Autor: Desfavor


Se você tem um desfavor de texto e quer vê-lo postado aqui, basta mandá-lo para desfavor@desfavor.com
Se nós temos coragem de postar nossos textos, imagine só os seus…

Os Mitos e a Auto-Ajuda.

Os livros da auto-ajuda são, por si só, um desfavor. É um absurdo pagarmos 10, 20, 30, 40 reais, o que for, por algum desses livros que acabarão se acumulando pela casa, já que, no final, a experiência em campo é o que conta.

Daí porque não utilizar os mitos para extrairmos lições para nós mesmos? Além de ser uma perspectiva interessante, é algo pelo qual não precisamos pagar para ler, uma vez que essas estórias já estão no domínio público. Aqui vão algumas dessas estórias:

1) Merlin e o Mito do Velho Babão

O mago Merlin era conselheiro do Rei Arthur e grande amigo dos Cavaleiros da Távola Redonda, a quem prestou inestimáveis serviços.

Tinha muito orgulho dos seus poderes, cujos segredos não dividia com ninguém. Era um homem a quem o cantor (brega) Falcão chamaria de “Estudado e Sabido”, pois fazia questão de passar o tempo todo aprimorando e aprofundando esses poderes. Tanto que quem o conhecia nunca o viu (usar sua varinha) com outra mulher.

Ou seja, na medida em que se dedicava aos conhecimentos, voltados para ajudar o reino, esqueceu-se completamente das próprias necessidades. Tornou-se uma sumidade em aspectos intelectuais, mas uma nulidade em termos sexuais, por não ter buscado equilibrar esses aspectos ao longo da vida.

E com o passar dos anos, a velhice chegou, e Merlin percebeu que não teria para quem deixar seus conhecimentos, pois nunca havia pensado em nomear um sucessor e não havia constituído família.

Nisso, Viviane apareceu. Não sabemos se era uma mulher de beleza fenomenal, ou apenas uma pessoa, digamos, gente boa. O fato é que ele acreditou que a mulher seria a solução para seus problemas – de sucessão e de solidão – e por ela se apaixonou.

Diante desse sentimento inédito em sua vida, Merlin sabia que não tinha muitos atributos pessoais, se é que possuía algum. Afinal, era um velho decrépito e ruim de papo, monotemático, pois passara praticamente a vida toda trabalhando na corte.

Logo, para conquistar a jovem, utilizou-se de todos os seus recursos, ao enchê-la de presentes e de agrados. Mas, ao se desdobrar nesses esforços, deixou de verificar se a jovem correspondia seus sentimentos.

Viviane, por sua vez, levou Merlin na conversa. Obviamente, aceitou de bom grado ser aprendiz dele, mas se fazia de desentendida quanto à segunda aspiração do velhinho. Rei Artur, Lancelot, a Mulher do Lago, os demais Cavaleiros, os súditos, os anglo-saxões, enfim, todos perceberam o que se passava com o querido Mago: ao tentar acabar com a nulidade em termos sexuais, acabou trazendo a zero o bom-senso.

Questionado pelos amigos, estava ciente de que estava se deixando enganar. Porém, resignado como todo nativo da Cornuália, confessou sua impotência diante de um sentimento pelo qual nunca se permitiu passar, e continuou a depositar sua dupla esperança em Viviane.

Assim, cometeu a tolice de ensiná-la feitiços que não poderiam ser desfeitos, o que selou seu destino. Em um derradeiro esforço para conquistá-la, o antigo herói da corte – agora bobo-da-corte da nação – criou um aposento no alto de uma montanha, com a mais bela das decorações. Nesse local, Merlin esperava consumir sua paixão.

Quando lá chegaram, Viviane pediu para ele ir primeiro. Logo que ele entrou, ela soltou uma daquelas mágicas irreversíveis, e o tolo ficou preso dentro do cômodo para sempre.

Moral da Estória: O que ocorreu com Merlin também se passa conosco. Quem não desce do pedestal acaba se deixando seduzir pelas pessoas mais inapropriadas, isso porque investiu apenas no aprimoramento profissional, quando deveria ter dedicado parte do seu tempo a trabalhar sua experiência emocional.

Se você for uma pessoa que busca o equilíbrio em todos os aspectos, revelar-se uma pessoa disposta a aprender com a vida, ao invés de tentar dominá-la, terá mais chances de emplacar um relacionamento saudável, mesmo que, em termos materiais, não tenha muito mais a oferecer além de uma singela varinha.

Suellen


ATENÇÃO! DR FOREVER É FICÇÃO.

AMIGA DESCOLADA

Sexta feira, de noite:

SALLY: Tenho que te contar uma coisa.
SOMIR: Hmhum… (assistindo TV)
SALLY: Promete que não vai ficar bravo?
SOMIR: Hmhum…
SALLY: É que a Marinês…
SOMIR: Hmhum…
SALLY: Vem passar o fim de semana aqui em casa.
SOMIR: Hmhum…

*pausa

SOMIR: O QUÊ???
SALLY: Você disse que não ia ficar bravo.
SOMIR: Aquela chata escrota que até hoje diz que você não tinha que ter casado comigo?
SALLY: Não fala assim dela.
SOMIR: Aquela ogra burra que tentou provar para você que eu estava tendo um caso com a minha irmã?
SALLY: Ela não sabia que era sua irmã…
SOMIR: Caralho, Sally! Eu odeio aquela mulher!
SALLY: Ela está mudada.
SOMIR: Nem com todas as plásticas do mundo aquele jaburu muda.
SALLY: Respeito!
SOMIR: Porra, e você só me avisa agora? Se eu soubesse tinha reservado um hotel.
SALLY: Larga de drama! Você não vai nem perceber que ela está aqui.
SOMIR: Merda…

Sábado de manhã.

SALLY: Mari!
MARINÊS: Sá!
SOMIR: Merda…
SALLY: Não liga pro grosso.
MARINÊS: Não ligo mesmo!
SOMIR: Ainda bem, eu não ia atender… hahahaha.
SALLY: Sem graça… Mari, você vai ficar naquele quarto…
MARINÊS: Vamos ver. Conta tudo, amiga!

Sábado de noite:

SALLY: Fiz aquela batata assada que você adora, Mari!
MARINÊS: Oba!
SOMIR: Porra, eu também adoro, e você nunca faz…
SALLY: Larga de ser chato.
MARINÊS: Ninguém mandou tratar mal, mulher só capricha com quem gosta.
SOMIR: É assim que você trata o Shrek? Hahahaha
SALLY: Grosso!
MARINÊS: Continua besta e infantil. O que você vê nele, Sally?
SOMIR: Algo que você já nem lembra mais que existe. Sexo.
SALLY:
MARINÊS: Você devia dar graças a Deus por ter UMA mulher que…
SOMIR: Eu dou graças todos os dias por não pegar uma baranga que nem você.
SALLY:
MARINÊS: Prefiro ser baranga que…
SOMIR: Prefere mesmo, não se cuida, está parecendo a macaca Chita!
SALLY: Eu…
MARINÊS: Balofo e careca!
SOMIR: Mal-comida! Nunca teve um homem que te aguentasse… foi chifrada por todos!
SALLY:
MARINÊS:(fazendo cara de choro)
SOMIR: Além de feia é burra! Pagou detetive para descobrir que eu estava saindo com a minha irmã! Hahahahahahahahahahahaha….
SALLY: Não faz isso com ela.
MARINÊS: Você… Buááááááá
SOMIR: Bem feito. Tá na minha casa, vai aguentar o que eu digo.

*Marinês sai correndo para o quarto.

SALLY: Grosso, estúpido!
SOMIR: Ela mereceu, porra!
SALLY: Ela só pensa no meu bem. Você é morto por dentro?
SOMIR: Não é bem assim, ela me provocou…
SALLY: Você bateu forte demais, seu imbecil.
SOMIR: Ah, agora a culpa é minha?
SALLY: Vai pedir desculpas.
SOMIR: Nem fodendo!
SALLY: Ou isso ou você vai dormir no sofá por um mês.
SOMIR: Ai saco…

*Somir vai até o quarto, Marinês percebe a presença dele e começa a chorar mais alto.

MARINÊS: Fora daqui!
SOMIR: Calma, eu vim me desculpar.
MARINÊS: Sério?
SOMIR: É. Eu estava irritado, mas você não merecia escutar aquelas coisas.
MARINÊS: Eu só queria proteger a minha amiga…
SOMIR: Ok, eu entendo, se você gosta tanto da Sally, eu vou aprender a gostar de você.
MARINÊS: Eu sou tão feia assim?
SOMIR: Não! Eu estava sendo cruel, você é uma mulher interessante e bonita.
MARINÊS: Jura?
SOMIR: Juro.
MARINÊS: Eu te perdôo. (pedindo um abraço)
SOMIR: Obrigado… (respirando fundo e abraçando)
SOMIR: Volta lá pra jantar com a gente.
MARINÊS: Tá bom, eu já vou. (enxugando as lágrimas)

*Somir sai do quarto, poucos segundos depois Sally entra.

SOMIR: Estou aqui comendo, venham logo.

*Sally chega na cozinha, pisando duro e com semblante enfurecido.

SALLY: VOCÊ DEU EM CIMA DELA???
SOMIR:


HEMORRAGIA

SOMIR: Hoje eu vou fazer o almoço! Descanse que você merece!
SALLY: Acordar homem com sexo oral realmente melhora a relação…

Sally vendo TV e Somir na cozinha.

SOMIR: AAHHHHHHHHH!!!
SALLY: O QUE FOI???
SOMIR: MEEEEEEU DEEEDOO!
SALLY: Você cortou fora seu dedo???
SOMIR: Praticamente!
SALLY: Rápido, pega gelo e….

Sally vê um pequeno corte quase imperceptível no dedo de Somir. Mal sangra.

SOMIR: VOU LEVAR PONTO?
SALLY: Aff…. nem tá sangrando…
SOMIR: Tá sim, OLHA! (espremendo o dedo na tentativa de conseguir uma gota de sangue)
SALLY: Deixa de ser fresco… passa uma água e volta a cortar a cebola…
SOMIR: TÁ MALUCA? E SE EU PEGAR TÉTANO? TEMOS QUE IR AO HOSPITAL…
SALLY: Eu me corto todo dia e nunca peguei tétano
SOMIR: Você não está vendo que eu estou com DOR Sally?
SALLY: saco…
SOMIR: Rápido, me ajuda!
SALLY: Toma, coloca um band-aid…
SOMIR: TÁ SANGRANDO, TÁ SANGRANDOOO
SALLY: Eu sangro todo mês…
SOMIR: (fica branco)
SALLY: Você está bem?
SOMIR: (fica mais branco)
SALLY: Somir?
SOMIR: (desmaia)
SALLY: Somir, acorda!

Sally sacode Somir até ele acordar

SOMIR: Bom saber que não posso contar com você, Sally
SALLY: Use seu fator de cura mutante, da próxima vez… hahahaha
SOMIR: Tomara que a dor de parto seja tão terrível quanto dizem!
SALLY: FRESCO! BICHINHA!
SOMIR: Tá me chamando de bicha?
SALLY: BICHA! BICHA! VIADINHO!
SOMIR: Você quer me ver morto, Sally!
SALLY: saco…
SOMIR: Não vai me levar pro hospital? Não posso dirigir assim…
SALLY: Eu não! Faz como eu, chupa o dedo e continua cozinhando…
SOMIR: Você é uma ignorante e incosequente!
SALLY: Você é um FRESCO!
SOMIR: Vou me deitar, não tenho condições de cozinhar nem de fazer nada agora…
SALLY:
SOMIR: É SÉRIO, SALLY, ESTOU ME SENTINDO MAL
SALLY:

Somir deita com cara de sofrimento. Sally se aproxima sorrindo e abre o zíper da calça de Somir.

Somir sorri.

SALLY: PRA ISSO VOCÊ TÁ BEM, NÉ?
SOMIR: Tá vendo como você é? Não valoriza os esforços que eu faço por você…

Qual o papel da atração física pura e simples numa relação estável? Até onde podemos considerar que a beleza está nos olhos de quem vê? É possível basear um namoro ou casamento apenas pela aparência? Onde eu deixei minhas chaves?

Sally e Somir fazem suas análises, e obviamente não concordam. O que não é tão óbvio assim é de que lado cada um ficou. Confira você mesmo e tire suas conclusões (desfavoráveis).

Coisa rara, um elogio: Sally é uma mulher LINDA. Até por isso ela está eternamente proibida de postar suas fotos aqui. Apesar de nunca ter negado isso quando perguntado, sempre utilizei esse fato para irritá-la.

Como assim?

É que eu sempre digo para ela que ela poderia ser muito menos bonita do que é e eu ainda sim teria namorado com ela. E que as coisas teriam ocorrido de forma bem parecida com que ocorreram. Ela fica furiosa… (E eu me divirto.)

Mesmo considerando minha tara por provocar, eu estou falando a verdade. Beleza é importante, mas é relativa DEMAIS no decorrer de uma relação. Eu não vou começar com um discursinho afrescalhado de como devemos amar as pessoas do jeito que elas são, o meu objetivo neste texto é outro.

Uma relação (saudável) entre um casal é baseada em sexo. Vários outros fatores podem ajudar ou atrapalhar, mas se tem um elemento que precisa funcionar é o sexual. É preciso que exista tesão entre as partes (pudentas?). Pessoas como a Sally vão te dizer que tesão é algo única e exclusivamente físico, que depende apenas do corpo da pessoa com a qual você pretende fazer sexo. Pessoas como a Sally tem TODO o direito de pensar assim. Mas elas vivem esquecendo que as fronteiras do mundo estão bem além de seus umbigos…

Um belo corpo faz maravilhas pela libido. Não só pela do parceiro como pela sua, confiança ajuda e muito na hora de se soltar mais na cama. (No sofá, no chão, na escadaria do prédio, no meio de um parque lotado…)

Mas um belo corpo é atraente per se. Ele conversa diretamente com nossos instintos, ele ignora qualquer necessidade de interação e conhecimento. Um corpo bonito é um corpo bonito e só. Qualquer um pode pode ter um corpo bonito. (Dadas as condições de genética, esforço e poder aquisitivo necessárias…)

Ser bonito(a) faz toda a diferença na hora de ATRAIR um(a) parceiro(a).
Mas é secundário na hora de MANTER.

Porque é nesse momento onde o “tesão intelectual” surge com toda sua força. É ele que mantém qualquer relação, com pessoas bonitas ou não envolvidas.

“Tesão intelectual, Somir? Que merda é essa?”

Explico: Existe um certo momento numa relação onde você deixa de fazer sexo com o corpo do(a) parceiro(a) e começa a fazer sexo com a PESSOA. Quase sempre é o momento definidor para se saber se existe futuro ali.

“É quando você não está mais só feliz por estar comendo uma gostosa (ou outra coisa que não a sua mão…), mas também se sente orgulhoso por estar com aquela mulher.” – Somir

A maioria das pessoas experimenta algumas doses de tesão intelectual antes mesmo desse momento. Mas a realização dessa idéia costuma ser súbita.

O tesão intelectual é a atração pelo conjunto da obra. Qualidades, defeitos… Mentais e físicos.
Muito se engana quem acha que beleza é uma coisa que pode ser separada, catalogada.

Aposto que a Sally deve ter usado alguma teoria nazi-fascista dizendo que beleza é algo matemático, mensurável… Balela! Beleza é muito relativa. Depende não só dos olhos de quem vê como do ambiente onde está inserida. Beleza é basicamente comparação.

Eu gastaria umas 20 páginas para explicar isso direito, mas vou tentar exemplificar:

Entre um carro popular feito numa linha de produção e um esportivo feito sob encomenda, qual você tende a achar mais bonito? Aposto que eu sei o que você escolheu.
E eu já posso adiantar que não é pelo design, já que pouca gente nesse mundo tem o gosto pelo design bem desenvolvido. Duvido que você saiba apreciar a beleza de uma saída de ar muitíssimo bem projetada. Um deles é banal, lento e barato; O outro é raro, veloz e é um sonho de consumo.

Imagine uma modelo no meio de várias outras. Agora imagine essa mesma modelo andando na rua da sua casa. Onde ela seria mais bonita? É a mesma pessoa, mas eu aposto novamente que na sua cabeça ela ficou mais bonita quando comparada com pessoas comuns.

Poderia dar vários outros exemplos, mas o espaço está acabando. E se você que está lendo acha que eu estou saindo do assunto, aqui vem o ponto-chave da minha argumentação:

Beleza física é uma parte do conjunto que é uma pessoa. Sozinha ela é efêmera, descartável.
Vivo lendo relatos de pessoas furiosas por perderem seus parceiros ou parceiras para pessoas mais feias do que elas. Discordo de todas. Quem perde é mais feio do que quem ganha.

Beleza física tem importância na medida que o resto do conjunto que forma um ser humano não é tão bonito assim. Uma palavra, um gesto, uma atitude… Uma idéia pode transmitir muito mais beleza do que a que seus olhos podem captar.

(Se estou sendo muito filosófico, corrijo agora: Uma pessoa bonita não ganha o direito de não tomar banho, certo?)

Todas as relações de sucesso são baseadas em beleza. Mas não naquela beleza absoluta, que todo mundo pode ver… O sucesso está na beleza que só você vê. A beleza do conjunto.
Um corpo bonito ajuda muito numa relação. Mas está fadado a ficar em segundo plano assim que o tesão intelectual se estabelece.

Não é perder o tesão físico que derruba um relacionamento.
Uma pessoa que relaxa com a aparência denota falta de interesse no(a) parceiro(a). E é justamente aí que o tesão intelectual perde força e as coisas começam a dar errado. E ainda nesse argumento: Não adianta MERDA NENHUMA ser bonito(a) se você vai estragar o tesão intelectual do parceiro com o resto do seu pacote.

Beleza física é importante, mas secundária.

E não se enganem com o texto da minha CARA aqui embaixo: Ela é uma barangueira de marca maior. Eu sou a prova viva disso.

Para dizer que eu só disse isso porque sou feio: somir@desfavor.com


Qual a importância da beleza em uma relação? Não vou ser hipócrita, é muito grande. Salvo pessoas em surto de paixão, que estão a um degrau da loucura completa, a beleza é relevante e fundamental.

E não digo só o fato de se sentir atraído pela pessoa, ela tem que ser “socialmente bonita”, ou seja, ele tem que poder apresentar para os amigos e para a família sem passar vergonha. Caso contrário, será um desgaste constante. E que relação sobrevive a um desgaste constante?

E não basta que a pessoa seja bonita. Tem que ser “namorável”. Se for meio vulgar, já não serve. Se usar roupas pouco convencionais, já paira uma dúvida. Tem que estar dentro daquilo que ele e as pessoas que o cercam considerem aceitável. Se um homem fica com uma mulher socialmente reprovável, ele não vai querer encarar as críticas dos amigos e da família. Vai pegar ela na encolha. Está incluído no conceito de beleza a aprovação social.

Mesmo com a relação já consolidada, beleza continua sendo fundamental. Comece a se descuidar e verá. É claro que Madame vai escrever aqui que a mulher não tem que estar sempre linda, ele cansava de me dizer “Acho você linda quando acorda, não sei porque essa paranóia toda, você é linda ao natural”. HÁ! Vai achando que aquilo é “ao natural!”. Aquilo é só “sem maquiagem”. Meu corpo natural não é esse, meu cabelo não é esse, minha pele não é essa, etc, etc. Beleza é um trabalho de manutenção constante e ele nem faz idéia de como eu seria se não me preocupasse com beleza. Perdoem, ele não sabe o que fala.

No caso dos homens é pior ainda, eles são criaturas muito visuais. Eu acho fundamental para que um homem goste de uma mulher e queira manter uma relação com ela que ele a ache atraente e que seu meio social não a ache repulsiva. Dificilmente um homem segura a barra de ser motivo de piada entre seus amigos por causa da mulher baranga que tem do lado! Eu juro que eu nunca vi um homem dizer a frase: “Ela é feia, mas tem outras qualidades tão boas que compensam isso”. Quando um homem está com uma baranga, ele geralmente não a acha baranga e ela também não é considerada baranga no meio social onde eles habitam.

Dá para se relacionar com uma pessoa feia? Dá, claro. Mas as chances de sucesso da relação caem drasticamente. É possível que seja uma relação bem sucedida? É, mas as chances caem drasticamente. É possível que nunca se traia o barango(a)? É, mas as chances caem drasticamente. Não venham jogar exceções na minha cara, porque aqui falamos da regra geral.

E beleza não é importante só no primeiro momento não, mesmo depois de engatar uma relação ela continua importante. “Mas ele já gosta de mim, ele vai gostar de mim de qualquer jeito” HÁ! EU NÃO CONTARIA COM ISSO. Err… continuando, peçam para a Madame aí de cima contar como foi que eu o convenci a me encontrar pessoalmente! (sim, EU tive que convencê-lo). Aparentemente ele não queria, estava na dúvida. Em dez segundos decidiu. Perguntem se foi a minha inteligência que o convenceu. Perguntem! Perguntem!

Uma pessoa procura beleza. Pode até se encantar por uma pessoa feia, pode até casar com uma pessoa feia, mas um dia o senso de estética cobra seu preço. Quando você tem um filezão em casa e outro filezão na rua te dá mole, fica mais fácil resistir à tentação do que quando você tem carne moída em casa e um filezão na rua sorrindo e acenando. Claro, mulher bonita também leva chifre, nada no mundo nos salva do chifre, mas a feia leva mais, muito mais.

“Ah, mas eu amo ele(a), não faz diferença se uma pessoa bonita der em cima de mim”. Será? Será mesmo? Sejam honestos, quem aqui já teve alguém muito, muito, muito bonito dando em cima na constância da relação com um feio e conseguiu dispensar? Digo, uma chance real, não um mero flerte. Beleza deslumbra. Recusar na teoria é fácil, eu mesma tenho discurso pronto para isso, mas recusar na hora da verdade, virar o carão para aquele beijo daquela pessoa linda… é muito difícil. Ainda mais quando você volta para casa e dá de cara com aquela mixaria. Ninguém troca seis por meia dúzia, mas troca seis por oito e seis por dez.

Não sou eu que estou dizendo que a beleza fascina. É a ciência. Foi feito um estudo com bebês de todas as culturas e ficou comprovado que eles olham mais tempo para fotos de pessoas bonitas, de todas as culturas. Beleza é cultural? Não necessariamente, parte dela talvez, mas existe um componente fixo. A beleza está diretamente ligada à estética e à simetria, existe até uma conta matemática que pode ser feita para determinar a beleza de um rosto (seqüência de Fibonacci). Além disso, a biologia nos diz que tendemos a achar bonitos aqueles indivíduos que indiretamente aparentam ser os melhores reprodutores. Gente, a verdade é uma só: nós somos bicho, adoramos negar para nós mesmos que somos bicho, mas no final das contas, se formos pensar com honestidade, agimos como bicho mesmo.

Procuramos pela beleza. A beleza nos seduz. Não tem como vestir uma máscara racional e dizer que estamos acima disso. Todos nós somos, em maior ou menos nível, escravos da beleza. Beleza abre portas, beleza gera melhores salários, beleza decide o destino de relacionamentos amoroso todos os dias. Essa é a regra. Se você vive uma exceção, parabéns, você é um espírito de luz (que nunca deve ter vivenciado uma verdadeira tentação)

E vamos parar com essa merda de querer que as pessoas se sintam culpadas por apreciar o belo (com letra minúscula, porque quem aprecia o Belo tem mais é que se sentir muito culpado!). Está no nosso DNA sentir atração por beleza, não é nada errado, mesquinho, pouco nobre ou pecaminoso! Não nos faz fúteis, crápulas nem vazios. Eu ADORO gente bonita. Sexo é melhor, olhar para a pessoa é melhor, tudo fica melhor! Tendemos até a ser mais tolerantes com pessoas belas! E nada melhor para fazer uma relação durar do que a tolerância.

Não dá para romantizar, beleza é essencial para uma relação. E todo mundo que eu vi lutar contra isso se deu mal. A argumentação é linda, é tentadora de se acreditar, mas convenhamos que na prática, a coisa é bem diferente. Só beleza não basta, isso eu nem discuto. Mas daí a dizer que ela não é essencial… Porra, é essencial SIM. É um dos componentes fundamentais para manter um casal junto. Não adianta tentar tirar onda de civilizados e bem resolvidos, estamos programados geneticamente para gostar do belo e não tem nada de errado com isso. Tentar fazer você sentir vergonha por isso é coisa de gente feia. Vamos apreciar a beleza e deixar a hipocrisia de lado. Vamos verbalizar e assumir com palavras o que os nossos atos já comprovam faz tempo: beleza é essencial em uma relação!

Para fotos de belos homens, revolta das barangas e chororô romântico: sally@desfavor.com

O que eu vou escrever aqui é polêmico, quem não gosta que não leia, porque é politicamente-incorreto. pelos idiotas

O assunto que eu vou tratar se resume na diferença dos tratos dos animais em relação aos seres humanos e da hipocrisia, ou falta de informação mesmo.

Eu moro numa cidade de porte médio, aqui tem muitos animais abandonados, até aí nenhuma novidade, pois aqui não é a única cidade do mundo que os têm.

Pois bem, ontem eu estava fazendo exercícios num parque quando me deparei com um cavalo, deitado no chão e em volta dele alguns populares. Os populares estavam dando medicação e água, achei louvável.

Não é a primeira vez que eu vejo isso ocorrer. Eu já prestei pequenos socorros, dei comida, o que eu não fiz a mais foi por não ter condições financeiras mesmo. Como eu relatei, na minha cidade tem cães de rua de sobra, e desde pequena eu sempre me comovi ao ver os mesmo jogados.

Quando eu falava disso com alguma amiga elas retrucavam que existem trocentas crianças gritando de fome também. Gente, agora entra a parte polêmica: Crianças na pior das hipóteses vão no semáfaros e conseguem trocados e comem alguma coisa (não me venham com histórias africanas e/ou nordestinas) e se um cachorro aparecer na porta de um restaurante rodeando? Vai levar um passa-fora, um jato d’água ou um chute mesmo. Entendam que eu não sou a favor das crianças na rua, pedindo para comer ou a mando de pais vadios que usam o dinheiro em prol do álcool/drogas ilícitas, quero dizer que a diferença entre uma situação e outra é ALARMANTE.

Se uma criança for atropelada ela vai ter pronto-atendimento do SAMU e depopulares que vão fechar a rua, prestar socorros, bater no motorista e ainda darem entrevistas ao programa policial xinfrim da cidade. Se um cachorro for atropelado meia dúzia de pessoas vão passar, olhar, cutucar o amigo ao lado e falar que estão com peninha e continuar o trajeto. Não vai ter samu, não vai ter absolutamente nada, o cão continuará jogado até seu corpo se degradar no asfalto, salvo-casos onde o corpo será empurrado para perto do meio-fio.

Ninguém está nem aí para os animais, a criança por exemplo, os pais poderiam estar cuidando dela para evitar o ocorrido. Sei que existem crianças bestiais, mas cadê os pais e os protetores dos seres humanos?

O cão tem o centro de zoonoses que só atende em último casos. Se você ligar lá e disser que tem um cão que oferece riscos, eles vão pegá-lo, se contatá-los e disser que o cão foi atropelado vão falar que não podem ajudar. Talvez eles dêem o telefone de algum veterinário particular, mas aí você paga. Estava me esquecendo da carrocinha…O que ela faz? Ela recolhe os cães e faz um holocausto contemporâneo. Então o que resta? Sim, as ongs, nada do governo, NADA.

Não posso ser bestial a ponto de falar que todo lugar é assim, claro que temos cidades onde são feitas castrações para obterem controle de natalidade-canina. Mas isso dá para contar nos dedos, a amioria dessas intervenções cirurgicas são feitas por veterinários conveniados às ongs, que em muitos casos não sao pagos pelas ongs, ou são voluntários mesmo. Ou alguém achou que tinha uma verba mágica do governo para as ongs? Nenhuma. Não estou subestimando ninguém, mas só quis frizar isso.

As crianças de rua podem muito bem ser evitadas. Nos postos de saúde existe a distribuição de pílulas anticoncepcionais. E quem não tem informação hoje em dia o governo federal tem um programa que chama saúde da familia que verifica isso também. E pros sem-teto eles tem direito ao atendimento médico público, inclusive às pílulas. Além disso é bem mais fácil equipes de saúde irem atrás deles, afinal de contas eles não mordem mesmo, pois é quando uma equipe da vigilância sanitária, por exemplo, vai atrás de um cão pode estar certo de que ele já está quase dobrando o cabo da boa esperança, ele já está raivoso, e claro OFERECENDO riscos à sociedade. Tem que chegar nesse ponto mesmo…

Foi bom ter escrito isso, já estava cansada disso. Sei que talvez eu não possa fazer muita coisa, mas sempre que posso eu faço sim.

Apontar os dedos é muito fácil, muita gente nem sabe do que está falando, consideram cães como coisas “ah se não morreu até hoje não morre mais” Eu já ouvi muito isso, acho triste. Rebater que existem crianças passando fome (que também é triste) é fugir do assunto. Mas essas pessoas ajudam essas crianças também? Porra nenhuma…

Então quando alguém vier rebater meus murmúrios, sim, quando eu vejo e não posso ajudar eu fico louca, e sempre tem um nefasto-vagabundo que fala das criancinhas, às vezes esse ser pensa que vai amenizar o que eu estou sentindo, mas não vai, só está se afirmando como uma besta. Vão todos para a casa do ¨%$@@$¨. crianças têm orfanatos, e muito mais ongs do que os cães, tem samu, tem os pais (negligentes) e têm anticoncepcionais para evitar suas vindas a esse mundo “cruel” onde alguém vem no orkut dar murro em ponta de facas falando mal delas…..e defendendo seres “fétidos”, né?

Podem criticar fazer o que quiserem, não serão os primeiros mesmos…

Anônima
(Originalmente postado na comunidade desfavor no orkut.)

Nessa semana, apesar dos pássaros terroristas e do governo dizendo que aquele italiano é cosa nostra, a população preferiu discutir sobre a Flora. Infelizmente não estamos falando de preocupação ambiental. A novela terminou, mas o desfavor continua…

Cá estamos nós falando de novela novamente. No Brasil acaba sendo inevitável, inevitável que as pessoas discutam sobre o assunto e inevitável que os intelectuais de meia-pataca digam que não assistem. Já se tornou algo previsível.
Tão previsível quanto os roteiros das novelas em questão.

Apesar de eu adorar fazer pose de intelectual, eu vivo me permitindo os prazeres dos passatempos “bestifcantes”. Atualmente eu não assisto novela, acho chato e praticamente não tenho tempo… Mas como quase todos os que cresceram sem a maravilha que é a TV a cabo e a internet em famílias que ainda cultivavam o costume do jantar televisivo reunidas, eu já assisti muita novela nessa vida.

Já gostei de várias, já acompanhei as tramas na expectativa de saber o que viria no próximo capítulo, sabia o nome dos personagens e entendia suas personalidades. Mas uma coisa que nunca me interessou foi conversar sobre uma novela.

Ontem mesmo eu tive o desprazer de acompanhar como observador duas mulheres (óbvio) numa fila de super-mercado discutindo sobre a novela que teria seu último capítulo veiculado naquele dia. Não entendi lhufas sobre quem era quem ou o que acontecia naquela história, mas eu percebi um detalhe muito interessante:

Não era uma discussão sobre o roteiro da história. Era FOFOCA sobre pessoas imaginárias!

Fulana contava detalhes sórdidos sobre uma personagem para Sincrana. Percebia-se claramente o prazer contido naquele ato: Falar mal de uma pessoa que não estava lá para se defender. (Aliás, não estava em lugar nenhum. Típico caso de crime perfeito…)

Que o assunto preferido de qualquer mulher é fofoca eu sempre soube, mas o grau de especialização que elas alcançam é digno de nota. (Existem muitos homens que também gostam de falar desses assuntos… Vão ser categorizados como mulheres neste texto, porque não honram as bolas.)

Não é à toa que as personagens das novelas sempre tem algum podre ou segredo, sem isso não se desencadearia o processo de geração de interesse nas telespectadoras.

Ah sim, vocês nunca pararam para pensar como nos últimos tempos criou-se uma tendência das personagens mais importantes das novelas serem mulheres? E não é uma mudança social… Não tem nada a ver com o aumento da importância feminina no mundo moderno.

É que mulher gosta MESMO é de falar mal de outras mulheres.

Do jeito que eu estou escrevendo este texto, parece até que eu tenho raiva das mulheres. MUITÍSSIMO PELO CONTRÁRIO. Eu gosto tanto das mulheres que eu vivo tentando avisar para elas o quanto elas são incentivadas a serem cada vez mais vazias em troca da sua independência. (Eu ainda volto nesse assunto numa coluna futura…)

E as novelas são apenas mais uma peça nesse quebra-cabeças-ocas. O fato de uma pessoa como eu perder COMPLETAMENTE o interesse em novelas é um excelente indicador de como as coisas estão se desenrolando.

Sempre vejo nas bancas revistas sobre novelas. (Sempre faço a MESMA piada de repetir a chamada principal na capa para a pessoa que estiver do meu lado fazendo uma voz séria.)
Essas revistas quase sempre falam de mais alguns outros assuntos… Dietas e dicas sobre sexo.

Porque é isso que interessa para quem se preocupa com uma novela a ponto de gastar precioso tempo de vida discutindo sobre ela: Ser magra e ser mulher de alguém.

O desfavor da semana não é o gosto do brasileiro por novelas. Novela é só mais um formato para a ficção, assim como os filmes, as séries, os livros… Se tiver idéias de qualidade por trás, vai ter qualidade. O desfavor da semana é descobrir que a nossa forma histórica de contar histórias para o público pela televisão está segmentada para o público FOFOQUEIRO.

Ou seja: Pessoas sem capacidade de falar sobre qualquer outra coisa que não seja o que os outros fazem ou deixam de fazer de suas vidas. O menor denominador comum entre os humanos.

(Importante: Aquela sua avó que discute com os personagens da TV não conta, já que ela realmente acha que vai fazer alguma diferença falar com a tela.)

Acreditem ou não, não estou repetindo aquele mantra intelectualóide de que o público merece algo melhor do que uma novela. Na minha opinião o público está recebendo justamente o que deseja.

Não é exatamente a qualidade dos roteiros que estou colocando em dúvida, invejo alguém que tenha saco para escrever um capítulo por dia de uma história que se arrastará por meses tendo alguma obrigação de fazer sentido no final. Que a novela seja uma bobagem como sempre foi: Rico se apaixona por pobre e enfrenta os desafios pelo seu amor num cenário diferente da novela anterior.

O problema é que ao sentir que a fórmula estava se esgotando, os autores e produtores das novelas decidiram que ao invés de inovar, o correto era nivelar o conteúdo com o grau médio de conhecimento e interesse da maior parte do seu público. Perderam os que tinham TV a cabo e não podiam perder o resto.

Deu no que deu.

Boa fofoca!

Se você não tem a menor vontade de falar de novela, vamos conversar: somir@desfavor.com


É sempre assim. Vai chegando final de novela e eu vou sendo socialmente excluída. Durante a exibição de uma novela, as pessoas conversam sobre ela de vez em quando, quando tem alguma cena mais polêmica. Essas conversas eventuais eu consigo tolerar. Mas quando chegam as duas últimas semanas da novela, as pessoas ficam monotemáticas. Deve ser porque é nas duas últimas semanas que tudo acontece e nos demais um milhão de capítulos o autor fica enchendo lingüiça.

Pois bem, a novela global acabou ontem. Não se fala em outra coisa. Toda novela tem um grande mistério para ser resolvido no final. Toda novela tem um casal que vai ficar junto só no final. Toda novela tem uma grande verdade que só vem a público no final. É uma fórmula batida, mas continua dando certo. E enquanto der certo, continuará sendo repetida. As pessoas não percebem que comentam as mesmas tramas apenas mudando o nome dos personagens? Vou além: as pessoas não percebem que o que acontece no último capitulo é tão evidente e previsível que pode ser depreendido desde o primeiro capítulo?

Então porque esse frenesi em torno do final da novela? Porque as pessoas ficam monotemáticas e deixam até mesmo de sair para ver o último capítulo? Alguém me explica porque essa fissura de ver uma coisa que você já sabe como vai terminar e já leu na revista como vai terminar?

Tudo bem, a vida é dura, a gente gosta e precisa se distrair. Eu não gosto de novela, não vejo e nunca vi, mas respeito quem decide se alienar vendo uma novelinha no final do dia porque acho válido. Eu, no mesmo horário, estou exercitando meus glúteos na academia, atitude também recriminada por meio mundo. O que eu não entendo é gente que faz da novela quase uma religião!

Existem seres humanos tão viciados em novela, que quando começa o capítulo, estabelecem uma ditadura do silêncio no recinto. Quase batem em quem ousa dizer uma palavra. Tem que ver a novela no mais profundo silêncio e só pode falar nos comerciais. Minha gente, o que é isso?

E gente que aumenta o volume da TV de forma bizarra? Minha vizinha é assim. Vai ver a mente burra dela precisa que as palavras sejam gritadas para que ela compreenda (não, ela não é velha nem surda). Chego no meu apartamento e quando saio do elevador posso escutar nitidamente a novela rolando lá de dentro da casa dela.

Mas não são apenas as pessoas. A imprensa também fica monotemática. Só se fala no final da novela, em quem vai ficar com quem, em quem matou quem… Lembro que teve uma novela, agora não sei se foi “Vale Tudo” ou “Roque Santeiro”, onde os funcionários públicos foram mandados mais cedo para casa em função do último capítulo da novela! (assim vamos ficar como a Suíça!)

Também me impressiona como pessoas esclarecidas conversam sobre a novela como se a trama fosse real. Pessoas de classe média batem em atores nas ruas do Rio de Janeiro confundindo-os com seus personagens. Calma, né gente? Novela é para distrair e divertir, não para gerar uma fúria passional e ódio mortal. Para não dizer que eu exagero, nessa mesma novela que acabou teve um episódio desses: um ator que protagonizava um marido que batia na esposa APANHOU de um homem em uma banca de jornal, em plena luz do dia, por causa do personagem, e foi parar no hospital. Ficou internado por três dias! Porra, que povinho bunda é esse?

Eu sei que agora vou ter que escutar de todos que me cercam, do mais rico ao mais pobre dizendo coisas como: “Menina, você viu a Flora confessando os crimes dela?” ou ainda “Bem feito, você viu que a Flora acabou presa?”. Gente, eu não sei o que houve com a Flora, e também não quero saber, ok? Não estou dando conta nem da minha vida, nem das minhas comunidades, e mal dou conta do meu blog, eu lá quero saber o que houve com a Flora?
Mas se você não conversa sobre a novela, você vira esnobe e antipática. Quando digo a frase “Eu não vejo novela, não sou chegada” parece que estou dizendo um absurdo. As pessoas me olham constrangidas, em um misto de pena e deboche. Acham que eu (logo eu! Quica quica no calcanhar!) quero tirar onda de intelectual. Não é isso. Eu via o programa Cadeia, do Alborghetti! Menos intelectual que eu não existe! Eu simplesmente não gosto de novela.

Esta semana o comentário foi o maldito último capítulo e tudo que sabiam que ia acontecer nele. O pior é que a partir de amanhã, o comentário vai ser o maldito último capítulo e tudo que de fato aconteceu nele. O que eu fiz para merecer isso?

Sem querer ser machista, mas já sendo, como sempre, o fato de ser mulher agrava minha situação. Em uma rodinha feminina dizer que não gosta de novela é o mesmo que dizer que chupou o pau do marido da outra. Me olham como uma herege, sinto que estou traindo o movimento. Mulher adora comentar novela (mulher adora comentar tudo). E mulher prolonga um assunto que poderia ser exaurido em cinco minutos de conversa! Resultado: horas e horas de mesa redonda debatendo sobre o perfil psicológico de cada personagem, discutindo com quem se identificam e comentando o desfecho de cada trama da novela.

Neste fim de semana, sairei apenas com homens. Não quero ver mulher tão cedo.

Obs: Agradeço de coração a todos os blogs que nos deram aqueles selinhos e outros símbolos de reconhecimento pelo nosso trabalho, mas a Madame que escreve comigo se recusa a participar dessa corrente. Ele diz que o desfavor não vai publicar nenhum prêmio recebido.

Para comentar sobre a prisão da Flora, sobre o BBB e sobre Caminhos da Índia: sally@desfavor.com