Brincadeira séria.

Ter filhos é uma grande responsabilidade. Isso é, deveria ser… Sally e Somir concordam que o brasileiro médio precisa subir muito o nível da criação que dá para seus rebentos, mas não em como usar o Estado para incentivar isso. Os impopulares criam suas versões.

Tema de hoje: qual seria a forma mais eficiente de fazer as pessoas entenderem que filhos são coisas sérias?

SOMIR

Eu atacaria o bolso dos pais. Embora eu respeite o argumento da educação da Sally, eu acredito que o povo de um país desigual como o Brasil ainda tem alguns passos para percorrer antes de conseguir aprender coisas numa boa. Precisamos de um componente mais imediato na repressão ao filho não planejado.

Minha ideia seria uma poupança obrigatória para todos os menores de 18 anos, que deveria ser paga pelos pais. O valor exato precisaria ser estudado, mas a periodicidade seria mensal, mais ou menos como funciona pensão alimentícia hoje em dia. E tal qual a pensão, o não pagamento poderia gerar punições para os pais.

Primeiro que isso estabeleceria uma lógica básica: criam-se filhos para o mundo. Tudo o que os pais fazem em casa vai impactar o resto da sociedade, especialmente quando esses filhos se tornarem adultos. Ter uma poupança que o jovem pode acessar aos 18 anos ajudaria muita gente a começar a vida adulta com um pouco mais de tranquilidade. Sem contar que já registraria a pessoa no sistema econômico desde cedo, evitando essa massa de gente perdida e ignorada pela burocracia tupiniquim.

Além disso, a ideia de projeto de longo prazo ficaria bem definida. Botou criança no mundo? Prepare-se para 18 anos de sacrifícios financeiros, na melhor das hipóteses. O Estado pode morder direto no salário dos pais ou pode determinar um pagamento mínimo a partir do imposto de renda ou do cadastro de programas de assistência social. O Bolsa-Família já poderia descontar do valor recebido dos pais.

Quer ter filho? Tenha filho. Mas vai ter que entregar um adulto com alguma capacidade de se virar aos 18 anos. Vai gerar aperto para os pais? Sim, vai. Isso é parte do plano. Infelizmente precisamos de alguma ferramenta para controlar a natalidade da parcela mais pobre da população, não porque queremos impedir pobres de nascer, mas porque queremos mais qualidade de vida para cada uma dessas crianças. Algo entre 2 e 3 crianças por família é mais do que suficiente para manter a pirâmide populacional sob controle, quatro, cinco ou mais é só para quem tem dinheiro de sobra.

Claro, eu jamais defenderia qualquer sistema de controle de natalidade forçado, porque isso é quebrar regras básicas de um país que respeita direitos humanos; mas que pelo menos tornemos o processo de fazer e colocar filhos nesse mundo um pouco mais responsável. Tem que estar preparado para perder metade da renda mensal com poupança para os filhos se não der um jeito de parar de colocar criança no mundo.

E eu acho melhor pegar no bolso de quem tem filhos porque gera consequências mais diretas para a vida dos pais. Tem uma boa parcela da população brasileira que consegue pagar a comida básica para os filhos e ainda sobra um restinho para comprar cerveja. Vão ter que cortar a cerveja, porque todas as regras básicas para manter a guarda das crianças vão continuar existindo.

Quem é terrivelmente pobre pode até ter um suporte do governo para garantir a poupança, mas isso teria que vir com várias iniciativas de ensinar esse pessoal mais ignorante e marginalizado a evitar filhos. A ideia aqui é tornar a vida dos pais um inferno sem dinheiro extra para nenhum lazer se tiverem mais filhos do que podem cuidar de verdade.

Educação tem seu valor, mas primeiro precisa doer em quem faz filho de forma irresponsável. E sim, a minha ideia coloca o ônus nas duas pessoas responsáveis pela criança, homem ou mulher. Essa regra provavelmente aumentaria o número de mães solteiras, porque homens estariam duas vezes mais ferrados se assumissem, mas precisamos colocar mais pressão nas mulheres também. Elas não podem partir do princípio que está tudo bem em ser mãe solo. Não está. Só em último caso, porque filhos demandam muita energia, recursos e atenção.

Eu gostaria que fosse diferente, mas a verdade é que para o brasileiro médio se esforçar para aprender como criar filhos, primeiro ele precisa estar muito apertado por algo como a poupança obrigatória. Homens e mulheres precisam levar filho a sério, e quanto menos dinheiro disponível tiverem para gastar com o próprio lazer, mais vai doer o prospecto de ter filhos. Mais a mensagem de que você tem uma responsabilidade gigante vai ficar marcada.

E de bônus, é possível que muitos homens e mulheres mudem de lado na questão do aborto. Filho é fácil demais de um ponto de vista legal hoje em dia. Se aguentar a parte mecânica da coisa, mesmo que fazendo tudo nas coxas (deveria ter feito antes nas coxas), as consequências são pequenas. Aliás, considerando que o Bolsa-Família voltou a dar bônus por cabeça em relação a filhos, pode-se até argumentar que o Estado incentiva fazer filho por fazer.

Primeiro fica bem explícito que filho vai custar caro, dá bastante dor-de-cabeça para quem coleciona criança, e só aí pensa em educar, quando tiver demanda. Colocar pressão financeira na mulher também é essencial, porque se tem algo que se repete em todas as sociedades do século XXI é que mexer com a mulher mexe com toda a lógica de funcionamento de um povo. E não à toa, um dos melhores fatores para prever evolução social é redução do número de filhos que cada uma tem.

Eu sei que seria bem difícil de aplicar e ainda mais de fazer cumprir, mas estamos discutindo ações que poderiam ajudar com o problema. Não é fácil porque basicamente tudo o que é fácil de fazer já foi feito. Não tem solução mágica, mas tem como fazer o Estado tomar uma posição sobre o tema: filho tem que estar criado aos 18, e criado significa ter alguma reserva financeira também. Se você não pode entregar um adulto funcional para a sociedade, a sociedade não quer que você o coloque no mundo. Se você não está disposto(a) a abrir mão de dinheiro extra para lazer e investimentos diversos, vai ter que controlar natalidade.

Assim conseguimos, pelo menos depois de algumas gerações, criar homens e mulheres que vão chegar aos 18 com algum dinheiro para se estabelecer na vida adulta, e que vão saber que filhos custam caro. Talvez essas gerações estejam dispostas a usar a cabeça para planejar um filho, e quando a demanda surgir, oferecemos a oportunidade de aprender.

Ou, em termos mais simples: quer fazer as pessoas perceberem o valor de alguma coisa? Cobre caro por ela.

Para dizer que iam parar de registrar filhos (não funciona por muito tempo), para dizer que é só colocar uns remedinhos na água (eles só tomam cerveja), ou mesmo para dizer que faz sentido porque a polícia brasileira só prende com certeza quem não paga pensão: somir@desfavor.com

SALLY

Qual seria a forma mais eficiente de fazer as pessoas entenderem que ter filho é coisa séria e demanda muita preparação?

Eu consigo imaginar várias formas de conscientizar novas gerações para a demanda que é ter um filho, mas, de todas elas, a que me parece mais eficaz é um curso obrigatório para todos (assim como é o serviço militar para homens) onde, por um período de tempo considerável (digamos, duas semanas) a pessoa tem que ser responsável por um bebê (ainda que não seja de verdade).

Enquanto a pessoa não for aprovada, ela precisa repetir o curso, quantas vezes sejam necessárias. “Mas Sally, isso não quer dizer que sairão bons pais daí, criar filho é muito mais do que cuidar de um bebê”. Concordo plenamente. Porém, a intenção do curso não é formar bons pais e sim fazer com que as pessoas entendam que filho é coisa séria e demanda muita preparação.

E isso elas vão entender, quando forem arrebatadas pelas constantes necessidades do “bebê” que elas vão cuidar: falta de tempo até para higiene pessoal, privação de sono e todos os outros brindes que você ganha ao procriar serão experimentados na pele, permitindo que a pessoa sinta, no concreto, na prática, se ela tem tempo, disponibilidade e dinheiro para isso. Garanto que muita gente pensaria “ter que passar anos da minha vida assim? Nem pensar!”

Obviamente não seria algo fácil de implementar, já que brasileiro sempre dá um jeito de burlar tudo, mas é possível. Esquema presídio mesmo: vigiado, com grades e com monitoramento 24h por câmeras. Nem por um segundo eu cogito que um dia isso possa se tornar realidade (não vai), portanto, que fique claro, esta é uma discussão em tese: em tese, qual destes dois métodos (o do Somir ou o meu) seria mais eficaz?

Lembrando que a proposta não é desencorajar pessoas a terem filhos ou ensinar a ser bons pais, a proposta é que a pessoa tenha a real dimensão do quanto um filho dá trabalho e custos e que, de posse dessa informação, possa avaliar realisticamente se deve ou não ter filhos.

Eu ouso chutar que, mais do que os custos, o tempo e o desgaste que um filho provoca seriam os grandes fatores que interfeririam nessa tomada de decisão. O que faz dos brasileiros pais reprováveis (em sua maioria) não é dinheiro: quantos filhos de rico fazendo uma pá de bosta a gente vê por aí?

O principal problema é não ter tempo para cuidar e educar seu próprio filho, não ter paciência e não ter vontade (foto feliz em rede social não conta como tempo dedicado ao filho) de ensinar, ouvir, socializar, criar laços. Na boa, tem gente que quase enlouquece quando os filhos estão de férias e passam o dia inteiro em casa. Que porra de pais não suportam os próprios filhos?

Filhos são demandantes, podem ser muito chatos às vezes e a vida, nos dias de hoje, é extenuante, sobra muito pouco para quando se está fora do trabalho. Mas, se você falar isso, a pessoa que tem aquele sonho implantado pelo efeito manada (todo mundo tem filhos, a felicidade só está onde tem filhos) acredita que não é bem assim, que ela vai dar um jeito, que dá para se adaptar. Falar não adianta, tem que deixar a pessoa fazer um test-drive para ela mesma perceber.

Fazer isso acontecer de forma fictícia vai mostrar que bebês são de fato absurdamente demandantes, mais do que qualquer pessoa que não tenha filhos possa imaginar. A pessoa não vai dar um jeito pois seres humanos tem um estoque limitado de disponibilidade física e emocional e, para dar tanto a um bebê, ela vai ter que retirar esse mesmo tanto de outras áreas da sua vida. E, por fim, ela vai ver que não há adaptação, há uma escravidão (mais do que justificada, afinal, a vida de outro ser humano depende de você) às necessidades do bebê.

Não há palavras que alcancem ao que é sentir isso na própria pele. Quando a pessoa não tiver tempo para tomar um banho, para comer direito, quando a pessoa pegar no sono no meio do dia, durante uma tarefa, ainda com vômito de criança a roupa, ela vai começar a mensurar do que se trata ter filhos. E aí sim poderá tomar uma decisão racional sobre ter ou não condições de levar essa tarefa adiante por duas décadas, afinal, filhos precisam dos pais por muitos anos, ainda que com demandas diferentes.

Se você resumir o problema a um fator econômico, rico vai continuar procriando esses filhos mal-educados do inferno e pobre vai ser privado do direito de ter filho. Não me parece justo. O que faz de você um bom pai/mãe é um conjunto de fatores, onde o financeiro nem é o preponderante.

Ter filho para largar a maior parte do dia com a babá, com a creche, com a avó ou com qualquer outro que um rico possa pagar é uma abominação que vem sendo aceita por todos pois ninguém aguenta seus próprios filhos, mas eu não compactuo e aponto que o rei está nu: se quem passa a maior parte do dia com seus filhos não é você, não é você quem está criando seus filhos. Educação se dá pelo exemplo, e é a outras pessoas que seus filhos estão vendo a maior parte do tempo.

E nem por um segundo eu pensei em colocar bebês reais em risco nas mãos de pessoas inexperientes. Hoje há tecnologia para criar bebês-robôs (nem sei se é esse o termo) que emulem perfeitamente o comportamento de um bebê, desde a fralda cagada, até vômito, até um choro alto que te acorde. Por qual motivo não usaríamos a tecnologia a favor da sociedade?

E se você está pensando em vir com o papo de Estado não poder se meter na vida privada das pessoas, pense duas vezes. O Estado faz muito pior do que isso e todo mundo compactua. Mulher precisa de autorização do marido para ligar as trompas, médico não liga as trompas de mulher que não teve filhos, o Estado hoje te proíbe até de contar piada, sério que alguém vai ousar reclamar de intervenção estatal?

Todo mundo que quiser ter filhos vai poder ter, só tem que fazer o test-drive obrigatório de tempos em tempos. Se pede isso para coisa mundo menos importante, como carteira de motorista, por exemplo. Nada que já não esteja inserido na sociedade.

Brasileiro médio é bicho. Ainda não dá para levar a coisa na base do diálogo, da abstração, da conversa. Tem que sentir na pele e daí sim decidir se quer ou não.

Brasileiro médio é influenciável, ignorante e iludido, o que o torna incapaz de tomar boas decisões apenas com abstração. Eu tenho certeza de que muita gente, se passasse vários dias com a responsabilidade de cuidar de um bebê pensaria duas vezes antes de fazer filho, pois a fantasia do que é ter um filho seria suplantada pela realidade.

O resultado interessa a todos: só teria filho quem realmente acha que tem condições de lidar com a situação que já experimentou. Vai acontecer? Não vai. Mas deveria.

Para dizer que só esterilização em massa resolve, para dizer que prefere cuidar do Chucky do que de um bebê ou ainda para dizer que gostou da ideia mas ela é indefensável no mundo lá fora: sally@desfavor.com

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Comments (34)

    • Entre os amigos que eu conversei está um obstetra, que também me disse que idêntica não fica. Não que fique inutilizada ou coisa do tipo, só não volta ao que era antes, e tá tudo certo, continua funcional!

      • É, acho que depois de tudo o que acontece na gravidez e, principalmente no parto, não teria mesmo como continuar tudo como era antes…

  • A ideia do Somir é boa, mas funcionaria tanto quanto imposto de renda: só a classe media assalariada paga de verdade. Os ricos dão seu jeito de maquiar ganhos e os pobres estão fora do radar, o governo nem sabe quanto eles ganham pois são informais, muitos deveriam pagar IR, mas não pagam.

    Melhor seria uma matéria na escola sobre como sobreviver a idade adulta sem ser um fodido: educação para evitar filhos (incluindo o famoso video de Sally e Somir comentando parto) mais economia doméstica, pras pessoas pararem de gastar o que não tem em porcarias que não precisam. Obviamente precisaria de uma regra informal de que professores crentes não podem lecionar isso.

    E a porra das novelas tinham que parar com esse desfavor de sempre comecar e terminar com o nascimento de um ranhento.

    Tudo utopia, infelizmente.

    • “Melhor seria uma matéria na escola sobre como sobreviver a idade adulta sem ser um fodido: educação para evitar filhos (incluindo o famoso video de Sally e Somir comentando parto) mais economia doméstica, pras pessoas pararem de gastar o que não tem em porcarias que não precisam. Obviamente precisaria de uma regra informal de que professores crentes não podem lecionar isso.”

      Concordo totalmente. Falta às escolas ensinam certas coisas que são essenciais para a vida prática e a sobrevivência no mundo real, fora das teorias, dos livros e das salas de aula.

  • Conheço uma família de evangélicos em que a filha do casal idoso lutou anos a fio para ter um filho. Ela tinha o útero frágil, por assim dizer, e mesmo com todo o acompanhamento médico e repouso absoluto, pelo menos umas três gravidezes não vingaram.

    Até o dia em que finalmente, conseguiram. Nasceu um menino saudável.

    Você imaginaria que depois de toda essa saga, eles focariam totalmente no garoto, mas não. Assim que o menino parou de mamar, e parou de mamar cedo, a princesa deu um jeito de achar um emprego, o marido nem parou de trabalhar, e os dois largam o guri na casa da avó de segunda a sexta (porque estão trabalhando), e nos domingos, os pais e a criança vêm passar o dia na casa dos avós. Chegam no almoço, e vão embora um pouco antes da janta. E o melhor, no domingo, a mãe bota um celular na mão do guri pra ele ficar assistindo desenhos e não encher o saco.

  • E pensar que, nos EUA e em outros países, as pioneiras do Movimento pelo Controle de Natalidade chegaram a ser presas por “indecência”. Hoje, felizmente, em lugares mais avançados, isso não é mais tabu, mas uma questão de saúde pública e também sócio-econômica.

  • Vou contribuir com os meus vinte centavos…
    E, se em vez de uma escola de como criar bebês houvesse uma política nacional nas escolas que abordasse o assunto e as consequências na vida profissional e financeira de uma pessoa que resolve ter filhos?

    Dinheiro, como a Sally disse, não é sinônimo de boa criação. E, escola de como criar bebês pode ser completamente ignorada por aquelas que já colocaram na cabeça que querem ser mães. (Muitos anos de socialização feminina em busca da maternidade para ser desconstruída em duas semanas com bebê berrando).
    Então, um caminho do meio pode ser a desconstrução desses valores femininos.

    • Não adianta “desconstruir o sonho da maternidade” e mostrar alternativas se o país não tem emprego, nem indústria, nem investimento pra pesquisa e ciência, nem nada. Só vai trocar um sonho por outro e continuar gerando frustrações e problemas sociais.

      A mulher com formação acadêmica não teve filho sem planejar, mas está desempregada, teve que parar sua pesquisa por falta de verba, está endividada e prestes a ser despejada por não conseguir pagar o aluguel. Mais uma pra encher as estatísticas de deprimidos, moradores de rua, viciados em drogas, assaltantes que matam pra conseguir um celular e trocar por pedra de crack. Exemplo meio exagerado mas é isso.

  • Aos brasileiros médios machos, é por eles para cuidarem do bebê-bot e da casa, fazer o papel de “mulherzinha”. Pagar pensão e se abster ou bancar o provedor e se esconder no trabalho, não deve ser mais opção, em caso de criança real. Em um ano tem anticoncepcional no abastecimento de água do país inteiro.

    Agora a brasileira média, complica, pois aceita dupla jornada de trabalho e ausência/abuso do parceiro, romantiza papel materno sacrificial, que quanto mais sofrido, mais digno. Até feministas já criaram uma cultura de que mulher pode sozinha fazer tudo, ao mesmo tempo.

    Então, pra mim, convém mais cercear os homens mesmo.

  • Lembra um texto onde vcs comentavam um vídeo com imagens de parto normal? Deviam passar nas escolas, todos os semestres, regularmente, a partir de determinada idade. E após isso, a idéia do Somir seria melhor. A idéia da Sally, creio que não funcionaria por um motivo simples: a imensa maioria não cria os próprios filhos. Terceirizam. Escola, avó, babá, etc. Ou seja, não iam ligar pro trabalho que dá, pq transmitem esse trabalho pra qualquer outra pessoa. Outra: a idéia do Somir penalizaria ambos. No caso da Sally, tem muito pai que bem registra a criança, não ia ter trabalho algum mesmo.

  • A ideia de poupar é muito boa. O povo não tem noção do quanto uma criança gasta de dinheiro, se tivesse não procriariqm tanto. Hoje em dia assim como fizeram o investimento tesouro direto renda mais aposentadoria, vão fazer um pra faculdade, que também é super útil.

    • Como se filho de rico não fosse um tremendo desfavor mal-educado para o mundo… Filho de rico faz mais cagada de filho de pobre, filho de pobre ainda se segura por ter medo de apanhar ou ir para a cadeia.

  • Nossa, acho que esse é o primeiro EDED, nesses muitos anos, que eu não concordo com ninguém! Aliás, que eu discordo dos dois! Hahaha!

    Acho que o argumento do Somir gera o problema que a Sally falou: só os pobres são penalizadas e ricos continuam tendo filhos e terceirizando os cuidados.

    Mas não acho que a ideia da Sally adiantaria tampouco, os ricos continuariam dando os filhos pras babás criarem, e os pobres já estão acostumados com rotina de criança. Uma mãe que tem 5 filhos, até a criança mais velha sabe a rotina de privações que um bebê causa…

    Eu acho que o ideal seria uma mistura dos dois. Já que estamos falando de coisas impossíveis, seria criado uma série de indicadores e os pais que não atingissem pagam multa. Por exemplo, desde coisas básicas como a criança estar matriculada na escola, ter vacina, consultas médicas em dia, até coisas mais abstratas, como passar tempo com a criança, visita a locais educativos (museus, etc), passeios ao ar livre, entrevistas com as crianças maiores sobre o dia a dia…

    A época de bebê é pesada, mas passa. O mais difícil é se responsabilizar por criar um ser humano que não seja um desperdício de genoma!

    • Bons argumentos, mas o meu coach redpill disse para nunca aceitar crítica de mulher:

      O meu texto parte do princípio que não são exatamente os filhos dos ricos que estão causando os problemas sociais mais sérios. Nem é por alguma característica inerente da pobreza ou riqueza, e sim uma questão de números. Antes de se preocupar com 1% da população, melhor cuidar dos 99%.

      Mulher rica que tem um carro de palhaço entre as pernas pode até gerar filhos neuróticos, mas o status e os recursos dão muitas chances de recuperação. Já a mulher pobre com muitos filhos se obriga – muitas vezes por incapacidade de compreensão – a dividir o pouco que tem numa conta impossível e entregar humanos que já começam a vida adulta em terrível desvantagem.

      Então sim, eu defendo um sistema que tente controlar primeiro a parcela mais miserável da população.

    • Excelente ideia a dos indicadores. Nesse mundo ideal, além da possibilidade de multa, esses indicadores também serviriam para restringir diversas outras possibilidades, tais como prestar cargos públicos (mal cuida do filho e quer ser professor, pediatra, enfermeiro, assistente social, trabalhar numa creche, policial, defensor público ou juiz?), passaporte (aí pegaria os ricos talvez), ser utilizado como subsídio em entrevistas de emprego ou para decidir se concede ou veda empréstimo ou cobra juros mais caros conforme a pontuação (nessa, a instituição financeira que concedesse um empréstimo de consumo frívolo a uma pessoa com péssimos indicadores seria multado ou liquidado).

      A ideia do Somir da poupança forçada poderia ser realizada com um desconto na fonte do salário ou carnê-leão, com alíquotas punitivas conforme a quantidade de filhos e progressiva conforme a capacidade contributiva de cada um. Aí não serviria de poupança apenas, mas também como fiança: se o menor fizer merda, essa poupança serviria como uma reparação imediata (parcial) ao dano que tenha causado e aos custos do Estado ao lidar com esses delitos.

      Se não for por amor, que seja pelo penhor…

      • Concordo, Suellen. Penso que seria mais efetivo doer no bolso. Duvido que as pessoas continuariam cagando filhos (sim, cagar, pois parece que é uma coisa trivial) se tivessem essas punições. Se não cuidar bem da criança, adeus emprego, adeus passaporte, adeus tudo. Outra opção seria fazer um teste e somente quem tem condições emocionais e financeiras teriam permissão para ter filhos. Tudo impossível de acontecer, mas não custa sonhar.

    • Também acho que uma mistura dos dois iria dar boa, já que só mexer no bolso não basta, e só educação não basta. De todo modo, esse seria também um projeto de longo prazo pra ser implantado, com muita calma e paciência, o que é difícil, considerando todo o peso e estigma moral que a sociedade ainda carrega quando a questão é ter filhos.

  • O que eu queria saber mesmo é como a mãe da foto (que deve ser lá da década de 50) conseguiu manter o corpitcho depois de NOVE anos emprenhada direto. Tem mulher atual que nem com os recursos fitness de hoje consegue desemprenhar direito!

    • O corpo volta para o lugar perfeitamente depois de uma gestação (exceto uma parte, mas não vamos descer o nível). O que faz as mulheres estarem fora de forma hoje é sedentarismo, alimentação errada e estresse.

      • Luluzinha doida

        Sally, após um parto normal o corpo todo volta para os devidos lugares (ou eu sou uma sortuda)
        Uma mãe que amamenta a cria perde até 15 kg em 10 ou 12 meses com o bezerro no peito, amamentar eh um saco e um prazer ao mesmo tempo. Todo o ganho de peso, sim, ganhamos peso na gravidez, menos as stars não ganham pois para elas e tudo balanceado com um cozinheira e muita grana ao seu dispor. Uma mãe normal ganha 15 a 20 kg, além do que come a mais e a ansiedade ajuda. Amamenta a cria e o ganho extra vai todo embora.
        E onde você não quis se referir, volta ao normal também, se rompeu o períneo e isso acontece muito, o médico já costura ali na mesa de parto e fica tudo bonitinho e apertadinho de novo.
        Antigamente as mães davam à luz em casa, não deviam ter os recursos de hoje, porém, se um parto não deixasse tudo nos conforme os homens não fariam tantos filhos.
        A melhor forma do corpo voltar ao normal eh o parto normal e amamentar a cria, o resto a natureza cuida.

        • Eu realmente não posso falar com conhecimento de causa, pois não tenho filhos. Mas todas as pessoas que me cercam do sexo masculino dizem que não volta ao normal no sentido de não ficar tão apertado como era antes. Fora as centenas de depoimentos em fóruns anônimos (onde as pessoas não tem qualquer interesse em mentir). Ouço de familiares, amigos e até de leitores que não é que “danifique”, mas como era… não volta. Acredito que isso não seja dito abertamente às mulheres que tiveram filhos pois seria de uma indelicadeza muito grande. E, nós mulheres, não temos como saber, pois não é algo que se possa medir. Quem sabe se mudou ou não é o parceiro e, acredite, se mudou ele não é louco de te falar. Portanto, você não pode afirmar que não mudou.

          O resto do corpo volta a ser exatamente o que era, isso quando não fica melhor, pois o quadril dá uma alargada, o que eu acho bem mais bonito.

  • A foto ilustra uma família provavelmente dos EUA na época do BABY BOOM, isso?
    Se fosse nessa época, talvez uma família como a infame família Turpin seria vista como uma família comum, ainda que um pouco mais numerosa que a média.
    A grande distopia no caso dos Turpin é que ao contrário dos boomers, os filhos não passaram a andar pela própria perna quando jovens, ficando juntos ao seio familiar até chegar a faixa dos 30 anos, com todos abaixo do peso adequado para a idade e com as mulheres mais velhas ficando estéreis por conta disso.
    E sim, era relativamente comum castigos pesados no nível dos presentes em tal “casa dos horrores” no tempo dos boomers.

    • No passado era muito comum ter vários filhos, porque eles morriam muito. O grande diferencial dos Baby Boomers foi que a maioria dessas crianças “vingou” por causa de um período incrível de bonança nas economias mais avançadas do século passado.

      • O período histórico conhecido como “Baby Boom” durou, de acordo com uma busca rápida que fiz no Google, de 1946 a 1964, ou seja, a geração seguinte àquela que vivieu a Segunda Guerra Mundial. Por ficarem do outro lado do Atlântico – distante do principal palco da guerra, que foi a Europa -, os EUA não passaram pela mesma devastação sofrida por outros países e mantiveram seu parque industrial intacto. E, beneficiados também pelo enorme impulso à sua produção fabril que, bem ou mal, o conflito trouxe, os americanos viveram um período de prosperidade sem precedentes e emergiram como a maior força econômica daquele momento, permitindo que as famílias tivessem mais filhos que “vingavam”, gerando assim uma explosão demográfica.

        • Inclusive o BR teve seu próprio Baby Boom na mesma época, que foi inclusive mais significativo do que o americano em termos proporcionais.
          Enquanto os EUA foram de 132 a 203 milhões de 1940 a 1970 (crescimento similar a da população brasileira no período de 1985 a 2015), o Brasil foi de 40 a 90 milhões no mesmo período.

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