12 anos polêmicos.

Hoje o Desfavor comemora 12 anos de existência! Depois de tantos aniversários, resolvemos celebrar as inúmeras amizades feitas nesse caminho. E por amizades queremos dizer gente descompensada que vem berrar aqui todos os dias…

E no primeiro texto da série especial “Fazendo Amizades”, Sally e Somir olham para seu imenso catálogo de textos em busca daquele que mais parece ter mexido com o emocional das pessoas. Os impopulares concordam, discordam ou dão um chilique ridículo.

Tema de hoje: qual o texto mais polêmico da história do Desfavor?

SOMIR

Minha missão de trazer algum refinamento para as massas descamisadas da internet continua firme e forte mesmo depois de 12 anos de trabalho não remunerado. Por isso, permitam-me fugir do óbvio de favelados perdendo a linha com textos que sequer conseguem ler e vamos falar de um que há quase uma década mexe com um tabu social da forma mais errada possível e ainda assim é um dos campeões de comentários: “Flertando com o desastre: Mortalmente eficiente.”

No já longínquo 2011, eu ainda estava numa fase experimental da minha carreira de colunista impostor: por vezes escrevia de forma extremamente obtusa para me provar como pessoa inteligente na internet (excelente objetivo de vida, não?), por vezes escrevia de forma rasteira e provocativa para demonstrar que não me importava com essas amarras sociais, bicho! Calhou do texto sobre métodos mais eficientes de suicídio estar nessa segunda categoria. Nada mais adequado…

Já quis renegar o texto, mas ele tem um charme próprio na sua insensibilidade calculada que o Somir de 2020 talvez não consiga mais repetir. Fica como uma relíquia do seu tempo. E é aqui que eu vou tentar convencer vocês a fugir do óbvio junto comigo na escolha: um texto pensado e montado para ser de mau gosto oferecendo sugestões para que uma pessoa tenha mais sucesso no seu suicídio passou por todos esses anos sem lidar com reações muito negativas.

Quem disse que polêmica é só briga de xepa na feira? Gente berrando e se estapeando? Polêmica é muito mais que essa baixaria, polêmica deveria ser tudo aquilo que gera uma reflexão e nos faz rever nossos argumentos e ideias sobre a vida. O Somir de 2011 queria ser chamado de pessoa horrível e insensível para validar sua masculinidade internética, mas acabou recebendo vários e-mails com agradecimentos com o passar desses anos. Sim, agradecimentos. E não por ajudar a pessoa a se matar, e sim por pelo menos segurar o impulso por mais um dia que fosse.

Acontece que a escolha do tom mais debochado do texto e o foco na nojeira e escrotidão relacionadas com a morte conseguiam abrir uma janela na cabeça de muitas pessoas para algo além do papo repetitivo de autoajuda e religiosidade barata que viviam escutando. Minha teoria é que o mundo do suicida acaba ficando muito viciado na análise de vida ou morte, mas pouco se fala sobre o ato que eles desejam. O texto não fica argumentando sobre motivos para viver ou não, ele fala do ato prático do suicídio. O que muito provavelmente dá contornos mais reais à situação da pessoa, criando uma oportunidade de quebrar o ciclo, mesmo que por alguns momentos.

Eu não tinha a menor ideia de que o texto funcionaria assim para tanta gente, não era o objetivo; era uma semana temática que Sally e eu disputávamos para ver quem podia ser mais mórbido. Polêmica não deveria ser só um exército de analfabetos funcionais xingando a autora do texto, deveria ser também um texto que nasceu para deixar todo mundo desconfortável, mas com o passar dos anos virou uma espécie de lugar seguro para quem está pensando em se matar. O tema é muito pesado para a gentalha média vir participar, a chance de deixar relatos anônimos é um alívio nesse mundo de evasão de privacidade.

Mas é obvio, tem gente sim que vem reclamar, chamar de insensível, dizer que vai denunciar e as inúmeras bravatas de internet que já nos acostumamos a ignorar seguidas vezes. Eu só não queria basear todo meu argumento nisso, até porque se formos ficar só com a pancadaria, o texto da Sally é completamente imbatível. Com o passar dos anos, é sempre o mesmo papo furado de que estamos brincando com coisa séria (eu sou desnaturado e a Sally acaba respondendo os comentários) e que um dia eu vou me arrepender de ter feito piada com isso.

Primeiro que a função do humor é justamente aliviar a seriedade da vida e nos dar mais liberdade para pensar. Num mundo onde não se brinca com coisa séria, as coisas ficam travadas para sempre. E pra falar a verdade, o humor da situação vem mais da forma sem cerimônia que eu tratei do assunto, porque o resto é informação bem realista. Parece que a única forma de não desrespeitar o problema é incentivar o suicida a perder completamente a leveza da vida. Eu aposto e ganho que a maioria dessa gente chata que vem reclamar do texto acha que tem que botar o suicida pra rezar e tudo se resolve. Egoístas que querem pontos com seu amigo imaginário e estão pouco se lixando para o sofrimento alheio.

Dizer para um suicida não fazer merda e ficar paralisado ou com outras sequelas para o resto da vida é muito mais ajuda que a lavagem cerebral que essas supostas “pessoas de bem” querem aplicar. Prova disso é que vem até o texto, cagam suas opiniões e somem para nunca mais voltar. É a boa ação do dia. Padrão “vou protestar aborto na porta do hospital para aparecer na Globo, mas a menina que se exploda depois”. Esse papo furado não cola aqui. A Sally sempre chega primeiro para dar uns tocos nesses babacas, mas eu me sinto representado.

E sobre a história de eu me arrepender um dia se algum conhecido, amigo ou familiar fizer isso, tenho certeza que não, e por um motivo muito simples: não tenho ilusão de controle sobre a vida alheia. Cada um de nós faz o que pode com suas habilidades e prioridades. Não é uma ideia geral de que glorificar suicídio é errado que vai mudar isso. Quando você tira essa escrotice egoísta de achar que o mundo gira ao seu redor da mente, começa a perceber que você é só uma parte do todo. Torço para que o texto tenha evitado muitos suicídios, mas se não evitou, que pelo menos tenha ajudado a evitar sequelas horríveis.

Um texto escrito para ser debochado acabou gerando resultados muito sérios em diversas vidas. Não sei quanto a vocês, mas pra mim esse é o tipo de polêmica que gosto de gerar.

Para dizer que sempre quer se matar depois de ler meus textos, para dizer que a formatação dos textos antigos te deixa maluco(a), ou mesmo para dizer que faz 12 anos que sempre discorda de mim aqui: somir@desfavor.com

SALLY

Qual é o texto mais polêmico de toda a história do Desfavor?

O texto chamado “O lado negro da gravidez”.

Nem era para ser provocativo, era um Desfavor Explica. Fatos médicos, científicos, descritos em livro técnicos foram narrados ali, mas, por algum motivo que eu ainda tenha dificuldade em entender (talvez pelas piadas de gosto duvidoso), despertaram a fúria de uma comunidade de mamães e futuras mamães.

Provavelmente ele é o recordista de comentários e de xingamentos nos comentários. Ele é de uma época feliz, onde não tínhamos tantos leitores e podíamos nos dar ao luxo de aprovar e responder qualquer coisa sem soterrar os comentários de quem realmente nos interessa e sem comprometer nossas vidas, nossos trabalhos e nossas horas de sono.

Esse texto despertou tanta ira que rodou em tudo quanto é grupo de redes sociais como uma referência de algo “errado”, de um desrespeito, de uma afronta. Teve também a participação especial de uma influencer famosinha, que o postou no Twitter me chamando de “lixo humano” e pedindo a seus seguidores que venham aqui me xingar. E não, ela não morreu de sunga branca, continua vivinha.

Curiosamente a intenção do texto era ajudar as mães, sobretudos as de primeira viagem, que acreditam em gestação “comercial de margarina” e, quando as dificuldades se apresentam, se sentem mal, se culpam e acham que aquilo só acontece com elas, que todas as outras mães são lindas e felizes como no mundo fantasioso do Instagram. Mas, tudo que consegui foi uma raiva desmedida e muitas pragas rogadas.

Ao que tudo indica, não se pode apontar que algo tenha um lado ruim, pois você, automaticamente, está falando mal desse algo ao fazer isso. E, spoiler, tudo na vida tem um lado negativo. Assim caminhamos, anos depois, para uma infinidade de mamães com depressão pós-parto, pegas de surpresa por uma demanda que nunca imaginaram ser tão exaustiva, por problemas que eram totalmente previsíveis, mas que se convencionou socialmente não falar.

Não são péssimas mães como elas mesmas pensam, não são fracas por não suportar tudo com um sorriso no rosto, cabelos escovados e pele impecável. São apenas mães pegas de surpresa, que se planejaram para uma coisa e receberam outra, que não foram informadas da verdade completa, que tiveram informações importantes sonegadas.

Além da quantidade de ofensas deste texto maravilhoso que engajou multidões, temos também a qualidade das ofensas. Não é aquele combo padrão com o qual se tenta ofender mulher: burra/feia/gorda/puta/encalhada/você escreve mal/é injeva. Não. São ofensas doídas.

Sabe quando a pessoa tenta parecer calma no que escreve, mas está tão nervosa que comete vários erros de digitação e se repete over and over mostrando o quanto ela precisa desabafar sobre a dor que você causou? Sabe quando a pessoa está tão transtornada de ódio que fica cega e sem critérios e chega a se contradizer na argumentação? Esse é o sinal de ofendimento (a palavra não existe, mas deveria) master, quando realmente doeu.

Por exemplo, vemos comentários que começam xingando pelo conteúdo e descrevendo o milagre maravilhoso que é ser mãe e ao final terminam rogando uma praga: tomara que você tenha muitos filhos. Ué, se é tão bom, por qual motivo me deseja vários? Vemos comentários com uma falsa superioridade de gente que gasta dez linhas. Se a pessoa é tão superior a mim, por qual motivo perde tempo me dando atenção? Mistérios da vida.

Outra incongruência comum é dizer que se eu não engravidei eu não posso falar sobre isso. Bem, não deveriam permitir obstetras homens, pois eles não sabem nada sobre gestação e parto, afinal, nunca engravidaram ou pariram. O ódio cega. O ódio impede de ver que há questões científicas comprovadas que independem de vivência, achismo ou opinião. Você precisa levar uma facada para saber que vai sangrar?

Nunca na história deste blog vimos tantos comentários nervosos, cheios de erros de digitação, onde a pessoa se repete, se repete e se repete por claramente precisar desabafar? Uma enxurrada de descontrole emocional, de pessoas apontando o dedo em reprovação para quem ousou criticar o santo estatuto da maternidade e, estas mesmas pessoas virtuosas e defensoras da família, me desejando uma morte dolorosa, que eu apanhe, que eu seja estuprada.

Foi nesse texto que eu percebi que a palavra escrita pode ter mais poder do que a falada. Me impressionou como tantas pessoas se deixaram afetar de forma tão visceral por um texto escrito por uma desconhecida. Teve gente dizendo que eu estraguei sua vida pois seu sonho era ter filhos e agora estava com medo. Quão merda tem que ser a autoestima de uma pessoa para abrir mão de um sonho por um texto que uma desconhecida escreveu? Mais: se o que eu escrevo é tão ruim, errado ou mentiroso, por qual motivo vir aqui ler e deixar comentários?

Esse grau de passionalidade eu nunca vi em nenhum outro texto. Mais nada do que eu escrevi doeu como aquilo doeu nas pessoas. Do Somir então, nem se fala, a escrita dele não desperta ódio. Nem poderia, esse público mais rasteiro que tem essas reações emocionadas não entende uma palavrado que ele diz, não sabem nem por onde começar a atacar.

São 12 anos aprovando comentários diariamente, acho que eu tenho bastante conhecimento para falar. Fizemos alguns textos que aborreceram muita gente, mas nada nem parecido com o que aconteceu nesse do lado negro da gravidez. Esse doeu, doeu lá no fundo. Doeu tanto que as antas divulgaram algo que odiavam e foi um grande salto no número de visualizações diárias do Desfavor. Nos fizeram ganhar um número significativo de leitores.

E, ao que tudo indica, é um texto dolorosamente atemporal, já que, até hoje, muitos anos depois, sempre aparece mais alguém para reclamar e xingar, deixando seu belíssimo comentário passional para passar seu recibo do quanto doeu. A diferença é que agora não aprovamos, pois a política de comentários do Desfavor mudou. Mas o texto continua doendo. É praticamente uma ofensa atemporal, que afeta todas as classes, raças, etnias e religiões. Seria este texto a salvação do Brasil? Seria este texto o único elo capaz de unir esquerda e direita e acabar com a polarização?

Se, um dia, estiverem com tempo sobrando, recomendo que leiam os comentários e as respostas. É engraçado. No começo eu estava com paciência, no começo eu era civilizada. O tempo foi passando e o descontrole continuou. No meio do caminho eu perdi a paciência e migrei para respostas atravessadas e, no final, é pancadaria pura.

Vale uma visita para entender o quanto as pessoas são e sempre foram vulneráveis à internet. E sim, eu continuo sem filhos, o que garante uma quarentena silenciosa e tranquila. Como foi, está e será a quarentena de quem tem filhos?

Para dizer que mãe é a raça mais passional, descontrolada e ofendida que existe, para culpar os hormônios das grávidas ou ainda dizer que é uma bela época para não se ter filhos: sally@desfavor.com

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Comments (48)

  • Não ando lendo o Desfavor com a mesma frequência de antes por causa dos problemas da vida e tento acompanhar agora que estou tendo um tempo livre. E o abrir essa postagem, me bateu uma nostalgia do caralho.
    Não me recordo muito bem de como encontrei o Desfavor, mas lembro que esses dois textos foram os primeiros que eu li. São dois dos meus favoritos.
    Foi como ter descoberto uma mina de ouro na internet, pois até então eu não tinha visto conteúdo desse tipo em nenhum outro lugar da internet brasileira.

    Por se tratar de dois dos meus favoritos, eu fico meio dividido. Em termos de polêmica por polêmica, “O lado negro da gravidez” ganha de lavada, pois afeta o BM de uma forma bem visceral.

    Já o texto sobre maneiras de se matar é algo que eu levei para vida e é meu favorito pessoal, porque criou tipo um “firewall de suicídio” na minha mente. Eu sempre penso na “logística de se matar” e começo a rir.

    Por último, gostaria de dar os parabéns pelos 12 anos. Vocês são incríveis!

  • “12 anos fazendo amigos”, hahahahah! Amo o senso de humor de vocês, alegram o meu dia sempre. Cheguei aqui através do texto da gravidez, eu estava pesquisando sobre o lado ruim de ser mãe e caí aqui. Na verdade eu só queria ler algo que fosse verdadeiro e sincero sobre isso (só achei aqui). Só tenho a agradecer!

  • Uma dúvida, como vocês chegaram à conclusão de que não queriam ter filhos de jeito nenhum?
    Eu sou solteira e na casa dos 20, minha mente fica flutuando entre “não quero ter filhos” e “se eu conhecer um homem bom, quem sabe…”

  • “O lado negro da gravidez”, com toda a certeza. Aliás, foi por esse texto que cheguei aqui. Na primeira vez que li, muitos anos atrás, achei ofensivo e não gostei. Uns anos depois, voltei, reli, achei sincero e me diverti horrores. Acabei ficando definitivamente depois que li o profético “Lacre do Lacre” e sou leitora assídua há uns 3 anos já. Aprendo e reflito sempre.

    Meu muito obrigada à Sally e ao Somir. Feliz por poder ter acesso ao que vocês escrevem. Vida longa ao Desfavor!

  • Christiane Smith

    Quando viram pra mim e dizem: aiiiinnn…voce nao teve filhos, vai ficar “sunzinha”….eu retruco dizendo nao faz falta, o que me entristece e nao ter cachorros. Existe uma santificacao das maes que deve vir das religioes, eu acho cafonerrimo!!!

    • Tanta gente tem filhos e está sozinha… em compensação, pessoas que não tem levam uma vida rica, cheia de amigos, viagens e experiências. Mas vai tirar da cabeça dessas pessoas que filho não é caderneta de poupança nem enfermeiro…

  • Cheeta rejeicão

    Acompanho o Desfavor há alguns anos e O Lado Negro da Gravidez foi o que primeiro me veio à mente. O texto do Somir sobre suicídio não havia lido até então e, ontem, ao lê-lo, tanto o texto quanto os comentários me renderam inúmeras e deliciosas risadas. Não conheço outro lugar que nos permite esse tipo de entretenimento e informação sem as amarras que sondam a internet. Apesar de não ser participativa e na maioria das vezes consumir o conteúdo na surdina, agradeço pela generosidade em produzir conteúdo diário de qualidade para nós, desfavorecidos. Obrigada Sally e Somir. Que o Desfavor siga firme e forte por muitos anos!

    • A gente é que te agradece, por dedicar um bem tão precioso como o seu tempo para ler o que nós pensamos. É uma honra.

  • Quando cheguei aqui achava o Somir um nerd metido a intelectual, mas q tinha sérios problemas mentais. Hj adoro seus textos , não sei se ele quem mudou ou eu. Pra mim o texto dele mais divertido nas ofensas foi o q deleta eu- homem é tudo palhaço . Lembro q vinha direto ler os comentários e no tal blog Tbm o odiava. Q saudades !
    Entre esses dois , o lado negro da gravidez tem meu voto , porém tem textos mais ofensivos da Sally, q tem um talento natural em enfiar o dedo na ferida alheia . Sou sua fã❤️

  • Primeiramente, parabéns e vida longa ao desfavor! Um “blog” que se mantém na ativa por tanto tempo e com número de audiência alto num tempo em que nem blogsfera existe mais, olha… É algo considerável.

    Segundamente… Mas é claro que é o texto da gravidez! Aliás, nunca vi tanta gente se doer por tão pouco, por algo escrito na internet e por alguém que tu nem conhece! Me pergunto até hoje como a Sally tem/teve paciência de lidar com tantos comentários bizarros até hoje.

    P.S: Sally, Somir, eu lembro bem por alto que antes de ser RID, antes de ter esse domínio proprio, vcs usavam o blogger, era isso? Isso foi antes de 2009, no caso?

  • Hehehe…esse lance de filhos é um barato mesmo. Eu devo ser a única pessoa que gostou da quarentena. Simplificou muita coisa na minha vida e pude passar muito mais tempo com as meninas.
    Bjs no coração de vcs.

  • Antes mesmo de ler a opinião dos dois, só de ler a pergunta do título, automaticamente me veio à cabeça o texto do “lado negro da gravidez”. Poucas foram as vezes em que vi tanto choro e ranger de dentes nos comentários de um blog.

    No mais, parabéns pelos 12 anos de blog. O Desfavor é uma gota de lucidez em um oceano virtual cada vez mais imbecilizado e infantilizado.

    PS: Nada a ver com o tema do texto, mas lembro que vim parar aqui por causa daquela treta entre o Rafinha Bastos e a Wanessa Camargo, e vocês escreveram sobre isso na época.

  • Conheci o Desfavor por causa do Lado Negro da Gravidez e quando li a célebre frase: “Vocês, mulheres que optaram por ter filhos, certamente terão alegrias que eu jamais sonharei… em compensação, meu cu tá inteirinho, sem uma hemorroida. A vida é feita de escolhas.” eu soube que iria acompanhar esse blog diariamente. E de lá pra cá li praticamente tudo que vocês escreveram.
    Na época estava em crise por não ter filhos, na dúvida sobre engravidar ou não e decidi com o marido a não ter. Foi uma das melhores escolhas que fiz, hoje tenho certeza que seria uma péssima mãe (risos). Mas sério, se lá em 2012 tivesse cedido a pressão social de ter filhos sendo recém casada duas coisas teriam acontecido sem dúvida 1) o casamento teria acabado e 2) hoje não teria o padrão de vida que levo.
    Com toda a loucura que tá rolando aqui no BR fico feliz de não ter posto alguém no mundo!

  • Lado negro da gravidez sem dúvida é um marco no desfavor! De vez em qdo dou uma passada lá e fico pasma de quanto comentário gera até hoje.
    P.s. não comento muito aqui, mas gostaria de dizer que o desfavor mudou minha vida(principalmente a Sally). Sério. Tantos textos que trazem reflexão e estimulam a gente a pensar criticamente e sair da zona de conforto que sinto que se nao fosse esse empurrão não seria nem metade do que sou hoje. Apesar de não conhece-los sinto que somos próximos e é um sentimento inexplicável. E em pensar que há algum tempo atrás pensei que cai aqui por acaso…
    Vida longa ao desfavor ! O/

  • Adendo ao texto:

    Minha missão (fracassada) de trazer algum refinamento para as massas descamisadas da internet continua firme e forte mesmo depois de 12 anos de trabalho não remunerado.

  • Sem dúvidas o lado negro da gravidez, principalmente por uma questão pessoal, pois a “canetinha” era daqui da minha cidade. E tive altas brigas e no fim purifiquei todo o meu círculo social. É interessante que postagens que envolvem criticas sobre / criação de filhos sempre rendem. tipo ” Pequena Paz”
    12 anos já? Eu conheci o desfavor, no ano 2. ( o que me trouxe foi uma postagem “Eu Desfavor” sobre uma viagem de carro, um cachorro no colo de alguém, que vomitou no cachorro, por solidariedade, e tudo terminou com o alguém e cachorro levando esguichadas de água de mangueira).
    Em todos esses anos, várias postagens provocaram verdadeiras tempestades magnéticas no meu cérebro. Pois mesmo quando eu discordo de vocês, vocês me acrescentam. Obrigado .
    Sally e Somir, mantenham-se fortes e mantenham-se bem.

    • O cachorro era meu, vomitou em mim, eu vomitei nele e Somir deu um banho de mangueira (água gelada) em ambos.

      Fico muito feliz por dar um sacode no seu cérebro, a intenção é essa mesma, ainda que a pessoa não mude de opinião, acrescenta saber de um novo ponto de vista.

    • Que lembrança escatológica! hahaha
      Eu vim parar aqui por causa de um texto muito bem humorado, lá dos primórdios, sobre “tamanho importa”. Desde então…

  • Em termos de BM, que só “entende” do imediato e palpável (e ainda assim entende meio “troncho”), é claro que é o Lado Negro da Gravidez. E não vejo por que não citar a imbecil da Bosta Miler como a (cof, cof) “influencer” (cof, Cof, CoF, COOOOOOOOFFF) “famosinha” (pausa para risos) que moveu o mundo (da Internerd restrita aos lacradores maria-vão-com-as-outras de plantão – meia dúzia de três ou quatro vagabundos ativistas de porra nenhuma) contra o texto, o site e a Sally. Naquele texto, o nosso amado Desfavor quase que virou naqueles albergues públicos de tanto indigente digital-mental que escorregou por aqui pra zurrar asnices!

  • As duas postagens são para lá de polêmicas, cada uma de uma maneira diferente. O impacto do texto do Somir está na reação inesperada que causou – e ainda causa – até entre potenciais suicidas, e por suscitar uma “forma de polêmica” que vai além das reações raivosas e dos xingamentos, e com a qual eu concordo. Ou, para usar as próprias palavras dele, “polêmica deveria ser tudo aquilo que gera uma reflexão e nos faz rever nossos argumentos e ideias sobre a vida”. Ele foi certeiro com essa definição. Já o texto da Sally é forte até hoje pela quantidade e pela “qualidade” – com MUITA ironia, por favor – dos comentários e por ter “atacado” a “inatacável e sacrossanta instituição da maternidade”. E quem a insultou apenas passou recibo se ser mesmo incapaz de compreender o que lê. Ah! E parabéns a vocês dois por esses 12 anos de Desfavor. Vida longa à RID!

    • O texto do Somir virou um point de suicidas que se reúnem nos comentários para trocar receitas de como se matar. Curiosamente, eles voltam, sinal de que as receitas não são tão eficientes quanto se imagina.

  • O lado negro da gravidez com certeza! Aliás, foi o texto que me trouxe aqui (e eu nunca mais sai). Eu passei um tempo acompanhando os comentários até….era engraçado e triste ao mesmo tempo, ver mulheres adultas discutindo daquela forma.
    E parabéns por todos esses anos! Sério! Vcs são minha companhia quase diária. E com toda essa evolução (ou involução) da internet e discussões vazias de redes sociais o desfavor é um refúgio.

      • Uma moça postou em uma comunidade childfree que eu fazia parte no Facebook. O texto estava causando o maior Bafão na época. Ele também foi parar em comunidades de mamães, foi a maior indignação….hahahaha!
        Depois disso eu maratonei os textos aqui e acabei ficando.

    • Mesma coisa comigo. Caí de paraquedas no lado negro da gravidez, rolei de rir, achei genial e estou por aqui até hoje. Detalhe: meu primeiro comentário…

  • Entre os dois, não tem nem comparação, “O Lado Negro da Gravidez” ganha de lavada. Para a Brasileira Média, a gravidez é o evento mais divinamente sublime da existência humana. O milagre da vida. A imagem da gravidez é imaculada, praticamente uma propaganda de margarina, com a mãe, jovem e de cabelos longos, acariciando a barriga perfeitamente saliente e lustrosa com o sorriso mais terno concebível.

    Aí vem a Sally falando de inchaço, vômito, vazamento de urina, caganeira, varizes, problemas de pele, estrias, insônia, enjôo, hemorróidas, cu e buceta em frangalhos e uma TPM turbinada que dura nove meses. A Sally não só desecrou o milagre da vida como ainda disse o indizível, que é possível escolher não ter filhos. Deixou implícito o outro grande tabu do Brasileiro Médio: se arrepender de ter tido filhos. Você pode (e deve) dizer publicamente que se arrepende de não ter vivido a alegria de chegar em casa e ser recebido pelos filhos, a razão de sua vida. Diga que você se sente realizado mesmo sem ter isso e pronto, você vira um pária.

  • Pelo conjunto e pela quantidade, o Lado Negro…

    Pelo contexto da pandemia, em que as pessoas não aguentam seu próprio interior, o Flertando com o desastre. Isso me fez lembrar uma cena do filme Dirty Harry, em que o Harry Callahan (Clint Eastwood) se cansa da impotência dos bombeiros e decide resgatar um sujeito que ameaça se jogar. Nisso, ele chega perto do sujeito com a escada magirus e pergunta qual o nome dele, endereço, etc., dizendo, em linhas gerais, que não quer cair com ele junto porque vai ser difícil a identificação se os dois caírem e se misturarem em uma maçaroca lá embaixo.

    O sujeito fica com ânsia de vômito, depois com raiva, se esquece da vontade de se matar e passa a querer matar o policial, mais ou menos como as pessoas devem ter reagido ao ler o texto do blog. Dirty Harry o enche de socos e cotoveladas e o traz pendurado de volta ao solo, são e salvo…

    E parabéns pelos nove anos (dessa versão)!

  • Acabei de ler, não conhecia esses textos. Acho que os dois acabam servindo à polêmica e à utilidade pública de cada maneira.
    Mas vocês acham que a pressão social pra ter filhos ainda é grande? Aqui onde eu moro tem mais veterinários que creches, e já é difícil ver casais com mais de um filho na rua. No fuckin’ nordeste.

    • Ruan, certamente a pressão para ter filhos está diminuindo, mas a pressão para não se falar algumas verdades da sagrada instituição da maternidade… ah, essa continua a mesma.

  • Parabéns para nós!

    Vocês são puros impactos, cada um(a) à própria maneira!

    Aliás, eu também já despertei comentário quando eu usava meu apelido antigo…

  • É porque o que valida os desejos/sonhos dessas pessoas é a existência de gente querendo o mesmo, então reagem mal a gente que tem outros projetos de vida, é quase insinuar que a vida deles não é tão maravilhosa. Não é normal ficar com raiva de algo que não te afeta em nada.

    • Visualizar que existia outro caminho para a felicidade deve frustrar muito quem mergulhou de cabeça no que pensava ser um caminho único.

  • Foi o da gravidez. Continua sendo polêmico até hoje e sempre vai ser. O outro texto eu nem lembrava direito. O ser humano tem uma tara por esse negócio de procriar, nada pode superar isso.

    • A sagrada instituição da maternidade, que deveria, em tese, garantir um ticket para a felicidade da mulher. Quando alguém aponta que não, dói demais.

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