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CBM: Que tiro foi esse?

CBM: Que tiro foi esse?

| Sally | | 88 comentários em CBM: Que tiro foi esse?

Se você acredita que viemos ao mundo resgatar algum tipo de karma do passado, tenho uma boa notícia para você: vou te dar uma ótima oportunidade de pontuar alto nessa compensação cósmica. Caso contrário, bem, só vim aqui estragar seu dia mesmo.

A “música” a seguir acaba de bater recordes de visualização e reprodução em plataformas nacionais e internacionais (até no Spotify), o que aplaca um pouco minha culpa, pois fatalmente vocês seriam expostos a este estupro auditivo de qualquer forma. Ao menos, quando ouvirem este emaranhado de carioquês, língua presa e gritos desafinados, vocês terão meus doces comentários para se lembrar.

O nome dessa desgraça musicada é “Que tiro foi esse”. Em um primeiro momento, achei de péssimo gosto brincar com tiro, principalmente no Rio de Janeiro, que ostenta uma média de mais de três feridos por dia em função de balas perdidas. Mas aí me explicaram que não é para levar tão a sério a letra, afinal, é uma brincadeira, sem intenção de ser desrespeitosa com as vítimas deste tipo de evento. E não é que eu curti esse conceito? Curti tanto que vou aplicar. A seguir, um texto de humor, para não ser levado tão a sério e igualmente sem a intenção de ser desrespeitoso, afinal, vendo que venta lá, venta cá, né? A brincadeira tem que valer para todos.

Como eu disse, o nome da música é “Que tiro foi esse”, e o paquiderme que a canta responde pela alcunha de “Jojo Todynho”, que já havia nos brindado com seu empoderamento GG em uma participação especial no último clipe comentado nesta coluna, o lastimável “Vai Malandra”. Como sempre, recomendamos que não vejam o clipe de hoje. Ao menos evitem se estiverem comendo, dado o alto grau de oleosidade. É sério, você sente o cheiro de Kolene pela tela…

Ministério do Desfavor adverte: escutar Jojo Todynho pode causar câncer de ouvido.


O vídeo começa com uma cena nonsense em um escritório, totalmente desnecessária. Se a intenção é mostrar que executivos também escutam Jojo Todynho, bem, erraram nos mais diversos aspectos: uma sala com cara de almoxarifado, uma moça com aplique capilar que mais parece tricô da vovó e unhas postiças em um tamanho que apenas atriz pornô usa e uma saia com algo que não se sabe ser apenas uma fenda altamente inapropriada para o mundo corporativo ou um rasgo em função da alta pressão exercida sobre o tecido.

Estes supostos favelados brincando de executivos no almoxarifado decidem ir a uma festa. O mais curioso é que eles tem sotaque de paulistas e a festa é carioca. Ou eles apanharam bastante ao chegar lá, ou passaram a festa toda sem abrir a boca. Mas eu entendo a produção do clipe, deve ser realmente muito difícil encontrar cariocas que consigam dizer três frases, vamos permitir esta licença poética, que tempo é dinheiro.

Corta para uma imagem da estrela do clipe, Jojo Todynho. Ela tem este apelido por gostar muito da bebida como sua (não) cintura pode atestar. Não contente em denegrir a marca (eis o que acontece com seu corpo se vocês tomarem muito Todynho, crianças!), ainda diz que pretende tatuar uma caixa de Todynho no corpo. Bem, em se tratando de corpo, dá para tatuar todos os Todynhos do mundo, mas não consigo deixar de lembrar da clássica piada do Leo Lins: é como se um Avatar se rabiscasse de caneta Bic. Ela disse em entrevistas que espera ser patrocinada pela marca. Olha, se na pobreza e tendo que comprar ela já ficou desse tamanho, se derem Todynho liberado para essa mulher, certeza de que o cu dela explode. Conselho: volta pro teu nominho original, Jordana Gleisi, e para de destruir a infância das pessoas.

Voltando ao clipe, Jojo Cetácio passará quase todo o clipe sentada, provavelmente por insuficiência tornozelal para suportar suas toneladas de empoderamento. Logo de cara vemos um recurso muito comum entre as rinocerontas: toda gorda, quando quer sensualizar, foca no peito. Não existe gorda sem peito, pois boa parte dele é composto por… gordura. Então, é o trunfo que elas tem. Ok, elas tem bunda também, mas como não tem cintura, fica difícil discernir onde começa e onde.

Jojo Todynho usa um decote profundo, deixando uma generosa quantidade de peito à mostra, peito este que, se fatiado e servido em bifes, acabaria com a fome na África. Por outro lado, o colesterol aumentaria de forma violenta. Obviamente, como qualquer favelada, ela usa uma confluência cafona e exagerada de bijuterias (não sei se são joias ou não, mas no corpo de gente feia, tudo fica com cara de bijuteria vagabunda). Destaque para o colar com o “nome” dela em letras garrafais. Eu não sei onde estão os executivos da Pepsico que ainda não providenciaram um processinho, é por demais desonroso para o produto ter seu nome associado a esta mocinha, que mais parece um carro alegórico adiposo. Sinto temor em tomar Todynho e meu corpo ficar parecendo um 8.

Há graus de gordura. Existem mulheres cheinhas, que podem sim ser uma graça. Jojo Todynho é morbidamente obesa, não há beleza nisso. Na verdade, obesidade é uma doença devidamente catalogada pela Organização Mundial da Saúde. Uma doença que tem cura e que só depende de força de vontade da pessoa para se curar. O corpo não tem capacidade de fabricar gordura, para que uma pessoa engorde, a gordura está entrando pela boca. Entretanto, Jojo ostenta sua obesidade como aceitação, como algo que pode ser motivo de orgulho. Repito: é uma doença. Ter um corpo nesse estado é nocivo. Não deve ser exaltado e sim combatido.

Mas o pior está por vir. Pior do que 300kg de peito pulando de um decote, pior do que uma viseira de strass fazendo esse penteado que vocês estão vendo, pior do que essa biju brega, é a Aliá cantando. “Que tiro foi esse?”. Olha, Jojo(talhão), no Rio de Janeiro, costuma ser um assalto, e não um arraso, mas tudo bem, tô sabendo que não é para levar ao pé da letra, assim como você também não deve levar a minha postagem ao pé da letra, né? Eu fiz meu dever de casa, fui pesquisar o sentido conotativo do tiro, afinal, pode ser que seja uma gíria do gueto que permeia a realidade deste pogo-ball cantante. Para minha surpresa, não é bem assim.

Em entrevista, esta enorme bola de boliche com decote diz, com todas as letras, que não conhecia gírias do mundo LGBT por isso pediu para seu produtor fabricar uma música para gays, com gírias gays. Seu produtor, por sua vez, foi consultar um amigo gay para escolher quais gírias colocaria na música. Ou seja, não é algo da realidade dessa Gordzilla de batom, é algo deliberadamente fabricado para soar modernão e LGBT. O tal “tiro” é usado para dizer que foi impactado por algo ou alguém. Combinado então: eu não me sinto ofendida por você brincar com tiro (mesmo já tendo perdido pessoas para a violência urbana) e você não se sente ofendida com as minhas brincadeiras.

O clipe segue. A cena corta para uma festa moderneeeenha, estilo inferninho, aquela que nenhum pai ou mãe gostaria de ver seu filho porém não pode admitir em voz alta, afinal, toda e qualquer crítica a uma minoria é um preconceito hoje em dia. Aparece Jojo Jamanta novamente, dançando com o pescocinho, provavelmente a única parte do seu corpo que ainda tem alguma mobilidade. Aí entramos em uma parte curiosa da letra: “samba, na cara das inimigas”. Merece uma análise. Tudo na brincadeira, claro.

Primeiro que Hippo JoJo não samba, caso contrário seu joelho explodiria . Segundo que, apesar de desfilar um discurso de empoderamento feminino, assim como tantas outras popozudas do funk (inclusive a original, Valescão), a sororidade acaba rapidamente quando querem se fazer de fodonas. Podem reparar, funk cantado por mulher geralmente prega a rivalidade entre mulheres. Que inimiga que você tem, filha? Japoneses que querem te caçar para fabricar batom? #ToDeBrinks

Existem sim pessoas que criticam, mas não por inimizade, e sim por discordar da campanha pró-obesidade. É como se surgisse uma cantora dizendo que não tem que escovar os dentes, que ela tem todo o direito a ficar com os dentes sujos e todas as meninas que são suas fãs também. Na verdade é pior, pois, ao contrário das cáries, obesidade mata. Imagina uma funkeira com os dentes todos podres, cheios de cárie, dizendo “sou linda asseeeeeem! Me aceito asseeeeem e vocês também tem que se aceitar!”. Não sou eu quem diz, é a OMS: obesidade é doença, quem prega aceitação de doença faz um desfavor social.

O clipe continua naquela vibe idiota de “chocar a família tradicional brasileira”, mostrando um trav… trans… um whatever de cabelo longo fazendo xixi de pé em um mictório. Deixa eu contar uma coisa para vocês: o que choca a família tradicional brasileira é o aumento de impostos, o preço do material escolar, a falta de médicos em hospitais. Fiquem gritando e achando que antagonizar com quem é diferente de vocês é a resposta, mas desde já aviso que não choca e de quebra não é inteligente, pois só gera mais polarização e mais rejeição e… adivinha quem está do lado mais fraco da corda?

Outro fato curioso: a frase “Que tiro foi esse, viado?” é repetida à exaustão. Sabemos que é brinks, né manas? Mas… o que aconteceria se um humorista que não se encaixa no mainstream ficasse fazendo música, piada ou comentários “banalizando” tiros? Ah… que show que seria… Parentes de vítimas de balas perdidas chamariam de falta de respeito, o populacho diria que não é humor, que é desnecessário, que é de péssimo gosto… Aí viria o Ministério Público reclamar de apologia ao crime, apologia à bala perdida, apologia à apologia… Mas quando este botijão de bosta trata de um tiro de forma leviana, é lindo, é artístico, é empoderado! Joinha. Brinca daí com esse termo que eu brinco daqui com outros termos e sai todo mundo feliz!

Agora entramos em um trecho da música que eu julgo ser impossível de compreender. Carioquês + língua presa é muita desgraça para um ser humano só. Juro, tentei escutar com atenção dezenas de vezes, não dá para entender. Pesquisei no Google, mas não é garantia, uma vez que as pessoas que escutam este tipo de música não são propriamente letradas. O que consta é: “quer causar a gente causa, quer sambar a gente pisa!”. Se não for isso, por favor, me corrijam. Não quero ser indelicada e brincar com a frase errada, consideração acima de tudo!

Supondo que a frase seja essa, bem, finalmente uma ameaça que realmente me assustou. “Quer sambar a gente pisa!”. Se Jojozilla pisar em mim, não sobra nada da minha pessoa, vou ficar prensada no chão, feito uma folha de papel. Nessas horas não vem o Ministério Público defender a família tradicional brasileira de ameaça de morte né? #Brinks. Ao que tudo indica, esse refrão sbrubles (ou seja, incompreensível) termina com “quem olha o nosso bonde pira”. Não discordo totalmente desta afirmação. Eu mesma, aqui do conforto do meu lar, estou com certa dificuldade em manter minha sanidade mental. Imagina quem vê ao vivo.

Neste ponto, Jojo Todão está com as pernas cada vez mais abertas no sofá. Não que seja possível ver alguma coisa, para isso seria necessário uma retroescavadeira, só me chama a atenção nesta cena ela estar usando um salto alto que não pode bancar. Se ficar de pé com esse salto ela abre um buraco no chão até a China. As obesonas fazem que se assumem, que tem orgulho de si mesmas mas dão esses exemplos de negação o tempo todo. Filhota, nem que esse salto fosse de Adamantium…

Voltamos ao refrão, só que agora Jojo Jubarte trocou de roupa: uma blusa camuflada e uma calça que, aparentemente, não sobreviveu intacta às desventuras de ser vestida neste pernil. Continua sentada. Bem… “sentada” é bondade minha, ela parece uma jaca madura caída da árvore. Vai ter que chamar a Defesa Civil para remover esta jovem do sofá. Sim, jovem. Não parece, mas a novilha tem apenas 20 anos. Samba na cara das inimigas de inveja, não é todo mundo que consegue essa façanha de parecer o dobro da idade que tem!

Após quase 3 longos e sofridos minutos de vídeo (e provavelmente de um guindaste), o Big Mac levanta. Vamos todos aplaudir este exemplo de superação, ela consegue ficar de pé por três segundos de seu clipe! Depois reaparece afundada no sofá, bebendo. #Saúde #Exemplo #Empoderada. Mais alguns segundo heroicos onde ela aparece sacudindo os peitos (tá explicada a grande quantidade de terremotos que tivemos ao longo da semana no planeta). Força, Guerreira! Obs: Não estou falando com Jojo e sim com sua patela.

Para fechar o combo “pobreza absoluta”, ela puxa um celular e tenta fazer uma selfie. Meu anjo, só via Google Earth, ok? Quando você se deixa chegar a um ponto em que tem que ser conduzido ao Jardim Zoológico para conseguir entrar em um tomógrafo originalmente destinado ao elefante, já que no de humanos você entala, é sinal de que dificilmente você vai caber em uma selfie.

Uma curiosidade pós-clipe, que vai te dar uma noção do grau de decadência do Rio de Janeiro: a música não apenas viralizou, como ainda se converteu em um Meme da vida real. Quando toca e a Tiranossaura grita “Que tiro foi esse, viado?”, as pessoas se jogam no chão, como se tivessem levado um tiro. Talvez seja medo de acusação de homofobia, afinal, só podem estra se recusando em repudio à palavra “viado”. #Brinks. Mas, novamente, se isso fosse uma iniciativa de comediante impopular, as críticas seriam severas: “Você acha engraçado brincar que está levando um tiro?” para baixo.

Em uma entrevista, perguntada se ela própria não pretende protagonizar este Meme, Jojo Gigante disse que sim, mas que está “esquematizando como vai ser”. Ok, começo a acreditar que de fato o fim do mundo será em abril deste ano, quando esta adiposa resolver se jogar no chão vai mudar a órbita do planeta. #PartiuErupçãoYellowstone #Brinks

Tem muita gente dizendo que esta vai ser a música do carnaval. Duvido, por motivos de: que trio elétrico comporta este Dumbo maquiado? Só se ela cantar do alto da ponte Rio-Niterói, e mesmo assim, corre o risco de desabar.

É isso, peço perdão pelas imagens que trouxemos às suas retinas. Guardem meus comentários em seus corações e lembrem-se destas palavras de amor quando forem expostos a este conteúdo. #Paz

Para dizer que é o maior número de piadas com gordo por segundo que você já viu, para dizer que Donald Trump ficaria constrangido com a minha grosseria ou ainda para dizer que minha postagem tá um arraso: sally@desfavor.com


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