Continuamos revisando o ano passado. Dessa vez, pensando sobre o que o governo fez de pior. Sally e Somir concordam que foi um festival de traições das promessas de campanha, mas não sobre qual a pior. Os impopulares fazem pesquisa de popularidade.

Tema de hoje: qual foi o maior desaforo do governo PT em 2024?

SOMIR

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Resumo da B.A.: só mais 72 horas até o Elon Musk prender o Alexandre de Moraes, patriotas!

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Política internacional. Logo após ganhar a eleição, o gado lulista puxava cantos de “ôôô, o Brasil voltou” em eventos internacionais, hoje a pegada é mais “fuck you Elon Musk” e outras bravatas bananescas.

Bolsonaro era um tosco, e agia feito tosco em todas as oportunidades possíveis. Em eventos internacionais, metade pela rejeição à suposta extrema-direita, metade por sua cara de bosta quando não estava sendo bajulado, ele não tinha muito apelo global. Nem os ditos líderes globais do seu movimento político davam muita atenção.

Se você não estava na bolha da direita online, sabia que o ex-presidente era uma piada para grande parte da elite global. Uma meio sem graça, ao contrário de Lula, que, descontados seus inúmeros defeitos, sempre teve um charme especial para políticos de outros países. Fora do Brasil não ficou muito claro que ele foi preso por corrupção, a imagem é mais ligada com a origem humilde e a impressionante volta por cima com a reeleição para o terceiro mandato, o que dá uma aura de injustiçado perseguido pelas elites brasileiras.

Aliás, sempre que ouvir falar de algum outro político internacional, lembre-se que fora do país é difícil ter uma noção realista sobre os líderes locais. Recebemos notícias enviesadas por visões políticas, e o que sai do país para a imprensa internacional nem sempre é o mais relevante para o país propriamente dito. As políticas sociais do PT ainda soam como algo benevolente ao redor do mundo.

Digo isso porque você pode achar o Lula um bandido safado à vontade, mas não muda o fato que fora do Brasil a imagem dele é diferente. Bem melhor mesmo. Ele realmente poderia usar esse carisma “quem não te conhece que te compre” para trabalhar nossa imagem de forma mais positiva. O mundo queria essa história de superação, a vitória do povo contra a maligna extrema-direita, e Lula poderia ter jogado com isso para aumentar o “soft power” brasileiro.

Soft Power é o nome que se dá para o que um país faz para ganhar simpatia e influência em outros países, soft (macio) porque não é relacionado com ameaças militares ou econômicas. A Coreia do Sul é um exemplo recente de excelente utilização do Soft Power: exportou sua cultura de tal forma que a maioria dos jovens do mundo acham o país muito bacana. Ajuda a vender produtos e atrair cérebros.

E considerando como o Brasil é inofensivo com seu exército e sua economia, deveríamos focar bastante em Soft Power para melhorar nossa relação com outros países. A Sally sempre diz que os argentinos gostam dos brasileiros, eles só querem uma desculpa para nos tratar bem (e fazem mesmo sem motivo), e esse é o país que em tese é o nosso maior rival. Mais por sorte do que por juízo, o mundo acha o Brasil um país fácil de gostar. Não tem bagagem negativa (tirando o Paraguai, mas eles já perdoaram) nem disputas por recursos e territórios. Não é um país conhecido por maltratar ninguém especificamente… o potencial é enorme.

Potencial desperdiçado pelas vontades incontroláveis de lacrar contra os americanos e “europeus de olhos azuis” em geral. Já falamos várias vezes aqui como Lula e cia. estão parados no tempo, ainda dentro da Guerra Fria. Os EUA não ficaram bonzinhos, mas não são mais a mesma entidade que deu suporte à ditadura brasileira. Francamente? Nem acham mais que valemos esforços. O último presidente americano que tinha mais interesse no Brasil que em Burundi, Bósnia ou Bangladesh foi o Bush filho.

Esse povo fica atacando os moinhos de vento americanos, é ignorado solenemente e no processo vai se indispondo com o resto do mundo. O Brasil tem tamanho e população para não ser ignorado quando fala asneira, mas não tem força e economia para influenciar nada. Quando Lula sai falando que a última vez que viu algo parecido com a Palestina foi no Holocausto, é o pior dos mundos: ninguém vai se mexer por causa da reprovação da maior república das bananas do mundo, mas ninguém vai deixar passar por irrelevância absoluta do país. O presidente do Paraguai pode falar merda o dia inteiro que não atrapalha o país; você sabia que o Paraguai é um dos poucos países do mundo que reconhece Taiwan como a verdadeira China? Não? Exato.

É por isso que eu coloco política internacional do topo aqui: porque é onde o Brasil atravessa a rua para escorregar na casca de banana. O mundo todo está só esperando uma chance para gostar do Brasil. Mesmo em países que estão irritados com seus imigrantes brasileiros como Portugal e Japão, ainda é fácil ganhar simpatia se você não for um completo selvagem tocador de funk no último volume na rua.

E o nosso soft power de maior potencial é o ambiental, algo que se bem feito deixa feliz até a turma que nega aquecimento global: só cuidar da Amazônia que 99% da população mundial fica feliz com o Brasil. Não estamos indo encher o saco de ninguém, nossa natureza está aqui e dá um sentimento feliz até mesmo num caipira americano saber que as araras estão voando livres na floresta. Estava fácil ser o país que fazia bonito nesse quesito, ganhando simpatia e acordos favoráveis em vários negócios.

Mas não, Lula e seus ideólogos fãs de ditadores caribenhos desviam do mais fácil e querem dar pitaco em guerras na Palestina e na Ucrânia. Ficam antagonizando os americanos sem objetivo real até fazerem inimigos, passam vergonha defendendo gente como o Maduro só para serem ignorados quando ele dá mais um golpe…

Eu entendo o ponto da Sally, mas saúde pública é difícil mesmo. Não quer dizer que incompetência seja algo tolerável, mas é menos sabotagem do que o PT fez na política internacional. Eles estão criando problemas para o país todo por gosto, porque acham que tem que pegar uma das nações mais simpáticas do mundo e transformar em chatos ultrapassados sem noção da sua insignificância. O erro escolhido é sempre pior.

SALLY

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Resumo da B.A.: no tocante à cuestão das vacinas o governo Lula fez uma coisa boa: não vacinou a população.

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Qual foi o maior desaforo do governo PT em 2024?

Antes que as merdas de 2025 comecem a empilhar, vamos discutir 2024. Qual foi o maior desaforo do Governo no ano passado? Na minha opinião, a forma como lidou com a saúde, especialmente as vacinas.

Tudo foi desaforo. Péssima gestão. Bater cabeça de gente idiota, incompetente e arrogante. Tudo foi um desastre, tudo foi mal planejado, mal executado e caro. Mas as vacinas são a minha escolha pois foi um governo que se elegeu criticando justamente os erros do governo anterior sobre o tema. E fez pior.

Faltou vacina em 2024. Não é boato, o próprio Somir passou o ano tentando tomar vacinas e vacinar pessoas da sua família, inclusive idosos, sem conseguir. E, curiosamente, faltou vacina nos postos de saúde, mas sobrou em estoque, já que o país bateu recorde de vacinas incineradas no final do ano. Vacinas e remédios, mas vamos nos ater às vacinas.

Faltou vacina para todo mundo, desde aquelas que devem ser aplicadas na infância, até vacina para idoso. Faltou informação. Faltou campanha de vacinação. E quando foi chegando o final do ano, quando as vacinas começaram a perder a validade, estes filhos duma puta deste governo insuportável foram a público dizer que as vacinas não foram aplicadas “por falta de interesse da população”. Sempre culpando o povo, sempre humilhando o povo.

Falta de interesse coisa nenhuma. A cada ida ao posto de saúde a informação mudava. Vacina contra dengue? Só até 12 anos. Não, só até 14. Não, todo mundo pode, vamos aplicar em idoso, mesmo não havendo prova de eficácia. Uma zona. Vacina para covid? Tinha, vencida. E no posto ainda te perguntavam se você queria “tomar vencida mesmo” ou queria esperar. Não foi falta de interesse, foi uma péssima gestão mesmo.

Bolsonaro sempre cagou para vacina, sempre se posicionou de forma até contrária. Por mais hediondo que eu ache, ao menos não enganou as pessoas. Ele era aquilo ali e foi para aquilo que o povo votou. Lula fez da vacina uma plataforma de campanha e deixou faltar. E não foi só a de covid, deixou faltar até da gripe.

Quando você concorre com um candidato merda e se coloca como contraponto dele, mas, no final, faz as mesmas merdas, você se torna tão merda quanto ele. Até pior, pois você enganou a população assegurando que prestigiaria algo que negligenciou. Só não teve os gritos de “genocida”, mas nos atos? Foi igual ou pior.

“Mas Sally, Lula não tem como controlar cada vacina, cada posto de saúde”. Mas tem como controlar sua Ministra da Saúde, Nísia Trindade, pertinentemente apelidada de Pazuella, pois tem inteligência e competência comparáveis a esse imbecil. No mínimo, tinha que ter trocado de Ministro, investigado e punido os erros da Pazuella. Mas não. Se acham intocáveis. Acham que um discurso bonito basta. Se alguém reclamar, basta dizer que a pessoa é bolsonarista, extrema-direita e usar isso como argumento para regular as redes sociais.

É indefensável. Até insulina faltou em 2024. Cada vez que o Somir vinha me dizer que não havia vacinas (e eu perguntei muito, durante o ano todo, para relembrar da vacinação) eu ficava indignada. É indignante por si só deixar faltar vacinas que podem salvar vidas, mas é mais ainda quando a pessoa se elegeu prometendo justamente ser um contraponto a isso. E mais ainda quando a gente descobre que tinha estoque de vacina, ela só não chegou no seu braço.

Relações internacionais a gente nem tem esperança, sempre foi uma merda no país, não é a toa que o Brasil tem o apelido de “anão diplomático”. Esse tipo de sutileza a gente nem espera que melhore, afinal, idiotas que mal sabem formular uma frase correta obviamente não serão capazes de diplomacia. Mas vacina? O Brasil sempre vacinou bem. Vacina não tem muito mistério, é só comprar e aplicar. Mas, ao que tudo indica, nem isso os idiotas conseguem.

Foi erro por cima de erro. Tudo já começou errado quando Lula assumiu e decidiu não comprar vacina contra dengue e “esperar” pela vacina nacional. Eu não sei o que esse idiota sabe sobre vacina, mas vacina não é um Big Mac, que fica pronto em 15 minutos. Resultado? Recorde de casos e mortes por dengue. E a vacina nacional ainda não saiu.

Isso fez com que apenas a rede particular tenha vacinas e só possa se proteger quem tem dinheiro para pagar. Curioso o pai dos pobres permitindo que os pobres adoeçam enquanto os ricos são imunizados, não? Mas no ano passado foi pior, pois finalmente o imbecilóide se deu conta de que não dava para esperar pela vacina nacional. Comprou e não aplicou. Novamente recorde de casos e mortes por dengue.

Seis em cada dez municípios relataram falta de vacina em 2024. Ou seja, a maior parte do país ficou sem vacina. E não foi só a de dengue que faltou. Faltaram vacinas básicas, como tetraviral, hepatite, varicela, meningocócica, DTP e muitas outras. Tem criança que deveria ter tomado vacina e não tomou. Em um governo que só se elegeu pelo fato do o anterior não vacinou direito. 1% de diferença nos votos, lembram?

E a pior parte é que os defensores de vacina, tão atuantes no governo Bolsonaro, estão caladinhos. Se fosse o Bolsonaro a fazer isso, estava todo mundo gritando. Agora não se escuta um pio. Nunca foi pelas vacinas, nunca foi pela ciência. Sempre foi um projeto de poder para avacalhar o máximo possível com a imagem do Bolsonaro (mais do que merecido) e trazer o verme do Lula de volta. Imorais, indecentes, rasteiros. Todos calados. Zero indignação.

Relações internacionais é um luxo que, se possível, é bom ter. Vacina é o básico do básico. Deixar faltar vacina é muito mais aviltante.