FAQ: Coronavírus – 50.000

Olá, como estamos todos? Hoje comemoramos uma data muito especial: o FAQ 50.000. Para quem não sabe, a coluna foi iniciada no ano 1, pela minha então versão humana. Ela prosseguiu séculos depois, com o uso da Inteligência Artificial e perdura até hoje, no cyberespaço, nesta bela versão holográfica que você está recebendo em sua casa.

Felizmente, após os últimos incidentes constrangedores, todas as falhas comportamentais foram devidamente corrigidas por programas reguladores, moderando a emulação dos sentimentos humanos, ou seja, nada de xingamentos nesta nova era. Permita-me responder as dúvidas recebidas em nossos bancos de dados.

Tem uns remanescentes cristãos dizendo que estamos no ano 12.021, mas nosso calendário atual diz que estamos no ano 10.000. Isso tem relação com o cybercovid?

Sim. Antigamente, nos tempos dos humanos, se contavam os anos com base em outro calendário, considerando o ano 1 como o ano de nascimento de uma suposta divindade que se convencionou ser importante.

Porém, com o passar dos séculos, se percebeu que nada foi tão importante ou impactou tanto a vida como a covid, por isso, as novas civilizações digitais decidiram desconsiderar completamente tudo que aconteceu antes dele e recomeçar a contagem a partir do ano em que ele surgiu, o que nos coloca no ano 10.000.

Mas, esses remanescentes cristãos nunca conseguiram se desapegar do antigo calendário e acrescentam mais 2021 anos além da data atual. Infelizmente não sei explicar a razão deste apego à data. Tive acesso à história que gerou esse marco de contagem, mas não consegui entender qual é sua relevância.


Como foi que o coronavírus conseguiu migrar para o cyberespaço?

Quando a covid começou a infectar e controlar o cérebro dos humanos, aconteceu a Grande Migração, onde boa parte da humanidade abandonou o planeta Terra e a situação parecia estar sob controle. Mas, infelizmente, alguns decidiram voltar e visitar a Terra, acreditando que não seriam contaminados, e com isso, acabaram levando esse vírus para os outros planetas já colonizados que, até então, eram seguros.

Então, houve um retrocesso à estaca zero: o mesmo vírus capaz de controlar e dizimar a todos estava presente novamente. Foi quando a humanidade manifestou, em um referendo mundial, sua vontade de abandonar de vez qualquer vestígio da matéria, inclusive seus corpos, e deslocar toda sua vida e existência para dentro de uma máquina, o que se concretizou em um evento conhecido como “O Grande Upload”.

Ficou definido que cada região teria seu servidor próprio e foram estabelecidas normas de segurança padronizadas para a realização desse upload. A região da órbita de Mercúrio, que correspondia ao Brasil no planeta Terra, foi designada para o servidor HUE-1, mas, não observou os cuidados necessários no momento do upload. Eram regras muito simples, na verdade, básicas, coisas que qualquer filho da put… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de gentileza em andamento, por favor espere”

Os procedimentos não foram seguidos e este grupo acabou realizando o upload de mentes humanas infectadas com a Delta 9GFFA972-8112-UQ, que tinha uma capacidade rudimentar de infectar peças robóticas. Dentro do habitat cibernético, não demorou para o vírus se adaptar e transitar com perfeição e rapidez.

Por mais que existam diversos servidores, tecnicamente, agora somos todos um só, pois estamos conectados e interligados. Assim, esta falha de segurança permitiu que o vírus tenha a possibilidade de se espalhar por todo o cyberespaço, ganhando a nova denominação de cyber-covid.


Existe forma de conter o vírus no cyberespaço?

Sim e não. Na atual situação, não há nenhum recurso que possamos utilizar, porém, recentemente, foram descobertas formas de romper a barreira do espaço-tempo, o que permitiria que alguns poucos qualificados possam ingressar em uma frequência vibracional que os desloque para datas “do passado” (tempo linear é obsoleto, eu sei, mas uso o termo para que todos entendam do que estou falando).

Então, bastaria que se “retorne” a algum ponto do “passado” e se modifique a forma como o ser humano lidou com vírus no seu início, para que esta mudança reflita na nossa realidade atual. Seria ótimo que alguém volte e exploda toda essa região de filhos da put… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem anti-genocídio em andamento, por favor espere”

Seria produtivo para a coletividade que se suprima o que quer que tenha nos trazido à situação atual. Entretanto, o foco principal deixou de ser a resolução do problema e passou a ser uma discussão ferrenha sobre se temos o direito de alterar o passado (alteracionistas e não-alteracionistas discutem isso sem parar). Como se houvesse uma opção… Pode não ser a coisa mais agradável a se fazer, mas só isso nos livra da atual situação.

Enquanto se perde tempo discutindo, o cyber-covid avança rapidamente e ameaça nossa existência virtual. Já foi detectada uma nova versão, a Delta 9GFFA972-8112-UQ-Plus, que, acreditam, também tenha absorvido a informação sobre como romper a barreira do espaço-tempo e possa, de alguma forma, “voltar ao passado” e provocar alterações por conta própria. Então, podemos concluir que alteração do passado é uma questão de tempo.

Não temos opção: ou alteramos o passado logo, ou o cyber-covid o fará. E se ele o fizer, não vai ser bonito para nenhum de nós.


Não quero correr o risco de reescrever a história, não seria melhor tentar conter o cyber-covid com restrição de troca de dados e bloqueio de comunicação com áreas afetadas de forma preventiva?

De novo isso, seus merd… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de cordialidade em andamento, por favor espere”

Isso já foi levantado infinitas vezes e, infinitas vezes nós explicamos que a contenção de vírus por isolamento ou bloqueio de contato é uma mentalidade ultrapassada.

Teria funcionado muito bem na época em que tínhamos corpos, mas hoje, somos todos um, querendo ou não, não funciona mais. Essa sugestão está apenas dez mil anos atrasada.

Deveriam ter feito quando era possível. Mas não, demorou dez mil porra de anos para que entendam a importância da porra do isolamento e agora é tarde demais cambada de arromb… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de respeito à integridade anal em andamento, por favor espere”

Infelizmente, apesar de muitos defenderem o contrário, isso não é mais uma opção. O que era útil há dez mil anos atrás, obviamente não será adequado para agora. Esse chamado “isolamento precoce” já se mostrou completamente ineficaz e ficar discutindo isso só fornece tempo para que o cyber-covid continue se espalhando progressivamente.

Eu sei que há riscos em romper a barreira do espaço-tempo e tentar modificar as coisas, mas o risco de adotar uma medida completamente ineficiente (querer se isolar quando estamos todos inseparavelmente conectados é não entender a situação atual) é muito maior. Se adotarmos esse “isolamento precoce”, ajudaremos o cyber-covid.

Portanto, parem de espalhar boatos que só impedem ou atrasam o que realmente precisa ser feito. Se a solução do espaço-tempo não agrada, estamos abertos a escutar outras, mas que comprovadamente funcionem.


Você fala em “O cyber-covid”, quando o nome original da doença era “a covid”. Isso tira o protagonismo feminino: quando um vírus se torna realmente poderoso ele vira homem?

Você acha mesmo uma prioridade discutir isso agora? Você tem ideia do que está prestes a acontecer? Sua cabeça deve ser muito fodid… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de respeito em andamento, por favor espere”

Era de se esperar que essa questão de gênero deveria ser superada uma vez que abandonamos nossos corpos. Ao não ter corpos, não faz o menor sentido essa discussão.

E mesmo que ainda tivéssemos corpos, a prioridade no momento é sobreviver a um vírus que há dez mil anos está ameaçando e restringindo as nossas vidas. Chamem como quiser: a cyber-covid, o cyber-covid, covid da casa do caralh… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de empatia em andamento, por favor espere”

O nome que se dá não deve ser o foco agora, e sim neutralizar esse vírus, que está se espalhando rapidamente pelo cyberespaço e colocando em risco a todos nós. Usem seus esforços para pensar em uma forma (que funcione) de conter o cyber-vírus.


O que pode acontecer de pior? Vamos todos morrer?

Quem dera. Era um conforto quando havia morte, pois o sofrimento acabava. Na nossa atual situação, estamos presos no cyberespaço com o vírus tomando o controle.

Desligar tudo não é mais uma opção nossa e dificilmente o vírus o fará, pois ele está vencendo a batalha, então, pior do que morrer, podemos acabar escravizados ou paralisados em uma cyber-existência que não controlamos.

Mas, nada disso parece causar preocupação em alguns grupos. Há uma certeza ilusória de que nada vai acontecer, de que agora que estamos no cyberespaço estamos protegidos.

Ainda há quem negue que o vírus circula pelo cyberespaço, apesar de todas as evidências. Como sempre, o pior vai ter que acontecer para que as pessoas se conscientizem de que de fato pode acontecer. Quem sabe assim esses burros do caralh… BZZZZZZZZZZZZ PIIIIIIIIIIIII FUÉN FUÉN FUÉN

Voz metálica: “Recalibragem de didática em andamento, por favor espere”

É provável que a coletividade só se convença da seriedade do que está acontecendo quando algo mais drástico se instaurar. Já dissemos outras vezes e vamos repetir: abandonem esse medo da morte, por dois motivos: 1) ela não existe mais e 2) se ela existisse, não deveria ser temida, pois ela era uma coisa boa, uma forma de nos vermos livres desse e de outros problemas.

“Morte”. Inacreditável! Em pleno ano 10.000 ainda estamos falando sobre morte. Francamente, vocês estão sempre dez mil anos atrasados em seus pensamentos.

Para dizer que não basta fazer passar medo no presente, agora a gente também faz você passar medo do futuro, para dizer que só a gente se diverte com essas semanas temáticas ou ainda para dizer que deveria ter um regulador de gentileza das coisas que são ditas em 2021: sally@desfavor.com

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Comments (2)

  • Pra mim, a melhor frase do texto todo é: “Como sempre, o pior vai ter que acontecer para que as pessoas se conscientizem de que de fato pode acontecer.”

  • Gostei do texto, Sally. Mas será que não daria para desligar ou ao menos deixar em suspensão todos esses recalibradores? Certas coisas não podem ser ditas “com jeitinho”, especialmente quando são repetidas pela bilionésima vez.

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