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Pequeno problema.

Pequeno problema.

| Desfavor | | 19 comentários em Pequeno problema.

+Segundo a sabedoria pediátrica, é a mãe quem costuma fazer a pergunta, mas ela geralmente diz que a dúvida é do pai do menino. A mãe começa dizendo que o pai está preocupado. “O pênis do nosso filho tem um tamanho normal? Será pequeno demais? Tem algo errado?” Na maior parte das vezes, está tudo perfeitamente normal, mas o que a grande parte desses meninos tem em comum é o físico: uma tendência ao sobrepeso.

Surpresos pela escolha do tema? Não deveriam. Vai bem mais longe do que parece. Desfavor da semana.

SALLY

A notícia de hoje não é muito popular, provavelmente é algo que você sequer chegou a ler nesta semana. Mas me chamou a atenção por tudo que ela implica: pais se preocupam mais com o tamanho do pênis de seus filhos do que com questões realmente relevantes para a saúde como a obesidade.

Ao ler a notícia, pensei que poderia ser uma peculiaridade dos EUA, então entrei em contato com conhecidos médicos para tentar descobrir se isso acontece por aqui. Sim, acontece. Sim, é comum. E é em pior escala do que nos EUA. Curiosamente, na maior parte das vezes, a preocupação vem das mamães (e não dos papais), as mesmas que vão postar em suas redes sociais frases de efeito sobre empoderamento feminino.

Vou morrer repetindo isso: bater na sociedade por cultura de estupro é querer tirar o corpo fora. Quem cria homem machista, falocêntrico e mal acostumado são as próprias mulheres. Não é “a sociedade”, esse ente autônomo que se convencionou vilanizar. A partir do momento em que uma mãe tem como preocupação primeira o tamanho do pênis do seu filho, seja ele um recém-nascido, seja ele uma criança de 12 anos, preterindo questões sérias de saúde, vemos que o problema não é a sociedade. São as mulheres que criam crianças assim.

Faz tempo que venho reparando nisso, e agora, com esse tipo de notícia e com tudo que ouvi, me sinto confortável para falar: homens são mais dignos e educados criando filhos. Cada vez que vejo uma mãe barraqueando em público porque alguém ousou falar mal ou olhar com ar de reprovação para seus pimpolhos que cometiam algum tipo de falta de educação, vejo também um pai constrangido, com vergonha da esposa, mandando-a parar com isso discretamente ou ficando contrariado com o show. Manha? Falta de educação? Falta de respeito? Pode contar que geralmente tem mãe por perto, é mais raro que crianças façam isso quando estão com o pai.

Então, é com muita dor no coração que repito mais uma vez: a maior parte das pessoas simplesmente não tem condições de ter filho, principalmente as mulheres. Começa pela econômica, que botar filho no Brasil para ser atendido em hospital público é criminoso. Depois a emocional, já que além de estar estabelecida financeiramente, a pessoa tem que ter equilíbrio emocional e maturidade. E finalmente, apta a escolher um bom parceiro com discernimento e construir com ele um ambiente saudável para a criança. Sejam sinceros, quem vocês conhecem hoje que faz isso?

A culpa é dos homens? Predominantemente. Normalmente homem não força a barra para ter filho. Homem é essa coisa molóide que mulher convence por bem ou por mal. Não sejamos hipócritas, sabemos bem que no Brasil, na maior parte dos casos, a decisão de ter um filho é da mulher, seja por descuido, seja por planejamento (ainda que unilateral). Homens tem sim sua parcela de culpa: paumolengas que deixam mulher decidir tudo sozinha e fazer como quer, dando vazão a essa histeria tupiniquim de achar lindo tudo que o filho faz e se portar como uma louca histérica quando qualquer coisa aponta para um defeito do seu filho.

Alô homens paumolengas: PARTICIPEM mais de todos os processos! Acha que não está na hora de ter um filho? Use camisinha SEM-PRE (porque mulher é diabólica quando quer engravidar). Vem filho por aí? Não seja frouxo, compre briga com a mulher se preciso para garantir que seu filho seja bem educado e fique livre desse ambiente histérico de prioridades invertidas. Está bem claro, ainda que todos se recusem a ver: a mulher não deu conta de ir para o mercado de trabalho e continuar criando filhos de forma decente. As mulheres estão surtando, ninguém está percebendo?

Isso não desmerece as mulheres, porque honestamente, acho que ninguém daria conta. Não é humanamente possível. A única forma de reverter esse nonsense é homens e mulheres participarem de forma igual na criação, já que mulheres estão de forma igual no mercado de trabalho. Parem de se omitir e deixar a criação nas mãos das mulheres que tá dando merda. Vem uma geração disfuncional e fodida da cabeça por aí que quando chegar na adolescência vai complicar bastante a vida dos pais.

Enquanto mulheres soltam palavras vazias sobre empoderamento, sobre serem o sexo forte e baboseiras desse tipo, em matéria de saúde, estão mais preocupadas com o tamanho do pênis dos seus filhos. Fato: quanto mais involuído um povo, mais sexualizado no sentido primal da palavra. Mamães, vamos preocupar mais com o intelecto da criança, pode ser? Em ensiná-lo a dividir tarefas domésticas, respeitar mulheres, ler, raciocinar, em vez de dar um tablet ou um celular para que uma criança pare de encher o saco e depois ficar manjando a rola do seu filho focada em tamanho.

Absurdo, simplesmente ABSURDO, que o tamanho do pênis de um bebê seja uma das principais preocupações das mães, seja pela prioridade equivocada, seja pela perpetração do pênis como centro do mundo e principal atributo de um homem. O que é isso? Depois dos católicos não-praticantes, que só gostam de se dizer católicos mas se portam de encontro às regras do catolicismo, tem agora a figura da feminista não-praticante?

Não percebem quando seu filho tem TDAH, não tem ideia do que seu filho anda fazendo na internet, não sabem como estimular uma criança intelectualmente, não conseguem colocar limites, ensinar boas maneiras e muitas vezes nem mesmo regras básicas de higiene para filho homem, mas o pênis está no tamanho correto, então, ufa! Será uma criança plena!

Por favor, mulheres, criem vergonha na cara. Não dizem que o filho é uma “marca que você deixa no mundo”? Uma marca dessas é o que se deixa na calcinha em dias de diarreia. Chocada com o despreparo, com a futilidade e, porque não, com o machismo da mulherada. Tanta coisa para se preocupar que acaba deixada de lado, para focar no tamanho do pênis do filho? Sério mesmo, vamos repensar isso aí?

Serei xingada? Certamente. Mais uma vez. Eu me importo? Claro que não. Na adolescência do seu filho a gente conversa novamente.

Para ter certeza de que eu sou homem, para vestir a carapuça e se defender ou ainda para dizer que este texto é opressor para com os gays por não cogitar casais do mesmo sexo: sally@desfavor.com

SOMIR

Ok, somos humanos, e como humanos temos algumas preocupações idiotas de tempos em tempos. A sobre o tamanho do pênis não deixa de ser um reflexo da necessidade conformidade de um animal social feito… feito cada um de nós. Normal até mesmo para os pais zelarem pelas chances de um filho de estar bem adaptado à sociedade. A maioria das pessoas vai querer ter um filho “normal”. E coloque quantas aspas quiser na palavra normal.

Então, apesar de na prática a questão do tamanho do pênis ser irrelevante para os 99,999% de homens cujos membros estão na média, vá lá perder algum tempo da vida preocupados com isso. Desde que a questão tenha o… tamanho… que mereça. A não ser em casos pra lá de extremos, tanto pra menos quanto pra mais, o tamanho do pênis de um homem dificilmente vai causar alguma dificuldade em sua vida, inclusive na sexual. Tratando o tema como a bobagem que normalmente é, tudo bem dar atenção a ele.

Agora, quando vemos uma notícia onde os pais aparecem preocupados para os pediatras dos filhos perguntando se os pênis de seus filhos estão se desenvolvendo normalmente, sem notar uma outra questão bem mais evidente e perigosa como obesidade… aí a coisa passa do limite. Quando os valores se invertem dessa forma e não está na cara que o pênis supostamente pequeno do filho está enterrado em gordura, começamos a ver como tem gente despreparada para ter filhos nesse mundo.

Num mundo um pouquinho mais ideal, alguns dos pais que fossem procurar ajuda para tratar do sobrepeso do filho poderiam ser informados sobre um problema no desenvolvimento da genitália da criança. Com uma epidemia de obesidade na maior parte do mundo, principalmente com essas gerações criadas na frente de um tablet, se a prioridade está no pênis da criança e não na camada de gordura que se formou ao redor dele, as coisas vão mal.

E sim, estamos numa sociedade falocêntrica, não adianta tapar o sol com a peneira. Homens são criados para valorizar mais o que tem entre as pernas do que entre as orelhas, existe uma cultura machista que alça o simples fato de ter um pênis a um patamar de importância social desmedida. A preocupação com o desenvolvimento salutar dessa “ferramenta de controle social” não deixa de ser uma utilitarista. Como se o pênis protegesse os homens dos problemas que as mulheres vivenciam normalmente… se o filho tiver um pequeno, vai ser menos capaz? Mais vulnerável? Parece até que o problema real é estar mais perto de ser mulher do que homem.

Agora, estar acima do peso? Isso é muito mais incômodo de lidar. Se vem um veredito médico de que a criança realmente tem algum problema no desenvolvimento do pênis, parece “culpa de ninguém”, mais um capricho divino, como tantos outros. E talvez existam remédios e tratamentos para tentar resolver sem mudar muito a rotina dos pais. No sentido oposto, o problema da criança estar gorda sugere culpa dos pais na hora. Não é genética, é consumo exagerado de calorias permitido ou incentivado por aqueles que decidem a dieta dela.

E pra virar esse problema, não só os pais tem que mudar sua rotina e manter rédea firme sobre a criança, como tem que mudar seus próprios hábitos alimentares para dar um exemplo e manter consistência. E, pra sermos honestos, sabemos que ser gordo desde a infância é perigoso pra saúde, mas… é uma conta que costuma ser cobrada algumas décadas depois, quando o balofo já estiver sendo acusado de descaso com a saúde por conta própria e não mais refletindo os erros nos pais.

Então, a parte da criança estar com sobrepeso transforma-se em menos importante por exigir auto-crítica de quem a cria e também por explodir na cara do filho só muitos anos no futuro. O senso de urgência desaparece nessas condições adversas. O que deveria ser prioridade é “chato de pensar”, dando espaço para uma bobagem muito mais chamativa. Fica no topo das preocupações o que mais conforta a preguiça mental dos pais.

E isso escala. Temos um mundo cheio de problemas porque a maioria das pessoas foram criadas cheias de problemas, por pais despreparados num ciclo vicioso de incompetência (sim, muitas vezes bem intencionada). Eu não tenho filhos e não vou ter, mas não me iludo achando que é fácil. Deve ser um trabalho do cão e uma pilha de frustrações e restrições que só muito amor (e hormônios bem colocados) devem compensar. Mas uma coisa é ser solidário às dificuldades que os pais encontram, outra completamente diferente é ignorar os resultados negativos desse processo.

Como, por exemplo, pais preocupando-se com o tamanho do pênis de uma criança, aparentemente sem saber até como essa parte do corpo masculino desenvolve-se, e sendo surpreendidos por um diagnóstico de banha! Se deu tempo de notar o tamanho do pênis da criança, não deu pra notar ela estando gorda? E como o sobrepeso não levantou nenhum sinal de alerta até aquele momento?

A mesma cabeça oca ou preguiçosa que inverteu prioridades de tal forma vai passar os mesmos valores para seus filhos. E pra isso não parece ter tratamento nenhum. Pelo menos não numa pílula. Conhecimento e educação podem virar esse jogo no longo prazo, fazendo pediatras escutarem mais preocupações com a saúde continuada dos filhos do que com um fútil concurso de centímetros que homens e mulheres do mundo todo parecem fascinados até demais em sustentar.

Tudo pra não ter que olhar pra cima.

Para dizer que nossos temas estão cada vez piores, para dizer que tamanho é documento sim, ou mesmo para dizer que só quem liga pra tamanho de pinto é concessionária de carro esportivo: somir@desfavor.com


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