
B.A. (Brasileiro Artificial)
| Desfavor | Anúncios | 8 comentários em B.A. (Brasileiro Artificial)
Inteligência Artificial é para os fracos. Aqui no Desfavor nós pensamos além.
Ou aquém…
SALLY
Todo ano tentamos trazer uma novidade para o Desfavor, algo especial, que vigorará apenas naquele ano e que julgamos ser interessante de alguma forma para o leitor. Já tivemos Desquetes, já tivemos textos do C.U. e, ano passado, tivemos a coluna “O Brasil Tem Saída”, com oportunidades de emprego fora do país para aqueles que desejavam sair do Brasil. Hoje estamos aqui para anunciar a novidade de 2025.
Em 2025 decidimos explorar o mau uso da Inteligência Artificial. Na contramão do mundo, que te ensina as formas corretas de usar IA, nós vamos fazer o contrário, te ensinando sobre o que não fazer, de diferentes formas, todas elas muito incorretas e criativas.
Todos os meses do ano teremos uma iniciativa diferente para fazer mau uso da Inteligência Artificial, sempre com o propósito de te alertar para as consequências disso. Pense no Desfavor como as rodinhas da sua bicicleta. Você vai chegar ao final de 2025 muito ciente de como não usar Inteligência Artificial. Por nada.
Quem for leitor do Desfavor terá acesso a um texto por mês explicando qual será a iniciativa do mês, o que pretendemos fazer e com que objetivo, ou seja, vocês não serão enganados, manipulados nem sacaneados. Vocês estão cientes do que está acontecendo. Já quem cai aqui de paraquedas… provavelmente vai sofrer as consequências de acreditar cegamente em uma Inteligência Artificial.
E, neste mês de janeiro, queremos começar apresentando B.A., o Brasileiro Artificial, que fará um resumo de cada texto nosso para informar ao leitor sobre o assunto e resumir o conteúdo do texto. Será um resumo bem-feito, correto e confiável? Não. Certamente não. Mas vocês já estão avisados: não é para acreditar em uma vírgula do que o B.A. falar. Muito pelo contrário.
B.A. é uma síntese do que o brasileiro médio diria se lesse nosso texto e fosse perguntado sobre o que ele entendeu, sobre o assunto e sobre o que ele acha do assunto. B.A. é um lembrete constante do quanto você não pode confiar em resumos ou respostas gerados por I.A.
Um exemplo cotidiano: Google. Qualquer busca que você faça no Google hoje gera, em primeiro lugar, uma resposta gerada por IA, que muitas vezes está errada. É uma informação errada que foi replicada, copiada e repetida vezes suficientes para parecer confiável para o Google.
Quem para nessa resposta de IA e dá seu conteúdo como verdadeiro em algum momento vai engolir informação falsa, errada, incorreta. Por isso queremos te educar a rolar depois de qualquer resumo e consumir o conteúdo, para que você veja como um resumo por estar corretamente incorreto e te fazer passar vergonha.
Esperem por mais novidades, em breve. Mas sempre sendo leais a nosso leitor e explicando com antecedência o que estamos fazendo.
SOMIR
Sally mima vocês. Por mim eu só jogava o nosso avançado sistema de B.A. nos textos e tiraríamos sarro de quem se confundiu. Mas tudo bem, vamos aproveitar a oportunidade para falar sobre o tema.
Qualquer um usando o Google sabe como a I.A. já está cagando a forma como consumimos informação. Os primeiros resultados são um misto de resumo da resposta feito pelo sistema da gigante de pesquisas e os intermináveis anúncios. Eu sinto pena de quem só acessa pelo celular, porque na versão mobile é ainda pior: não tem mais pesquisa, só o sistema tentando adivinhar o que você quer para responder da forma mais resumida possível. Dá até dor na mão rolar até o primeiro resultado real da pesquisa.
E muitos sites de notícia já estão colocando resumos feitos pelo robô no começo das matérias. Eu já achava um fracasso civilizacional ter aquela porcaria de tempo de leitura antes, afinal, o ser humano médio tem que saber quantos minutos vai gastar se informando para encaixar na sua rotina online de ver bundas na rede social… mas o resumo automático é mais um passo no sentido de inflar o senso de importância do cidadão médio: seu tempo não é tão importante assim, e seja como for, é esperado de um adulto saber o que lhe interessa ou não.
Essa tendência só reforça a ideia de que as pessoas consomem conteúdo na internet de forma aleatória, escravos de algum algoritmo sem agência sobre o que quer consumir. Tem que dizer para as madames quanto tempo de leitura e ainda resumir em poucas linhas o texto para otimizar a experiência de ler e não entender o que está escrito.
E pior, o resumo da I.A. ainda pode estar errado. Os modelos de linguagem são eficientes em muitas coisas, mas são incapazes de inferir o objetivo do texto. Só entende objetivos quem tem objetivos. A máquina ainda só quer prever a próxima palavra, corremos o sério risco do grosso do conteúdo da internet ser consumido através das literais palavras escritas. Eu sei que isso já acontece com muita gente naturalmente, mas ler os textos dá mais oportunidades de perceber que existem muitas coisas nas entrelinhas de qualquer informação que você consome.
Mas aqui a gente não só reclama: a gente reclama e tira sarro junto. Por um lado tem mil piadas diferentes para fazer com nossos agentes virtuais, por outro tem todo o potencial de realmente confundir os perdidos que sempre acabam aparecendo aqui durante o ano. Se quer terceirizar o entendimento do que lê, que arque com as consequências. Essa gentalha fica desesperada achando que todo jornalista está mentindo, mas abre as pernas para o algoritmo.
Não existe atalho. Você vai ser enganado se não estiver prestando atenção. Enganado propositalmente por gente com motivos escusos; ou enganado por tabela por um sistema artificial que não sabe o que está fazendo de verdade. E tem ainda o combo: quanto mais se aprende como a I.A. funciona, maior a possibilidade de transformar isso num jogo de manipulação. Os resultados do Google são disputados por quem entende melhor como a I.A. deles consome e traduz conteúdo.
Tudo o que o ser humano puder transformar num jogo competitivo, vai transformar num jogo competitivo. Enquanto as empresas de I.A. otimizam seus sistemas para entregar resultados mais e mais “mágicos” para o cidadão comum, outras empresas estão desenvolvendo formas de tapear a inteligência artificial para ela dizer o que eles querem. Não precisa de conspiração gigante, as forças do mercado já servem. Seja para te vender um produto ou para eleger um candidato, já está acontecendo.
Quem souber dizer as coisas do jeito certo para fazer a I.A. dar prioridade para suas informações tende a controlar a forma como as pessoas são impactadas. Aqui vamos apenas fazer algumas piadas, mas elas são todas baseadas em formas de distorcer informações que com certeza serão utilizadas contra você. Vai acontecer quando você estiver querendo trocar de celular, vai acontecer quando você quiser saber se um político presta ou não: os resumos vão refletir as opiniões de quem investiu mais (tempo e dinheiro) em influenciar o sistema automatizado.
Eu costumo dizer que só existe desconto se você sabe o preço do produto. Não faz nenhuma diferença estar escrito que o que você quer comprar está em promoção se você não sabe o quanto aquilo custava antes. E as pessoas caem nessa dia sim, dia também. Então, eu expando a ideia para resumos feitos por I.A.: só é resumo se você tem alguma ideia sobre o tema. Grandes coisas ler que sua dor de cabeça pode ser causada pela glândula epizética se você nem sabia que ela existia. Ela existe? Você não sabe se não for muito bem estudado em anatomia humana ou enquanto não pesquisar sobre ela.
Como estamos no Desfavor e criamos uma saudável desconfiança de trollagens em vocês, provavelmente você vai ficar em dúvida se é verdade, mas e se você estivesse pesquisando por dor de cabeça no Google e isso aparecesse? E se você só visse uma página explicando o que é a glândula epizética e que precisa de um suplemento de Vitamina B12 com Selênio para acabar com as dores? E se nessa página tivesse um link para comprar esse suplemento na Amazon com entrega no dia seguinte?
Quanta gente não ia comprar direto sem nem pesquisar se a porra da glândula epizética existe? Pode acontecer com a maioria de nós. E é isso que pode acontecer com inúmeros temas se você não estiver minimamente informado sobre os temas que pesquisa no cotidiano. Só existe desconto se você souber o preço, só existe resumo se você tiver alguma base sobre o tema. Não dá para confiar cegamente nesses sistemas que acabam influenciados por interesses humanos.
O resumo não explica isso. O texto sim. E nem vamos começar a falar sobre I.A. resumindo texto feito por I.A., porque eu nem quero imaginar ainda o caos que vai ser quando isso for a maioria do conteúdo da internet…
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Concordo com essa charge…
Tá circulando já faz um tempo…
Misericórdia Sally… vamos ver o que vai dar isso aí! haha
Somir, o que tu andou fazendo com o layout do site? Cansou do antigo? Oras oras…
Foi só uma adaptação, ainda é a mesma lógica, mas eu resolvi arrumar alguns detalhes.
Eu não consigo mais achar os números das páginas, você tirou?
Eu tirei da home, agora aparecem nos arquivos de categoria, tags e autores… na home tem bem mais posts agora, achei que ninguém ia sentir falta. Só me dizer o que está difícil de achar que damos um jeito aqui!
Muito legal a versão “Jetsons” do meme “Hue Hue Hue BR” ilustrando a postagem. Aliás, a relação dos BMs com a tecnologia pode ser resumida nesta frase: “Sentindo-e um Jetson, mas agindo como um Flintstone”.