Top Des: 28/08/2022

Bom domingo, meus queridos. Hoje é feriado no Desfavor: Dia de Sísifo. Como já temos um texto aqui explicando o que é esse dia e suas origens, resolvemos adaptar a coluna de hoje à data.

O Top Des é a coluna onde citamos as piores dez notícias da semana. E, para provar que o Brasil se arrasta em uma espiral de repetição inútil de atraso de vida, escolhemos notícias antigas, mas que infelizmente se mantém atuais. Décadas depois, estes mesmos desfavores continuam se repetindo. Feliz Dia de Sísifo!

Vírus respiratório que fez milhões de vítimas tratado como algo menor em nome da economia.

SALLY
Olha aí o avô do “é só uma gripezinha”!
SOMIR
Tão benigna que matou mais gente que a Primeira Guerra Mundial.


Governo falhando em tomar as medidas para evitar mortes e contágios por um vírus respiratório.

SALLY
Brasileiro: sacaneado por político há mais de cem anos.
SOMIR
“Continuamos entregues à Divina Providência” – eu nem vou comentar, só repetir a manchete de 1919.

Esquema de corrupção entre políticos e empreiteiros.

SALLY
Mas esses bostas nem ao menos são originais, apenas repetem golpes velhos!
SOMIR
A diferença é que eles não queriam reelegeram o presidente que gerenciava o esquema.

Pessoas querendo controlar a vida alheia com moralismo baseado na Bíblia.

SALLY
É oficial: idiotas são atemporais.
SOMIR
Às vezes eu acho que os religiosos preferiam que todo mundo fosse homem…

Choveu? Deu merda.

SALLY
Parece que há décadas que todo ano “chove mais do que o esperado”.
SOMIR
Quantos séculos temos que esperar para dizer que um evento anual deixou de ser imprevisto?

Insatisfeitos com Bolsonaro.

SALLY
Onde passa, causa má impressão…
SOMIR
Nada como uns salários acima do teto para mudar a opinião do exército, não?

Notícias descaradamente falsas sendo usadas como recurso para atrair pessoas e aumentar vendas.

SALLY
Obviamente uma notícia mentirosa: se existisse um bebê-diabo, ele certamente seria do Rio de Janeiro.
SOMIR
Bons tempos quando a pessoa tinha que sair de casa para ler notícia falsa.

Previsão para a Amazônia.

SALLY
Ah os eco-histéricos, sempre desacreditando a própria causa…
SOMIR
Esqueceram que até para desmatar precisa de competência.

Governo negando o óbvio.

SALLY
E ainda tem gente que acredita no que quem está no poder diz, né?
SOMIR
Conservador brasileiro: “a ditadura nunca aconteceu, mas precisa voltar”.

Dengue suína.

SALLY
Parece que a mídia nunca se esforçou para passar informações corretas sobre ciência.
SOMIR
Considerando nossas políticas de saúde, se essa doença aparecer, vai ser aqui.

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Comments (20)

    • Não. Esse caso do bebê-diabo ocorreu em 1975 e a versão em português dessa música, chamada por aqui de “O Escândalo”, saiu em 1965, feita pelo grupo Renato E Seus Blue Caps, da Jovem Guarda. A gravação americana original, com o título de “Shame And Scandal In The Family”, saiu um ano antes, em 1964, e a mais famosa, a do Sérgio Mallandro, é de 1986 e foi tema de seu programa infantil “Oradukapeta”.

  • “Conservador brasileiro: ‘a ditadura nunca aconteceu, mas precisa voltar'”. Nem tentem entender o brasileiro. Vocês só vão pirar e envelhecer mais rápido…

    • Eu já disse em comentários meus antigos, mas vou repetir: fico imaginando o trabalho que os correspondentes estrangeiros devem ter para tentar explicar esse tipo de “jabuticaba” aos leitores e telespectadores dos órgãos de imprensa para os quais trabalham em seus países de origem. E lembrando: “jabuticaba” é uma expressão bem antiga usada como um sinônimo para os absurdos que acontecem somente no Brasil, embora a própria frutinha, típica e originária daqui, também não seja realmente uma exclusividade verde-amarela.

    • Uma breve explicação sobre esse caso do bebê-diabo: realmente nasceu uma criança em uma maternidade de São Bernardo do Campo com protuberâncias na testa e no cóccix, possivelmente devido a algum tipo de má-formação durante a gestação, mas que eram perfeitamente corrigíveis com cirurgias que poderiam ser feitas ali mesmo. Só que teve gente que, não se sabe se por crendice ou má-fé, viu essas protuberâncias como “chifres e “rabo” e achou que havia nascido o anticristo. Começou aí um disse-me-disse e os boatos correram pela cidade. Assim, um repórter do Notícias Populares – periódico já famoso na época pelo sensacionalismo – foi designado para cobrir a história e voltou à redação pouco depois com uma matéria em que só se contava o ocorrido e nada mais. A direção do jornal, no entanto, preferiu reforçar a nascente lenda urbana ao invés de desmenti-la e deu a manchete “NASCEU O DIABO EM SÃO PAULO” em letras garrafais. O resultado? recorde de vendas nas bancas e mais de um mês de outros textos sobre a “criatura” relatando barbaridades como “soltou fogo pela boca”, “bebeu sangue”, “rosnava como cachorro”, “enlouqueceu enfermeiras”, etc. Também teve quem quisesse promover procissões, exorcismos, sessões de descarrego… Espremeram a coisa toda até a última gota e depois nunca mais voltaram a tocar no assunto. O “estrago”, no entanto, já estava feito e o caso é lembrado até hoje.

      • Mas teve médico que atestou o nascimento do bebê diabo?
        O curioso é que fizeram várias notícias relacionadas, deve ter vendido bem. Coisas como “mulher viu o bebê diabo e desmaiou”.

        • Sally, vamos dizer que o jornal deve ter colocado palavras a mais na boca do médico. “Quem conta um conto, aumenta um ponto”, sabe? O que pode ter acontecido é: o doutor que estava na sala de parto ter simplesmente confirmado para o repórter que a criança nasceu mesmo com as tais protuberâncias. Só que, como havia gente que via essas protuberâncias como sendo os “chifres” e o “rabo” do Capiroto e a lorota do bebê-diabo já estava rendendo, não é difícil imaginar como o relato do profissional de saúde foi sensacionalisticamente desvirtuado até dar na manchete: “MÉDICO AFIRMA: O BEBÊ-DIABO NASCEU NO ABC “.

          • Imprensa brasileira: distorcendo falas e inventando notícias desde sempre! Contem isso pra quem acha que Fake News é coisa só de hoje em dia…

            • Ah, isso de omitir, distorcer, apelar para o sensacionalismo e abordar os assuntos apenas pelo ângulo que mais interessa aos próprios jornais e aos seus proprietários é a coisa mais velha que existe… O formato muda – do papel para o digital -, mas as antigas táticas nefastas da chamada “imprensa marrom” continuam por aí.

  • Passam-se os dias, passam-se os meses, passam-se os anos, passam-se as décadas, passam-se os séculos… E o Brasil continua marcando passo, atolado na própria merda que produz, repetindo erro crasso atrás de erro crasso e acumulando problemas novos sem conseguir resolver os antigos.

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