosse normal, começo a parar de querer frequentar esse meio. Pronto! Escrota, arrogante, antipática… Se a pessoa fala mal do irmão, do filho, do sobrinho… vai falar três vezes pior de mim, que nem família sou. Eu tenho essa mania de querer distancia de quem fala mal e depois abraça.

Mais uma vez: eu não pactuo com baixaria. Para minha surpresa, eles tem uma capacidade bizarra de esquecer a tonelada de merda que despejaram um no outro e se reunir de forma feliz como se nada. Eles chamam de perdão ou do amor falando mais alto. Que perdão eterno é esse, onde a pessoa sempre volta a fazer aquilo que supostamente se arrependeu? Eu chamo de falta de autoestima e falta de vergonha na cara. Me revira as tripas ter que frequentar um evento familiar onde eu já vi baixaria comendo solta. Não, obrigada. Me faz mal. Me choca. E não entendo como não choque os envolvidos. Mas adivinha se as pessoas não se sentem no direito de recriminar?

“Mãe é mãe” é o caralho. “Mas a gente se ama” é o caralho. Optar por estar ao lado de quem não nos respeita é doença. Ponto final. Não tem o que discutir. Se você se deixa maltratar e está ok com isso, beleza, seja mulher de malandro (no sentido amplo), mas não obrigue a que terceiros presenciem este espetáculo deprimente, até porque, isso faz a pessoa perder o respeito por você.

Falta de respeito não é inerente à família. É possível sim uma família civilizada que se respeite. O problema é que quem cresceu no desrespeito, nem ao menos o reconhece quando o vê, pois ele sempre foi o modo normal de funcionar dentro da sua casa. Por isso tanta gente protagoniza atrocidades em família sem sequer esboçar constrangimento, vergonha ou reprovação: acham aquilo normal, acham que todas as famílias são assim e que apenas “escondem”.

Terceira vez: eu não pactuo com a baixara. Leve esse mantra para sua vida. EU NÃO PACTUO COM A BAIXARIA. E não pactue! Afaste-se de uma família onde impere a falta de respeito, a baixaria, o descaso no trato com as pessoas, mesmo que essa família seja a sua. Onde está escrito que a pessoa é obrigada a conviver com isso por ter o mesmo DNA? E afaste seus filhos também desse convívio, antes que eles comecem a achar isso normal e repitam esse comportamento em suas vidas adultas.

Para contar mais baixarias inerentes à família brasileira, para me chamar de fresca e assinar um atestado de baixo nível ou ainda para dizer que este texto veio a calhar perto do natal: sally@desfavor.com

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Comments (55)

  • Corrigindo: o caçula também é acusado de “comer andróide”…Quanto às discussões, na realidade, são brigas feias…cada um com uma faca na mao!

  • Não vou mencionar os vizinhos que tenho. Mas posso resumir assim: o pai é gigolô. Sua função é comer, dormir e separar as brigas dos filhos; estes, também são vagabundos, a mais velha é traficante, tem dois filhos e bate no pai; um menino é pai de duas crianças fora do casamento, usuário de drogas e bandido; o outro, o caçula, estuda e é membro uma gangue, ouve rádio nas alturas e xinga a mae; esta, por sua vez, é a única que trabalha na “familia”, professa seguir a Gezuis e solta os piores palavrões. As duas adolescentes vivem namoricando na rua ate altas horas com os estagiários do crime.
    Agora, Sally, se você me perguntasse como eu sei de tudo isto, eu responderia: ” Fácil. É só morar do lado. As discussões são diárias e tais informações são fornecidas por eles mesmos em tempo real.”
    A propósito: alguem me tira daqui?

  • Sabe o que mais me entristece ao ler os comentários? É que a maioria das pessoas que (aparentemente, ao menos) tem condições de fazer melhor simplesmente opta por não fazer. Pessoas esclarecidas, que poderiam construir famílias saudáveis e educar (de verdade) suas possíveis crianças preferem manter-se sozinhas ou, quando muito, manter um casamento sem filhos.
    Assim, não vejo muita esperança para nossa sociedade, pois aqueles que poderiam melhorá-la se omitem (inclusive este que vos escreve).

    • Não adianta você fazer melhor e ter uma sociedade bosta no entorno, isso contamina seu filho. Tenho uma amiga que sempre reclama que se criar seu filho da forma como ela entende que seja um homem bem educado, ele é chamado de viadinho e apanha no colégio. Então, educação de casa é um bom primeiro passo, mas só ela não basta. Em uma sociedade podre, os filhos, por mais bem educados que sejam, acabam contaminados.

      • Entendo seu ponto de vista e concordo com grande parte dele. Mas isso não contradiz o que expus: em uma sociedade podre, uma certa “massa crítica” de filhos bem educados, ainda que contaminados, começam a fazer alguma diferença, por mínima que seja.
        O problema é que nunca atingiremos essa massa crítica, e UM dentre os vários motivos é esse: pessoas esclarecidas evitam ter filhos, devido à dificuldade de criá-los na sociedade em que vivemos, enquanto pessoas ignorantes os têm aos montes, sem sequer se preocuparem se eles precisam ser criados.
        Tanto concordo contigo, que tenho sérias dúvidas se quero ter filhos nesse mundo de hoje. Mas essa situação toda não deixa de me entristecer.

  • Sally, quando eu li este texto, vi o quanto vc me representa!

    Eu sou nascida na Bahia (a terra de um dos piores tipos de BM) e N U N C A me adaptei a esta merda de lugar. Minha família tem seus momentos de briga (que eu detesto) mas até que é de boa, já dei aula de piano em casa dos outros e olha… O que já vi de familiar de aluno meu brigando entre si não foi brinquedo não… Um horror… E ainda falam tanto que “ah, brasileiro é conservador, é contra aborto, casamento gay, adoção de criança por casal gay, etc”… BM merece mesmo é o troféu hipocrisia, porque o tanto de gente que vi dizer que é cristã e que comete as piores atrocidades dentro da própria casa não ta no gibi…

    É muita baixaria, nunca me adaptarei com o modo de vida do BM, e esta aqui que vos fala cresceu em uma favela na qual pra estudar Beethoven no piano tinha de enfrentar zuada de vizinho barulhento que tocava pagodão baixo nível no último volume (e que, pra variar, gritava a mulher e as filhas todo dia). Um horror. Hoje trabalho duro pra me preparar e fazer minha vida musical lá fora (família também, não quero filho meu – pior ainda, filha minha, pois este país não respeita as mulheres – ser criado em um país de merda como o Brasil.

    • Te entendo tanto… Bahia consegue ser ainda pior que o resto em matéria de educação e respeito. Sai daí, você não pertence a esse lugar!

      • Amém, Sally! É isso aí! Sairei sim! – e verdade, sempre me senti uma estranha no ninho em termos de Bahia…
        E quando puder, do Brasil também, a esculhambação tá geral…

        Muito obrigada pela força! Beijos! :)

  • Aqui em casa é barraco quase diário… Eu só não me mudo por falta de dinheiro (ainda). De qualquer forma a última coisa que eu quero nessa vida é construir família. Pode parecer estranho, mas prefiro minha individualidade a aturar baixaria e falta de respeito. Minha família é completamente disfuncional, mas insiste em negar.

    Tenso. Muito tenso.

      • Olha Sally, o máximo que eu quero ter é um amigo colorido e um gato. Já tive a minha cota de família disfuncional nesta vida e não desejo para ninguém o que eu passo.

    • (…) construir família. (…)

      Pelo sim ou pelo não, sempre achei essa expressão estranha !

      (…) Pode parecer estranho, mas prefiro minha individualidade (…)

      Pelo menos eu me mantenho decidido assim : eu dessa forma, torcendo também pelos novos tipos aos outros…

  • Fámilia do meu pai é exatamente assim! O Zé Povinho, BM dos caralhos! Sorte minha que fui criada pelo lado da minha mãe e os vejo de vez em nunca! E quando vejo, quero mais é sumir!

  • Conheço uma família, crente inclusive, em que todo mundo se xinga. Todos se referem uns aos outros com apelidos carinhosos como filho da puta, vagabunda, bandido, hipócrita, santinho do pau oco, piranha e daí por diante.

    Mas nas reuniões familiares… o cara que chama a mulher de “mula que não serve nem pra cuidar da casa” vive de chamego com ela, dizendo que tem orgulho de ter uma esposa tão dedicada ao lar. O cara cuja atividade menos moralmente e legalmente questionável é ser agiota é um filho e pai exemplar, que trabalha arduamente para garantir que não falte nada aos próprios pais e filhos, e sua adorável esposa. Esposa essa que quando não está sendo chamada de mãe ausente que está mais preocupada com suas aspirações políticas com “ações sociais” e responsável pela filha estar entrando no mau caminho, é praticamente uma santa que dedica todo seu tempo livre ao mais necessitado.

    E por aí vai. Ninguém escapa e quando resolvem deixar a varanda e encerrar a cena de família cristã perfeita, se ouvem os berros e um a um os membros de tão bem-ajustada família saem, batendo a porta da casa, o portão, e a porta do carro. Alguns mais exaltados fazem questão de arrancar com o carro e cantar pneu.

  • Quando já não basta a própria família biológica, pior é quando a pessoa passa é considerada “da família” pelas famílias de amigos mais próximos (do bairro), alguns de décadas, e passar a presenciar fatos desagradáveis e ser inteirado da dinâmica familiar deles…

  • Aqui em casa existe algo como se fosse um pacto silencioso, de nunca lavar roupa suja nossa na frente dos outros, minha mãe, por exemplo, pode estar me mandando ir pro inferno, mas se o telefone toca ela atende como se nada estivesse acontecendo.
    Aqui não importa o quanto falamos mal uns dos outros, se alguém de fora vier falar merda vai ouvir o triplo. Podemos nos odiar, mas ninguém pode nos odiar mais que nós mesmos.

  • O triste é que a maior parte das famílias que conheço são assim. E são pessoas que tem dinheiro, sabe. Compram um monte de tralhas da Apple pros filhos de 6 anos, vão pra Merdisney tirar foto (claramente passam mais tempo tirando foto que curtindo o momento), trocam umas farpas de vez em quando. Inclusive já vi o caso de uma mulher que ameaçava o marido de divórcio se ele parasse de dar dinheiro pra ela gastar com futilidades.
    Aí você vê aquele casalzinho todo arrumadinho no shopping no Sábado. Pai engomado, mãe com chapinha, luzes e maquiagem. Filhos com roupinha “fashionista” e tablet ou bonequinho do Frozen na mão. Certamente são muito felizes e invejáveis, não?

    Por sorte eu nasci numa família tranquila (tem BM e religioso, mas são bem light, sério) que dá valor à uma vida calma e pacífica na medida do possível. Eu sei, parece meio hippie falando assim. Apesar de, naturalmente, alguns defeitos, buscamos ficar bem nesse mundo esquisito.
    Às vezes fico ponderando sobre morar no exterior, não tenho exatamente algo que me prenda aqui (quem eu mais amava já se foram há um tempo) mas aí é algo que eu vou resolver comigo mesma.

    • As famílias mais podres, mais disfuncionais, são as que mais fazem questão de ostentar felicidade. Chega a dar pena de tão óbvio que é o mecanismo!

    • (…) Por sorte eu nasci numa família tranquila (tem BM e religioso, mas são bem light, sério) (…)

      Eu sei, já conheci uma assim – pena que nunca mais pude ter contato…

  • Sally, você fez uma descrição exata da minha família. É tudo assim mesmo e dá para acrescentar muito mais. E na minha eles não conseguem resolver NENHUM assunto sem brigar, sem xingar e sem ameaçar. Eu nunca gostei da minha família, do clima hostil que eles criavam e na primeira oportunidade que tive dei as costas e fui embora. Hoje, muitos anos depois, só converso o necessário e olhe lá. Como não me arrependo eles me criticam, falam mal de mim para os outros, porque você é “obrigado” a amar sua família e eu não faço isso. Mas nada compra a minha paz de espírito. A paz que eu tenho longe deles.
    E o que você falou no final do texto é verdade. Como eu cresci nesse ambiente, achava que todas as famílias eram assim. Até conhecer a família do meu marido, que não é brasileira. Eles são pessoas maravilhosas, que se ajudam sem cobrar nada em troca, se apoiam de verdade, e que sentam para conversar sobre seus problemas. No começo eu achava muito esquizito, como se eles não fossem normais. Depois eu percebi que isso sim é uma família.

    • Parabéns por ter CULHÕES de romper com a baixaria. Muitos covardes acabam pactuando com a baixaria sob pretexto se ser inaceitável romper com familiares. Inaceitável é pactuar com a baixaria!

  • Nada pior que ser vizinha de uma família BM… que trata o filho feito cachorro e o cachorro feito filho, se falam aos berros, não prestam, roubam… um inferno!

  • E depois ainda perguntam o motivo de não confraternizarmos com vizinhos, não irmos a eventos “família”…
    Na família de casa, nunca tivemos muita baixaria, até porque a minha mãe odeia gritos e passou isso a mim e ao meu irmão. Ela se esforçou muito para não repetir o que via acontecendo pela cidade e conseguiu, mas isso não nos livrou do fardo de morar em um prédio cheio de BM’s. 18 anos morando aqui, e ainda não consegui me acostumar com os vizinhos berrando a plenos pulmões o dia inteiro. Tem hora que dá vontade de chamar a polícia pra ver se eles desconfiam.

    • Dá vontade de bater na porta com um lança-chamas. Super te entendo. Se tem algo que me tira do sério é barulho. BM adora uma tv bem alta, gritaria, pagodinho,cachorro latindo e choro de criança.

    • E depois ainda perguntam o motivo de não confraternizarmos com vizinhos, não irmos a eventos “família”…

      Isso sim que é uma casa “ajuizada” !

      Ainda há (a maioria dos) gritos aqui quando as visitas “são biológicas”, e pior ainda que é essa gente toda que também (ainda…) “faço o protocolo” de visitar…

      Isso me parece até “corrupção passiva”, um dia eu saio dessa “brazilian-christian (nothing !!!) beauty”…

  • Conheço tanta famílias BMs e sinceramente todas são muito parecidas! São sempre muito mal educados, os pais gritam com filhos desde os menores aos maiores… Os filhos por sua vez não ficam atrás, chigam, gritam e falam absurdos pros pais! Eu do alto dos meus 20 e tantos anos, morando só, empregada, independente não me imagino tratando alguém da minha familia assim, ou qualquer outra pessoa. E das baixarias em geral, me impressiona o auto perdão e a cara de pau do BM, todo mundo se come dentro e fora da família e depois agem como se nada! Falta de vergonha na cara mandou lembrança.

    • Gostaria de entender como as pessoas conseguem viver assim… perder a delicadeza no trato cotidiano é fazer da sua casa um ambiente hostil. Uma pena que as pessoas se acostumem a ser maltratadas!

      • E quando é uma pessoa querida que tem uma família de merda dessas? Como lidar com isso? Como mostrar que esse não é um comportamento normal?

        • Já estive lá. Tentei de todas as formas e quando não consegui, mudei DE pessoa em vez de mudar A pessoa. Ou você pula fora, ou você também pactua com a baixaria. Conselho:se a pessoa não perceber, apesar dos seus esforços, vire as costas sem dó. Antes de amar os outros, ame a você mesma.

          • Antes de amar os outros, ame a você mesma.

            Sábias palavras !!!

            Quem já puder, siga (também) isso ao máximo !

            Muito obrigado Sally e Vanessa, “diagnosticaram mesmo” as que chamo de “Máfias da Parentada” ! Fico feliz em saber que eu estava estereotipando demais as sogras e que uruguaios também se chocam com “os braso-amontoados”…

            • Por nada. É muito mais sensato mudar DE pessoa do que mudar A pessoa. E as chances de sucesso são infinitamente maiores. Tem muito peixe nesse mar, se joga.

  • Quando eu morava em condomínio grande, era exatamente assim como vc falou. Agora que me mudei pra prédio pequeno bem melhor. Família bm como vizinho é horrível! Parecem que são todos iguais.

  • Eu tenho sorte com a minha família, que é brasileira mesmo, mas é muito boa. Os encontros, em geral, são muito agradáveis.

    (Achava que os argentinos, por serem latinos, eram um povo meio barraqueiro também. Não sabia que os hermanos eram tão diferentes assim, a ponto de não se adaptarem depois de décadas morando na Pátria Amada idolatrada salve, salve… )

    • Marina, todo o resto da América do Sul são latinos, mas NINGUÉM, argentino ou não, é barraqueiro e baixo nível no naipe dos brasileiros. Não é por ser argentina, conheço muitos uruguaios e chilenos que se chocam com o grau de baixo nível das relações familiares brasileiras.

      Adaptar ao Brasil? Não QUERO. Não quero me nivelar por baixo. E não tem nada a ver com nacionalidade, tem brasileiros (e temos dezenas de exemplos aqui) que nunca se adaptaram ao Brasil, e eu bato palmas para eles, estão certíssimos. Não tem que se adaptar não, tem que se sentir desconfortável com baixaria para, quem sabem, mudar essa realidade vergonhosa.

      • Somir também não é brasileiro… Explica o elitismo…

        Bom, talvez eu tenha um nível de exigência menor e me choco menos com barracos alheios por já estar adaptada. Eu queria dizer que não me adaptei, que sou da elite impopular também… Mas seria mentira. Mesmo considerando muito interessante a experiência de morar fora do Brasil, eu sinceramente não gostaria de morar para sempre fora do Brasil. Gosto muito da minha família e dos meus amigos brasileiros.

        Quanto a mudar a realidade vergonhosa… Bem… Acho que as coisas são como são e não como deveriam. Eu me esforço para mudar a minha vida, a minha mentalidade, a minha conta bancária… Ajudo ao máximo (de verdade!) meus amigos e parentes. Mas é só. É pouco, eu sei. Mas creio que tenho (apenas) um grande mérito pelo qual estou de parabéns: Contribuo para um Brasil melhor não me reproduzindo.

        “Não tive filhos. Não transmiti para nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

        • Me acostumar, não digo que me acostumo. Eu pareço uma velha rebugenta quando se trata de barulho (ate minhas músicas favoritas eu ouço baixo), mas tem algumas situações da tão aclamada familia brasileira que são tão frequentes que eu só olho de relance e dou um suspiro de vergonha alheia.

          • (…) algumas situações da tão aclamada familia brasileira que são tão frequentes que eu só olho de relance e dou um suspiro de vergonha alheia.

            Se cada suspiro meu estivesse a uns R$ 5 , talvez eu já estivesse perto de ” 14º e 15º R$ ” também !!!

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