InconsCiência

Ao mesmo tempo que corta o orçamento para a Ciência, o governo dificulta universidades públicas de captarem financiamento para pesquisa e trabalha para tirar recursos do pré-sal que atualmente vão para as instituições. Com isso, projetos importantes, como estudos sobre a Amazônia, não sabem como chegarão ao fim do ano e áreas estratégicas poderão ficar sem dinheiro do principal fundo de financiamento à pesquisa do país, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). LINK


O Brasil vive tantas crises que foi difícil escolher uma notícia só. Essa ajuda a demonstrar como nem futuro estamos tentando ter. Desfavor da Semana.

SALLY

Esta semana coletamos uma série de notícias desanimadoras sobre o Brasil. Mas, por incrível que pareça, elas nem são o grande desfavor da semana, e sim a forma como o brasileiro está reagindo a elas.

O pot-pourri de desfavores é enorme: corte obsceno na ciência, enquanto jorra verba para político e igreja. Inflação saindo do controle, a ponto de ter azeite com alarme em mercado. Um em cada quatro brasileiros não tem comida na mesa, tem pessoas cometendo crimes para ir para a cadeia para ter o que comer, jovens indo para o exército para ter o que comer.

Dengue já fez o dobro de vítimas do ano passado. Em média, duas crianças com menos de cinco anos morrem por dia no Brasil de covid, e já existe vacina para elas, mas o país não aplica. Brasil é líder mundial em taxas de homicídio, à frente inclusive de países em guerra ou em guerra civil. Violência policial choca todo dia, toda semana, todo mês.

Um terço dos brasileiros está literalmente adoecendo por tudo que passam em seu ambiente de trabalho, também, pudera, o Brasil está na lista dos dez países que mais violam direitos trabalhistas. Quem não tem trabalho passa necessidade e quem tem, muitas vezes acaba adoecendo por isso.

Um terço de todas as armas particulares que existem no país estão irregulares e fora do controle da polícia federal. O Brasil registra uma média de 200 pessoas desaparecidas por dia. O país ainda tem uma média de sete estupros por hora, onde a maioria das vítimas tem menos de 14 anos. Três mulheres morrem por dia vítimas de feminicídio. E isso são apenas os números oficiais, provavelmente é o dobro se somarmos aqueles casos que nunca chegam a ser investigados ou tem condenação.

O brasileiro não entende o básico do básico de saúde, é um povo de higiene precária que precisa de campanha pedindo para lavar o pinto pois lidera os casos mundiais de câncer de pênis, algo que se previne com água e sabão. Não estão tomando todas as vacinas que têm que tomar, e eu nem me refiro à covid, estou falando de vacinas básicas como pólio e HPV. Doenças que antes eram incomuns ou quase inexistentes, estão voltando. Doenças que poderiam não matar, estão matando.

E isso, meus amigos, é apenas uma rápida pincelada de algumas das muitas barbaridades que vem acontecendo no país. Se você tiver a paciência insana de ler os “A Semana Desfavor” dos últimos anos, verá que tem muito, mas muito mais. O panorama atual do país é trágico. E países com esse cenário não melhoram em questão de anos. SE, e eu disse SE todos colaborarem para uma melhora, ela vai demandar, no mínimo, décadas. Provavelmente séculos.

No entanto, o brasileiro não parece entender isso. Parece existir uma esperança quase infantil, mística ou religiosa de que vai chegar alguém e vai resolver o problema. Parece que as pessoas pensam que existe “algo que precisa ser feito certo”, como apertar um botão, que pode ser rapidamente executado e mudar a realidade para melhor.

Eu chego a sentir dó de pessoas que falam como se fossem viver para ver o Brasil melhorando. Nem seus netos verão isso. Há uma completa falta de compreensão dos tempos que processos históricos levam. Ficar no Brasil é aceitar que, até o dia da sua morte, o país vai ser uma desgraça. Quem quer viver até o final da vida em um país injusto, violento, bagunçado, ignorante e vergonhoso?

Mas, é mais fácil para o brasileiro encontrar um culpado. O culpado da vez é Bolsonaro, tudo de ruim que acontece e que venha a acontecer pelos próximos anos é culpa dele, como se antes o Brasil fosse uma maravilha. Ninguém nega que a coisa piorou e que Bolsonaro contribuiu para isso, mas acreditar que um novo Presidente, em 4 ou 8 anos vai poder reverter a situação do Brasil… é muita insanidade ou muita ignorância.

E o mais curioso é o que significa, na mente coletiva brasileira, melhorar o país: melhora financeira. Como são medíocres… Os mesmos que detonam a Argentina por ser “um país em crise” (o Brasil tá ótimo, uma em cada quatro pessoas não tem o que comer!). Que bosta se tudo que um país tiver a oferecer for a economia. Mas que pouca ambição que vocês têm!

Sim, a economia é um fator, mas ela não diz tudo sobre um país. Assim como as finanças de uma pessoa não dizem tudo sobre ela. Você escolheria um marido/esposa somente com base nas finanças? (o pior é que no Brasil, muitas vezes essa resposta é “sim”), ou observaria a educação, a ética, a inteligência e muitos outros fatores na pessoa? Pois bem, em um país vale o mesmo. Uma economia ruim se recupera, um povo bunda, porco, malandro, burro e desonesto é muito mais difícil.

Argentina está em crise? Certamente, desde 1940. Mas as pessoas são muito mais educadas, a faculdade é gratuita e é alto nível, há mais cultura, há mais civilidade, há mais valores… ao menos entre os argentinos. Então, é muito triste ver brasileiro achando que o Brasil é superior à Argentina pelo mero fato de que o Brasil está em uma crise menor do que a Argentina.

É hora de vocês olharem para o país de vocês como um todo e de parar de almejar uma economia melhor. Não adianta nada ser bosta, macaquito do mundo, referência de vergonha internacional, passar o diabo no seu dia a dia pelo tanto de gente desonesta e mal-educada com que tem que conviver, mas ter uma economia aceitável.

Inclusive, são coisas que estão interligadas: um país onde as condições de trabalho são tenebrosas, onde a ciência e tecnologia são desprezadas, onde o ser humano é tratado como lixo, nunca será uma potência. Pode ter até dinheiro, mas sempre será um shithole.

A economia não vai ficar maravilhosa sozinha, enquanto todo o resto não funcionar bem, o Brasil vai continuar sendo esse shithole que é. Sim, existem países pobres habitáveis e existem países shithole, que mesmo que sejam ricos, são inabitáveis, pela qualidade das pessoas que residem nele. Parem de ranquear país de acordo com a economia, é medíocre demais. Queiram melhorar na base, que o resto vem como consequência. Queiram, além e ter uma boa economia, ter um bom povo, uma boa cultura, uma boa educação, uma boa ciência, uma boa sociedade, saudável e civilizada.

Então, o grande desfavor da semana é que o brasileiro parece não ter a dimensão do quanto o país está fodido nos mais diferentes (e importantes!) aspectos (só percebe na economia) e não consegue compreender que é preciso melhorar tudo para reerguer o país (inclusive para reerguer a economia). Parem de se distrair com questões risíveis como gênero neutro enquanto 1 em cada 4 pessoas não tem o que comer e metade do país não tem esgoto!

Parem de ter esse orgulho merda e vergonhoso de um país que barbariza o cidadão, maltrata o trabalhador, é corrupto e só passa vergonha. Tá tudo uma merda e o primeiro passo para tentar melhorar é admitir que está tudo uma merda em vez de relativizar a merda ou ter esperanças de que alguém a reverta. Parem de repetir que “tá tudo caro”, não é só isso, tem coisa mais grave, essencial, estrutural acontecendo.

Parem de pensar que só político ou poderoso tem o poder de fazer algo para melhorar a situação. Parem de pautar sua conduta na dos outros (“se todo mundo faz eu vou fazer”) e, mais importante de tudo: entendam de uma vez por todas que, para que o país melhores, você só pode contribuir de uma forma: FAZ O SEU.

Há anos eu bato nessa tecla: faz o seu. “Ah mas fulano…”. FAZ O SEU. Tira o foco dos outros, sejam eles políticos, famosos, vizinhos ou seguidores de redes sociais. Faz o seu, essa é a sua melhor contribuição. “Ah mas o Bolsonaro…” FAZ O SEU, FILHO DA PUTA! Esquece o resto, faz o seu. Foca em como você pode melhorar, sair do vitimismo, conquistar seus objetivos, ter uma mente e corpo saudáveis e como você pode contribuir para o país e o mundo, sem se importar, citar ou ficar acompanhando os outros!

Mas não. Continua todo mundo focado em apontar o dedo para um, para o outro, para famoso, para família, para político… O pior porco é o que está chafurdando na merda e nem percebe onde está, e aponta para o porco do lado com ar superior e ri.

“Mas Sally, eu não quero viver em um país assim que vai demorar séculos para melhorar, se eu nem vou estar vivo para ver. Qual é a solução?”. A que eu adotei: o aeroporto. Vai. Vai embora que é o melhor que você faz. Não pode agora? Beleza, se planeja, monta um cronograma para não protelar, e sai em alguns anos. Não quer sair? Então, por gentileza, esquece os erros alheios e faz o seu. É a única chance desse shithole melhorar, em um futuro distante.

Para dizer que se filtrar direitinho, o Brasil é o Desfavor da Semana de 90% dos sábados, para dizer que estou com inveja do país ou ainda para dizer que só perdoa este texto pelos bebês Ei Você de quinta: sally@desfavor.com

SOMIR

Depois desse tour pelas mazelas aceitas pelo brasileiro como se fossem inevitáveis, vamos pensar no que esse povo parece nem pensar. Nós entendemos que fome tem prioridade sobre desenvolvimento científico, mas não é nem isso que o Brasil faz quando está diante de uma crise. Temos um sistema político descolado das necessidades do povo, que por vezes faz alguma coisa para ajudar em crises, mas nunca o faz com o objetivo de realmente melhorar a situação do brasileiro.

E isso nem precisa estar diretamente relacionado com o conceito de maldade. Não acho que todos os políticos estão pensando em formas de piorar a vida das pessoas para terem mais vantagens pessoais. Eu acho que piorar a vida das pessoas para terem mais vantagens pessoais é uma consequência tolerável para eles. Tem diferença: em todos os países ditos desenvolvidos existem políticos corruptos e esquemas que ferem os interesses públicos, mas existem linhas mais próximas de quanto eles podem fazer antes de enfrentar a fúria das instituições de controle ou do povo.

A linha no Brasil está muito, muito longe. O povo só se mexe mesmo quando a crise está tão violenta que começa a faltar comida no prato. O brasileiro só reclama do leão depois que ele o morde. Isso é um problema generalizado de falta de visão de médio prazo mesmo. Nem precisa ser longo, o brasileiro foi criado para só berrar quando estiver sendo dilacerado pelo predador. Se você conhece gente de outros países de muita desigualdade e pobreza, sabe que as coisas vão mal em muitos outros lugares do mundo, mas cada povo tem suas peculiaridades.

Brasileiros, argentinos, indianos, chineses, indonésios, sul-africanos… todos esses povos podem reclamar de coisas muito parecidas na sua vida causadas por países cheios de gente pobre mesmo tendo muito potencial para melhorar, mas em cada lugar há algo levemente diferente empurrando esses problemas para frente. O que a gente nota aqui no Brasil é que a causa principal é uma das mais nefastas: a certeza da impunidade.

Explico: é a ilusão que somos o país do futuro e que a solução está ali na esquina. Que dá para negociar com ideias básicas de estabilidade social porque temos tanta riqueza, mas tanta riqueza, que no final das contas nem vai ter feito tanta diferença assim. Quando esse país começar a dar certo, todos os pecados do passado vão ficar pequenos em comparação.

O que é diferente de um país como a Índia, por exemplo, que por causa de uma cultura milenar de castas, tem um grau de tolerância com o status quo imenso. Ou da China, que vendeu sua liberdade para enriquecer uma pequena parcela da população e fazer pose de superpotência para os estrangeiros. Cada um tem seu problema, o do Brasil é a leniência. Pode tudo porque vivemos com uma ilusão de que não vai faltar nada, que não tem como o futuro ser pior que o presente.

“Aguenta um pouquinho que vai ficar melhor.”

Só que não vai ser um pouquinho. Eu já escrevi aqui várias vezes: os países que são ricos hoje tinham dados de desenvolvimento social humano parecidos com os do Brasil há uns dois séculos atrás. Isso quer dizer que não é impossível sair desse buraco de corrupção e incompetência generalizadas, e essa é a boa notícia. A má notícia é que esses países precisaram passar por um processo de planejamento do futuro. Com projetos focados em gerações, não nas próximas eleições.

Quando o Brasil mata sua ciência pra pagar o próximo almoço, está tomando um caminho diferente de muitos desses outros países que eu mencionei. A China talvez não alcance um padrão de vida norueguês no futuro, mas com certeza vai ter muitos frutos do investimento e incentivo ao desenvolvimento científico: em tecnologia e no intelecto do seu cidadão médio.

E os chineses não pensaram nisso sozinhos, existem exemplos como o da Alemanha, que no final do século retrasado gastou energia e recursos para se aproximar dos ingleses no campo científico e tecnológico, e ganhou de presente várias gerações de cientistas que mudaram o mundo. E mesmo depois de duas guerras devastadoras, ainda é um dos países mais ricos do mundo. Tanto desenvolvimento teórico se transformou num mercado de excelência em engenharia, do qual se beneficiam até hoje.

Os EUA saíram de colônia agrícola para potência mundial (antes mesmo das guerras) transformando inovação científica num mercado poderoso. Foi muito incentivo governamental para a criação, evolução e exportação de várias das patentes mais importantes do século XX. Foi menos intelectual que o processo alemão, por um isso um pouco menos de gênios per capita, mas em compensação, no começo do século passado eles já estavam ganhando dinheiro sem parar com a revolução da comunicação. Eles queriam dinheiro, e conseguiram.

Ao redor do mundo, os países que saíram do buraco da pobreza generalizada de séculos anteriores para potências mundiais sempre focaram em desenvolvimento científico e intelectual. O dinheiro veio, mas veio como consequência de gerações e gerações de pessoas que conseguiam criar e desenvolver as tecnologias que o mundo desejava. Esses países não acharam que tudo ia dar certo e só faltava um presidente bom para resolver tudo. Esses países não desistiram do processo porque não mudou tudo em quatro anos.

Crise todo mundo vai ter, mas o material humano disponível durante a crise faz toda a diferença. Focar em ciência é focar no ser humano do futuro. Quando o Brasil parece mais preocupado com o preço da gasolina do que com o desenvolvimento da sua tecnologia e educação, sabemos que não estamos fazendo nada além de colocar um band-aid em cima da artéria jorrando. Ajudar esse povo a ter o que comer é nobre (independentemente da intenção real do político), mas não pode ser a desculpa para não fazer mais nada.

Tudo bem, aumenta o auxílio emergencial, mas se for cortar a verba da ciência e da educação pra isso, estamos vendendo o almoço pra comprar o jantar. A crise nunca termina. O país nunca desenvolve o potencial. Tem muito mais lugar para cortar dinheiro, mas como não tem custo político nenhum cortar na ciência, é pra lá que vão, todas as vezes. Cada palhaçada dessas custa mais uma ou duas gerações para o possível Brasil do futuro.

E se o brasileiro não começar a ficar puto da vida ou se mexer para qualquer coisa que não esteja tirando dinheiro da sua conta agora, é possível que as coisas melhorem, mas que o padrão do resto do mundo sempre esteja tão mais alto que isso aqui parece uma piada em comparação. A gente pode melhorar com ciência e cabeças de outros países, mas sempre vai ser muito depois do necessário, e sempre vai vir com um custo imenso que vai nos manter presos nesse ciclo de atraso.

O futuro tende a ser melhor para todo mundo, mas quem participa ativamente dessa melhora recebe os frutos muito mais rápido e fica muito mais feliz. O Brasil parece contente em ficar pra trás porque não parece entender nada além do que vai acontecer na próxima eleição. O Brasil é aquele cunhado do mundo, que vai ficar vivendo no quarto de hóspedes, mesmo todo mundo sabendo que ele podia fazer muito mais da vida.

Se pelo menos ele tentasse estudar um pouco… mas fica deitado eternamente em berço esplêndido.

Para dizer que basta ser rico que tudo fica bem, para dizer que o futuro nunca vai chegar, ou mesmo para dizer que é só mudar a cor da bandeira do presidente que tudo se resolve: somir@desfavor.com

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Comments (22)

  • Seria surpreendente se a reação do brasileiro fosse oposta à que vimos. Brasileiro nunca deu a mínima para ciência, Bolsonaro não é o primeiro, nem será o último a precarizar o orçamento de pesquisa científica, e esse descaso governamental nunca foi exatamente aviltante para um povo que acredita em simpatias, feitiçaria, pronomes neutros e chips em vacinas.

    Brasileiro odeia ciência, e já está pagando o preço por isso: o caos visto na pandemia foi só a entrada…

    • Pois é, o Brasil NUNCA tratou a ciência com o cuidado e investimento que ela merece, desde sempre pesquisadores vão embora por não ter recursos por aqui. É muito triste!

  • Ao brasileiro médio só vale investir em alguma coisa se der dinheiro.

    Gradução, pós, mestrado, doutorado? Ser “dotô” é pra ter salário maior e ter autoridade. Quem é louco de pagar mensalidade pra ficar estudando e conduzindo pesquisas?

    Carreira? Para dizer que “é alguém na vida”. Se não envolve dinheiro ou envolve pouco, é humilhante, despreze. Portanto, aceite que “o mundo é injusto” e se mate de trabalhar sob todo tipo de abuso, mas jamais aceite condição não-remunerada de cuidar da sua casa, dos seus próprios filhos, fazer trabalho voluntário, etc.

    Cultura? Perda de tempo se você não puder lacrar com isso, ou virar um ator, cantor ou escritor famosão. Ou seja, se não te der holofotes.

    Ciência? Não explica tudo, crendice em Deus garçom ou lei da atração é mais conveniente e exige menos das (in)capacidades gerais.

    Tecnologia? É, pode ser útil! Precisamos disso para migrar para TI, área com mais de 8 mil propostas de emprego por dia, todas com salário +30k só com três meses de curso da Allura.

    Saúde, sobretudo a mental? Frescura, se tá cansado, taca uma filosofia coach nisso daí, “trabalhe mais enquanto eles dormem!”.

    Melhorar as condições de trabalho? Não, nem fodendo! Se eu me matei para me adequar a um sistema totalmente desumano e pra ser melhor que a maioria, é injusto dar aos “folgados” melhores condições de vida!

  • Por mais que estejam chafurdando na merda há gerações, os Brasileiros Mé(r)dios ainda continuam se incomodando com coisas sem importância e reclamando de tudo como se os responsáveis por seus destinos fossem outros que não eles próprios. E os desfavores que se acumulam vão ficando cada vez maiores e mais grotescos com o passar do tempo. Mas o mais desanimador nisso tudo é que não há perspectiva de melhora por causa de ao menos três fatores:

    1 – ninguém quer começar nada porque “dá muito trabalho” e algum eventual resultado só viria a aparecer em longuíssimo prazo, algo intolerável para um povo tão imediatista;

    2 – tantos estão tão acostumados a viver cercados de problemas que já estão conformados, crentes de que “a vida é assim mesmo” e não há nada que se possa fazer;

    3 – muita gente perdendo tempo esperando outros tomarem a iniciativa e apontado dedos acusadores para “inimigos” ao invés de seguirem o conselho da Sally de “FAZ O SEU, FILHO DA PUTA!”.

    Como eu acho que um alerta como este de vocês é extremamente necessário para – tentar – tirar algumas pessoas da letargia, repassei o link desta postagem para o máximo de pessoas que pude e pedi também que “espalhassem a palavra”. Pode ser que só uma pessoa seja tocada pelos textos, o que seria uma gotinha de água pura em um oceano de bosta, mas… Temos que começar de algum lugar, não?

  • Ir pra onde, Sally? Eu sigo todo tipo de gente nas redes sociais, até americano, canadense e europeu está reclamando que está tudo caro, tem produtos básicos faltando nas lojas, aluguéis estão um absurdo, está difícil arrumar emprego. Se tá difícil pros locais, imagina pros imigrantes…

    • E pior, eles acusam os imigrantes de estarem piorando o que já está ruim. Roubando empregos, reduzindo salários, saturando o sistema de bem-estar social, piorando os índices de pobreza, criminalidade e ignorância. Pra começarem a hostilizar imigrantes abertamente na vida real é um pulo, tolerância é a primeira que morre.

    • Ainda por cima temos ultraconservadores causando retrocesso de direitos básicos e malucos feito o Putin para ameaçar o pouco que resta com guerra…

      Se ficar, o bicho come. Mas se correr, o bicho pega.

  • Há um limite que está sendo passado que é perigoso, de não ter especialistas que não consigam nem USAR a tecnologia que vem de fora. Tipo, é além da dependência total, é estar fora do circuito mesmo. Tipo mendigo.

  • A elite política é completamente desconectada do Brasil, no fundo eles se veem como estrangeiros. Basta ver como todos os projetos deles se resumem em vender o país e sucatear o que sobrar. Fuzilamento é pouco

  • O problema é essa falsa percepção da realidade.
    A maioria do povo brasileiro não é a favor ou contra algo, e sim repete igual NPC o que a mídia diz. Quando foi do interesse da mídia expor os crimes do PT, o povo brasileiro tava em massa pedindo impeachment, prisão etc. Quando Lula foi solto, não houve revolta no mesmo nível. Por quê? Porque a massa do povo brasileiro só se importa com aquilo que é noticiado e diariamente enfatizado. Se não tiver esse reforço da mídia, pode roubar à vontade, no máximo meia dúzia vão reclamar.

  • Esse país daqui a 20 anos vai tá irreconhecível. Pode ter certeza que a vida do cidadão médio ainda vai piorar muito. Alimentos e combustíveis estão caros? É questão de tempo pra chegar o dia em que a gente vai ir no posto, no mercado e não vai ter nada. Aproveitemos enquanto ainda tem. A vida em 2030, 2040 vai ser tão merda que a gente vai se lembrar de 2022 e rir do quanto éramos felizes, quando ainda tinha supermercado com prateleiras cheias e gasolina pra comprar e achar que a gente vivia no paraíso.

  • Até ler notícias sobre o quanto a vida no Brasil é horrível acaba contribuindo para sugar mais da nossa saúde mental, na verdade. Abri mão de me atualizar sobre várias coisas – principalmente sobre as tretas pré-eleição – porque quero focar em me preparar para sair daqui e isso vai levar anos. Mesmo sem que me falte nada no momento, sair e ver os preços nos mercados já é ruim o bastante. Muito melhor focar em melhorar minha própria vida e fazer as pequenas coisas que posso fazer para melhorar a vida da vizinhança, né? Porque só reclamar dos outros também é fazer parte do problema. Nem os estadistas mais geniais e bem intencionados poderiam mudar tudo numa canetada ou transformar o Brasil em lugar habitável dentro de quatro anos, não com o povo que o habita. Mas se todo mundo fizesse só a sua parte para ser um ser humano decente e viver bem… ah, como é doce sonhar.

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