Aposta na pobreza.
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Sally e Somir concordam que é um absurdo que os beneficiários do Bolsa Família gastem o auxílio com apostas, mas entre ser contra e criar regras para proibir, existe uma grande diferença entre os dois. Os impopulares fazem suas apostas.
Tema de hoje: beneficiários do Bolsa Família deveriam ser proibidos de gastar o dinheiro que recebem do Governo em bets?
SOMIR
Não. Programa de distribuição de renda é para ser diferente de assistencialismo tradicional. Goste ou não do Bolsa Família, a ideia é dar dinheiro para as pessoas que não conseguem gerar renda sozinhas. Não dar comida, não dar remédio ou habitação… dar dinheiro. E essa diferença é essencial.
Toda sociedade tem que lidar com o problema de pelo menos uma parcela da população viver com pouco ou nenhum recurso. São muitos fatores contribuintes, desde exploração até mesmo incapacidade de algumas pessoas. Tem quem é pobre porque seus antepassados foram escravizados, tem quem é pobre porque faz escolhas terríveis seguidas vezes. Tem de tudo.
E aí, um dos caminhos é providenciar o básico para essa pessoa, na forma de objetos diretos: o governo comunista, por exemplo, define que o cidadão tem direito a dois sacos de farinha por mês e entrega isso para cada família. Tem toda uma burocracia de coletar recursos, analisar as necessidades básicas dos cidadãos, fazer a divisão igualitária e entregar. Que isso tira muita gente da fome, tira. Mas é um caminho que tira do cidadão a capacidade de gerenciar seus recursos. Alguém define por ele o que é essencial e o entrega justamente isso.
Outro caminho, esse bem mais recente na nossa história, é a entrega de dinheiro para o cidadão necessitado. A ideia é que ninguém melhor do que a pessoa para decidir o que realmente precisa. Talvez ela prefira comprar vegetais ou invés de farinha. Pode ser que ela tente comer coisas ainda mais baratas e economizar para comprar algo que julga importante. Talvez ela esteja razoavelmente bem alimentada e resolva usar esse dinheiro numa roupa mais bonita para fazer entrevista de emprego…
Distribuição de renda ao invés de comida cria várias novas possibilidades para a pessoa em situação de necessidade. E sim, algumas dessas possibilidades são péssimos usos do dinheiro. Tem gente que compra coisa totalmente supérflua com o dinheiro e deixa os filhos passarem fome no final do mês. Tem gente que entrega todo o Bolsa Família para o traficante e fica mendigando na rua. E tem gente que pega esse dinheiro e aposta.
Evidente que eu acho uma estupidez sem fim e um desrespeito com os impostos que eu pago. Mas a escolha de dar ao cidadão marginalizado a chance de decidir como usa seus recursos já foi feita. E ela não foi feita pensando que o cidadão teria que gastar seu dinheiro em comida. Porque se fosse esse o objetivo, só se você desse um vale-alimentação cheio de regras ou mesmo distribuísse o pão em filas comunistas.
Pode fazer assim? Pode. Mas… esse é o plano? Porque distribuição de renda é pensada para dar liberdade e mobilidade social para a população mais pobre. Não é só para evitar que passe fome. Tenho mil críticas ao PT, mas o modelo definido para o Bolsa Família não é uma delas. Eu já escrevi várias vezes aqui como não enxergo outro caminho senão Renda Básica Universal para lidar com a pobreza no futuro, então óbvio que sou do time “dá o dinheiro e deixa a pessoa tocar a vida dela”.
Seria melhor se tivesse uma faixa mais generosa para que a pessoa complementasse sua renda sem perder o benefício, essa linha baixa é uma armadilha de pobreza (não prospere senão você perde o básico e fica pior que estava antes). Como o brasileiro médio é bem limitado, eu até entendo a exigência de manter filho matriculado em escola, mas em tese não deveria ter isso.
Mas entre a ideia de dar “dinheiro para comida” e “dinheiro para usar”, eu percebo claramente como a segunda é mais lógica no mundo moderno. Países comunistas que deram muito errado apostaram na primeira, países focados em bem-estar social que deram muito certo foram mais para o caminho da distribuição de renda.
Não torna certo jogar no lixo dinheiro dos nossos impostos em bets e tigrinhos, mas é um preço que se paga pela estratégia de dar um pouco mais de autonomia para as pessoas. Quanto mais liberdade, maior o potencial de erros. Percebam que eu estou indo até contra o próprio PT, porque foi o Lula que começou a falar sobre bloquear o Bolsa Família para bets. Aposto (há) que nem sabiam por que o caminho da renda era mais inteligente que o da entrega de alimentos, só copiaram algo que viram em outros lugares sem entender bem o motivo.
Não muda nada. A ideia por trás do Bolsa Família ser “dinheiro grátis” ainda vale todas as besteiras que o povão fizer com ele. Porque tem muita gente que tira valor dessa liberdade para melhorar as condições da família, mesmo que aos poucos. Manter uma massa de pessoas controladas pelo Estado recebendo só o básico cria estagnação e faz com que pessoas mais esforçadas e talentosas fiquem presas nessa armadilha da pobreza. Não podem economizar, não podem investir, não podem se planejar: só vão ter comida (a que o Estado achar que eles devem comer) e mais nada.
Sem contar que cria uma casta de incapazes: se você ganha Bolsa Família, é diferente de quem não ganha por não poder apostar. Além do óbvio da criação de um mercado negro de troca de alimentos por dinheiro para apostar, ainda mexe de forma negativa com o psicológico da população. O cidadão apoiado pelo programa social vai ter que ficar se explicando como usa o seu dinheiro, sentindo-se sempre um vassalo em comparação com o resto da população.
Por isso que governos autoritários adoram dar comida e não dinheiro: porque isso deixa o povo mais limitado e dependente. Isso mexe com o psicológico do cidadão para se tornar menos independente, sentindo-se uma criança de novo. A única forma humanitária de combater desigualdades que conhecemos na atualidade é distribuição de renda em forma de dinheiro, não de comida. É cheio de problemas, como qualquer solução, mas são problemas que derivam da liberdade, não da autoridade de um Estado que infantiliza as pessoas.
Ninguém disse que seria fácil. Não é. As pessoas fazem coisas que nos deixam putos, e você nunca pode misturar o seu sentimento pessoal com os projetos de longo prazo de um Estado. Deixa as antas apostarem, é melhor que elas tenham esse direito do que a alternativa de manter o povo estagnado indefinidamente.
Para dizer que eu sou um idealista, para dizer que se seu cachorro for livre vai cagar na casa toda, ou mesmo para dizer que tem que deixar a natureza cuidar: comente.
SALLY
Beneficiários do bolsa-família deveriam ser proibidos de gastar o dinheiro que recebem do Governo em bets?
Sim. Não é bastante óbvio que se alguém recebe o dinheiro dos outros (no caso, do contribuinte) para suprir necessidades básicas de subsistência as quais a pessoa não tem condições de arcar, esse dinheiro tem que ser destinado única e exclusivamente a isso?
Quem já trabalhou no serviço público conhece bem a regra: com seu dinheiro você faz o que quiser, com o dinheiro dos outros você dá a destinação para a qual ele foi pensado, caso contrário será punido por isso. Quer gastar tudo que tem em apostas? Maravilha, trabalha e ganha o seu dinheiro. Com o meu dinheiro não.
“Ain mas a liberdade…”. Sabe quem tem liberdade? Quem trabalha e ganha o seu dinheiro. Com dinheiro do contribuinte, ninguém tem liberdade, nem mesmo o Governo. Não é possível que vocês não achem um absurdo que tomem o seu dinheiro em impostos para que o povo jogue tudo fora em bets.
Caso você não saiba, já existem restrições sobre gastar dinheiro dado pelo Governo. Um exemplo é a Lei 7294, que, abro aspas, proíbe o uso de dinheiro assistencial de um auxílio específico do Governo “para aquisição de bebida alcóolica, cigarro ou qualquer outro produto que não tenha natureza estritamente alimentar, sob pena de perda do benefício para os beneficiários e de descredenciamento para os estabelecimentos.”
Memso o Bolsa Família tem uma destinação específica: além de alimentação, busca promover saúde, educação e assistência social. Nada disso se encontra no jogo do tigrinho, então, me parece extremamente burro e redundante argumentar que não tem lei específica proibindo pode fazer (nem existia jogo online quando o benefício foi criado). Vai de encontro com o objetivo da lei? Não pode.
A restrição na autonomia dos gastos já existe, inclusive tem lei falando especificamente dela: tem que usar para o fim a que se destina. Não cabe falar em liberdade quando usamos o dinheiro dos outros. É para comida? É para comida. É para saúde e educação? É para saúde e educação. Quer apostar? Ganhe o seu dinheiro e aposte.
“Ain mas então proíbe para todo mundo”. Amigão, eu não sei em qual mundo você vive que lhe parece justo equiparar a pessoa que acorda às 4 da manhã, pega 3 ônibus e trabalha igual um filho da puta a um beneficiário do bolsa família. Não é sensato que tenham os mesmos direitos, as mesmas liberdades, o mesmo poder de escolha com o dinheiro que recebem.
Eu até acho que tem que proibir para todo mundo por causa da bolha de endividamento que se está criando, que pode quebrar o país, mas sabemos que não vai acontecer pois o lobby está forte. Então, o mínimo que eu espero é que quem pega o dinheiro do contribuinte para comprar comida compre comida, inclusive pelo fato de que em quase 100% das vezes tem criança sentindo fome, afinal, se tem uma coisa que o pobre brazuca sabe fazer é filho.
Não é apenas sobre o desaforo de pagar para os outros apostarem em um país no qual tem hospital e escola caindo aos pedaços. É bem além. Se a pessoa perde o dinheiro que seria destinado para necessidades básicas (e vai perder, pois em bet o apostador sempre perde), essas necessidades básicas não desaparecem, elas continuam ali e precisam ser atendidas – inclusive de inocentes que nada tem a ver com essas bets.
A pessoa tem que comer. A família da pessoa tem que comer. A pessoa perdeu tudo em bet. Faça as contas e chegue à mesma conclusão que as últimas pesquisas sobre isso: para começo de conversa, a criminalidade vai aumentar. Em nome da “liberdade” você está disposto a cagar mais ainda a segurança pública? Para que beneficiário possa jogar no tigrinho você majoraria as chances do seu filho ser assaltado? Porque é justamente isso o que está acontecendo.
“Ain mas a liberdade…”. Não. Pais não tem a liberdade de comprometer necessidades básicas dos filhos com jogatina, nem mesmo se forem ricos e estiverem usando seu dinheiro fruto do seu trabalho. Há proibição legal para isso. Por qual motivo o pobre tem direito a essa liberdade? Tem que proteger essas crianças filhas de viciados em jogo que ficam sem comida na mesa. Não é possível que uma pessoa com mais de dois neurônios não veja isso. Não tem como fiscalizar se os pais estão dando comida para os filhos, a única forma de proteger é impedir quem não tem dinheiro para comer de gastar em aposta.
Além disso estamos falando de uma questão de saúde mental. Uma pessoa que gasta o dinheiro destinado a comida em apostas é uma pessoa viciada que precisa ser protegida dela mesma, independente dos filhos. Liberdade é o caralho. Ninguém dá liberdade para viciado fazer péssimas escolhas que colocam a sobrevivência dele em risco e a de sua família. A lei tem muitos mecanismos para impedir que isso aconteça. E não é sobre tolher a liberdade, é sobre proteção.
Vê se alguém vai permitir usar dinheiro do bolsa família para comprar drogas. Alguém vai ser a favor disso? Não, claro que não. Por qual motivo pode ser usado por viciados em apostas? Só pelo fato da lei não criminalizar apostas? Meu amigo, que argumento raso. Essa ginástica argumentativa deixa criança vulnerável sem comida na mesa, tenha vergonha.
Além de tudo seria bem contraproducente do ponto de vista pedagógico dar essa liberdade para um dinheiro bancado pelos outros. Se está dizendo que tanto faz trabalhar ou não, você vai receber dinheiro para gastar no que quiser. Não, não é lenda, mais de uma vez tive funcionário que pediu demissão para viver de auxílio governamental. É uma mensagem muito errada que se passa.
“Ain mas o pobre vai ser tratado diferente?”. Em qual país você vive, meu anjo? Todo o ordenamento jurídico brasileiro trata de forma diferente quem é mais vulnerável, inclusive intelectualmente. Todo. O tratamento diferente já existe e inclusive é um dos pilares: equidade. Tratar desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade. Se aplica em todas as áreas do direito. O pobre (assim como muitos outros grupos vulneráveis) já são tratados diferente.
Eu sei que qualquer pessoa de qualquer classe social pode ficar viciada em apostas, mas vocês hão de concordar comigo que quando mais deficitária a educação, mais vulnerável a pessoa fica. E essas pessoas precisam de proteção. As famílias dessas pessoas precisam de proteção. Não dá para você deixar pessoas completamente despreparadas e desamparadas se autorregularem. É sacanagem. É crueldade travestida de liberdade. Eu concordo com todos os argumentos do Somir em tese, porém a realidade do Brasil obriga a dar essa proteção.
Parem de tratar o brasileiro como uma pessoa razoável, um mês sem “Ei, Você” já os fez esquecer da realidade? Quando sair o primeiro “Ei, Você” sobre apostas vocês vão chorar na pia de torneira aberta. Parem de olhar a coisa pelo ponto de vista do indivíduo, pois as bets fazem estrago no coletivo, um estrago que inclusive vai chegar em você e na sua família.
Pagar para quem não trabalha gastar o dinheiro do almoço dos filhos com aposta é um dos maiores absurdos aos quais já tive que me opor nos 15 anos desta coluna. Eu sinceramente não sei em qual país vocês acham que vivem. Eu não sei em qual universo isso é normal. Dinheiro pago pelo contribuinte tem que ter restrições sim, caso contrário o impacto negativo será sentido por toda a sociedade. Quem quer gastar o dinheiro sem restrições que trabalhe por ele.
Para dizer que acha que dá para dar liberdade sem que isso impacte você e sua família (não dá), para dizer que o brasileiro vai acabar se autorregulando (viciado se autorregula?) ou ainda para dizer que não é justo (justo é pegarem seu dinheiro para bancar aposta de quem não trabalha?): comente.
Fecho com a Sally. Se o brasileiro médio que trabalha pra ganhar o dele não tem discernimento pra gerenciar seu próprio dinheiro, imagina o chimpanzeiro médio que vive de Bolsa Família e outros benefícios de transferência de renda.
Se bem que, se o chimpa não puder usar o dinheiro do Bolsa, o que vai acontecer é, como o Somir já disse antes, o surgimento de esquemas pra “lavar” o dinheiro do Bolsa. Não me esqueço de 2008, quando fiz estágio em Serviço Social, de um caso bem pitoresco que acontecia na minha cidade. Aqui, um dos benefícios mensais que a pessoa cadastrada no CadÚnico podia pegar, além do dinheiro do Bolsa, era um Cupom Alimentação. Na época, esse cupom era de 50 reais, e esse cupom funcionava como uma espécie de vale-compra que o beneficiário podia usar em uma rede de supermercados específica para comprar alimentos e produtos de higiene pessoal.
Pois bem; tinha gente que recebia esse benefício, mas queria comprar coisas menos necessárias, como álcool e drogas. Então, dentro do próprio bairro onde o CRAS funcionava, tinha uma mulher que “comprava” os cupons: a pessoa ia até ela, ela fazia uma lista de coisas pra pessoa comprar, a pessoa ia lá pegar os produtos e entregava pra mulher, que lhe devolvia 25 reais.
Quando proibirem que o chimpa use o seu Bolsa pra jogar no triguinho ou na bet, alguém vai dar um jeito de lavar o dinheiro do Bolsa pra que ele possa fazer isso. E o chimpa vai correr atrás de outros meios pra bancar sua comida.
Vão burlar, ou ao menos vão tentar.
Mas muitos não vão conseguir, por incompetência ou preguiça. Quanto mais dificultar, melhor.
Tenho um ponto de vista um pouco diferente das expostas aqui pela Sally e o Somir e vou usar um exemplo da minha familia para ilustrar esse meu ponto de vista.
Um dos meus irmãos, quando nasceu a segunda filha (com uma sindrome que ele e a esposa nao sabiam se era Down ou não), pediu para a familia uma ajuda financeira para a realização de um exame (caro) que identificaria a sindrome da filha para o tratamento correto. Eu e os demais irmãos ajudamos, mas um deles, depois de fornecer a ajuda financeira, perguntou se com isso os pais mudariam seus hábitos, pois se a filha deles tinha nascido com uma sindrome, isso claramente tinha se dado devido ao fato dos pais consumirem alcool, cigarros e drogas. O resultado? Estes meus dois irmãos estão brigados e sem conversar a mais de 11 anos.
Quando voce dá dinheiro para alguem, invariavelmente voce vai julgar se o dinheiro que voce deu está sendo usado corretamente ou não. No caso do exemplo que dei, quem forneceu foi mais alem ainda, queria saber se o dinheiro fornecido, alem de ser usado para o fim que foi solicitado, tambem serviu para que a pessoa que recebeu mudasse seus habitos que teriam sido a “origem” do problema em questão.
Por isso entendo que dar dinheiro não é a solução. Não resolve o problema, baixa a estima da pessoa, alem de deixar todos que forneceram em situaçaõ de poder “julgar” o que a pessoa vai fazer com o dinheiro.
Isso sem contar com as fraudes…
Mas por que não usamos esse dinheiro para fornecer saneamento básico e construir escolas?
Eu concordo com a Sally, inclusive sobre proibir bets para todo mundo. Uma pena que não vá rolar. Esse vício prejudica toda a sociedade, e não é justo que as poucas pessoas razoáveis que ainda vivem no Brasil sejam ainda mais prejudicadas por uma massa vulnerável. Fora que gastar o dinheiro de auxílios governamentais com drogas e bebida já é e sempre foi proibido, quem faz isso está errado e deveria haver mais fiscalização.
O Governo (através da Caixa Econômica Federal) vai lançar sua própria bet. O Brasil é um aterro sanitário.
É PIOR que um aterro sanitário! Vamos ter que inventar uma palavra nova pra designar tamanha abominação…
“O Governo (através da Caixa Econômica Federal) vai lançar sua própria bet”. É pra fazer a gente desanimar mesmo…
Está muito certo, já proibiram cartão de crédito e agora benefício também. O brasileiro já parecia um povo zumbi de bebida e se drogas, agora ainda tem mais esse vício em jogo. Isso é coisa muito séria, tem gente deixando de pagar aluguel e deixando de comer pra jogar. Ainda bem que esse assunto tem vindo a discussão porque se não der um freio nisso, o país vai virar um inferno pior do que já tá. Viciado não tem noção das coisas. Esse negócio de bet tinha era que acabar.
Não foi proibido não, tá? Inclusive a bancada do PT votou a favor de se permitir
“Parem de tratar o brasileiro como uma pessoa razoável, um mês sem “Ei, Você” já os fez esquecer da realidade? Quando sair o primeiro “Ei, Você” sobre apostas vocês vão chorar na pia de torneira aberta. Parem de olhar a coisa pelo ponto de vista do indivíduo, pois as bets fazem estrago no coletivo, um estrago que inclusive vai chegar em você e na sua família.”
Isso presumindo que seja o beneficiário de fato, e não uma ou mais pessoas que recebem o bolsa família por fraude (como ocorreu em cidadezinhas menores Brasil afora, com familiares de políticos cadastrados no sistema).
Aí seria ainda mais revoltante, se considerarmos um país em que a metade da população sem esgoto inclui muitos dos que sustentam esses programas assistencialistas com alíquotas elevadas de impostos diretos, indiretos, regressivos…
Tá cheio de gente recebendo sem ter os requisitos. Tá tudo errado. Tem que tratorar o Brasil e recomeçar do zero.
Essas fraudes são muito revoltantes.
Sempre penso em como é difícil conseguir auxílio previdenciário por razões médicas. Já vi negarem porque a pessoa tinha câncer em apenas um dos lados do corpo e, nas palavras do perito, “poderia usar o outro.” Já vi gente perder o auxílio por depressão porque saiu de casa pra ir ao psiquiatra e o vizinho denunciou. É uma tristeza. Permitir que pessoas simplesmente gastem auxílio com bets também soa como um insulto a quem precisa muito e tem dificuldade para conseguir. Deveriam fiscalizar isso com tanto rigor quanto fiscalizam os auxílios previdenciários.
Concordo 100% com a Sally e, honestamente, acho que essa pergunta nem precisava ser feita. Porque “pagar para quem não trabalha gastar o dinheiro do almoço dos filhos com aposta” é mesmo um absurdo inaceitável.
Deveria ser impedido até para proteger essas crianças