Autor: Desfavor

PARABÉNS!Numa canetada só, a CBF modificou a lista dos maiores campeões brasileiros até hoje. Unificando as conquistas do Campeonato Brasileiro atual com outros torneios como Taça Brasil e “Robertão”, os dois novos maiores vencedores da história são Santos e Palmeiras.

Os critérios e o momento dessa decisão sugerem que não são só as salas de troféus dos clubes beneficiados que estão ficando mais ricas… Desfavor da semana.

SOMIR

Bastou pipocar na imprensa os absurdos que serão permitidos à CBF (vulgo seu dono: Ricardo Teixeira) por causa da Copa do Mundo de 2014 que a história da unificação dos títulos brasileiros foi tirada da gaveta.

Conveniente, não? Antes da discussão sobre os “novos” títulos conferidos a diversos clubes, discutia-se a isenção completa de impostos concedida a uma empresa COM fins lucrativos cujo ÚNICO sócio é o presidente da CBF. Empresa criada apenas para organizar a Copa do Mundo. Basicamente, a empresa pode importar qualquer coisa sem pagar uma taxa sequer e TODO o lucro pode ir direto para o bolso de uma pessoa física no final da brincadeira.

Não bastavam os elefantes-brancos que serão construídos com dinheiro público por todo o país, precisavam de um pouco mais… E a enrolação para começar a construção dos estádios para a Copa tem um “excelente” motivo: Se ficar muito em cima da hora, dá para sair torrando o NOSSO dinheiro sem licitação através de uma brecha na lei.

Bom, esses não são assuntos agradáveis para ocupar os jornais. Estava na hora de jogar merda no ventilador e deixar os torcedores de diversos clubes se pegarem em uma discussão pra lá de espinhosa. Estava na hora de unificar os títulos brasileiros!

Funcionou. Se essa unificação fosse algo realmente justificável, já teria acontecido DÉCADAS atrás. Precisou que um clube (curiosamente o Santos, maior beneficiado) entrasse com o pedido para que se começasse a pensar no assunto em primeiro lugar. Como era de se esperar, ficou juntando teias de aranhas nos arquivos da CBF até que finalmente tivesse uma utilidade prática.

Um dos maiores motivos pelo qual não se dava muita bola para o pedido é justamente o valor subjetivo que deveria ser conferido aos campeonatos DIFERENTES do campeonato brasileiro (que começou em 1971). Claro que o futebol brasileiro não começou ali, já tínhamos mais títulos mundiais naquele ano que a Argentina tem até hoje. Mas isso não quer dizer que disputava-se um campeonato brasileiro real antes daquele ano. Eram campeonatos de conveniência: Participava o time que tinha tempo e dinheiro. Somos um país continental e naqueles tempos era virtualmente impossível criar um campeonato de pontos corridos para times de todo o país com turno e returno como temos hoje.

Não se chamava campeonato brasileiro porque até o pessoal da época sabia que não era um campeonato brasileiro. Era o que dava para fazer. E o que dá pra fazer não é sinônimo de fazer direito. Neguinho não sai do motel dizendo que comeu a mulher se o máximo que conseguiu foi dar uma pegada nos peitos dela…

Equiparar momentos tão diferentes da história baseado em subjetividades como importância relativa transforma tudo numa piada. Bem como foi dito durante a semana: Se unificassem as lideranças do Brasil, Dilma seria a segunda mulher presidente. A Portuguesa entrou com um pedido na CBF querendo que suas antiqüíssimas vitórias no Rio-São Paulo fossem consideradas títulos nacionais, já que considera o campeonato o mais difícil do Brasil na época. Virou palhaçada.

Temos um exemplo excelente vindo da Inglaterra, que contabiliza seus campeões nacionais de 1888. Eu não errei não… Mil oitocentos… Os times daquele tempo disputavam O MESMO campeonato que os times atuais. Pontos corridos com times de todo o país, e antes mesmo de 1900 eles já tinham segunda divisão! Faz sentido que todos os títulos sejam equiparados.

E tem gente dizendo que mesmo que fizessem um campeonato brasileiro igualzinho ao atual Santos e Palmeiras teriam vencido da mesma forma naqueles anos. Não duvido, mas não existe campeão teórico. A seleção brasileira de 82 também ganharia qualquer campeonato… Menos o que disputou.

Ou é ou não é.

E não é. Os campeonatos unificados não eram campeonatos brasileiros. Não é culpa dos times, não é culpa dos jogadores, não é culpa das torcidas. Tostão escreveu há pouco que não estava nem aí porque já comemorara o título quando ele aconteceu, essa contagem não mudava em nada sua vida. E esse é o cerne da questão: Não faz a porra da menor diferença para os clubes. Ninguém vai ler o novo número de títulos e mudar sua visão sobre o time… É discussão injetada pela CBF para abafar uma série de escândalos que não paravam de surgir nos últimos meses.

E como eu sou corinthiano, vão imaginar que eu só estou reclamando porque meu time não “ganhou” nada. A verdade é que do meu ponto-de-vista, só deveriam valer os campeonatos de pontos corridos. O resto antes disso foram torneiros malucos e frequentemente injustos com os melhores times. O primeiro campeão brasileiro deveria ser o Cruzeiro de 2003. Mas como latino tem essa mania brega de enfiar estrela em cima do escudo a cada par-ou-ímpar que ganha, ninguém vai topar TIRAR títulos dos clubes.

(Em países civilizados, e na Itália, precisam 10 títulos nacionais para colocar UMA estrela no escudo…)

Se só querem títulos sem se importar com o valor deles, deveríamos imitar os outros países latinos, que disputam dois campeonatos nacionais por ano. Já estamos cagando na história mesmo… Seria um peido.

Para dizer alguma bobagem ilógica de torcedor genérico, para falar que 2010 é o ano com o maior número de campeões da história, ou mesmo para concordar que o plano do Ricardo Teixeira foi brilhante: somir@desfavor.com

SALLY

A CBF não cansa de fazer merda. Nesta semana, decidiu que os títulos de todas as Taça do Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa (wat), disputados antes de 1971, passariam a valer como títulos de Campeonato Brasileiro.

Engraçado, eles acham que o Torneio Roberto Gomes Pedrosa tem status para equiparado a campeonato brasileiro mas a Copa União não tem, mudando de idéia e dizendo que agora acha que o Flamengo é Penta e não Hexa. Não que isso faça muita diferença, porque a FIFA, autoridade máxima do futebol mundial, já bateu o martelo e disse que é Hexa e ainda cabe discussão e recurso da decisão da CBF, mas só para ilustrar o absurdo. O próprio site da CBF, em seu site, chamou o Flamengo de Pentacampeão antes de 2009. No mínimo, contraditório. Todo mundo sabe que isso é picuinha do Sr. Ricardo Teixeira, um bandido criminoso de marca maior (um dia ainda entro em detalhes) mas deixa pra lá. Não é esse o assunto de hoje.

Voltando ao desfavor da semana: mudar as regras do jogo trinta anos depoisE o absurdo não para por aí. Segundo as novas regras da CBF temos distorções como o Palmeiras ter sido “campeão brasileiro” DUAS FUCKIN´ VEZES NO MESMO ANO! Como pode? Achei engraçado os argumentos para equiparar estes títulos. Um deles era que assim seria feita uma “homenagem” a Pelé, pois seriam dados títulos ao Santos. Então tá, mudaram todas as regras do jogo mais de trinta anos depois do final deste jogo para fazer uma homenagem ao Pelé. Bacana. Vou roubar dinheiro da UNICEF destinado às criancinha, comer um traveco no vestiário e ser condenada a duas falências fraudulentas para ver se alguém me faz uma homenagem. Vem cá, a homenagem não podia ser uma estátua ou uma plaquinha não?

Caso você esteja boiando no assunto, quero deixar bem claro que o Campeonato Brasileiro começou em 1971. Foi só em 1971 que começaram efetivamente as competições de abrangência NACIONAL. Pegar torneios regionais, que são muito mais fáceis de vencer e elevar ao status de Campeão Brasileiro é uma marmelada muito vergonhosa, até mesmo para a CBF. O assunto é novo, não sei bem o que está por trás disso mas tem gente levando muito dinheiro com isso, porque ninguém sustentaria uma incoerência dessas se não fosse por uma quantia indecente de dinheiro ou favorecimento pessoal.

O que a CBF está fazendo é reescrever a história de uma forma mentirosa. Para você que não entende chongas de futebol, a Taça Brasil nunca foi um campeonato nacional. Paulistas e cariocas só entravam na disputa nas semifinais, sem contar que só os campeões estaduais participavam dela. Era tão inexpressiva que houve até mesmo casos de vitórias por FUCKIN´ WO, pois muitos times nem mesmo achavam que valia a pena participar dela! Para vocês terem idéia do quão de merda era esse campeonato, São Paulo e Corinthians nunca disputaram uma edição da Taça Brasil!

E agora a CBF chega dizendo que ela vale tanto quanto um Campeonato Brasileiro! Sem contar que, devido à sua inexpressividade, não precisava muito para ser campeão. Um exemplo rápido: nos anos de 1963 e 1965 o Santos só teve que disputar QUATRO, EU DISSE FUCKIN´QUATRO partidas para ser campeão! Quer equiparar isso a um ano inteiro de Campeonato Brasileiro onde os times tem que disputar pelo menos vinte jogos ou mais? Então enfia essas taças no meio do cu, porque isso é uma falta de vergonha.

O que dizer do Torneio Roberto Gomes Pedrosa? Conhecido carinhosamente como “Robertão”, só pelo nome não merece o status de um Campeonato Brasileiro. O Robertão era uma espécie de Taça Rio/São Paulo, onde os clubes participavam por CONVITE e não por direito. Sim, só entrava quem era convidado! Panelinha! Muito justo! E não eram todos os estados brasileiros que eram chamados a participar! Ridículo, absurdo.

Se era para tomar uma decisão bizarra como esta, que ao menos os clubes fossem chamados para discutir e votar. Mas não, a CBF fez tudo a toque de caixa, de forma unilateral e apressada. Alguém já se perguntou como essa babaquice começou? A gente conta. Começou com um dossiê elaborado por um jornalista chamado Odir Cunha defendendo esta unificação. O que não se comenta é que ele foi muito bem remunerado pelos clubes interessados que ganhariam títulos com isso. Aliás, não deve ter sido apenas o jornalista a ser bem remunerado, no final das cotas.

Longe de mim começar a meter o pau na baixaria e suborno que rolam soltos no futebol nacional, porque isso seria chover no molhado e a proposta do Desfavor é trazer sempre um novo ponto de vista. Minha crítica diz respeito ao fato de se pagar caro por uma palhaçada que 1) não vai colar, 2) desmoraliza e vira motivo de piada e 3) não acrescenta em nada aos clubes. Esta unificação (porque cá entre nós, “reconhecimento” é o caralho) não traz nenhum benefício prático aos times, apenas a determinadas pessoas.

Será possível que os envolvidos no caso não se deram conta do tamanho do VEXAME que seria, no final das contas, fazer essa unificação? Pense que você fez uma prova trinta anos atrás, prova esta que determinou rumos da sua vida profissional e agora, trinta anos depois, chega a pessoa que corrigiu a sua prova afirmando que ela vai ter um peso diferente, ou uma correção diferente! Não resta alternativa além de olhar para a cara da pessoa e perguntar se ela comeu bosta.

A CBF tá pensando que é quem para dar um valor de Campeonato Brasileiro a alguns torneios e não dar a outros? Tá achando que as pessoas vão entubar isso numa boa? Sinceramente, NADA, eu disse FUCKIN´ NADA, nem dinheiro nem poder, vale essa vergonha desmoralizante que a CBF está passando e ainda vai passar por causa dessa decisão patética de unificação. Foi mal, desta vez o tiro saiu pela culatra. Quanto vale a sua dignidade?

E não pensem que e raiva de Flamenguista não. Sou uma pessoa coerente acima de tudo. Se o Flamengo tivesse sido beneficiado com uma palhaçada dessas eu seria a primeira a vir aqui e dizer que repudio. Prefiro menos títulos limpos do que sete ou oito obtidos desta forma corrupta e desonesta. CBF e Ricardo Teixeira, sinto avisar-lhes que isso foi a gota d´água. Meu instinto feminino de diz que vocês foram longe demais e que esse é o começo do fim desta era imunda de trapaças.

Para se referir a mim como se fosse homem nos comentários, para dizer que é ENVEJA ou ainda para dizer que você concordaria comigo, mas como seu time foi beneficiado, vai deixar pra lá: sally@desfavor.com

Sem pedigree.Baixou a Supernanny mais uma vez aqui no desfavor. Em mais uma discussão sobre criação de filhos por duas pessoas sem filhos, Sally e Somir discordam sobre qual gênero dá mais dor de cabeça para os pais enquanto se desenvolve.

Como sempre, você pode criar caso nos comentários.

Tema de hoje: Quais os filhos que dão mais trabalho, meninos ou meninas?

SOMIR

Ponto para as meeeeniiiinaaaas! Mulher é um bicho mais complicado, para o bem e para o mal. E esse admirável mundo novo de equiparação social entre homens e mulheres, se justo por um lado, por outro só faz mais complexa a vida feminina.

E não podemos nos esquecer que criam-se filhos para o mundo.

Criar uma menina no passado era uma “receita de bolo”: Preparava-se a garota para desempenhar o papel de esposa e mãe e estava tudo certo. Talvez não para elas em específico, mas para o mundo que as aguardava… Grande parte do trabalho era “limitar” o desenvolvimento intelectual dela no limite do possível para que aceitassem seu papel sem reclamações.

Já um garoto tinha que aprender a se virar sozinho e ser capaz de prover para sua esposa e filhos. Criação baseada em estabilidade e busca de poder.

Naqueles tempos, um menino deveria se espalhar pelos campos feito uma erva daninha, uma menina deveria ser podada cuidadosamente como uma bela flor.

Mas esses tempos de analogias viadinhas está no passado! Sejam bem-vindos ao século XXI. Mais precisamente, à Era da Comunicação. Hoje em dia, numa comparação bem menos poética que a anterior, um menino é um foguete e uma menina é um caça super-sônico. Ambos conseguem alcançar velocidades impressionantes, mas é mais “simples” lançar um foguete. Um foguete dispara e segue sua trajetória enquanto aguentar, um caça já precisa de manutenção e principalmente de um bom piloto, mas pode traçar caminhos menos óbvios.

Não se amarra mais uma menina ao pé-da-cama até ela desistir de seus objetivos. As pessoas falam, os exemplos de mulheres vitoriosas proliferam; textos, imagens e sons inundam a mente de qualquer um que cresça nesses tempos, criando uma espécie de poder paralelo ao dos pais dessa criança.

E isso, caros desfavores, faz toda a diferença. A criação masculina lida com situações parecidas há séculos, a feminina virou de ponta-cabeça.

Tudo bem que não temos mais tantos homens sendo criados para depender de uma “mulher-empregada”, tudo bem que ser frescurento e emotivo é visto como qualidade, mas não é como se tivessem mudado muito a lógica das coisas: “Aprenda a se virar depois de fazer merda, porque você VAI precisar.”

Cuidar de um menino é basicamente controlar seus impulsos destrutivos (tudo bem que esses impulsos são o motivo da evolução tecnológica humana, mas…) e botar um pouco de ordem no caos. Reconheço que um homem vai se arriscar muito mais por natureza, mas o risco de acidentes não é resultado direto de quanto trabalho se teve criando-o, e sim um reflexo natural da mente masculina. Nem uma criação PERFEITA vai fazer com que ele evite tanto as situações de risco como uma mulher.

E, pasmem, são essas situações de risco e comportamento caótico que FACILITAM a criação de um menino. Seus problemas são visíveis, táteis. O que é mais simples: Lidar com um moleque que brigou até ficar com o olho roxo na escola (“só ganha sorvete se tiver batido mais que apanhado”) ou com uma menina em crise existencial porque “suas amigas são muito falsas”? (wat)

A complexidade dos problemas femininos é diretamente proporcional à complexidade de suas interações sociais. E o mundo que as recolhia à insignificância de não ter escolhas ficou para trás. Só é mais fácil criar uma menina se você não estiver nem aí para o resultado.

Pode-se criar um homem apenas reagindo. O mesmo não é verdade para a mulher. Mesmo aqueles pais vagabundos que deixam a mídia de massa criar os filhos encontram vantagens em ter filhos homens: A política do correto só ataca os instintos masculinos. É crime ser homem hoje em dia.

Já para as mulheres, por causa de um complexo de culpa retroativa masculino e do desserviço que o feminismo “quero que o Estado seja meu papai” prestou, as mulheres podem ser incentivadas livremente a serem vadias burras como se isso fosse o ápice da justiça entre os sexos. Ninguém mais pode enfiar o dedo na cara de uma mulher e dizer que ela está sendo ridícula e barata.

Mas estamos considerando que pelo menos um mínimo de bom senso os pais teóricos deste texto tem. Não prende no pé da cama, não deixa para o mundo criar… Só que mesmo assim…

É muito mais fácil “perder” a conexão com uma filha mulher. É a velha história de que o filho mais bagunceiro ganha mais atenção que o mais ordeiro. Aposto que tem muita gente aqui que já viveu isso na pele: A punição pelo bom comportamento.

Uma garota, tendendo a ser mais pacata, pode desencadear esse processo de afastamento. É mais difícil reconhecer e tratar os problemas de quem parece não ter nenhum. Pode ser que algo sério passe debaixo do nariz dos pais, mesmo considerando que mulheres são mais emotivas. A sensibilidade de reconhecer o que é chilique feminino típico e o que é problema real não é algo comum nem mesmo entre as próprias mulheres.

E pior ainda, essa menina pode procurar modos de conseguir a atenção na marra, fazendo merda atrás de merda. Numa dessas pode aparecer grávida em casa. Risco inerente à condição feminina. E por mais que vivamos numa época onde manter uma gravidez não é obrigatório, ainda é LUXO fazer um aborto em condições mínimas de segurança. (Obrigado por nada, Igreja!)

E gravidez é leve se comparada a um vício em drogas. Lembrando que mulher (sem dinheiro) pode se manter nas drogas de forma muito mais “pacífica” que um homem. Basta abrir as pernas para as pessoas certas (e por “certas” eu quero dizer “erradas”). Eu sei que é horrível, mas vamos comparar de novo: É mais fácil reconhecer um vício quando as merdas são mais visíveis.

É mais fácil manter uma filha mulher viva, mas não é mais fácil criá-la direito. Não se pode medir a criação de um SER HUMANO apenas pela taxa de sobrevivência.

Para escrever alguma bobagem que denuncie que depreender significados do que lê não é o seu forte, para se fixar doentiamente na única frase que entendeu do texto, ou mesmo para dizer que depois de ler os dois textos vai criar mesmo é uma samambaia: somir@desfavor.com

SALLY

O que dá mais trabalho: criar meninos ou criar meninas? Sem dúvidas, criar MENINOS.

Meninas costumam ser mais calmas, mais tranqüilas e mais dóceis. Suas brincadeiras costumam ser mais pacatas, menos barulhentas e menos propensas a acidentes. Quem será que se machuca mais, uma menina sentadinha penteando sua boneca ou um menino jogando futebol? Quem será que faz mais barulho? Quem será o mais agressivo? Pode não ser uma regra absoluta, mas com certeza é uma tendência.

Meninas também costumam ser mais obedientes, não costumam medir poder, além de serem mais estudiosas e até mesmo mais higiênicas. Quem nunca ouviu ou viu alguma história de um menino que se recusa a tomar banho ou que se recusa a fazer seus deveres? Meninos são mais inquietos e mais inconseqüentes, sem contar que amadurecem mais devagar, o que acaba por premiar seus pais com mais anos de infantilidades e pirraça.

Mesmo no aspecto social, criar meninos dá mais trabalho. O comportamento que se espera de uma menina é fácil, quase que estereotipado, universal. Já um menino… bem, se uma mãe cria seu filho do jeito que ela gostaria que ele fosse, é bem provável que ele seja chamado de “viadinho” para baixo no colégio. Meninos batem um nos outros frequentemente, se xingam e fazem coisas que não fariam dentro de casa. E se não o fazem, são segregados.

Meninos costumam ser mais desorganizados, mais desatentos e mais abusados. É muito mais provável você ver um menino berrando um palavrão dentro de casa ou quebrando alguma coisa do que uma menina. O excesso de energia acarreta conseqüências trágicas como perda de horas de sono dos pais, necessidade de pagar professor particular ou ainda várias entradas no pronto-socorro.

E se você está pensando que quando eles crescem um pouco mais, a menina dá mais trabalho porque vai ter um bando de macho querendo comer a sua filha, pense duas vezes. Primeiro que meninas costumam ser mais responsáveis que meninos e segundo que você pode ajudar a sua filha a tomar precauções para não engravidar levando-a a um ginecologista e comprando uma cartela de pílula para ela. Muito mais fácil do que convencer um menino adolescente cheio de testosterona a usar camisinha sempre que for fazer sexo com alguém. Sim, eu sei que tanto meninos como meninas sempre deveriam usar camisinha, mas vamos trabalhar com o mundo real, e não com o mundo ideal.

E supondo que o pior aconteça: é a menina (e/ou os pais da menina) que vai decidir se vai ter o filho ou não. O poder de decisão é tudo nessas horas. Se o seu filhote engravida uma vadia qualquer e ela bate o pé que quer ter o filho, lamento mas serão Vovó e Vovô a pagar a pensão caso o filho não tenha fonte de renda. Já pensou? E de quebra ela ganha metade dos bens, ao menos até a criança completar 18 anos.

Na adolescência também é muito mais comum ver meninos metidos em encrenca. Desde beber e bater com o carro, ou simplesmente beber, ou simplesmente bater com o carro, até brigas, uso de drogas e outros probleminhas hardcore. Tudo bem, também acontecem com meninas, mas em uma escala menor. Por amadurecer mais cedo, elas chegam à adolescência menos retardadas mentais e também são menos propensas a essa coisa autodestrutiva e inconseqüente.

Além disso, colocar limites em um adolescente menino também é muito mais difícil. Tudo bem se uma menina não pode fazer certas coisas como viajar sozinha ou dormir fora de casa, mas esta proibição tem um peso social diferente em meninos. Grandes chances do seu filho ser ridicularizado e socialmente excluído se você o superproteger. Já com meninas, bem, muitos pais as superprotegem, então, a pressão é menor.

Meninas não tem a obrigação social de sair na porrada quem xingue suas mães ou passe a mão na bunda de seus namorados. Dando uma boa educação e ensinando algumas precauções básicas, ela pode sair na noite e voltar inteira. Já o menino… bem, nunca se sabe. Existem certas situações que, a meu ver, até mesmo o pai cobraria se ele não caísse na porrada. Além disso tem a hostilidade institucionalizada, que raramente é voltada para meninas. Por exemplo, observem o tratamento de policiais em uma blitz no caso de um carro cheio de adolescentes meninos e em outro cheio de adolescentes meninas.

Meninas costumam gerar um sentimento de proteção, até mesmo em estranhos, pelo simples fato de serem meninas. Se uma menina começar a apanhar de um homem no meio da rua, grandes chances de algum estranho se meter para defender. Mas se um adolescente macho brigar no meio da rua, as chances de alguém se meter diminuem muito.

Também tem ela, a responsável por grande parte das cagadas que esses imbecis fazem na vida: TESTOSTERONA. Ela deixa os adolescentes cegos e agressivos, com aquela sensação de onipresença e imortalidade que acaba no primeiro poste em que eles enfiam o carro ou na primeira vadia grávida que os obriga a pagar 30% do seu salário a ela pelos próximos 18 anos. Se a testosterona já faz muito adulto foder com a própria vida, imaginem seus efeitos em uma criaturinha arrogante, imatura e despreparada para a vida! Boa sorte ao tentar controlar um adolescente cheio de testosterona, isso é muito mais difícil do que impedir que alguém coma a sua filha ou que ela engravide.

Sem contar que os problemas com higiene muitas vezes continuam na adolescência. E você nem ao menos pode dar um safanão naquele seu filho abusado, porque agora ele é maior e mais forte que você e pode te segurar. E para piorar ainda mais, o risco de se meter com bebida e drogas é muito maior no caso de meninos. A taxa de criminalidade também.

A coluna de hoje é fruto de machismo. No fundo, no fundo, a Madame aqui de cima deve achar que tirar um filho da delegacia não é tão grave quanto ver sua filha grávida de um Zé Ruela qualquer. Lamento, na contagem geral, meninos dão muito mais trabalho do que meninas. Perguntem a professoras de escolas. Perguntem a psicólogos. Pensem nos filhos dos seus amigos ou até mesmo nos próprios filhos. Dá mais trabalho criar meninos do que criar meninas.

Para dizer que a gente não deveria falar sobre aquilo que não sabe, para dizer que criança é uma praga do inferno e dá trabalho sendo menino, menina ou hermafrodita ou ainda para dizer que o tema de hoje foi chato e ver Somir escrevendo sobre este tema pelos próximos cinco dias: sally@desfavor.com

Vários MCs foram presos sem a menor cerimônia nesta semana pela polícia carioca. Motivo? Suas “músicas” estariam incitando os jovens a entrar na vida criminosa. Mas como essa não é lá uma acusação muito contundente, acusaram-nos de praticamente qualquer artigo do Código Penal com a palavra “tráfico”.

O que colar, colou.

Desfavor da semana.

SOMIR

Numa analogia bem simples: O Estado cagou nas calças e está tentando se limpar borrifando perfume na bunda suja. Depois de matar meia dúzia de fogueteiros e deixar metade dos traficantes cariocas fugirem debaixo de seus narizes naquela “ação histórica pra inglês ver”, o Poder Público carioca está tentando se manter “pop” atacando o elo mais fraco da corrente, novamente.

Muito embora eu não nutra simpatia alguma por esses MCs e aqueles barulhos que eles chamam de música, quando o Estado ataca uma forma de… argh… expressão artística por não gostar de seu conteúdo, É CENSURA SIM. Eu acho esses caras a escória da escória da cultura nacional, mas isso não é uma questão de gosto musical.

O povo mais reacionário deve estar achando que essas prisões foram coisa de Deus, e eu não poderia concordar mais: Julgar e punir alguém por algo que você o incentivou a fazer é exatamente o que aconteceu aqui.

Eu sei que o argumento de que essas pessoas são levadas a fazer isso pode parecer papo de “intelectualzinho de esquerda” que só quer fazer pose, mas mesmo que você cague e ande para os Direitos Humanos de quem é mais preto e pobre que você, há de concordar com a ineficiência do processo de punir “para dar exemplo” quando não tem exemplo nenhum para ser dado…

E se ficou confuso, eu explico: A parcela da população da qual saem os próximos traficantes, justamente aquela que mora nos morros, sabe muito bem que os MCs não estão no controle de porra nenhuma. Eles são apenas peças da engrenagem da máquina de propaganda criada pelos comandos do tráfico na ausência (descaso) do Estado em suas comunidades.

Para dar um exemplo de verdade, o cidadão deveria perceber que certas atitudes seriam respondidas com a repressão da polícia e da Justiça. E é justamente aí que o sistema falha e GERA a criminalidade.

A pessoa que mora na favela NÃO SABE o que vai desencadear uma reação da Estado. Depois de décadas e décadas de “esculachos” SEM PADRÃO, guiados apenas por interesses financeiros e eleitoreiros de inúmeros corruptos e demagogos, não é de se estranhar que muitos dos moradores dessas comunidades carentes enxerguem a polícia como vilã.

Se toda vez que você batesse palmas aparecesse uma figura fardada e te desse uma porrada, por mais que você não concordasse com a reação violenta, entenderia a relação entre causa e consequência. Saberia o que fazer para não levar essa porrada.

Se essa figura fardada aparecesse para te bater sem nenhum critério, a qualquer hora, você a enxergaria como uma inimiga, você perceberia a violência como algo que ocorre apenas por você ser… você.

Poder Público corrupto e ineficiente NÃO CONSEGUE dar exemplo. Esses MCs cantaram o que bem entenderam até hoje, debaixo do nariz de todo mundo. O FUNK CARIOCA FOI “TOMBADO” COMO PATRIMÔNIO CULTURAL, PUTA QUE PARIU! O Estado validou e bateu palmas para tudo isso, mas agora decidiu que esses caras estão fazendo mal para a sociedade? Não tem padrão, não tem exemplo.

E se não bastasse a escrotidão de prender os “bandidos que você criou” (com trocadilho, por favor), ainda temos belas cenas desses caras cantando na delegacia, tirando toda a pecha de elementos perigosos para a sociedade e criando a imagem de cidadãos sendo punidos por participarem da contra-cultura.

Então faça-me o favor de pegar esse seu argumentinho de que isso é uma lição e enfie no seu rabo, porque não se sustenta na vida real. Sabe o que essas prisões ensinaram para as pessoas? Que prende-se quem é mais fácil de prender. Prende-se quem não está armado e raivoso. Excelente, não? É justamente isso que precisamos: Convencer o pessoal do morro que só se fode quem não está pronto para a guerra.

E até agora eu deixei a questão da censura relativizada. Vou dizer mais uma vez: Liberdade de expressão real não deixa NINGUÉM satisfeito. Essa palhaçada de ir atrás de cantores e bandas por “apologia” a algum crime sempre foi utilizada para que alguns elementos pegassem carona na popularidade alheia se aproveitando da nossa sociedade preconceituosa. Se botassem a porra da Maria Rita para cantar as mesmas coisas, seria expressão artística com um “toque” de rebeldia.

Não são as rimas pobres dos MCs cariocas que estão incentivando a entrada de jovens no mundo do tráfico, são as armas e o dinheiro. O traficante que teve que começar nessa vida com um fuzil apontado na cabeça deve achar lindo que a polícia diga que ele entrou num dos comandos por causa de um funk… Depois esse povo se rebela e as classes média e alta “cansei” acham que faltou violência na repressão. Nesse modelo onde fica ÓBVIO que não tem nenhum planejamento e pobre é massa de manobra no joguinho político, repressão se torna opressão.

E opressão do Estado (da qual censura é parte integrante) é tudo que os traficantes querem. Quando mais escrotos os adversários parecerem, mais fácil contar com a simpatia popular.

CAGOU? AGORA LIMPA!

Para dizer que está torcendo para a moda pegar e os cantores de sertanojo serem os próximos (apologia ao chifre), para dizer que bandido bom é bandido morto ou qualquer uma dessas merdas que gente que não pensa adora dizer, ou mesmo que logo logo eu e Sally vamos estar cantando na cadeia: somir@desfavor.com

SALLY

A última moda na campanha do Governo do Estado do Rio de Janeiro na erradicação da pobreza é prender MC. Não é luta contra o tráfico, é erradicação da pobreza mesmo. Se quisessem realmente combater o tráfico impediriam que a droga chegue em quantidades industriais ao estado. O Rio não fabrica, importa. E quem banca essa importação não é o Nem ou o FB, esses são os peixes pequenos. Quem banca todo o esquema de trazer a droga são grandes empresários. Basta prender uns quatro ou cinco nomes de peso que não chega mais droga no Rio de Janeiro. Mas não, isso eles não querem fazer. Eles querem entrar em favela e detonar. Eles querem vender como os “grandes bandidos” e responsáveis o traficantezinho dono de morro. É como se você quisesse exterminar com o Mc Donald´s e em vez de matar o dono entrasse na loja e saísse atirando naquele funcionário que te entrega o hamburguer.

Mas agora, além do traficante, estão prendendo MCs que cantam funk exaltando o tráfico. E o populacho ignorante está batendo palmas. A acusação? Vários crimes. O princial é Associação ao tráfico. Antes de sair gritando feito um pobre ignorante que “Tem que prender meeeerrrrmo”, eu os convido para um passeio pelo Código Penal, porque se vamos falar em prisão, tem que existir uma lei que incrimine a conduta.

Associação ao tráfico está prevista na Lei 11.343, que atualmente é a lei que trata de tráfico no Brasil. É traficante quem: Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Também pode ser punido quem Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Associação com o tráfico é quando duas ou mais pessoas se associam para praticar uma destas condutas que eu narrei nas linhas acima.

Você pode (e deve) não gostar desses MCs. Você pode (e deve) achar incorreto que eles fiquem cantando esse tipo de música com esse tipo de letra. Mas você NÃO PODE dizer que é crime de associação com o tráfico. Procure saber se algum MC preso chegou a Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Não, eles apenas cantaram músicas exaltando tráfico e/ou facções criminosas. . Também respondem a outras acusações, que eu poderia rebater uma a uma aqui se não tivesse um limite de duas páginas. Mas não preciso, apenas com bom senso, sem nenhum termo jurídico, vou provar a incoerência.

Se a gente começar a achar que cantar música exaltando um crime (drogas ou outros crimes) for motivo de cadeia, eu tenho outros nomes para sugerir a prisão. Tiririca, por exemplo, nosso Deputado Federal com salário de R$27 mil, que fez uma música dizendo que pessoas negras fedem. Isso é crime. Marcelo D2, que faz música dizendo que “é uma erva natural, não pode te prejudicar”. Ou quem sabe até mesmo os Beatles, quando fazem alusão ao LSD. Aproveita e prende também todos os rappers que fazem músicas desmerecendo mulheres, Lei Maria da Penha neles. E o Eminem, que disse que queria estuprar a própria mãe em uma de suas músicas? Não quero nem pensar no que vai acontecer com Rogério Skylab, que faz música onde prega o estrangulamente de freiras. Porque todos eles nunca sofreram qualquer punção e estes MCs estão presos? Cada um que fizer apologia a um crime em uma festa ou no YouTube vai ser preso? Tô pagandando pra ver.

Nem vou entrar no mérito de que quando você está em um baile funk e chega o dono do morro e manda tocar uma música, você TOCA a porra da música ou coisas ruins podem te acontecer. Basta lembrar do caso do menininho de oito anos que recebeu ordem de um traficante para incendiar um veículo, se recusou e levou um tiro no joelho. Não preciso desse argumento (ainda que ele seja válido e verdadeiro), porque como diz nosso Prisidenti da Repúbrica, Çilva I, nunca antes na história deste país se prendeu alguém por este motivo. Censura é perigosa. A gente lembra o que acontece quando o Estado começa a se sentir do direito de te dizer sobre o que você pode falar e sobre o que não pode falar. É uma censura discreta, sutil e contra uma música de merda, por isso muitos idiotas estão batendo palmas, mas cuidado, ela é uma porta que depois de aberta pode prejudicar a todos nós.

Os Mcs usavam a internet para divulgar proibidões e exaltar crimes? Ok, vamos prender todo mundo que exalta crimes na internet? Boa sorte, Polícia Federal. Rolei de rir quando o delegado Ronaldo Oliveira deu entrevista dizendo que, na verdade, estes MCs fizeram foi “contra-informação”, divulgando informações para confundir a polícia e a população. Inclusive, se for o caso, ME PRENDAM, porque eu também uso a internet para fazer “contra-informação” pela internet. Quer ver? Já pararam para pensar como é que uma quantidade tão grande de drogas entra no Rio de Janeiro? Eles sabem que é através dos caminhões de uma rede de alimentos congelados, à qual não vou dizer o nome porque não tenho como provar, mas começa com S e termina com “adia”. Corram atrás disso, cambada de filhos da puta, em vez de ficar prendendo um MC que canta um funk.

Acho que o que mais doeu e gerou esta reação foi um vídeo recente que bombou aqui no Rio de Janeiro onde ridicularizavam a polícia dizendo que invadiram o Alemão quando ele já estava vazio e que todo mundo que interessa está na Rocinha (coisa que a gente já contou aqui faz tempo). Isso deu uma desmoralizada bacana na polícia e em todo esse circo. O povo não sabia disso, porque William Simpson Bonner não conta esse tipo de coisa e porque o povo não lê o Desfavor. Mas depois desse funk, o povo todo ficou sabendo. Estão contando a verdade? Estão dizendo que tá todo mundo na Rocinha? Prende esses safados e cala a boca deles! É quase que uma versão Julian Assange Tupiniquim. Vamos jogar crimes na costas de quem queremos calar a boca, que tal? Afinal, são pretos, pobres, favelados e estão de fato fazendo uma coisa reprovável. O único problema é: nem tudo que é reprovável é crime.

Ao perceber o furo e começarem a surgir decisões de que não é associação ao tráfico, estão começando a plantar “provas” que mostrem que estes MCs também vendiam drogas ou particiaram de forma ativa no tráfico. Tarde demais. O rei está nu. Se você ainda vê a roupa do rei, tome cuidado. Censura velada é sempre a mais perigosa. Para terminar, eu não acho bonito o que esses MCs estão fazendo. Eu nem mesmo acho que tenha que ser permitido, mas daí a dizer que CRIME e PRENDER tem um mundo de distância. Abuso de poder, perseguição, censura. Não quero dar mole para bandido não, quero apenas que não se permita que pessoas que não cometeram crimes sejam presas, porque hoje são eles, amanhã posso ser eu ou você.

Quer continuar pensando que só porque VOCÊ não gosta deles, é bem feito que sejam presos, foda-se se isso é legal ou ilegal? Ótimo. Cuidado, porque um dia uma prisão por antipatia e sem embasamento legal pode chegar em você, ou em um membro da sua família. Vamos ver se você gosta quando a trolha entra na sua bunda.

OBS: A palhaçada é tanta que ontem os MCs estavam rimando na delegacia e cantando funks dizendo que em breve voltarão para o Complexo do Alemão. Tem como não simpatizar? Não simpatizo com o tráfico, mas simpatizo com a sinceridade e a contestação. Babaquice para mostrar serviço, a gente se vê por aqui!

Para dizer que o “cidadão de bem” tem que apoiar estas prisões, para dizer que eu faço apologia ao tráfico e tenho que ser presa também ou ainda para dizer que o país era bem melhor na época da ditadura militar: sally@desfavor.com

Fax Modem e Dana ScannerBuscando conhecimento, os donos deste blog discutem sobre a possibilidade de alienígenas realmente visitarem o planeta Terra. Enquanto ela acha perfeitamente razoável que visitantes extraterrestres já passeiem por nossas bandas, ele aplica o seu habitual ceticismo na análise.

Tema de hoje: Eles estão entre nós?

SOMIR

Correndo o risco de estar falando uma bobagem: Não, nunca tivemos uma visita de alienígenas ao planeta Terra. Por mais que seja confortável usar a eterna escapatória de “não duvido de nada”, eu prefiro contar com a lógica e com os conhecimentos adquiridos até hoje.

Já tinha falado “por cima” sobre o assunto em outras vezes, mas nunca é demais reforçar: Por questões estatísticas, é praticamente impossível que a Terra seja o único planeta a abrigar vida. Não duvido de vida extraterrestre, até mesmo considerando seres inteligentes.

Mas não é só porque a vida fora de nosso planeta é provável que isso quer dizer que todos os ENORMES obstáculos para a viagem interestelar (na melhor das hipóteses) já tenham sido vencidos.

Vivemos num universo onde as distâncias são gigantescas e o limite de velocidade é cruel. Quanto mais rápido se vai, mais energia é necessária para continuar acelerando… Para acelerar um simples átomo à velocidade da luz precisaríamos de energia infinita. Não é só questão de construir uma nave muito rápida.

E olha que a velocidade da luz nem é tão rápida assim se considerarmos a escala do universo. O telescópio Hubble já capturou fótons que precisaram viajar por mais de 14 bilhões de anos para chegar até aqui… Uma viagem curtinha nessa escala seria de alguns milhares de anos.

Antes que eu descambe para a nerdice (mais ainda): Estou dizendo que os alienígenas também teriam que resolver problemas para lá de cabeludos para fazer suas visitinhas. Eu sei que existem teorias para contornar os limites do universo, mas não há nenhuma garantia que essas coisas são possíveis.

Seria necessária uma civilização MUITO, MAS MUITO mais avançada do que a nossa para que essa tecnologia seja ao menos uma hipótese. A nossa demorou mais ou menos um milhão de anos pós-macacos para mandar um de nós à Lua. E aqui temos a questão do “funil”.

A civilização humana é resultado de um afunilamento de possibilidades tão incrível que começa a rivalizar com as generosas probabilidades de vida fora da Terra. Da mesma forma como é fácil que tenhamos vida em outros planetas, a chance de alguma dessas formas de vida ter evoluído para seres pensantes com sanha de conquista espacial equilibra as coisas. E ainda temos a probabilidade de alguma dessas civilizações ter florescido com um cérebro ainda mais tosco que o nosso.

Por mais que não seja um absurdo pensar em civilizações avançadas (bem mais que a nossa), fica difícil dizer que elas são tão numerosas a ponto de termos várias logo aqui por perto. (Por causa das limitações de viagens espaciais, é mais razoável considerar vizinhos próximos…)

E o funil fica ainda mais apertado: Quantas vezes não passamos perto de jogar fora toda nossa evolução social em guerras e chiliques religiosos? Quantas doenças e desastres naturais não praticamente venceram a humanidade em tempos passados? Evolução tecnológica consistente a ponto de permitir grandes deslocamentos dessa espécie necessita de milênios de paz e bonança. Você realmente acredita que alguma espécie inteligente consegue manter esse ritmo por tanto tempo?

A nossa às vezes parece que não vai conseguir. E não podemos esquecer que o universo é um lugar aleatório e extremamente perigoso. Temos uma sorte INCRÍVEL de ainda não termos sido cozinhados em potência máxima por uma (comum) erupção de raios gama. Sem contar o risco sempre presente de levar um meteoro nos cornos e acabar como os dinossauros.

Civilizações acabam.

O que eu quero dizer aqui é: É DIFÍCIL, DIFÍCIL PRA CARALHO. A equação de Drake é bacana, mas vira um baita de um chute no escuro quando considera civilizações com capacidade de comunicação.

“Nhé, mas não é impossível…”

Ok, não é impossível. Assim como não é impossível que seu cachorro comece a falar amanhã. Ele tem cordas vocais, não?

Mas vamos seguir em frente. Temos inúmeros relatos e “provas” das visitas alienígenas na Terra. NENHUMA PROVOU NADA ATÉ HOJE. Conspiração? Será que o governo não quer você saiba a verdade? *música de suspense*

O problema de passar décadas e décadas tentando provar algo e ser desmascarado vez após vez é que isso mina a sua credibilidade. As fraudes e enganos óbvios e ridículos ultrapassam os casos inexplicados numa proporção tão avassaladora que não é simplesmente chatice continuar com o pé atrás com a ufologia. Tem gente que jura que viu ET e disco voador, tem gente que jura que viu Deus, tem gente que jura que viu o saci-pererê… Isso não quer dizer nada no final das contas.

Esse povinho faz questão de dizer que “sabe o que viu”, no que eu sempre respondo: Sabe o seu rabo! Como é que um ser humano sabe que viu algo oriundo de outro planeta/civilização? Nasceu por lá e veio de disco-voador pra cá, gênio? Existem tantas outras possibilidades tão mais reais, mas como a imaginação pinta o quadro mais bonito (“vou ser alguém importante… finalmente!”) fica-se com a fantasia.

E, porra… Será que só eu me toco de QUÃO avançada seria uma civilização que consegue trazer naves para um planeta muito distante? (Se estivessem por perto, saberíamos…) Os alienígenas do imaginário humano são uns babacas: Aparecem para algumas pessoas (quase sempre a escória da escória intelectual) e ficam brincando de esconde-esconde com a grande população. Seres fantasiosos são assim: Pensam e agem EXATAMENTE como as pessoas que os imaginaram pensam e agem. (Oi Deus!)

Se eu, macaco pelado, consigo perceber como o comportamento deles é retardado, pode ter certeza que eles perceberiam também. Se estão nos estudando e não querem ser detectados, são incompetentes. Se estão tentando nos ajudar com algum problema global, são ainda mais incompetentes, porque só se comunicam com gente sem credibilidade. Se estão preparando uma invasão… Gezuiz… eu tenho até pena deles.

Resumão: Mesmo considerando a ridiculamente improvável possibilidade de UMA civilização sequer vencer os obstáculos da viagem espacial, o comportamento de seres tão avançados assim seria completamente diferente, estamos falando de milênios e milênios de evolução a mais que a nossa.

Espero estar errado. Mas duvido que esteja.

Para dizer que tem FÉ nos contatos imediatos com alienígenas, para me avisar que o sindicato dos nerds vai me expulsar, ou mesmo para dizer que eu devo estar a serviço deles: somir@desfavor.com

SALLY

Eu acredito que extraterrestres visitam a Terra? SIM. Eu acredito que todos os relatos que existem de visitas de extraterrestres à Terra são verdade? NÃO. Dizer que existe não é sinônimo de acreditar incondicionalmente. Quem tem senso crítico pode filtrar, dentro de um mesmo gênero, quais são os casos concretos verossímeis.

Eu sei que existem muitas pessoas carentes que querem chamar a atenção e acabam se convencendo (e convencendo terceiros) de que viram alienígenas, espíritos, santos ou qualquer outro nome que se queira dar à fantasia que torna estas pessoas “especiais” como forma de suprir suas carências. Também sei que existe quem explore o imaginário coletivo de forma estelionatária (Urandir? Oi?) ganhando dinheiro com supostos ETs que nunca viu. Mas isso não quer dizer que no meio de 99% de mentiras não possa existir ao menos uma verdade.

É muita arrogância da Madame aqui de cima achar que tem ciência de TODOS os casos relatados no mundo e que desautoriza TODOS os relatos e até mesmo documentos já produzidos sobre visitas de alienígenas à Terra, dizendo que não acredita que eles vem aqui enquanto ELE, SOMIR, não constatar por seus próprios olhos. Eu nunca vi (e espero morrer sem ver, porque me pelo de medo), mas acredito. Não sou Silvio Santos, que só acredita vendo. Um conjunto de evidências me fazem crer.

Além do bom senso e do juízo crítico, conheço pessoas de minha inteira confiança, com a cabeça no lugar e extremamente céticas, que relatam terem tido contato com alienígenas. Eu acredito. Não posso provar, até porque não foi comigo, mas porra, eu acredito. Não são relatos sem noção, de ETs que mandaram “buscar conhecimento”, são apenas visões.

Sabem porque eu acredito? Porque não tenho a arrogância de achar que o que EU não vi não é verdade ou ainda de achar que se não há provas a presunção é de inexistência. Me recuso a acreditar que, dos milhões de relatos que pipocam em todos os países dos quatro cantos do mundo, ao menos UM não seja verdadeiro. Me recuso a acreditar que existem publicações científicas e revistas especializadas sobre algo que nunca existiu e não passa de uma mentira. Ninguém engana todo mundo ao mesmo tempo por muito tempo.

Eu tenho a capacidade de confiar nos relatos de pessoas próximas mesmo sem ter provas disso. Mais: eu confio no meu discernimento e bom senso a ponto de não precisar ficar me protegendo atrás do argumento “não tem provas” para me permitir acreditar em algo. Os dados, relatos e publicações a esse respeito me bastam para acreditar que sim, já aconteceu ao menos uma vez. Não sei quando, não sei onde, mas eu acredito que eles venham para esta porcaria de planeta. Não sei porque, não sei para que, mas que vem, vem.

Lembro que da única vez que conversei com a Madame aqui de cima sobre isso ele me disse que as aparições não faziam o menor sentido. Não fazer o menor sentido PARA ELE não quer dizer que não faça o menor sentido. Ou por acaso conhecemos a lógica, as vontades e os objetivos dos alienígenas? Dentro da nossa lógica pode não fazer o menor sentido, mas, pasmem, não somos os donos da razão nem o centro do universo. Dói, né? Mas é verdade. Por isso argumentos como “se eles viessem fariam (ou não fariam) tal coisa” ou outros na mesma linha de pensamento não são argumento, são apenas um atestado de arrogância.

E para aqueles que não acreditam em relatos humanos e acham que tem sempre uma explicação que leva o expectador a um equívoco, gostaria de lembrar que muitos documentos como fotos e vídeos foram desmentidos, mas alguns continuam sem explicação até hoje. Como lidar com estes documentos que não tem explicação? Olha, se me apresentam uma foto de um objeto voador não identificado (vulgo OVNI) e peritos, ciência e ufólogos não sabem me dizer o que é, para mim basta para presumir que existe alguma forma de vida que eu desconheço passando por aqui.

Eu sei que é tentador querer acreditar que sabemos tudo, que temos o controle de tudo e que aquilo que desconhecemos ou não explicamos é fruto de uma fraude ou mentira que tem sim uma explicação racional, mas a verdade é que às vezes não temos explicação para tudo. Fenômenos paranormais, extraterrestres e outros do mesmo gênero nos despertam presunção de fraude, mas em alguns (poucos) casos, nos deparamos com a verdade assustadora: aquilo não pode ter sido forjado por um ser humano. Logo, advém de outro ser vivo racional que desconhecemos. Não é uma constatação lógica?

Se você passa por uma rua onde tem destroços queimados de uma casa, ainda quentes, ainda saindo fumaça, cinzas espalhadas e bombeiros no local, presume o que? Que houve um incêndio. Pois bem, se o Somir passar por lá vai dizer: NÃO, não podemos afirmar que houve um incêndio porque EU não vi o fogo! Ceticismo em uma dose razoável nos protege, mas ceticismo em excesso nos cega e nos emburrece tanto quanto aqueles que acreditam em tudo sem questionar. É o outro lado da moeda da ignorância.

Acreditar que alienígenas visitam a Terra (ou que já visitaram, tanto faz) não implica em acreditar em teorias da conspiração ou em casos famosos. Eles podem nos visitar sem qualquer alarde, discretamente. Acreditar na visita de ETs não significa acreditar em todo o circo que montam em torno do assunto. E para quem quer uma “prova” palpável e conhecida, eu sugiro o seguinte exercício mental: pense na matemática. Pense na lei da probabilidade. Pense no número de relatos de contatos com ETs em todo o mundo nos últimos cem anos. Agora PENSE, qual é a probabilidade matemática de TUDO ser mentira?

E só para fechar com chave de ouro… Gostaria de lembrar que a Madame aqui de cima também se pela de medo de ETs, vide um Siago Tomir sobre o assunto. Estranho, não? Ter medo de algo que você tem a certeza de que não visita seu planeta. Sem mais, me despeço.

Para dizer com voz de criança e sotaque do interior a frase “busquem conhecimento”, para dizer que eu não preciso ter medo de ETs porque eu não sou tão especial a ponto deles viajarem galáxias só para me ver ou me abduzir ou ainda para dizer que lá no fundinho você acredita mas tem medo de fazer papel de bobo, por isso fica repetindo que não acredita: sally@desfavor.com

facepalmComo o desfavor já explicou anteriormente, por mais que a Wikileaks faça barulho com os seus vazamentos de informações privilegiadas, vira e mexe as coisas acabam girando ao redor de seu fundador: Julian Assange.

Nesta semana, ele se entregou à polícia inglesa para dar continuidade ao processo que responde na Suécia por dois estupros. Tudo isso enquanto grandes empresas tentam sufocar financeiramente sua entidade. Na falta de melhores opções, os governos “sacaneados” por Assange estão tentando se vingar.

Desfavor da semana.

SOMIR

Mantenho: Ainda acho que Assange e a Wikileaks estão agindo de forma errada no Cablegate. Não exatamente pela minha simpatia pela diplomacia americana, mas sim pelo conteúdo que glorifica fofocas e exposição sem critérios de informações. A Wikileaks está se tornando a caricatura de si mesma.

Além do que, se você tira a privacidade do governo, o governo retribui. Usando como desculpa razões de segurança nacional, é previsível que se aumente a vigilância e o combate ao anonimato virtual. Saber o que um diplomata pensa de um presidente qualquer não vale o preço de perder a espontaneidade num dos últimos meios de comunicação livres do mundo.

Mas como eu já disse antes: Liberdade de expressão REAL não deixa ninguém satisfeito. Por mais que não goste do que a Wikileaks está fazendo, o direito dela fazê-lo está num patamar superior.

E é esse direito que está sendo atacado neste momento. São duas linhas ofensivas (com trocadilho) claras: Destruir a imagem de Assange e esmagar a estrutura da entidade que gerencia.

Enquanto Assange está sendo acusado de forma absurda (leiam o texto de Sally), a Wikileaks vai apanhando de tudo quanto é lado no tange sua capacidade de exposição e sua entrada de recursos.

Tudo começou quando a Amazon deixou de prestar serviços de hospedagem para a Wikileaks, alegando que o conteúdo feria seus termos de serviço. Só nessa metade da capacidade de distribuição da Wikileaks foi para o espaço. Para quem não sabe, a Amazon não é mais só uma loja virtual, ela já atua em vários outras áreas, aproveitando sua monstruosa estrutura de servidores para hospedar alguns dos maiores sites do mundo. E não cobra barato por isso… Como é que uma empresa que presta um serviço caro e específico desses não sabia no que estava se metendo quando aceitou o dinheiro da Wikileaks?

Violação de termos de serviço o caralho! Deram para trás na primeira pressão que levaram do governo americano. Se podia hospedar antes, poderia continuar hospedando agora.

E como a Wikileaks podia pagar um dos maiores servidores do mundo? Com generosas e numerosas doações de simpatizantes do mundo todo. Qual foi o próximo passo? Visa, Mastercard e PayPal decidiram ao mesmo tempo que a Wikileaks era ilegal e bloquearam seus serviços para a entidade de Assange.

Sem servidor, sem dinheiro. E não adiantava mais depositar na conta de Assange: O banco suíço (só podia ser!) que gerenciava sua conta a congelou também. Alegando que as informações providenciadas para a abertura da conta eram falsas. Tudo convenientemente ao mesmo tempo…

Ridiculamente óbvio que foi um ataque coordenado. Todos batendo ao mesmo tempo na estrutura enquanto a Interpol tenta uma “à lá Capone” pegando Assange por algo não relacionado ao motivo da “ofensa”.

Só que bater com tanta força acabou gerando o resultado oposto: O povo que estava em cima do muro no caso acabou simpatizando com a vítima. Nos últimos dias a imprensa está abrindo o jogo e já há uma mobilização virtual intensa para defender os direitos da Wikileaks.

Mais notavelmente o grupo auto-intitulado “Anonymous”. Para quem não sabe, nada mais é do que a “mente coletiva” da 4chan e de mais alguns grandes sites americanos. Foi o mesmo grupo que atacou a Cientologia há algum tempo atrás.

As empresas que sacanearam a Wikileaks viraram alvos, os anônimos fizeram ataques e DDoS (sobrecarregaram os servidores) de gigantes como Visa e Mastercard para demonstrar sua revolta. Para ser honesto, é mais ou menos como soprar bolhas de sabão num tanque de guerra, mas a idéia era chamar atenção e aparecer na mídia.

Deu certo. Embora grande parte do público ache que participar do “Anonymous” é tarefa para hackers experientes, qualquer um que visita os sites de “organização” já está fazendo parte. Tem um grupo bem organizado por trás, mas na média é uma numerosa matilha de chacais alucinados. Serve para jogar merda no ventilador.

Mas já é alguma coisa.

O que não pode continuar acontecendo é todo mundo ser exposto às versões cagonas que a mídia internacional está dando sobre o assunto. Os governos de várias grandes nações mundiais (notoriamente a americana) estão fazendo um jogo muito sujo com Assange e a Wikileaks. Vingancinha barata para assustar quem mais tente algo parecido.

Eles falharam na proteção das informações que julgam tão valiosas e estão colocando toda a culpa em cima de quem é um produto do seu sistema. Não fique em cima do muro: É um golpe na liberdade de expressão e não pode passar barato!

Para dizer que se eu sou a favor de uma coisa, você vai ser contra só por segurança, para dizer que o verdadeiro crime de Assange é o seu cabelo, ou mesmo para dizer que visitou a 4chan e ficou traumatizado (newfag): somir@desfavor.com

SALLY

Mesmo naqueles casos de maior clamor popular, a imprensa sempre tenta se manter imparcial e ao noticiar um suposto autor de um crime o chama de “acusado”, “suspeito”ou similares. Curioso que isto não esteja acontecendo com Assange. Ele é O ESTUPRADOR de duas mulheres. Palavra forte, né? Desperta tamanha repulsa de cara que só cabeças muito pensantes e críticas tem sangue frio de parar e pensar: “Calma aí, não é porque está escrito que é verdade, a imprensa mente com frequencia”.

Curioso também que ninguém saiba dizer muito bem o teor da acusação. Essas coisas costumam vir à tona com detalhes sórdidos. Dizem apenas que ele estuprou. Quando a gente lê isso pensa logo naquele maníaco que arrasta uma mulher para uma rua escura com uma faca no pescoço e faz atrocidades contra a vontade da mulher. Só que a lei difere de país para país, e na Suécia o simples fato da pessoa fazer sexo sem camisinha é considerado estupro. Isso mesmo, a mulher pode te implorar para que você faça sexo com ela e ainda assim, se fizer sexo sem camisinha, pode ser acusado de estupro.

E é justamente esta acusação que estão jogando nas costas de Assange. Duas mulheres falam que foram “sexualmente molestadas”. Uma dela diz que ele ä segurou de modo sexual”e que “pressionou seu corpo contra ela de modo sexual”. A outra diz simplesmente que fizeram sexo desprotegifdo. Meio estranho. Vamos pesquisar em que contexto isso aconteceu?

A primeira mulher acusa de prática de sexo desprotegido. Como foi? Ela estava andando em uma praça escura no meio da noite e ele a arrastou para o mato? NÃO! Assange foi convidado pela mocinha, que era uma ativista, a participar de reuniões de sua ONG e inclusive a se HOSPEDAR na casa dela. Fizeram sexo CONSENSUAL COM CAMISINHA, PORÉM A CAMISINHA ESTOUROU. E agora ele responde por estupro.

No dia seguinte, realizaram a reunião da ONG, com esta mocinha como uma das palestrantes, no maior love com Assange. Na primeira fila, uma mocinha 2 dava o maior mole para ele. No final da reunião, um grupo onde estava Assange a a mocinha 2 sairam. A mocinha 2 se insinuou para Assange na frente de todos. Ambos foram ao cinam, onde mocinha 2 fez sexo oral nele. Passaram a noite juntos, fazendo sexo consensual e no dia seguinte fizeram mais sexo.

Por frequentarem o mesmo meio, mocinha 1 e 2 acabaram conversando dias depois e descobriram o que aconteceu. Ficaram irritadas. Foram juntas à polícia com estas maravilhosas acusações: mocinha 1 disse que achava que Assange tinha estourado a camisinha de propósito e Mocinha 2 disse que o sexo no primeiro dia foi consensual mas no segundo não. Wat. WAT. WAT PORRA! Você faz sexo em um local público, faz sexo a noite toda e quando acorda no dia seguinte é estuprada pela pessoa? E estourar camisinha de propósito?

O mais curioso é que quando a promotora responsável pelo caso leu os depoimentos, ela arquivou o caso na hora porque viu que não havia qualquer indício que justifique um processo. O caso permaneceu arquivado por 12h. Um telefonema e o caso foi reaberto, sem maiores explicações.

Para fechar o rol de absurdos, as próprias mulheres que o acusam informaram que em momento algum tinham a intenção de prestar qualquer tipo de queixa para que ele fosse preso, afinal, o sexo foi consensual. Só que estavam arrependidas de ter feito sexo sem camisinha e queriam que ele fizesse testes para saber se tinha alguma doença sexualmente transmissível. Nas palavras delas, o sexo teria sido “inicialmente consensual mas no correr da relação se tornou abusivo”. Se eu fosse homem eu ficaria muito preocupado, porque se essa moda pega, qualquer mulher do mundo com a qual você faça sexo vai poder alegar que foi estuprada.

Estas mulheres não teriam conseguido mais entrar em contato com Assange depois de fazer sexo com ele, já que ele está sempre em fuga, na clandestinidade (segundo uma delas, ele teria até desligado o telefone para não atendê-la, sentem o cheiro de rejeição?) e por isso recorreram à polícia, com a intenção de que ele se submeta a estes exames. Só. Depois que uma soube da outra, elas começaram a ficar mais chateadas. Li frases como “ele prometeu que ia me ligar e não me ligou”. Aloooou? Que mulher realmente vítima de um estupro quer que o estuprador lhe telefone dias depois? Taquipariu.

Vejam só, não á apenas um blog pequeno e raivoso que levanta suspeitas sobre esta acusação de estupro cruel (já que o estuprador não ligou no dia seguinte). Grandes jormais como The Guardian e Le Monde chamam o caso de “manipulação barata” para baixo. A verdade é que as leis suecas são as únicas que permitiriam a extradição de Assange para os EUA, que o acusa de espionagem pelo vazamento de mais de 250 mil documentos confidenciais. Armaram para ele e armaram de uma forma tosca. Mas as pessoas parecem não ter muito senso crítico e aceitam com calma que ele é um estuprador.

Outros fatos que não cabem nas minhas duas páginas de hoje levam a crer que tudo foi uma armação sem tamanho, como o congelamento da conta bancária de Assange na Suíça sob uma alegação imbecilóide sem pé nem cabeça. Curiosamente este dinheiro seria usado em sua defesa. Assange, CONTRATA EU, que eu te defendo de graça!

O grande desfavor nem seria a armação tosca que estão fazendo, porque se as pessoas tivessem cérebro, isto se voltaria contra quem armou. O grande desfavor é que as pessoas continuem engolindo o que sai “no jornal” sem procurar fontes secundárias, sem querer saber o que aconteceu, sem querer construir seu próprio juízo de valor. Notícia deve ser usada como FONTE para construir a sua opinião, e não como uma opinião pronta a ser repetida.

Para dizer que eu defendo estupradores e sou a favor do estupro e me xingar compulsivamente em letra maiúscula, para dizer que até acreditaria em Assange estuprando meninos, mas nunca meninas ou ainda para dizer que se o Desfavor crescer o mesmo vai acontecer com a gente se continuarmos vazando informações: sally@desfavor.com