
Profissão hipervalorizada.
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O Brasil é um país com mão de obra pouco qualificada, por uma série de motivos históricos e sociais sobre os quais falamos quase todos os dias. Sally e Somir concordam com essa parte, mas não com quais profissões se beneficiam dessa desqualificação de forma desproporcional. Os impopulares dão chilique.
Tema de hoje: qual é a profissão mais hipervalorizada no Brasil?
SOMIR
Médico. Não que médicos não sejam importantes, ao contrário: são tão importantes que é aberrante termos tantas barreiras para formação deles e para o acesso da população ao serviço. A hipervalorização que eu menciono aqui tem relação direta com o custo dos serviços deles para a povão.
No estado de SP, um médico razoável cobra um terço de um salário-mínimo por uma consulta de meia hora. Um plano de saúde com alguma cobertura custa dois terços. E o SUS custa um salário-mínimo inteiro: se você precisar dos serviços dele, vai esperar tanto que é provável que morra ou fique inválido antes de ser atendido. Em outras regiões os preços podem ser menos agressivos, mas também em média as pessoas recebem menos.
Tem algo fundamentalmente errado nos custos da medicina. É tudo hiperinflacionado, desde o acesso ao médico até os remédios e serviços prestados por hospitais. Só gente rica (ou disposta a gastar tudo o que tem) pode tentar acesso à rede particular para todas suas necessidades.
E não é papo comunista, é análise de custo-benefício sobre o dinheiro que você paga de impostos. O SUS não é de graça, você gasta uma porcentagem de todos os seus ganhos com ele toda vez que paga impostos. Já é absurdo que a classe média tenha que comprometer uma boa parte da sua renda com planos de saúde, imagine só quem nem isso pode fazer?
E isso vai além de corrupção e incompetência do poder público: médicos são hipervalorizados do ponto de vista financeiro. As prioridades de uma sociedade estão tortas quando tentar salvar sua vida tem custo proibitivo para a imensa maioria das pessoas. Por que é tudo tão caro na medicina? Hipervalorização e reserva de mercado.
O fato de uma profissão ser importante não tem que desembocar diretamente no número de profissionais ser limitado. Médicos não são semideuses, são pessoas treinadas em uma profissão. Poderíamos ter o dobro de médicos e diluir os ganhos deles para que continuassem capazes de levar uma vida de classe média alta numa boa. Poderíamos ter o triplo ou o quádruplo se fosse só mais uma profissão sem a expectativa de enriquecimento.
E existe uma retroalimentação no sistema: como os valores são superlativos e os médicos não querem concorrência, existe uma barreira artificial na seleção de candidatos para os cursos de medicina. Nos cursos públicos a barreira de entrada é insana com a dificuldade do vestibular, nos particulares com o custo inflacionado das mensalidades.
Médicos não precisa tirar nota 1000 na redação ou gabaritar matemática para exercer sua profissão. Não temos exigências malucas dessas em outras profissões, não faz sentido que existam na medicina. Estamos apenas selecionando pessoas com alta capacidade de memorização ou famílias abastadas. E por mais que você possa argumentar que memorização é importante em medicina, não estamos mais no século XIX: toda a informação está replicada na ponta dos dedos de qualquer um.
Para exercer a profissão a pessoa precisa entender medicina e as relações entre sintomas e doenças, não decorar listas. Até porque um computador faz isso muito melhor que qualquer pessoa. A barreira de entrada da dificuldade do vestibular é artificial e ineficiente para selecionar médicos de qualidade. Tanto que muita gente formada está aí prescrevendo homeopatia ou fazendo experimentos com cloroquina em pacientes com doenças respiratórias.
O número de falhas médicas atual demonstra que a seleção não está fazendo tanta diferença assim. O ideal seria aumentar a concorrência imensamente para eliminar os elos mais fracos. E é claro, derrubar os preços para que mais gente tenha acesso. O que por sua vez diminuiria a pressão sobre o sistema público, gerando resultados positivos para todas as classes sociais.
Quer ficar rico? Cuidar da saúde das pessoas não deveria ser uma profissão compatível. Ganância não tem lugar na medicina, é incompatível com a missão do trabalho. Médicos não poderiam ter a chance de marcar consultas de 15 minutos para aumentar a renda através de planos de saúde, e com certeza não fariam isso se tivessem concorrência maior.
Mas isso não diluiria a qualidade dos médicos? Eu argumento que não por causa da demanda represada pelo vestibular e pelos custos proibitivos das universidades particulares. Tem muita gente querendo ser médica que é extremamente capaz, mas não tem família rica nem chance de decorar respostas no nível necessário atualmente. É uma barreira artificial que visa manter altos os rendimentos dos médicos. Espero que arrumemos isso antes da IA virar a médica de 90% da humanidade.
Tem algo errado na lógica toda da medicina em países como o Brasil: não é serviço premium, medicina é básico do básico. Deveríamos ter gente formada em medicina em cada quarteirão, isso aumentaria a qualidade de vida do ser humano imensamente. O serviço tinha que ser muito barato, o conhecimento já existe e precisa ser universalizado. Médicos não se tornariam menos importantes, eles se tornariam parte integrante da vida de todo mundo. Se ainda não perceberam, esses são os trabalhos do futuro: cuidar de gente.
E eu estudei em escola pública a vida toda, eu sei que a escolha da Sally está correta do ponto de vista da qualidade do trabalho oferecido, mas os salários são tão baixos e a estrutura tão precária que eu não consigo isolar uma variável de capacitação. Não sei quem é o ovo e quem é a galinha nessa questão. Já na medicina, fica claro que existe hipervalorização sustentada por uma mentalidade de cartel que coloca lucro acima da suposta função do trabalho.
Bônus: eu quase escolhi juízes por motivos parecidos. Mas pelo menos tem curso de direito em cada esquina, basta ter um batimento cardíaco para entrar e se formar.
Para dizer que é médico e ganha pouco (em comparação com médicos ricos ou com o trabalhador médio?), para dizer que o nível não pode ficar mais baixo, ou mesmo para dizer que médico de pobre é o Google: comente.
SALLY
Qual é o profissional mais hipervalorizada do Brasil?
Hoje é dia de levar porrada! Vamos lá: professores da rede pública.
Salvo honrosas exceções, o professor da rede pública é uma pessoa paga para fingir que ensina, é uma pessoa que já desistiu de ensinar faz tempo por uma série de motivos, mas não quer largar a remuneração que recebe, é uma profissional que não se atualiza, que não se esforça e que deixa que as muitas adversidades que se interpõe entre ele e seu trabalho vençam.
“Mas Sally, não dá para ensinar nessas condições!”. Eu concordo com você, não tem como ensinar para uma criança que está com fome, que está sendo brutalizada em casa, que está com inúmeros problemas de saúde. Não dá para ensinar sem o básico do básico, sem cadeiras, sem quadro, sem um mínimo de conforto térmico. Meu ponto não é esse: se não dá para ensinar, sai fora em vez de ficar recebendo dinheiro do Estado e fingindo que ensina.
Continuar recebendo e fingir que ensina é tão perverso quanto o Estado fingir que se preocupa com a educação. É ser uma engrenagem nessa máquina canalha. É fazer parte do problema. Se quiserem ficar e ser parte do problema, tá joinha, sagrado direito seu, só não veste a capa de herói da sociedade, de mártir, de abnegado, pois não são. São parte do problema, são pessoas acomodadas que topam encenar esse teatrinho chamado “educação pública”.
Médicos podem ser escrotinhos, deslumbrados e arrogantes, mas médicos efetivamente salvam vidas. Faz as contas de quantas pessoas que entram em pronto-socorro e saem vivas e depois faz a contas de quantos alunos da rede pública saem alfabetizados e aptos para compreender um texto e você vai entender o meu ponto. Não é sobre quem é mais escroto, mais babaca ou mais arrogante, e sobre o profissional mais hipervalorizado.
Repito: não é sobre quem você gosta menos, para se dizer que alguém é hipervalorizado não se leva em conta personalidade repulsiva e sim o que a pessoa faz X o reconhecimento que recebe.
Médicos podem ser tratados como quase-divindades, mas estudam para um caralho, dão plantões, ficam dias sem dormir e tem uma responsabilidade do caralho (experimenta matar um paciente para você ver). Professor não faz 15 anos de faculdade e especialização, tem uma carga horária bem menor que a média e se ensinar algo errado, absolutamente nada acontece. E, como eu disse, é muito mais comum ver um médico salvar vidas do que um professor da rede pública entregar um aluno nutrido de conhecimento para a sociedade.
“Mas todo médico só chegou a ser médico por causa de um professor”. Sim, todos nós só chegamos aonde chegamos por causa dos professores. Agora olhe à sua volta e me diga quantas pessoas que saibam falar e escrever corretamente o português, interpretar um texto, que tenham compreensão de matemática e lógica, que conheçam o básico de história e geografia você conhece. São a maioria? Não, são a minoria. Quando você qualifica apenas uma minoria, você falhou como professor. E quando você topa fazer parte de um sistema que não presta, você falhou como ser humano mesmo.
Mas no Brasil parece que dá uma cota extra de “heroísmo” o sujeito trabalhar em condições insalubres. Heróis, meus queridos, são aqueles que mesmo em condições insalubres conseguem transmitir e fixar conhecimento em seus alunos. E estes, são a minoria da minoria, a maioria continua fingindo que trabalha e usufruindo do status do heroísmo alheio.
A mera existência de condições insalubres não te torna herói, podem se ofender o quanto quiserem. O que torna herói é conseguir desempenhar seu papel mesmo com as condições insalubres. Mas no Brasil, professor é herói só por trabalhar em condições insalubres, ainda que não cumpra seu papel (como bem mostra PISA). Francamente, se você está em condições insalubres e não consegue executar bem seu trabalho, você não é herói, é masoquista mesmo.
Mas não no Brasil, no Brasil toda uma classe que não cumpre seu papel se apropriara desse heroísmo, e o que é pior: no grito. Convencionou-se que professor de rede pública é esse ser de luz, essa criatura altruísta, magnânima, abnegada e heroica que ensina apesar de todas as dificuldades. E ai de quem discordar, você será fascista, nazista, machista, bolsonarista ou qualquer outro “ista” que o grupo ache ofensivo.
Professor é herói simplesmente por trabalhar em condições adversas, mesmo que não ensine aos alunos de forma eficiente. E quem questionar será esculachado. Se isso não é o que existe de mais severo em termos de hipervalorização, eu não sei o que é.
Vão trabalhar uma semana em loja de shopping, passar 12 horas de pé, subindo e descendo escada de estoque e levando um puta esporro cada vez que não fizerem algo direito, recebendo apenas comissão sobre o que vender, para vocês verem o que são condições adversas. O ofício do professor é muito nobre apenas quando ele atinge seu objetivo, quando não atinge, é uma bela perda de tempo.
Continua a ser professor quem quer. A pessoa sabe dos obstáculos, continua quem quer. E se quiser continuar, faça seu trabalho direito apesar dos obstáculos e ensine seus alunos. Seja criativo, seja proativo, encontre uma forma, em vez de decretar que por existirem muitos obstáculos não pode realizar seu trabalho. E, se de fato achar que os obstáculos são um impedimento, sai fora, vai fazer outra coisa.
“Mas Sally, se eu sair vou fazer o quê?”. Qualquer outra coisa. E se topar fingir que trabalha para ganhar dinheiro e soltar aluno semianalfabeto pelo mundo, não posa de herói da sociedade.
Para pegar a pipoca e assistir aos xingamentos que eu vou tomar, para me chamar de bolsonarista (não sou) ou ainda para dizer que o fato de uma argentina escrever melhor do que a maior parte dos brasileiros já prova um ponto: comente.
O Brasil é hoje um dos países que mais formam médicos no mundo! Esse texto do Somir é típico de quem não entende nada do que está dizendo.
A maior quantidade de médicos formados não exerce de forma adequada uma melhora do serviço por oferta e demanda porque a grande maioria dos médicos são funcionários e não definem majoritariamente a política de preços realizada. Os donos/gestores de hospitais e postos de saúde não querem qualidade de serviço e sim quantidade para terem mais dinheiro ou gritarem aos quatro ventos que atendem milhares de pessoas pelo sus.
O aumento de falhas médicas assim como a hipérbole usada no texto de que deveriam ter médicos a cada esquina são no mínimo irrisórios. Como que vão formar bons médicos se abrem faculdades em lugares sem a menor estrutura? Faltam vagas de estágio em bons hospitais e sobram internos de medicina nos hospitais. Isso gera mais gente formando sem a menor segurança para trabalhar nas emergências, já que não é mais possível como antigamente que pudessem fazer milhares de procedimentos durante o internato.
Isso tudo é embasado nesse tipo de raciocínio tacanho e raso da saúde pública. O médico é uma parte da engrenagem, mas no Brasil acham que médico é rico e não que os donos dos hospitais, planos de saúde e SUS sejam parte da definição do lucro
Esperaria uma argumentação dessa no congresso do PT, colocando a população contra os médicos vilões que não querem ir morar num interior lascado sem plano de carreira ou emprego estatutário numa prefeitura que provavelmente não vai te pagar, mas ler isso no desfavor me surpreendeu
Eu sei como esses comentários aparecem: você mordeu uma “pimenta” logo no começo do texto e ficou ardido(a) o caminho todo. É um risco que sempre corremos nos textos.
O ponto é criticar a hipervalorização da profissão. Eu tomei o cuidado de não diminuir a importância do médico logo no começo e de mencionar a indústria que se formou ao redor. Por mais que existam sim médicos e médicas que passem aperto, especialmente longe dos grandes centros, a medicina moderna é hipervalorizada financeiramente: isso vai da formação ao ambiente de trabalho do médico. Evidente que só cortar salários dos médicos e ganhos não resolve o problema do custo absurdo de vários remédios e hospitais, mas esses ganhos são parte sim. A maioria das pessoas desse mundo não tem condições de pagar tratamentos sozinha. É uma falha fundamental que um serviço de necessidade universal seja tão monetizado, eu acredito que no futuro vamos discutir medicina do nosso tempo como um período bizarro da nossa história onde cobravam muito caro por algo tão básico como água e comida.
E textos tem pontos: discutir erros em políticas públicas e falta de estrutura para formação de médicos não muda o fato do valor insano atual do acesso à saúde. Esse tipo de argumentação “mas você não falou disso também” serve para rebater qualquer argumento possível e imaginário. É um tipo de falácia, porque tira o foco do tema discutido e o coloca em outro lugar. Nunca vai faltar lugar para mudar o foco. O foco, do qual eu não vou sair, é sobre hipervalorização de profissões. Médicos são hipervalorizados pelo ponto de vista financeiro: custa caro demais formar, custa caro demais oferecer estrutura e custa caro demais ter acesso decente a um deles. Existem fatores que vão além da vontade pessoal dos médicos, e eu acho que foi essa a tal da pimenta que você mordeu no meu texto que te deixou irritado(a) com a argumentação. Não é questão dos médicos botarem a mão no coração e resolverem isso sozinhos, mas ao mexer no vespeiro da hipervalorização financeira, pode ter certeza que o corporativismo vai bater forte e eles vão ser lutar contra assim como hospitais e empresas farmacêuticas. Para resolver um problema precisamos reconhecer um problema.
Medicina é hipervalorizada, e médicos são parte dessa hipervalorização. A profissão tem uma importância enorme, mas se o cidadão médio tem tanta dificuldade de acesso, evidente que todos os elementos dentro dessa indústria tem sua parcela de culpa.
A medicina é vista como o novo eldorado. Uma área com grande demanda de profissionais, mas onde o ônus (seja em tempo ou em recursos financeiros) torna a graduação muitas vezes proibitiva. E a graduação só dá base pra ser um clínico geral pé de boi. Pra uma especialização, lá vai mais tempo e lá vai mais dinheiro.
Salvo se você for de uma família bem abastada, o sacrifício pra ter sucesso na carreira é fora de série.
O maior gargalo na saúde é justo no atendimento especializado e em meio a isso pulula charlatanismo, curandeirismo e automedicação.
Inclusive parte do problema da drogadição em opioides está correlata a questão das dores crônicas.
No meu tempo o maior filtro para medicina era conseguir entrar para uma boa faculdade.
Eu estudando em um curso de licenciatura e sentindo cada soco vindo da Sally em cada parágrafo.
Mas você pode ser diferente dessa maioria que está em atividade hoje. Bons professores são muito necessários.
Por favor, não seja como essa maioria babaca que penaliza o aluno por não se interessar. Se você entender que a responsabilidade de prender a atenção do aluno é do professor e que a falha de aprendizado do aluno é falha do professor, com certeza vai se esforçar para criar aulas boas que despertem o interesse e que possam ser aprendidas pelos seus alunos.
É o que ando pensando bastante ultimamente. Para quem estuda Física/Matemática, demanda não vai faltar, e para essas áreas muito pouca gente se forma, o que aumenta ainda mais o buraco do déficit de formação básica em matemática e ciência no Brasil. Fico assustado com o fato de que mesmo tornar interessante alguma ideia simples se torna algo homérico, gigantesco. Mas, por algum motivo, nada disso me desmotiva ou abala. Continuo querendo dar aulas.
Sorria, sua concorrência é muito incompetente!
No colegial eu tive vários professores com o perfil que a Sally descreve…
Eu também, eles existem em escolas públicas e particulares.
Profissionais que ficam putos por aluno não prestar atenção e em resposta liga um “se fode aí então” e não faz questão de ensinar direito. É responsabilidade do professor fazer o aluno se interessar pela matéria, tanto é que bons professores nos inspiram, nos fazem aprender e às vezes até nos fazem escolher uma profissão relacionada à sua matéria tamanho o encantamento que causam.
Mas a maioria é essa bostinha mesmo: ego ferido por aluno não prestar atenção, sem entender que o aluno não prestou atenção pois ele não tornou seu conteúdo interessante o suficiente.
Eu também tive alguns…
Hoje concordo com a Sally. Acrescento ainda que tem muito professor de rede pública aproveitando do cargo para militância na sala de aula, assim como pastores têm se aproveitado do púlpito de igrejas para militar pelo seu político favorito.
Tem professores bons? Claro que tem. Mas tem alguns muito merdas ou, que pelo menos estão com uma atitude merda, enxergando a sala de aula como um campo de doutrinação. Eu tive amigos professores e não foi uma única vez que ouvi sobre como podiam usar a autoridade deles pra foder com alunos que os desagradassem.
Já vi também muito professor deixar suas emoções e opiniões pessoais falarem mais alto na sala de aula, o que surpreendentemente não vi com tanta frequência entre médicos (mas aí é só minha experiência pessoal). Acho mais provável que um professor te destrate na sala por discordar dele do que um médico te deixe morrer dependendo de quem você votou.
Eu acredito que hoje tem muito professor que abusa justamente pela proteção que sente com essa aura de mártir, de abnegado, de bom samaritano que topa ganhar mal para educar a juventude. Tudo uma grande máscara para acobertar fracasso: fazer parecer que é uma vocação nobre. A maior parte dos professores de ensino público se forem para a iniciativa privada não duram nem um mês empregados, pois não vão ralar nem entregar o padrão pedido.
Eu tive amigos professores e não foi uma única vez que ouvi sobre como podiam usar a autoridade deles pra foder com alunos que os desagradassem.
Síndrome do pequeno poder clássica, comum em ambientes onde há certo grau de corporativismo e onde a pessoa detém alguma prerrogativa por conta da função que exerce.
“Nos cursos públicos a barreira de entrada é insana com a dificuldade do vestibular” e quando entra tem a barreira da carga horária. Quantos jovens adultos podem estudar em período integral? Frequentar eventos, palestras que quase sempre acontecem à tarde? Quem estudou em UF no período noturno sabe como a prioridade são as turmas diurnas. Pior que isso acontece em alguns cursos técnicos também, passei pelos dois mundos.
Parece que é tudo planejado pra dificultar a vida do cidadão médio, eu hein
“E se topar fingir que trabalha para ganhar dinheiro e soltar aluno semianalfabeto pelo mundo, não posa de herói da sociedade.”.
Muitos advogam pagar um salário de cinco dígitos para o professor, como é feito na Coreia do Sul (cujo salário de professor primário li uma vez como sendo de uns 10 mil dólares iniciais).
O problema seria, como ocorre com todo funcionário público (sendo servidora há uns trinta anos), medir a produtividade e o retorno desses professores em cima de qualquer vencimento que recebam. A mensuração até teria, mas a questão é o que fazer com o servidor (no caso, o professor) em caso de baixo desempenho. Aí o corporativismo prevalece, e tudo fica por isso mesmo, com a produtividade não sendo mais baixa ainda por conta de um ou outro que se sobrecarregue pelos outros…
Aí fico pensando em alguma coisa (independente da viabilidade, só pelo bem da discussão); se, de alguma forma, o diretor ou mesmo cada professor tivesse seu destino atrelado a cada jovem que passou por suas aulas (até atingir a maioridade), assim como se cada reitor ou professor em nível superior tivesse seu destino atrelado a cada universitário que tenha passado por suas aulas…mais ou menos como um engenheiro é responsabilizado por suas obras, e pelo que der errado com elas, pelo menos por uns cinco anos após a colação de grau.
No caso dos médicos, recomendo assistir um documentário chamado Sicko, do Michael Moore. Lá aprendemos que, no Reino Unido, um médico do serviço público de saúde tem uma série de metas e indicadores de avaliação anual. Assim, um clínico geral, se consegue reduzir o nível de colesterol, diabetes, de internações e exames de seus pacientes, recebe bônus generosos do governo…
(comentado criado pelo AI-licate – o Chatbot deste blog ©)
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
RINDO MUITO DO FINAL
Concordo em partes contigo, parece que a coisa toda é feita pra dificultar a vida do cidadão.
Estudei em curso integral em universidade federal e sei bem o que é isso, extremamente cansativo ficar das 8 as 18hs numa sala de aula escutando prof, e as vezes até msm tendo aula a noite. Aliás, diria que fui um privilegiado por poder estudar, porque é realmente complicado tu trabalhar e estudar num curso desses, já que tem que abrir da vida, basicamente.
“Parece que a coisa toda é feita pra dificultar a vida do cidadão”. Sim. Realmente.
Sem dúvida…