Novela mexicana.

+Uma mexicana que beijou um rapaz durante sua despedida de solteira sofreu as consequências da rápida circulação de vídeos particulares nas redes sociais: o noivo viu a cena e cancelou o casamento.

Só que não.

A vida dos dois nos interessa? Não. O mimimi sobre ter sido errado criticar a mulher pelos motivos apresentados? Aí sim interessa. Desfavor da semana.

SALLY

Seu namorado ou marido (ou o da sua amiga) é flagrado beijando outras mulheres, fotografado e filmado no ato e a foto viraliza em redes sociais. Todo mundo vê: familiares, colegas de trabalho, basicamente todos os conhecidos visualizam a traição.

Obviamente fica todo mundo revoltado com a falta de consideração, o sujeito que te meteu um chifre é severamente criticado e, quando vem a público, diz a seguinte pérola: “Quero pedir que as pessoas me deixem em paz. Difamaram-me. Acredito que todos somos humanos e beber demais faz com que façamos coisas que não queremos (…) Peço compreensão e que parem de me atacar. Porque não acredito que ninguém não tenha feito merda antes de mim”. Qual é sua opinião sobre esse homem?

Acho que a coisa menos pesada que eu conseguiria dizer seria chamar de babaca, imbecilóide e escroto, por ter exposto publicamente alguém que supostamente ama a uma situação humilhante como esta. Desleal e ainda por cima covarde, colocando a culpa na bebida. Se fosse com uma amiga, eu certamente a aconselharia a se afastar de um homem galinha o suficiente para fazer uma porra dessas sem nem ao menos se importar com uma foto. Pública e escancaradamente. Acho desleal quando pessoas fazem um pacto de fidelidade e uma delas se porta dessa forma. Feio. Baixo.

Porém, isso aconteceu de forma inversa. Uma mulher foi fotografada e filmada se atracando com outro homem. Seu noivo cancelou o casamento e ela foi alvo de incontáveis críticas em redes sociais, por onde sua foto circulou. Ela respondeu às críticas se dizendo difamada e que quando “bebemos demais fazemos coisas que não queremos”. Resultado? Não pode criticar. Se homem faz mulher diz que ele é escroto, babaca e machista mas se mulher faz e você critica, você é opressor, babaca e machista. E precisa vir uma mulher aqui para se insurgir contra isso, porque essa cambada de homem paumolenga que tem aí abaixa a cabeça e simplesmente cala a boca diante dessa aberração de dois pesos e duas medidas.

Antes de mais nada, justificar suas cagadas por “ser humano” é de uma mediocridade que não consigo sequer suportar. Seria motivo de rompimento de amizade se ouço uma bosta desse tamanho. Todos nós somos seres humanos, desculpa mas fazer essa merda que você fez não é inerente ao ser humano, é SEU, VOCÊ foi escrota, desleal e desleixada. Ser humano não justifica nada nessa vida que não seja cagar, dormir e comer. Estas são coisas que todos os seres humanos fazem. E não fale no plural, não me inclua nas suas merdas como se fosse algo que todos fizessem. Impressionante como as pessoas se tranquilizam ao pensar que todo mundo também faz.

Moralismo? Não. Quer beijar outro em público? Vai lá, não tenho nada com isso. Para ser bem sincera, cago baldes para a vida alheia. Este texto não é sobre o quanto essa moça foi incorreta. Sim, eu pessoalmente acho que ela foi, mas não é o tema central do texto. O texto é sobre como um homem em seu lugar seria massacrado pelas mulheres e como ela, por ser mulher, deve ser “poupada” de críticas sob pena de acusações de machismo. Vem cá, o que se queria não eram direitos iguais? Não tá igual não, ok? Tá escroto, tá paternalista, tá intocável. E eu estou putíssima, vocês não imaginam o quanto, de perceber que depois de dez anos criticando esse mecanismo escroto agora EU sou uma intocável! NÃO QUERO. NÃO ACEITO.

Mas que porra de mundo é esse, cacete? A mesma desculpa escrota, esfarrapada que mulheres sempre criticaram, de usar a bebida como agente que te obriga a fazer o que você não quer agora cai na boca das mulheres? Tenham vergonha! Tenham vergonha nessa cara! Quando o homem faz isso todas metem o pau, xingam, dizem que não presta. Quando é mulher tá ok? Tomanocu! Ou todo mundo pode (perfeitamente válido) ou todo mundo que faz é escroto (perfeitamente válido também). Um gênero pode e o outro não é que é tenebroso. Sejam coerentes, mulheres, se querem ser respeitadas. Ganhar no grito e na vitimização vai voltar para morder cada uma de nós na bunda.

Mulheres lutam faz tempo para ter igualdade, mas pelo visto pegaram a igualdade errada: querem trair em público e que a pessoa traída não possa reclamar nem a sociedade recriminar o ato. É quase o que acontecia em um casamento em 1900, onde o homem chifrava à vontade, a esposa tinha que enfiar o galho dentro e aceitar e a sociedade achava normal e fazia pressão para a mulher perdoar o chifre. Mas que bosta, hein?

Dê poder a uma pessoa. Dê poder a uma pessoa e você vai ver sua verdadeira natureza. Mulheres vem ganhando poder (ainda que de forma babaca, através de chantagem, infantilização e campanha de difamação masculina) e veja a bela bosta que andam fazendo! Em vez de mostrarem equilíbrio e construir um equilíbrio entre gêneros (porque, desculpa, iguais homens e mulheres não serão nunca e nem devem ser), resolvem aproveitar e dar uma escrotizada nos homens de volta. Estão se tornando os estupradores, os opressores e os machistas que tanto condenam. NO-JO.

Pelo tom do meu texto, quem nos acompanha percebeu que eu estou muito irritada. Sim, desta vez é pessoal, porque eu estou dentro desse saco de farinha e isso vai me afetar diretamente. É como se um grupo de pessoas estivesse passando merda por seu corpo e respingassem em você, que também acaba coberta de merda.

Estamos diante da cristalização de um processo de intocabilidade feminino sem precedentes. E as porteiras estão abertas, já que a mulherada, no geral, está adorando ter privilégios a curto prazo ou deslumbradas com a fachada de empoderamento e os homens, ah, que vergonha, os homens se transformaram em uns paumolengas acovardados incapazes de posicionar e peitar essa virada de mesa ridícula, para pior e babaca que as mulheres estão fazendo.

Se você criticaria um homem que faça exatamente o mesmo que essa moça fez porém condena quem critica a moça, você é um câncer para a sociedade. Isso tem nome: hipócrita. Isso não é empoderamento, é dois pesos e duas medidas, é injustiça, é vingança. Que vergonha de ver que quando as mulheres conquistaram o poder começaram a se portar exatamente como homens. E que preocupação de ver para onde isso está evoluindo. Se eu que sou mulher estou preocupada, vocês homens deveriam estar muito mais.

E ai? Ninguém vai criticar? O medo de contestação social é mais forte do que o medo dessa sociedade de bosta que está se desenhando? Mexam-se homens, ou vocês estão muito fodidos…

Para achar que é exagero meu (em alguns anos a gente conversa novamente), para dizer que prefere ser oprimido do que comprar briga ou ainda para dizer que ser paumolenga é mais fácil: sally@desfavor.com

SOMIR

Meu avô dizia que quem fala demais dá bom dia pra cavalo. É o tipo de sabedoria popular que precisa de alguma experiência de vida pra entender quão… sábia ela é. É mais do que falar com quem não entende, é não entender a própria função da comunicação. Girar em falso e não chegar a lugar algum, gastando tempo precioso para tal.

Não preciso repetir o ponto apresentado pela Sally, ela me representa nessa ideia de que o tal do empoderamento feminino não anda sendo muito maior do que se vingar dos homens através de vitimização. O que também não deixa de ser girar em falso… do jeito que o feminismo vai, a teoria da “inveja do pênis” está mais forte do que nunca. Igualdade é o caralho! Com o perdão do trocadilho…

Por isso, sinto-me livre para ir por esse caminho do bom dia ao cavalo. Cada vez mais me parece que as discussões e as polêmicas de internet não passam disso: ideias arremessadas ao vento sem o menor interesse em ouvir algo de volta. É como se na internet, todas as outras pessoas fossem cavalos, e quem tenta se comunicar parece estar confortável com a ideia. Talvez seja até melhor pra muitos que as coisas sejam assim: jamais serão confrontadas ou terão a necessidade de rever as próprias opiniões e atitudes, e nem mesmo lidar com a presunção de hipocrisia. Na internet, ninguém sabe que você é um merda…

E nessa sanha do ambiente seguro para expressar qualquer opinião, por mais mal pensada e formatada que seja, acabamos com polêmicas constantes que não agregam nada aos participantes. Entra com uma opinião, defende quem concorda, ofende quem discorda… e sai do mesmo jeito. Não estou sendo saudosista, pra mim a maioria das discussões sempre foi assim, com ou sem internet. O som da própria voz tem propriedades hipnóticas, pelo visto.

Mas nessa brincadeira de darmos bom dia para os cavalos espalhados pela grande rede, estamos esgotando até mesmo os significados de nossas opiniões. Pra começo de conversa, o tema que ilustra a coluna de hoje nem deveria ser tema. Nem nosso, nem da internet. No fundo é um problema do casal, e o casal define as coisas como quiser aí. Mas vamos lidar com a realidade: é um assunto saboroso o suficiente para a maior parte das pessoas. Se isso cai na timeline, evidente que todos vamos ter alguma opinião. O que faríamos no lugar daquelas pessoas, memórias e histórias que ouvimos sobre coisas parecidas… fidelidade, casamento, despedidas de solteiro, bebedeira… que combo!

Em cada um dos elementos da história cabe uma opinião, empatia simpática ou antipática. Ok, preciosismo querer que as pessoas ajam como se aquilo não fosse de sua conta. Não é mais como o mundo funciona… tudo parece público o suficiente nas redes sociais. Mas mesmo aí, temos os efeitos da comunicação vazia: o teor das discussões. Como elas começam a fugir do foco do fato analisado e vão se moldando às ideias de mundo de cada um. Típico de gente incapaz de pensar no outro.

E aí, a moça que no mínimo quebrou o acordo do casal (considerando que o noivo cancelou assim que ficou sabendo), vira o pivô de uma discussão sobre a relação geral entre homens e mulheres! Cria-se a polêmica sobre a espécie de tratamento que ela recebeu dos internautas ter conexão apenas com seu gênero, e não com o fato provado que chegou até quem fez o julgamento. A dúvida se um homem seria tão criticado assim…

Até onde eu sei, e sim, estou fazendo o que acabei de criticar, o homem é sempre criticado por comportamentos do tipo, mas recebe mesmo menos fúria da sociedade por tê-lo feito. Mas cabe uma análise: primeiro que quem costuma fazer mais besteiras já tem a presunção de culpabilidade quando acontece. Homens não são exatamente elogiados pelas mulheres quando aprontam, mas espera-se menos deles em média mesmo. E, agora eu vou dizer algo que pode descer errado principalmente para as leitoras: mulher late muito mais do que morde. Tanto que alguns homens se assustam quando encontram uma que realmente deixa marcas…

Nem tudo é questão de opressão masculina. Mulheres também lidam com o efeito “filho bonzinho”, aquele que é mais criticado quando faz besteira justamente porque se espera mais dele. Pensando friamente, não é necessariamente negativo que mulheres sejam mais criticadas por infidelidade. Se conseguiram essa presunção por serem mais honestas com seus parceiros ou mais espertas na traição, não vem ao caso, o que importa é que no final das contas há de se tomar muito cuidado com a noção de que isso é uma repressão à sexualidade feminina. Não estou defendendo um bando de pessoas entediadas ir até a moça pra encher a paciência dela, mas se querem transcender o fato até uma discussão sobre papéis dos gêneros, que tal efetivamente fazer isso?

Você pode discordar de mim sobre essa teoria do “filho bonzinho”, mas no mínimo deveria entender que o assunto é maior do que homens furiosos porque uma mulher estava tendo uma aventura sendo comprometida. Sabe o que me parece ao invés de repressão à liberdade feminina? Interesse pessoal. O homem apontando o dedo como se dissesse pras mulheres que elas também aprontam, como se um crime justificasse o outro. As mulheres vendo uma chance de se vender melhor na comparação com uma sendo linchada, ou mesmo querendo explorar a mesma via de usar o erro do outro pra se perdoar previamente caso o faça.

Triste como no final das contas só parece mesmo que são pessoas querendo alguma vantagem nessa história toda. Você pode achar que ela foi muito escrota (como eu acho), pode achar que foi um erro perdoável (como o noivo parece achar), pode achar mil coisas diferentes, inclusive que essa coisa de fidelidade é uma caretice… mas se começamos a entrar no ponto sobre como homens e mulheres são vistos pela sociedade, vamos concordar que essas opiniões entram de gaiato na conversa e não avançam em nada o ponto. E aí… precisa da história desse casal pra alguma coisa?

O cavalo não vai devolver o bom dia. O desfavor é que cada vez mais parece que é justamente essa a graça de falar com ele…

Para dizer que tem o direito de ser tão bosta como homem (tem sim, mas certeza que quer ser cobrada como um?), para dizer que o papo está bom mas agora tem o corno pra sacanear, ou mesmo para dizer que de filha boazinha não tem nada: somir@desfavor.com

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Comments (14)

  • A vingança contra os homens agora leva o nome de “igualdade”? (Loucura)

    Praticar aquilo que condena? (Hipocrisia)

    Despedida de solteiro sem putaria? (Inacreditável)

  • Sabe o que é pior? O cara PERDOOU a mulher: http://www.dailymail.co.uk/news/article-3815241/Bride-FORGIVEN-fianc-filmed-kissing-man-just-met-hen-wedding-on.html

    É de uma frouxidão e falta de culhões que me dá desgosto…esse cara merece a mulher que tem. Quando eu fiquei sabendo da primeira notícia, que ele cancelou o casamento, eu senti respeito pelo cara, que pelo menos ele não era um frouxo, sangue de barata, que deixava mulher pisar nele. Só que agora eu só acho que ele mais do que merece essa mulher e também vai merecer qualquer futura traição da parte dela, e vai merecer cuidar de filho que não vai ser dele.

    Sally, você está irritada e decepcionada com as mulheres por elas terem esse tipo de comportamento podre; eu estou decepcionado com os homens porque é deprimente ver homem tão bundão e tão privado de amor-próprio que se sujeita a esse tipo de mulher. O cara não honra as bolas que tem.

    • Sabe o que é mais legal? Esse papo (de qualquer dos sexos) de “mas eu amo ele(a)”.

      E a você mesmo, não ama não? Eu hein… Foge à fidelidade, a questão é sobre lealdade, sobre humilhar o outro publicamente. Não está relacionado à moral e sim a outras coisas como ética.

  • Não só acho escroto esse desenrolar feminista como acho que vai dar merda. Lembro que na época de orkut tinha umas comunidades masculinistas que eu achava bizarro. Acho que era Real uns dos nomes , seguiam um autor chamado Nessahan Alita, chamavam o mundo dos homens românticos de matrix e que já falava da essência fútil e utilitarista da mulher e como os homens tinham que lidar com essas maldades. Achava um delírio desses caras , hoje acho que de repente tenham razão.

  • 1 – Não sei pra quê tanta visibilidade pra algo tão irrelevante pra todo mundo que não sejam os envolvidos. O povo não tem o que fazer, segue e palpita sobre a vida alheia como quem acompanha novela. Aterrorizante!
    2 – Não sei se é sorte, mas na minha bolha facebookiana todo mundo condenou a mulher como condenaria um homem. A atitude é escrota, não importa praticada por qual gênero. É um alento ter entre amigos e conhecidos pessoas minimamente racionais nos dias de hoje.
    3 – Pra quê existe despedida de solteiro (a)? Que nexo tem isso? Morrerei sem entender…

    • Vani, já fui a várias despedidas de solteiro onde não teve putaria. É um rito de passagem como qualquer outro, na forma de festa.

  • Mas a finalidade da despedida de solteiro não é exatamente essa? Fazer tudo que teoricamente vai deixar de fazer depois de casar? Então não é chifre! Só precisa escobder depois de casado, na DS pode mostrar.

    • Nunca vi nenhum casal que libere infidelidade (ainda mais exposta ao mundo todo) em despedida de solteiro. E esse certamente não era o combinado desse casal, pois quando o cara descobriu terminou com a mocinha.

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