Autor: Sally

Tipo, não é alucinógeno, senhor elefante cor-de-rosa.

Após o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas por um praticante (ou seria usuário?) do Santo Daime, recomeça uma discussão: deve ser permitido o uso de drogas para fins “religiosos” no Brasil? O Santo Daime é um perigo para a coletividade? O chá utilizado nos rituais é uma droga?

Pesquisei bastante para escrever este Desfavor Explica, tanto é que não deu tempo de publicá-lo logo após o crime, como de costume. Fiz questão de presenciar uma cerimônia do Santo Daime – porém adianto que não tomei o chá, porque abomino substâncias que alterem minha consciência.

O Santo Daime é uma “religião” (eles negam) tem aproximadamente 10.000 seguidores pelo Brasil e pelo mundo. O Brasil não é o único país a realizar os rituais, outros países como Espanha e Holanda, Estados Unidos, Japão, Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela e Portugal também seriam adeptos. Ele não gostam de ser chamados de “religião”. Mas me parece uma doutrina religiosa, uma vez que eles seguem rituais, possuem regras e restrições nos moldes das religiões em geral. Por exemplo, há restrições a algumas vestimentas para aqueles que participam dos rituais.

Esta “religião” (eles vão morrer negando que seja religião) surgiu na região amazônica, mãos precisamente no Acre (confessa que é a primeira vez que você tem notícia de algo que surgiu no Acre!) e a princípio prega princípios bacanas. A grande polêmica é um ritual que promovem, onde se bebe um chá conhecido como ayahuasca, feita à base de duas plantas encontradas na floresta amazônica. Este chá é “alucinógeno” (eles negam também), entretando, os praticantes do Daime preferem dizer que ele tem efeitos “enteógeno”, ou seja, provoca um “estado xamânico de êxtase” (wat), algo que leva a revelações e reflexões interiores que não seriam alucinações.

O Santo Daime prega a evolução pelo autoconhecimento, obtido através da experiência vivenciada com a ingestão desse chá. As “alucinações” (que eles insistem em dizer que não são alucinações) trariam uma evolução, fariam com que a pessoa se conheça melhor, lide melhor com seus problemas e perceba o mundo de uma forma diferente, uma espécie de “hiperlucidez”, ou seja, você vê além, amplia sua percepção, acessa níveis psiquicos subconscientes e tem outra percepção da realidade, mas sempre muito consciente do que acontece. Bom, se vocês acham que uma árvore ou uma pedra conversando com vocês é ampliar a percepção, eu acho alucinação. Questão de ponto de vista. Minto, questão de bom senso e sanidade mental.

O fundador do Santo Daime foi um lavrador chamado Raimundo Irineu Serra (vulgo Mestre Irineu). Bacana que é uma religião fundada por um popular, não é todo dia que se vê algo tão democrático. Começou assim: Raimundão tava passeando na mata (salvo engano era seringueirio) foi apresentado ao chazinho por nativos da região e ao tomá-lo teve uma visão de uma entidade divina (tipo um genérico da Virgem Maria) mandando-o fundar o Santo Daime e divulgá-lo. Já pensou se cada ser humano que ingere algo alucinógeno e tem uma visão fundar uma religião? Porque, na boa, quando você toma uma porra dessas, pode aparecer qualquer coisa na sua frente. O fato de ter uma alucinação não te faz especial, nem escolhido, nem enviado nem nada de mais, a menos que você seja carente e desconheça que é apenas uma reação bioquímica do seu cérebro.

Raimundão não era uma mente brilhante, mas ainda assim, fundou uma religião se achando “o escolhido” e atraiu muita gente. Se fosse nos dias de hoje, em uma grande cidade, perigava Raimundão estar internado em um hospício ao fazer esse discurso de aparição, escolhido e etc. Sério. Serinho. Olha o layout de Raimundão. Você seguiria Raimundão?

You gonna get...

Mas enfim, pedradas a parte, Raimundão se achou o escolhido depois desta aparição e convenceu um monte de gente (no Acre… grandes merda) que era.

Daí Raimundão começou a estabelecer todo um ritual em torno da bebida, para que ela ficasse socialmente aceita. Homens: quando vocês querem comer uma mulher, vocês gostam de ter que levar ela no cinema, para jantar, para passear, para conversar…? Não, né? Mas o fazem, para conseguir chegar nos finalmente. Pois é, é isso aí. Neguinho canta, dança, faz toda uma firula para no fim das contas se drog… ingerir o chá.

Passou o tempo, Raimundão faleceu. O Santo Daime cresceu. Surgiram várias correntes dentro desta religião. Hoje em dia, nem precisa praticar os rituais para ter acesso ao chá, você pode comprar pela internet que eles entregam na sua casa e você pode se poupar do circo e da cantoria. E não se preocupe, o Conselho Nacional Anti-Drogas, CONAD, retirou a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas. Você pode tomar o chá e ver o Raul Seixas dançando axé pelado com uma rosa na boca, mas não é alucinógeno. Ahãn. Legalmente, o chá só é permitido para fins religiosos, não pode ser comercializado com fins lucrativos. Se for comprar, já sabe, né? Era para fins religiosos, você ia fazer todo o ritual.

Os rituais do Santo Daime podem ser divididos basicamente em três categorias: Concentração, Festejos (ou bailados) e feitio.

A Concentração costuma ser realizada nos dias 15 e/ou 30 de cada mês (essas datas espaçadas foderam com a data da postagem!), nos templos, igrejas ou sei lá qual é o nome que se dê ao local de reunião. Cantam-se hinos (eles tem mais de 80 hinos!), rezam-se Pai Nosso, Ave Maria e outros que agora não lembro e, claro, toma-se o chá. Fiz questão de perguntar, assim, como quem não quer nada, com cara de meiga boba-alegre, quantos seguidores iriam ali fazer aquela cantoria e reza-reza se não houvesse chá. Resultado? ZERO. Sabe aquele seu amigo que diz que bebe cerveja porque gosta do gosto e nao pela onda de ficar bêbado e depois de recusa a beber cerveja sem alcool? Neguinho gosta é dos efeitos da parada. Mas não assume nem a pau.

Os Festejos são festas comemorativas mesmo, com direito a dança e tudo. Curiosidade: eles comemoram natal, dia dos pais, dia das mães e outras datas populares nesses festejos.

O feitio é o ritual onde se produz o chá alucinógeno (lembrando sempre que eles negam que seja alucinógeno), misturando duas ervas, o banisteriopsis caapi e a psicotria viridis (cada uma delas tem trocentos nomes populares, um pior que o outro). Não ficou muito claro extamanete como proceder no preparo, o que posso dizer é que eles porram algumas folhas com um pedaço de pau enquanto outras são limpas e misturadas. Depois rola um cozimento em água fervendo. Daí tem uma segunda leva de folhas, com mais cozimento e tá pronto o chá. Os homens porram as ervas e as mulheres limpam umas folhas.

O tempo todo, a mesma pergunta me vinha à mente: será que estas pessoas fazem tudo isto por fé ou por causa do chá? Suprime o chá do ritual e vamos ver quantos voltam…

Vocês devem estar se perguntando como este ritual é permitido uma vez que envolve o uso de uma substância que altera a consciência. Esta permissão de uso de uma substância que altera a consciência tem por base a liberdade religiosa. Se eu fosse um pouco mais escrota do que já sou, só mais um pouquinho, fundava a Santa Igreja do Pó dos Últimos Dias, com direito a altar e escultura do Maradona segurando o Pilha desmaiado em seus braços, tal qual a Pietá de Michelangelo. O ritual da minha igreja seria cheirar cocaína para elevar a percepção interior e sabedoria e entrar em comunhão com o mundo do nosso Deus, Maradona. Liberdade religiosa deve se sobrepor ao bem estar da coletividade? Qualquer igreja pode fornecer substâncias que alterem o estado de consciência de seus seguidores a título de liberdade religiosa? Quem é que vai me assegurar o que é uma substância segura e o que não é?

Tudo bem, tenho obrigação moral de dizer que em todos os cultos em que frequentei tive uma ótima impressão dos participantes: pareciam pessoas calmas, do bem, em comunhão. Entretanto, isso não apaga o risco de se permitir uso não controlado de alucinógeno/enterógno por aí. Uma hora dá errado. No meio dos dez mil participantes do Santo Daime, não tem nenhum que acabe reagindo mal a esse chá? Será?

Algumas vezes faltava bom senso dos adeptos. Falaram muita bobagem com uma certeza digna de Somir. Uma coisa que me aborreceu profundamente e que eu escutei demais entrevistando praticantes do Daime: eles juram que o chá cura dependencia química de outras drogas. Duvidei. Mas, como sou leiga no assunto, perguntei não a um, mas a três psiquiatras o que eles achavam desta afirmação. Todos concordaram com aquilo que eu já pensava: cura porra nenhuma. Quando uma pessoa tem uma propensão so vício e acaba por se viciar em alguma substância que altera seu estado de consciência, ela pode simplesmente usar o Daime para suprir este desejo por uma alteraçao de consciencia, ou seja, “substituir” uma “droga” por outra. É a mesma coisa que dizer que conseguiu curar seu vício em cafeína trocando o café por chá verde. Dããã. A ayahuasca não costuma causar dependência física, entretanto, quem tem essa necessidade de se entorpecer pode desenvolver uma dependência psicológica. Tem pessoas que precisam se desconectar da realidade, pelos mais diversos motivos. E é aí que mora o perigo, porque tem uma diferença grande em querer eventualmente se desconectar e PRECISAR se desconectar com uma frequencia razoável.

Quero deixar uma coisa clara: nada contra quem se tranca em um templo qualquer e se dopa até o cu bater palminha, fica conversando com a própria mão até o efeito passar e vai para casa trabalhar. Eu, pessoalmente acho ridículo, acho uma muleta se entorpecer, seja com Daime, com maconha ou com alcool. – mas acho que eles também me achariam ridícula se me vissem dançando axé. Cada um no seu quadrado. Meu problema todo é com pessoas que fazem uso da ayahuasca e depois vão para a rua dirigir, trabalhar, interagir com a sociedade. Meu problema é também com aquelas que fazem uso e não voltam mais, tem surtos psicóticos ou qualquer outro problema que as torne um risco social. Meu problema é com a propaganda do Daime como se fosse a cura para todos os males, o caminho da verdade e da libertação – pior, o ÚNICO caminho, porque essa merda não é tão inofensiva assim e definitivamente não é para todos.

Os globais são sempre um desfavor, nos mais diversos sentidos. Claro que tem uma meia dúzia de globais falando maravilhas do Santo Daime. Maitê Proença, por exemplo, que é a maior estelionatária intelectual que eu já vi, teria dito que, para ela, o tal chazinho alucinógeno faz mais efeito do que anos de terapia. Acho que ela não tem muita consciência da realidade social do país para o qual ela disse esta frase, porque bem ou mal, ela pode ser formadora de opinião. Você faria terapia depois de ouvir uma coisa dessas de um ídolo seu se não fosse uma pessoa esclarecida? Você não correria para tentar solucionar seus conflitos interiores com o tal chá, quase mágico?

Ela afirmou isso de forma pública, em entrevistas. Sem noção? Oi? Talvez se meu pai tivesse assassinado minha mãe na minha frente eu também me afundasse em um chá que faz a maçaneta conversar comigo, mas teria vergonha de fazer propaganda em um país onde a população é ignorante e imita os ídolos feito macacos de auditório. É tentador, não é mesmo? Um chá em vez de anos de terapia! Mais fácil, mais barato e menos trabalhoso. Uma pena que existam formadores de opinião estimulando o uso deste chá como forma de superar problemas na vida, que com certeza não é para todos.

O então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, um desfavor ambulante, encaminhou processo sugerindo que este chá seja declarado patrimônio imaterial da cultura brasileira. Como a gente passa vergonha neste páis, puta merda! O que esperar deste ser humano, que entre outras coisas, fez questão de declarar que fumou maconha a vida toda e virou Ministro, sendo um sucesso na vida. Isso é coisa que se diga para a massa?

Repito: o chá não é tão inofensivo assim. O uso desta bebida pode desencadear quadros psicóticos em pessoas que já tinham uma propensão a estas doenças – e como saber se temos ou não? Muitos que usaram não voltaram, ficaram no lindo mundo da imaginação, onde objetos inanimados falam e dançam. Já pensou que merda? É como viver no desenho A Bela e a Fera para sempre. Um pau no cu acordar todo dia e a xícara te dar bom dia! Sem contar que o chá pode se combinar de forma perigosa com alguns remédios que a pessoa esteja tomando. Isso é especialmente perigoso em um mundo como o de hoje, onde ninguén segura mais o rojão de qualquer sofrimento e por qualquer merdinha de mal estar interior toma fluoxetina. Até mesmo uma combinação com anti-histamínicos pode ser perigosa.

No caso do assassinato do cartunista Galuco, que fundou um Centro onde se praticavam os rituais do Santo Daime, pelo que foi divulgado até agora, tudo indica que o infeliz que o assassinou teve um surto psicótico atribuído ao uso da ayahuasca. Se foi isso mesmo, não quero ouvir um pio sobre fatalidade. Fatalidade? Não, não. Risco do negócio. É sabido que tem uns que vão e não voltam. Você quer estar em um lugar onde pode acontecer de um ir e não voltar? Você quer estar em um lugar com um psicótico em surto? Eu é que não me coloco nessa situação, eu me gosto muito para isso!

Quem me garante que as pessoas não usarão este chá e sairão dirigindo pelas ruas? “Mas Sally, as pessoas bebem e dirigem!”. E eu acho uma bosta que bebam e dirijam, mas ao menos no caso do alcool, temos o bafômetro ou etilômetro para tentar controlar. Vão inventar um “Daimômetro” para impedir que médicos operem, motoristas dirijam e professores lecionem sob efeitos do chá?

Mais do que o chá, o problema é COMO as pessoas fazem uso dele. Porque usar algo para se entorpecer é uma coisa, para tentar ter uma experiência pessoal é outra. Quem vai controlar? Porque só se pode ter essa experiência pessoal com o chá e não com outras substâncias que provocam alterações na consciência?

Não gosto. Não tenho a pretensão de convencer ninguém, mas acho que é um assunto que merece ser discutido. Eu tenho birra com qualquer substância que altere o estado de consciência. Eu me gosto muito do jeitinho que eu sou e estou hoje, obrigada. Não vai ser uma planta, uma árvore ou uma maçaneta que vão me trazer “revelações profundas” sobre mim mesma. O caminho fácil não costuma ser o melhor e malandro que pega atalho geralmente se fode.

Para perguntar qual é a coerência em permitir o Daime e não permitir a maconha, para dizer que você já bebeu o chá, viu um elefante rosa dançando macarena mas que o chá não é alucinógeno e para dizer que faz mais sentido seguir um popular do Acre do que um filho de mãe virgem que morre e volta depois de três dias: sally@desfavor.com

Não queria usar foto dos dois de novo... Não torra!

Recebi um comentário bastante desaforado sobre um comentário meu, onde eu dizia que o advogado de defesa do Júri dos Nardoni adotou uma estratégia que eu considerava furada. O comentário altamente ofensivo não foi aceito, mais a pedido do Somir do que por qualquer outro motivo, mas o desafio sim. A pessoa, Anônima, claro, me disse que eu sou uma bravateira e que não haveria qualquer forma, por melhor que seja um advogado, de inocentar nem ao menos um dos dois réus do crime de homicídio, me desafiando a mostrar o que eu diria para que eles não fossem condenados.

Tamo aí. Tamo junto. Vamos lá. Mas, como eu sei que vira e mexe baixa um analfabeto funcional cheio de energia para brigar com a gente, quero esclarecer que isto não traduz o que eu penso e que eu não estou de forma alguma defendendo o casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá. ACHO QUE ELES SÃO CULPADOS ATÉ A RAIZ DOS CABELOS E ACHO MUITO BEM APLICADA A CONDENAÇÃO, OK? O ponto que pretendo provar aqui é que o julgamento pelo Tribunal do Júri, por sete populares, é uma temeridade, pois o homem médio no Brasil é ignorante e influenciável.

Dito isto, limpem suas mentes e imaginem um julgamento do zero, como se este primeiro não tivesse existido e os jurados estivessem zerados, sem ver as contradições vergonhosas que os réus apresentaram. Tenham em mente também que eu escolheria os jurados com nível intelectual numa vibe meio Evelyn (sim, dá para saber sem eles abrirem a boca). E lembrem-se, vou falar SIMPLES, porque ninguém é obrigado a entender juridiquês, se fosse em um julgamento efetivo eu faria algo bem mais rebuscado, principalmente tendo acesso aos laudos periciais.

TUDO QUE FOR DITO DAQUI PARA BAIXO NÃO REFLETE MEU PENSAMENTO E TEM COMO ÚNICA INTENÇÃO PROVAR A TEMERIDADE DE UM JULGAMENTO PELO JÚRI.


Senhores Jurados, hoje venho aqui em uma missão difícil. Não estou aqui por dinheiro, pois como os Senhores sabem, defendo os réus de forma gratuita. Estou aqui porque acredito no que estou dizendo. Sim estou aqui para contar pela primeira vez uma história que acredito que deva ser ouvida por todos. Não preciso que vocês acreditem em mim. Preciso apenas poder contar esta história para sentir que cumpri meu dever e dormir com a consciência tranquila. Abram suas mentes e ouçam com o coração o que tenho para lhes dizer, ainda que ao final vocês optem por não acreditar em uma palavra. Só quero falar, não quero convencer.

Sim, aconteceram coisas horríveis. E sim, por incrível que pareça, eu acho que ambos devem ser condenados. Entretanto, condenados no limite de suas condutas, que passo a narrar para vocês. Procurem me dar um voto de confiança, porque eu não sujaria meu nome em troca de nada.

Se vocês me perguntarem se eu simpatizo com Alexandre Nardoni e com Ana Carolina Jatobá, eu responderei que não. Eu não seria amiga do casal. Eu não os convidaria para frequentar a minha casa. Sequer acho que sejam boas pessoas. Porém tenho claro que não basta o fato de que eu não goste deles para justificar uma condenação. A lei me diz isso.

Vamos aos fatos. O casal retornava para casa de carro após ir ao supermercado. Alexandre ao volante e Ana Carlolina no banco do carona. Isabella no banco de trás. Foi quando, em função de um desentendimento, Ana Carolina começou uma briga com Isabella. A discussão aumentou quando Alexandre estacionava o veículo. Ana Carolina, muito nervosa e irritada com a criança que chorava e gritava sem parar, se descontrolou e a sacudiu violentamente e com este gesto a menina Isabella acabou batendo com a cabeça e se machucando seriamente (e aqui, eu teria acesso ao enorme laudo pericial e poderia dar detalhes compatíveis com as agressões sofridas sem me contradizer).

Machucada, Isabella sangrava muito. Qualquer um de vocês, Senhores Jurados, sabem que qualquer corte na região da cabeça provoca extenso sangramento. Ao sacudir a menina também foram provocadas outras lesões. Em decorrência destas agressões, a criança desmaiou. O que eu penso de um adulto que espanca uma criança? Que não presta. Eu acho que Ana Carolina Jatobá não presta. Repito: NÃO PRESTA. Entretanto, ela não matou Isabella. Mas merece ser punida – e será – pelo crime que cometeu. Espancar uma criança merece punição, e punição exemplar.

Ao longo da briga, Alexandre estava estacionando o veículo e também gritava e procurava acalmar Ana Carolina. Em certo ponto, ele empurrou Ana Carolina para que ela solte a menina, o que fez com que Ana Carolina deixasse a menina cair no chão por ter se desequilibrado com o empurrão. Ao final desta cena de briga, Alexandre Nardoni se depara com a seguinte cena: sua filha, caída no chão, desacordada e sangrando.

O que vocês fariam se seus namorados ou suas namoradas agredissem seu filho ou sua filha? Com certeza todos saberiam se posicionar para defender uma criança indefesa. Alexandre Nardoni não o soube fazer. Eu acho que isso faz dele uma má pessoa. Um lixo de pessoa, para ser sincero. Mas faz dele um homicida?

Ao ver sua filha desacordada, sangrando muito, com o corpo flácido no chão, Alexandre se desesperou. Começou a gritar com Ana Carolina, dizendo que ela tinha matado sua filha. Todos os depoimentos nos provam que Ana Carolina sentia ciúmes de Isabella e não raras vezes competia e brigava com a menina. Os depoimentos também mostram que Ana Carolina tem um histórico de descontrole emocional. Ao ouvir Alexandre gritando que a vida deles havia acabado e outras frases de desespero, Ana Carolina começou a gritar de volta. Começou um bate-boca. Alexandre disse a Ana Carolina que ela seria presa, ao que ela respondeu que ele também seria preso, por omissão, uma vez que estava presente e não fez nada.

Alexandre começou a chorar, desesperado. Ana Carolina, com uma frieza incomum, afirmou que o estrago estava feito e que se eles contassem a verdade, que tinha sido um acidente, que ela não tinha a intenção de matar Isabella, acabariam os dois presos. Ela teria efetivamente dito “Acabou, ela está morta, vamos decidir o que fazer porque a vida dela acabou mas a nossa continua” .

Eu sei que provavelmente eu e vocês faríamos diferente. Faríamos a coisa certa. Chamar a polícia? Dar uma porrada em Ana Carolina? Sentar e chorar? Cada um de nós reagiria de um jeito. Difícil prever como alguém vai se comportar em uma situação de pressão como esta. Quantas pessoas juram que jamais reagiriam a um assalto, por exemplo, e quando chega a hora reagem? Fácil julgar, difícil prever. A verdade é que nós achamos que vamos reagir de tal jeito, mas muitas vezes na hora da verdade a reação que aparece é outra. E a reação de Alexandre Nardoni foi péssima.

Ambos alegam que verificaram o pulso de Isabella e sua respiração e ela parecia morta. Não tem como confiar em dois leigos medindo sinais vitais, ainda mais em um estado de tensão como aquele. Mas eles realmente acreditaram que ela estivesse morta. Vide a maneira como a transportaram, de forma displicente, pingando sangue pelos corredores. Ao chegar no apartamento, Alexandre telefonou para seu pai e relatou brevemente o ocorrido. Seu pai reforçou o sentimento de, desculpem a expressão, “você está fodido” e sugeriu que ele “desse um jeito” de disfarçar o que aconteceu, porque seria condenado junto com Ana Carolina. Alexandre começou a chorar, ao que Ana Carolina lhe disse que aquilo não era momento, que depois ele teria tempo para chorar a morte da filha, mas que agora precisariam agir porque se não ele choraria a morte da filha na cadeira.

Aos gritos, Ana Carolina mandava Alexandre pensar em alguma coisa. Alexandre chorava. Foi quando Ana Carolina sugeriu que eles simulem um assalto. E assim foi feito. A grade do quarto de Isabella foi cortada e Ana Carolina mandou Alexandre jogar a menina pela janela. Alexandre chegou a segurar o corpo inerte da menina, mas desistiu, chorando muito dizendo que não poderia fazer aquilo. Ana Carolina tentou levantar a menina e atirá-la, mas não conseguiu. Gritou novamente com Alexandre, dizendo que era muito triste que a filha dele estivesse morta, porém eles estavam vivos e precisavam agir rápido. Aos gritos, pressionado, Alexandre atirou o corpo da menina pela janela.

Um horror. Um verdadeiro horror. Eu sei, provavelmente vocês nunca fariam uma coisa dessas. Mas pessoas fazem coisas estranhas quando estão acuadas pelo medo, quando estão tomadas por violenta emoção, quando estão em choque. E vamos combinar, esse crime não teve nada de frio e premeditado, vide a burrice da estratégia montada! Gente, eles nem sequer se deram conta, no desespero do momento, que seria impossível alguém ter entrado no apartamento no pouco tempo em que demoraram para subir! E que ladrão entra em uma casa, não rouba nada e apenas joga uma das crianças pela janela? Isso parece coisa de um assassino frio, que premedita, ou coisa de uma pessoa desesperada e acuada? Homicidas planejam com cuidado. O que aconteceu foi um ato de pavor e desespero.

Para piorar, devido ao caráter emergencial dos fatos, foi constituído um advogado com urgência sem muitas referencias. Este advogado orientou os réus, a meu sentir, de forma equivocada, a mentir no depoimento na delegacia. Alexandre teria conversado com o advogado e contado a verdade. Depois implorou que o advogado o ajude a não ser preso. O advogado então teria dito que se ele não queria sair preso de lá, teria que negar tudo, que bastava ele negar que se “daria um jeito”. Sim, o advogado disse que ele “daria um jeito”. Leigo e desesperado, ele negou tudo e seguiu a orientação equivocada de um dos muitos advogados sem caráter que hoje estão no mercado. E, acreditem em mim, ambos se arrependem muito disso. Qual foi o jeito que o advogado deu? Pegar os honorários e renunciar ao processo. Perdão pela expressão, mas fodeu com os dois. Orientou mal e depois desistiu do caso. Canalhice. Então, ao se perguntarem porque eles mentiram, pensem no medo e no advogado que os fez mentir. Mentiram porque confiaram em um péssimo profissional.

Repito: não estou dizendo que eles sejam vítimas, nem santos. Santos? Há! Nem boas pessoas eles são. Agiram mal, muito mal. Mas o fato de serem pessoas escrotas não quer dizer que devam ser condenados por nada além do que cometeram. Quando Alexandre Nardoni jogou sua filha da janela ele acreditava que ela já estivesse morta. E só deve ser condenado por homicídio triplamente qualificado caso vocês, Senhores Jurados, tenham certeza absoluta de que ele sabia que a filha estava viva e optou por matá-la deliberadamente desta forma.

Vocês não acham, Senhores Jurados, que um pai que quer matar sua filha de forma propositada arrumaria uma forma um pouco mais discreta de fazê-lo? Sinceramente… começar a espancar uma criança na garagem da casa, local onde transitam pessoas! Subir com um corpo inerte e sangrando no elevador… podendo ser vistos por qualquer pessoa! Fica meio evidente que ninguém pretendia matar a criança ali, se quisessem matar o fariam em um local longe da vista de terceiros! Jogar a filha pela janela? Quer coisa menos discreta do que isso? Se a intenção fosse MATAR, ele teria matado, dentro do apartamento, de uma forma bem mais discreta.

Segue uma lista de sites, comunidades de rede de relacionamentos e outras matérias disponíveis na internet onde se reproduzem mais de cem formas de cometer homicídio e fazer parecer um acidente. Substancias que não são identificáveis pelos peritos e outros detalhes disponíveis a qualquer pessoa com computador. Sim, hoje na internet temos disponíveis diversas formas de matar que sequer deixam rastros para os peritos. Qualquer coisa teria sido melhor: simular um vazamento de gás, dar remédios que não deixam vestígios… qualquer coisa! Jogar pela janela não á atitude de pai que quer matar a filha, é atitude de um imbecil desesperado que quer acobertar um acidente, fruto de sua incompetência, falta de hombridade, negligência e omissão.

Eu sei que vocês estão sentindo ódio deste casal. Eu também sinto. Porém, Senhores Jurados, vocês estão aqui como aplicadores da lei. Não estão aqui para tomar decisões com base na emoção, no clamor popular ou em seus sentimentos pessoais. E no Brasil, Senhores Jurados, vigora o princípio de, na dúvida, não condenar o réu. Não sei se os senhores concordam com isso ou não, mas ainda que não concordem, isso não os autoriza a decidir de forma diferente. Os senhores estão aqui para aplicar a lei, a lei tal qual manda o ordenamento jurídico do nosso país. Ou por acaso alguém aqui acha que pode ser aplicada prisão perpétua ou pena de morte, só por ser o desejo dos jurados? Não Senhores! Os Senhores devem decidir de forma justa, respeitando as normas do nosso ordenamento jurídico, e apenas condenar no homicídio doloso triplamente qualificado se tiverem a mais absoluta e inequívoca certeza de que este casal matou a criança de forma propositada, deliberada. Quem quer matar o faz desta forma tão escandalosa? Em um local tão público? Quem quer matar, toma muito mais cuidado.

E não estou aqui bancando a advogada canalha não. Não quero empurrar teses babacas goela abaixo de vocês, isto seria subestimar a inteligência dos Jurados. Acho sim que eles devem sofrer condenações, inclusive nas penas máximas, pois o que fizeram foi muito, muito, muito grave. Lesão corporal seguida de morte, omissão de socorro e todos os demais crimes decorrentes de suas condutas. Como eu disse, os senhores não podem inventar uma lei, tem que decidir com base na lei que existe e vigora em nosso país. E a nossa lei adota a chamada “Teoria finalista da ação”. O que isso quer dizer? Que para se classificar o crime não se leva em conta o resultado em si, e sim a intenção do agente. Qual foi a intenção deles? Matar deliberadamente jogando uma criança pela janela de sua casa, ou encobrir um acidente em um ato de desespero?

Portanto, para que vocês me digam se houve homicídio doloso, ou seja, se eles queriam, de caso pensado, propositadamente, matar esta menina através destas condutas, eu preciso que vocês me respondam se acreditam que, quem deliberadamente resolve assassinar a própria filha o faz de uma forma tão espalhafatosa, tão pública e tão grotesca. E se vocês não tiverem certeza ABSOLUTA, sem qualquer sombra de dúvidas, de que sim, eles optaram por espancá-la na garagem de sua casa e depois jogá-la pela janela para matá-la, não podem, por expressa determinação legal, condená-los por homicídio doloso.

Eu sei que a justiça, os jurados e este Tribuinal sairão desacreditados se a morte desta menina passar em branco. Não estou pedindo isso. Estou pedindo para que sigam a lei e me digam se acham que a intenção era a de matar de forma deliberada e se tem certeza absoluta disso. Eles tem sim que sair condenados, porque afinal, cometeram um homicídio – porém culposo e não doloso.

E os senhores não acharão nada no laudo pericial que desminta esta versão, pois é a versão verdadeira. A promotoria diz que os réus são manifestamente culpados, entretanto gastou uma fortuna para provar. Se fosse tão obvio, esse circo todo não seria necessário. Eles querem sangue, querem circo, clamor popular, Senhores Jurados! Não se deixem seduzir e façam o que sua consciência mandar. O voto é seu, e é secreto! Ou vocês acham que eles apresentam maquete de trinta mil reais – paga com os nossos impostos – em todos os casos que atuam? Decidam conforme a sua consciência, pois é ela que vai atormentá-los depois, caso condenem alguém sem absoluta certeza!

Agora, Senhores Jurados, que contei a minha história, deixo nas mãos de vocês. Não quero convencer ninguém, apenas queria ser ouvida, honrar a classe dos advogados, limpar nosso nome da canalhice que meu colega fez com estes réus. A verdade liberta e a mentira escraviza. De posse destas informações, os senhores decidam conforme a sua consciência, e apenas condenem se houver certeza absoluta da intenção propositada de matar daquela forma bizarra e pública. O que não podia acontecer é que a verdade nunca viesse a tona. Agora ela veio e cabe aos Senhores a decisão. Homicídio culposo? Lesão corporal seguida de morte? Omissão de socorro? Senhores Jurados, está em suas mãos. Agradeço a atenção.


Voltando a ter caráter novamente… Olha, não vou dizer que eu levava esse Júri, mas com certeza não levava uma sova de sete a zero na condenação. Além disso teria duas horas para falar (esse texto não traduz nem dez minutos!), poderia usar meu juridiquês e teria mais argumentos para encaixar na minha tese, pois teria acesso aos autos e aos laudos periciais. Garanto que eu colocava uma pulguinha atras da orelha de alguns dos jurados. Acho que ele eu absolvia de homicídio e ela ficava na lesão corporal seguida de morte, com pena entre 4 e 12 anos, ou seja, já cumpriu 2 anos, ficaria mais 2 ou 3 anos presa. Deram mole.

Perceberam porque eu critico o Tribunal do Juri?

Para dizer que nunca mais na vida confia em mim e/ou nos meus argumentos, para dizer que deveria ter teste de Q.I. para ser jurado e para dizer que nem leu porque não agüenta mais esse assunto: sally@desfavor.com

Quanto você ganha por mês? Você ganha mais de QUINHENTOS MIL REAIS mensais? Seu chefe te deixa faltar quantas vezes você quiser ao seu trabalho? Você pode estar fisicamente inapto a desempenhar as suas tarefas e ainda assim ser mantido no seu emprego? Você pode se dar ao luxo de não cumprir a lei? Se você respondeu “não” às minhas perguntas, eu o convido a se indignar comigo e conhecer melhor a vida de uma das poucas pessoas que responde “sim” às perguntas acima. Processa Eu de hoje vai falar sobre Adriânus.

Cada um tem o império que merece...

Não sei se vocês sabem, mas na Suíça, jogador de futebol é visto como um herói da sociedade. Ganham mais do que um médico que salva vidas, por exemplo. Ganham mais do que todo mundo, principalmente se a gente levar em conta a proporção de horas trabalhadas. Uma tremenda inversão/distorção de valores. Ainda bem que a gente não mora por lá.

Pois bem, Adriânus é um desses heróis da sociedade suíça. Nasceu em Vila Cuzeiro, uma das favelas mais perigosas de uma das cidades mais perigosas da Suíça (onde mataram Lim Topes no microondas, lembra?). Começou jogando futebol no time de maior torcida da Suíça. Assim que começou a se destacar, foi vendido para o exterior, porque este time é comandado por um bando de corruptos que fazem craques para exportação. Um bando de mercenários que criam excelentes jogadores em casa e depois os vendem, desfalcando o time, que depois precisa contratar jogadores da SÉRVIA, FUCKIN´SÉRVIA para não passar vergonha.

Enfim, venderam Adriânus. Ele foi jogar na Itália, onde ganhou o apelido de “Imperador”, em função de seu nome e seu desempenho satisfatório. Mas, vocês sabem, cavalo paraguaio sempre sai na frente. Pouco tempo depois, Adriânus começou a ver seu rendimento caindo. Inclusive quando foi convocado para jogar pela Seleção Suíça. Azar? Lesões? Não, não. Falta de profissionalismo mesmo. Adriânus estava sempre metido em farras, se alcoolizando e detonando o próprio corpo, seu instrumento de trabalho. Ainda me lembro quando vestiu a camisa suíça em uma Copa do Mundo, ao lado do Comedor de Traveco Trevinho na Virilha, Norraldo. Os dois balofos no ataque. Nem se mexiam! Ganharam o apelido de “as torres gêmeas”, porque ficavam estáticos, com as mãos no rim, bufando, depois de qualquer corridinha de cem metros.

Adriânus foi e voltou da Suíça para o exterior várias vezes. Não vou entrar em detalhes porque tem tanto podre dele para esmiuçar, que se for falar de tudo ultrapasso meu limite de quatro páginas. Retomo a história dele no ano de 2009, quando ele simplesmente abandonou os treinos de sua equipe italiana e decidiu voltar, sem autorização, para a Suíça. Ele simplesmente sumiu. Ficou desaparecido por dias. Parte da imprensa até especulou que ele estaria morto. Que nada, Adriânus tava é enfiado em Vila Cuzeiro. Sim, Adriânus é uma pessoa que sai de MILÃO e corre para Vila Cuzeiro, por opção. Mais: Adriânus é o tipo de pessoa que diz que só consegue ser feliz em Vila Cuzeiro. Nada contra favelas, tá? Mas se eu ficasse muito rica, voltaria e AJUDARIA e melhorar o lugar onde eu nasci. Adriânus voltou e chafurda na precariedade com prazer.

E ainda fala dele na terceira pessoa! Um clássico dos jogadores de futebol suíços, entende? Quando surgiram os boatos que ele estava morto, deu a infeliz declaração: “O Adriânus está vivo”. Será que ele sabe que o Adriânus é ele? Entende?

Depois desse sumiço, Adriânus fez sua especialidade: se fazer de vítima para que todo mundo passe a mão na sua cabeça. Deu uma entrevista coletiva dizendo que tinha perdido “a alegria” em jogar futebol e que pararia por um tempo indeterminado. Imagino que não exista alegria (para ele) em treinar em um clube sério, onde você não pode beber, se drogar nem sair comendo puta. Chatão. Somos solidários ao seu drama, Adriânus! O que seria de cada cidadão se ele tivesse que trabalhar sóbrio e sem fazer suruba? Uma vida insuportável essa que lhe foi imposta!

Não foi surpresa quando um dos maiores clubes da Suíça o contratou, porque como eu disse, está gerido por um bando de mercenários filhos da puta que queria Adriânus apenas para vender camisa e conseguir patrocínio. Uma merda, mas pelo menos Adriânus ainda não foi visto comendo traveco de rua com AIDS em motel de quinta categoria. Podia ser pior. E antes que achem que eu estou escrevendo este Processa Eu por recalque, quero dizer que eu torço fervorosamente para este time suíço. Mais uma razão para não gostar de Adriânus, esse balofo ainda vai afundar o time.

“Mas Sally, Adriânus fez tal e tal gol importante para esse time!”. Ok, na banheira, ali paradão como boa Torre Gêmea que é. Bota minha vovozinha de chuteiras ali que ela eventualmente acaba por finalizar uma ou duas jogadas. Eu quero é ver jogador correndo, com raça, criando jogadas, suando a camisa!

Adriânus sempre foi conhecido por dar umas festas sinistrinhas. Pipocam fotos dessas festas na net, mesmo quando ele estava no exterior. Podemos vê-lo sempre alcoolizado (no mínimo), completamente detonado. Tá sempre metido com putas, traficantes e outras pessoas da fina nata da sociedade. São tantas merdas que nem tem como detalhar. Tio Google te conta, basta digitar o nome dele mais palavras como “polêmica” ou “escândalos”.

Eu sei, eu sei, jogador de futebol de origem pobre que não tem estrutura para lidar com sucesso e dinheiro é clichê, nem tem como bater. O que me chateia é que quando acontece com um jogador de outro país, como Daradona, os suíços metem o pau. Quando é com um suíço, todo mundo defende e ameniza. Hipócritas? Oi? Até mesmo o perdedor de pênaltis mais famoso do atual time de Adriânus (eu disse perdedor de pênaltis? Desculpe, que quis dizer PERDEDOR, ponto), andou defendendo o rapaz. Disse que ele é um “homem de bem”. Então tá, se o conceito dele de homem de bem é um cara que manda traficantes amarrarem a namorada em uma árvore e a deixa ali até o dia seguinte, eu tenho é muito orgulho de ser do mal!

Em uma dessas festas, que ele promoveu assim que voltou, sua mansão estava cheia de garotas de programa de uma famosa casa de prostituição suíça chamada Cem Tauros. Garçons circulavam com camisinhas e lubrificantes em bandejas. Rolou uma orgia daquelas. Claro que também teve drogas à vontade, igualmente na bandeja. Um homem de bem.

Mas não é só dentro do seu clube de futebol que Adriânus faz o que quer. É na Suíça. Alguém lembra do caozinho dele dizendo que não podia jogar porque queimou o pé em uma lâmpada no seu jardim? Porranenhuma. Estava é andando de moto, sem sapato e sem capacete, como sempre, e acabou se queimando na moto. E nada acontece. Além disso, ele tem um zilhão de pontos em multas em sua carteira (todas relacionadas a direção perigosa e irresponsável) e continua dirigindo. E nada acontece. E compra moto no valor de R$35.000,00 e coloca no nome da mãe do maior traficante do morro que ele freqüenta E NADA ACONTECE. A mamãe do traficante tem 64 anos e nem carteira tem, alguém acha que é ela vai andar nessa moto? E NADA ACONTECE. Vai você ou eu fazer UMA dessas merdas e ver se nada acontece…

E esse amiguinho dele que ganhou motinha é traficante meeeesmo, não estou fazendo acusações levianas. O Amigão do Peito de Adriânus tem dez anotações em sua ficha criminal e sete mandados de prisão, sendo três delas por homicídio! E Adriânus ainda insiste em dizer que não usa drogas nem anda com traficanetes. Pois na cidade dele. Hell de Janeiro, seu nome está tão associado a drogas que muitas vezes elas são vendidas com o “Selo de Qualidade Adriânus”, inclusive com uma fotinho sua na embalagem. Um homem de bem.

O que fazem os suíços, depois deste e de muitos outros escandalos envolvendo o nome de Adriânus? Condecoram o imbecilóide. Sim, Adrianos recebeu da Câmara Municipal de Vereadores do Hell de Janeiro a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, mais importante comenda do município, que é entregue aos cidadãos que mais se destacam na comunidade. E uma das maiores revistas da Suíça o elegeu um dos cem suíços mais influentes. Na boa? Se eu fosse suíça, estaria enfiando minha cabeça na privada e puxando a descarga de tanta vergonha!

Querem ouvir uma coisa engraçada? Adriânus nega que use drogas ilegais, apenas afirma que bebe pacarai. Porque na Suíça, beber pacarai não é vergonha. Não raro vemos suíços comuns ostentando os porres que tomam com orgulho: “Ontem bebi pra caralhooouuu!”. Isso para mim não é motivo de orgulho, muito menos de ostentação. Mas vai entender a cultura suíça! Enfim, Adriânus diz que “só bebe”, como se isso fosse pouco para uma pessoa que trabalha com o corpo e está bem acima do peso (106kg, o elefantinho!). Alguém acredita? Alguém acredita que ele sobe a favela para beber? Adriânus, ninguém acredita em você. Faz assim óóó: Vai em um laboratório renomado JUNTO COM A IMPRENSA e faz um exame toxicológico completo na frente dos jornalistas, para detectar TODAS as drogas. Depois, volta com os repórteres, pega o envelope com o resultado e ABRE NA FRENTE DELES e mostra. Porque se você não usa drogas, não tem porque temer. No aguardo.

Recentemente ele se envolveu em um escândalo com sua namorada, igualmente high level. Não vou entrar em detalhes, porque já falamos disso no Desfavor da Semana, clique aqui e leia, escrevi de coração.

Breves comentário sobre sua namoradinha. Ele não podia ter escolhido uma mulher mais adequada à sua personalidade. Sua namoradinha relâmpago é barraqueira de mão cheia como ele. Não faz muito tempo, se meteu em um briga de trânsito no Hell de Janeiro, onde achou oportuno sair do carro, parando todo o trânsito, e esmurrar a porta de um ônibus para brigar com o motorista. Como ele não abriu a porta, tentou agredi-lo pela janela. Detalhe: parou o trânsito de uma das avenidas mais movimentadas do bairro. Não contente, quebrou o para-brisas e o retrovisor do ônibus (que tara por quebrar veículos automotores, hein? adoro gente que desconhece limites, acabam suuuperbem).

E não foi um episódio isolado não! A mocinha já tem três episódios de passagem pela polícia. Em 2001 discutiu com outra mulher em um supermercado e puxou um canivete para resolver o impasse. Foi levada para a delegacia (ameaça), tamanho barraco. Em outra ocasião, se recusou a sair do carro, quando parada por um policial. Barraqueou com o policial e foi novamente levada à delegacia (desacato). Dois anos atrás ela e mais dois amigos se envolveram em uma briga. Os dois amigos levaram até tiro. Ela foi novamente autuada no desacato. Isso porque ela é mãe de duas crianças, uma de 11 a outra de 3 anos. Por sorte, ambos vivem com os pais. Mãe devotada, né? Detalhe: um de seus ex-namorados, conhecido pelos vizinhos, atualmente reside na Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira, em Bangu. Não vou dar nomes por ética (Carlos Domingos Moreira Passo Júnior, vulgo Carlão, traficante e um dos maiores distribuidores de ecstasy do Hell de Janeiro). Finesse. Crasse. Catiguria.

Como o espaço está acabando, vou ter que fechar por aqui. Mas antes quero confirmar o que muitos dizem ser fofoca. Existem fotos de Adriânus circulando por aí, tiradas em 2008, quando ele estava de férias na Suíça, que o comprometem terrivelmente. Por exemplo, uma fotinha segurando um fuzil AR-15. Outra fazendo o símbolo de uma facção criminosa. Ninguém me contou, eu vi. Estas fotos vazaram (pelos muy amigos de Adriânus, táááá? Vai achando que o povo “da comunidadjjji” é teu amigo, OTÁRIO!) e seriam divulgadas no último domingo. Mas, parece que houve uma reviravolta repleta de ameaças e até mesmo ações judiciais (*cruzando os dedos) que impediram esta divulgação. Soltei um comentário sobre isso na sexta-feira, antes de que comece a vazar.

“Mas Sally, como eu sei que não é fofoca?”. Se não quiser acreditar em mim, faz muito bem você. Pergunte ao repórter Cícero Melo ou então Lucio de Castro (que escreveu um texto sobre o assunto! Quem quiser ler: http://espnbrasil.terra.com.br/luciodecastro/post/110123_REVIRAVOLTA+NO+SHOW+DA+VIDA ) ambos da ESPN. Ou então confira o twitter dos repórteres da Rádio Bobo, salvo engano, AndreMarquesRG. Ainda não se convenceu?

Que tal a coluna do Gancelmo Góis, no Jornal O Bobo, de 15 de janeiro de 2008: “Fotos caras Um jogador da seleção que atua na Europa pagou uma fortuna (a rádio corredor da polícia fala em mais de R$ 100 mil) a um chantagista, que ameaçava divulgar fotos do astro com um fuzil AR-15 na mão.Não é a primeira vez que o craque se deixa flagrar nesta situação. É pena.”. Posso passar o dia dando outros nomes de jornalistas que tiveram acesso à foto (Jorge Nunes? Oi?). ESPN, Radio Bobo e Jornal O Bobo. Não são fontes desconhecidas, né?

Agora supondo que você não queira acreditar em ninguém. Reflita. Pense nos ATOS de Adriânus (porque palavras… bem, cada um fala o que quer, a gente deve julgar são os atos). Tem cara de fofoca maldosa ou fecha direitinho com os atos do jogador? Pena que fritaram o colega dele de time (Só Love… Só Love…) para abafar o escândalo dele. Mas do Desfavor ele não vai desviar a atenção.

As fotos passaram pelas mãos de meio mundo. Duvido que não vaze. E cá entre nós, eu acho que ele já fez coisas muito mais graves que posar segurando um fuzil, nem sei porque tanto escândalo por causa dessas fotos!

Merda. Quinta página. Hora de fechar. Fico aqui na torcida para o Bunda, técnico da Seleção Suíça, convocar as Torres Gêmeas novamente para a Copa do Mundo: Adriânus, um jogador brilhante (com trocadilho) e de GRANDES ASPIRAÇÕES (com mais trocadilho ainda) e Norraldo Trevinho na Virilha. Ficaadica, Bunda.

Quanto a você, Adriânus, vai chorar na cama que é lugar quente. Para de se fazer de vítima quando alguém te caceta, tenha hombridade de assumir as merdas que você faz. Sério, sério mesmo: VAI SE FODER, seu playboy travestido de favelado. Vai tirar onda de morador da comunidade na puta que te pariu, porque de comunidade você não tem nada, não mais. Você ganha quinhentão por mês e nem se esforça para isso! Seja honesto e larga logo o futebol, porque seu estilo bon vivant bandido é um péssimo exemplo. E larga o futebol EM SILÊNCIO, sem encher o nosso saco com seu chororô sobre alegria de viver. De vítima, Adriânus, você não tem nada.

E pega essa sua camiseta “Que Deus perdoe essas pessoas ruins” e também enfia no seu cu, porque se Deus existe, quem precisa de perdão, Filho, é você, que manda traficante amarrar namorada em árvore, que ilustra embalagem de drogas, que bebe até cair, que faz coisas MUITO PIORES, E VOCÊ SABE QUE VOCÊ FAZ, enfim… que precisa se enfiar em um dos lugares mais FODIDOS da Suíça para se sentir Imperador.

Para implorar para que a gente publique essas fotos aqui, para dizer que se Adriânus é um homem de bem você é um SANTO e para dizer que Adriânus é seu crak e eu sou sua heroína: sally@desfavor.com

DOEU, PORRA!

Tem dias que a gente acorda de ovo virado. E nesse dia eu estava com a macaca. Com a macaca mesmo. Madame, atencioso que é, nunca percebia quando eu estava com a macaca. Já acordou fazendo graça:

Tomir: Estou com fome…

Sally: Tá vendo aquele grande cubo branco aliiiióóóó? Pois é, se chama GELADEIRA. Abre ele que você encontra alimentos do lado de dentro.

Tomir: Ainda tem pizza de ontem?

Sally: Se você não comeu tudo antes de dormir, mais precisamente 04:47 da manhã, quando me acordou ao ligar a luz do quarto, ainda tem

Tomir: Esquenta pra mim!

Sally: Não

Tomir: O que que custa? Deixa de ser preguiçosa, você tá aí deitada no sofá!

Sally: A preguiçosa acordou às sete da manhã, Madame!

Tomir: Você sabe que sempre que eu uso o forno eu me queimo, Sally!

Sally: Boa hora para começar a aprender a usar sem se queimar

Tomir: Tá com a macaca, né?

Sally: Me deixa. Vai esquentar a sua pizza

Alguns minutos depois

Tomir: AHHHHHHHHHHHH!

Sally: MOOOITO BOM, TOMIR!!! Nikky Lauda Pride!!! *batendo palmas

Tomir: *palavrão

Sally: Grita baixo que o Goiaba está dormindo

Tomir: *mais palavrão

Sally: Deixa o braço debaixo da água gelada

Tomir: QUE DOR INSUPORTÁÁÁÁVEL

Sally: *levantando e andando lentamente até a cozinha

Tomir: MEU BRAÇO! MEU BRAAAAAÇOOOO

Sally: *me aproximando e olhando o tamanho da queimadura

Tomir: ME AJUDA! ME AJUDA!

Sally: Tomir, o tamanho da queimadura é menor do que a minha unha

Tomir: MAS TÁ DOENDO PRA CARALHO

Sally: Tomir, hoje não…

Dez segundos de silêncio

Tomir: Você acha que vai formar uma bolha?

Sally: Acho que não

Tomir: Vai sim!

Sally: aff

Tomir: O que que eu passo?

Sally: Água corrente

Tomir: Só?

Sally:

Tomir: Deve ter alguma coisa que amenize essa dor!

Sally: Caralho, Tomir, deixa de ser frouxo!

Tomir: VOCÊ NÃO SABE A DOR QUE EU ESTOU SENTINDO!

Quando eu estou com a macaca, não é bom testar meus limites. Saí da cozinha e Madame saiu atrás. Ele se jogou no sofá como quem vai morrer e ficou gemendo. Fui até o banheiro e voltei com uma daquelas folhas de depilação prontas, com cera fria. Foi relativamente fácil, porque ele não parecia saber do que se tratava. Colei uma folha na panturrilha dele. Até que fui camarada, porque ele estava com um short esgarçado/furado através do qual eu podia ter acesso facilmente à virilha. Me limitei à panturrilha.

Tomir: Tá maluca? O que é isso? Creme?

Sally: *sorriso meigo

Tomir: Que porra é essa, Sally?

Sally: *sorriso meigo, preparando para puxar

Tomir: AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

Sally: ISSO é dor

Tomir: MINHA PEEEERNAAAAAA!

Sally: Bem vindo ao meu mundo. Próximo passo: virilha

Tomir: VOCÊ É MALUCA! VOCÊ É MALUCA!

Sally: Você ainda não viu nada…

Longo silêncio

Tomir: Sally…

Sally: Tomir

Tomir: Ficou um buraco branco sem pêlos na minha perna

Sally: É o que acontece quando se faz depilação

Tomir: Não posso fazer reuniões com um buraco branco de pêlos na minha perna, pega mal

Sally: Usa calça!

Tomir: Tá calor

Sally: Todos os advogados usam calça, com ou sem calor

Tomir: Mas eu sou publicitário *rosnando entre os dentes

Sally: Usa calça por um tempo e não enche

Tomir: Não acredito que vou ter que usar calça por três dias!

Sally: Três dias?

Tomir: Não é o tempo que demora para crescer?

Sally: Não

Tomir: Não é igual a barba?

Sally: Não

Tomir: *rosnando Quanto tempo demora?

Sally: Entre 20 e 30 dias…

Tomir: *um olho latejando de raiva

Sally: Você pode depilar as duas pernas por igual…

Tomir: E depois pintar as unhas?

Sally: Mas a dor no braço parou, não parou?

Tomir: A sua sorte é que eu não bato em mulher…

Sally: A sorte é sua, porque eu te enfiaria a porrada e você passaria vergonha

Longo silêncio

Tomir: Sally…

Sally: Tomir

Tomir: Estou aqui pensando

Sally: Lá vem…

Tomir: Se eu vou passar os próximos dias desconfortável, você também vai

Sally: Eu passo todos os meus dias desconfortável, Querido. Tente trabalhar de salto alto 15 e calcinha G-String

Tomir: Você me deve isso

Sally: Nem vem!

Tomir: Domingo tem almoço de família no sítio, e lá tem piscina

Sally: Observe eu não me importar

Tomir: Enquanto você vai estar se refrescando eu vou estar de calça sem poder entrar

Sally: Você pode entrar

Tomir: E ter que contar para familiares que você me depilou?

Sally: O que que tem?

Tomir: Por vingança…

Sally: Ué…

Tomir: Porque eu reclamei de dor ao queimar o braço…

Sally: Bem…

Tomir: Esquentando uma pizza que você não quis esquentar para mim…

Sally: Ok, contando assim, você me faz parecer horrível

Tomir: O que você fez foi horrível!

Sally: O que eu fiz foi MSE!

Silêncio

Tomir: Já imaginou o que a minha irmã falaria se soubesse dessa história?

Sally: PUTA MERDA, A TOMIRA NÃO!

Tomir: Não chama ela assim…

Sally: Sério, ela já fala mal de mim sem saber nada a meu respeito… se souber então!

Tomir: Então, Minha Cara. Se eu vou estar desconfortável, você também vai estar

Sally: aff

Tomir: Você acha que é fácil ser homem?

Sally: Acho

Tomir: Você acha as suas calcinhas desconfortáveis?

Sally: Um mal necessário

Tomir: Então vai no almoço usando uma cueca minha

Sally: O QUE?

Tomir: Uma cueca minha. Precisamos comprar cotonetes?

Sally: Mas uma cueca sua vai ficar enorme em mim!

Tomir: Veja o lado bom, não vai ter aquele problema do desconforto da calcinha enfiada…

Sally: Mas eu vou ter que usar uma calça!

Tomir: Porque?

Sally: Porque suas cuecas são mais compridas do que as minhas saias!

Tomir: Sinal que suas saias estão do tamanho errado, não?

Sally: Como você é babaca!

Tomir: Quem mandou não ter saias decentes?

Sally: Mas tá calor! Eu vou ter que ir de calça no calor!

Tomir: Agora estamos começando a nos entender…

No dia do almoço…

Sally: Tá quente

Tomir: Nem me fala

Sally: Eu me sinto com uma fralda cagada

Tomir: Você começou

Sally: Não, você começou me enchendo o saco quando eu estava quieta!

Tomir: Sorri e faz cara de casal feliz, estamos chegando

Sally: *sorrindo

Durante o almoço…

Tomira: Tomir, quer um pouco mais de molho para salad…

Tomir: PUTA QUE PARIU!

Sally: Parkinson, Tomira?

Tomira: Desculpa! Derramei tudo na sua calça!

Tomir: Estou todo sujo!

Tomira: Tira a calça! Deixa eu limpar logo antes que fique uma macha!

Sally: É, Tomir. Tira logo, antes que fique uma mancha

Tomir: Tá maluca? Vou tirar a calça?

Tomira: Tio, você tem roupas limpas?

Tio: Tenho sim, eu trouxe uma bermuda extra

Sally: Coloca a bermuda do seu Tio, Tomir…

Tomir: Não quero

Mamãe Tomir: Tomir! Deixa de ser malcriado! Vai lá colocar a bermuda e deixa sua irmã limpar a sua calça

Sally: É, Tomir. Vai lá colocar a bermuda

Mamãe Tomir: A vida toda ele fez isso. Ele só se recusa a trocar de roupa para fazer com que a irmã se sinta mal

Sally: Que coisa feia, Tomir…

Tomira: *soluçando

Tomir: QUE MERDA! SE VOCÊ VAI CHORAR, EU VOU LÁ COLOCAR A BERMUDA!

Madame se trancou no banheiro e demorou quase meia hora para sair. Quando finalmente abriu a porta, andava feito um pinguim, com as perninhas fechadinhas, na esperança que ninguém veja

Tomira: O QUE É ISSO NA SUA PERNAAAA?

Sally: É, Tomir, o que é isso na sua perna?

Mamãe Tomir: O que? O que ele tem na perna? Filho, você está doente? Deixa eu ver!

Tio: Tomir machucou a perna?

Sally: Vamos todos olhar a perna do Tomir!

Tomira: Tem um buraco sem pêlos!

Mamãe Tomir: O que foi isso, meu filho?

Sally: Quer que eu chame a sua Tia, que é médica, para dar uma olhada, Tomir?

Tomir: Não, Sally, obrigado. Não quero *olhar assassino

Tomir: *sussurrando Olha que eu falo!

Sally: *sussurrando Fala nada, código de ética troll, eu cumpri a minha parte, você não pode falar

Tomira: Deixa eu ver de perto…

Tomir: É um problema de pele, ok? Já estou tratando!

Mamãe Tomir: Micose?

Tomira: Sarna?

Sally: *rindo

Tomir: *sussurrando No próximo evento de família v-a-i t-e-r v-o-l-t-a

Para dizer que pretende fazer o mesmo com o seu marido, para dizer que nós éramos ridículos enquanto casal e para perguntar qual foi a vingança de Siago Tomir no evento familiar seguinte: sally@desfavor.com

A diferença é que a homeopatia dá mais dinheiro...

Costumo brincar dizendo que a sociedade sempre oscila em movimentos pendulares: vai de um extremo ao outro em matéria de comportamento em questão de décadas ou às vezes de anos. Quando você reprime demais um comportamento, as pessoas se revoltam e tendem a lutar pelo oposto. Os bons tiranos observam esta babaquice humana e usam pura psicologia infantil de massa para induzir seu povo a fazer o que ele, tirano, quer, achando que estão fazendo o que eles (povo) querem. Aperta aqui, que eles vão querer soltar dali. Pois hoje venho falar de um fenômeno que julgo ser fruto desse movimento pendular. É a chamada negação científica.

Se poucas décadas atrás as pessoas confiavam cegamente nos médicos e na ciência, isso hoje não é mais verdade. Perguntem a seus avós ou bisavós: antigamente quando uma pessoa ficava doente e o médico era chamado na residência do doente e quando ele chegava, parecia que estava chegando o Presidente da República. Era recebido com honras e deferências. Os médicos eram deuses, eram vistos com uma admiração absurda e suas indicações eram seguidas cegamente como se fosse lei. Os profissionais abriam a boca para dizer “Eu sou médico” com o mesmo orgulho que hoje abre a boca um jogador de futebol para dizer “Eu sou da Seleção”.

Muita coisa contribuiu para que o médico (e quando falo em médico, me refiro também à ciência) fosse desacreditado e virasse essa figura que se arrebenta em quatro plantões para ganhar muitas vezes menos que um gari. Acabou o glamour da medicina. Em parte pela arrogância e pelos excessos dos próprios médicos: uma talidomida aqui, um erro médico ali, uma opinião contraditória acolá e, ao longo dos anos, a imagem superior do médico ruiu. Difícil ver um médico que tenha a humildade de dizer “Eu não sei o que você tem”. É sempre estresse ou uma virose quando eles não sabem. Esse tipo de coisa vai minando a credibilidade da medicina.

A ciência também vem se contradizendo. E não falo só de remédios. Por exemplo, durante anos fomos bombardeados com um papo de que manteiga e ovo eram ruins. Daí todo mundo compra margarina (que tem gosto de sabão, puta merda) para depois dizerem que não é bem assim, que na verdade manteiga acaba sendo menos ruim que margarina e que agora a vilã é a gordura trans. O vinho, que também já foi bandido, hoje é não apenas aceito, como recomendado. E o ovo? O ovo ganhou classificação de “super-alimento”. Dá para decidir de uma vez o que é bom e o que é ruim?

O excesso de informação disponível via internet também retirou um pouco da imprescindibilidade do médico e da ciência, já que hoje todo mundo consulta o Dr. Google e acha que resolve o problema. Sem contar na massificação de instituições de ensino de quinta categoria, que formam profissionais que passaram na prova prática colando os tendões que cortaram com superbonder.

Enfim, estes e outros fatores que não cabem aqui fizeram com que a medicina e a ciência não sejam mais os mesmos. Sua credibilidade ficou abalada. Com isto, vem surgindo um movimento de descrédito da medicina e ciência que eu apelidei de negação científica (se já tem outro nome, eu não sei).

Não pensem vocês que este movimento de negação científica é composto por uma meia dúzia de hippies não, eles já formam uma parcela significativa da população. É gente que se recusa a vacinar seus filhos, porque “não acredita” nas vacinas ou pior, acha que elas causariam outros males, como o autismo, por exemplo. É gente que se recusa a tomar antibióticos, porque acha que é tudo uma enganação da indústria dos remédios. E pasmem, tem gente instruída até defendendo que o HIV não causa AIDS.

“Mas Sally, as pessoas tem o sagrado direito de serem imbecilóides, se não querem se tratar, deixa eles morrerem! Prêmio Darwin neles!”. Pois é, só que não é tão simples assim. Pessoas negadoras acabam prejudicando pessoas sensatas como eu e você.

Dados colhidos de uma publicação médica: devido ao discurso imbecilóide de que vacinas poderiam causar autismo, o número de vacinas contra sarampo aplicadas no Reino Unido começou a cair preocupantemente. Resultado? No ano de 2008, o sarampo voltou a ser endêmico, 14 anos depois de estar praticamente desaparecido. Dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde: a Europa não vai conseguir erradicar a doença até o fim deste ano. Sabe porque? Porque simplesmente o número de pessoas que estão sendo vacinadas é muito baixo. Eu posso com isso? Aqui tá cheio de gente que rala e faz fila para conseguir uma vacina e lá neguinho tem com facilidade e fica nesse cu doce para tomar!

Outra situação: um negador é hospitalizado com uma doença bacteriana qualquer e lhe são administrados antibióticos injetáveis durante sua internação. Ele melhora, tem alta e lhe são prescritos antibióticos via oral para continuar o tratamento. O imbecilóide não toma seus antibióticos via oral em casa, para dar continuidade ao tratamento, porque nega os benefícios mais que comprovados deste remédio. Com isso, pode criar bactérias resistentes ao antibiótico, já que a dose do hospital não foi suficiente para matar todas e as que sobreviverem e se multiplicarem serão imunes a este remédio. Daí passam os supergermes imunes a antibióticos para pessoas como eu e você, que sempre tomaram sua amoxilina ou azitromicina religiosamente. Ninguém merece.

Você sabia que um em cada três americanos não crê na teoria da evolução? Você sabia que mais da metade dos habitantes dos EUA se dizem contra a vacina do H1N1? Curiosamente, os mesmos que duvidam de tudo que venha da ciência e medicina, são os mesmos que caem na armadinha de tomar bolinhas açucaradas, florais e pozinhos homeopáticos e achar que com isso resolvem suas vidas. Vai me desculpar quem gosta, simpatiza ou trabalha com isso, mas eu tenho horror à homeopatia. Existem centenas de artigos científicos bem consistentes que indicam que é fraude mesmo. Placebo. Enganar o paciente enquanto o corpo se cura sozinho ou fazer o psicossomático agir. E nem tentem me xingar ou me convencer nos comentários, o tema não é esse (ficaadica, Somir: Flertando com o Desastre: homeopatia)

Tudo bem, como eu disse lá no começo, nós confiávamos demais na medicina e na ciência. Foi quando aprendemos da pior forma que eles são falíveis, a ponto de jogar no mercado drogas que nos fazem mal: talidomida, vioxx e outros. Mas a resposta tem que ser esse movimento pendular de partir do amor cego para a total descrença? Eventualmente laboratórios podem mentir, o Governo pode mentir, o médico pode mentir ou errar. Mas será que eles sempre mentem e erram? Será que o médico te passa aquele remédio sem você precisar, só porque tem um pacto visando lucro com um laboratório? Paranóia achar que é sempre assim.

Tem também a histeria contra os produtos transgênicos. Os negadores acham que produtos transgênicos são tudo de ruim e que fazem mal ao ser humano. Pois então anotem aí: TUDO que a gente come é transgênico. TUDO. Não dá para fugir. Até em um inocente M&M tem matéria prima feita com transgênicos. Todo alimento que ingerimos é geneticamente modificado, seja para alterar sua forma, seu tamanho, sua cor, sua durabilidade… caso contrário jamais poderia competir no mercado com os transgênicos – a menos que você só coma coisas que você planta. E mesmo assim, provavelmente a água que você bebe tem quase todos os elementos da tabela periódica, então, desista. Não dá para levar uma alimentação 100% saudável e natural nos grandes centros urbanos. Me dói ver gente pagando mais caro por alimentos “orgânicos” que foram sim geneticamente modificados.

Outro dado da Organização Mundial da Saúde: entre 1998 e 2005 houve dez vezes mais casos de pessoas doentes por causa de leite contaminado. A razão? Os imbecilóides buscavam uma vida mais “saudável” e procuraram ter acesso a leite não pasteurizado. Conclusão: graças a essa busca pela vida “saudável”, acabaram dez vezes mais doentes do que quem tomou seu leitinho na caixinha.

Quer mais um? A quantidade de pesticida usada em alimentos como milho e soja em produtos transgênicos criados para serem mais resistentes é bem menor. Os transgênicos existem para melhorar e não para te sacanear e te deixar doente. Se você quer comer alimentos que não foram geneticamente modificados para serem mais resistentes, vai ter que usar uma quantidade muito maior de pesticida. Mande minhas lembranças ao cantor sertanejo Leandro, viu?

Ficar doente é assustador, é ruim e dá medo. Porém, não temos que culpar os médicos e a ciência por cada doença que existe, nem negar que eles tem sim a capacidade de nos curar em diversos casos. Doenças existem e remédios que funcionam e são necessários existem. Pacientes morrem, às vezes tudo dá errado, sem culpa de ninguém. Por acaso alguém deixou de acreditar em todos os engenheiros quando o edifício Palace Sérgio Naya desabou? Porque fazer o mesmo com a medicina? Toda profissão tem suas pisadas de bola históricas.

Acho que todos nós temos um lado negativista de alguma forma. Fazendo um exame de consciência, eu vejo muitos aspectos negativistas em mim. Por exemplo, nem por um caralho cravejado de brilhantes que eu acredito nesse papo de que vai faltar água no planeta em questão de décadas. A ciência repete que vai faltar água potável e eu não acredito e ponto. Mais da metade do nosso planeta é composto de água, não entra na minha cabeça que falte água. Não entra, não entra, não entra. E sim, eu acho que quando a porca torcer o rabo, neguinho vai dar um jeito bom, bonito e barato de dessalinizar a água. E não tem cristo que me convença do contrário. Como eu, você também deve ter sua parcela de negação científica. Passe lá nos comentários e conte.

Mas ter uma pequena parcela negativista nem de longe se confunde com ser um negativista. Os negativistas científicos são primos dos eco-chatos, gente radical, do contra e sem razão.

O fato é que em qualquer época sempre tivemos pequenos grupos com cagasso do progresso. O mesmo tipo que dizia que luz era “coisa do demo” hoje dá faniquito com alimentos transgênicos. Isso não é novidade. A novidade é que tantos estejam se acovardando e acreditando em teorias conspiratórias. A novidade é que estejam se insurgindo contra procedimentos já sedimentados como vacinas e antibióticos. O que está acontecendo com as pessoas? Isso foge ao bom senso!

Uma curiosidade: será que todos esses negadores científicos, quando a chapa realmente esquenta, não se deixam entupir de remédios? Duvido que não. Na hora do vamos ver, da dor, da agonia, ninguém quer ficar na base de bolinhas açucaradas e florais. Me mostra uma só pessoa que, com uma cólica renal, não ente no hospital quase se ajoelhando na frente do médico pedindo um buscopan na veia. O que me leva a concluir que no fundo, no fundo, são hipócritas.

Só não sei se o discurso negador vem da vontade de culpar os outros por eventuais doenças ou da arrogância de achar que é espertão e percebe a grande conspiração que mais ninguém percebe. Vamos combinar, minha gente, se vacina causasse autismo, depois de décadas de uso em larga escala, o número de autistas teria disparado. É o tipo de coisa que não tem como esconder, por mais conspirador e tirano que um governo seja. É o tipo de coisa que se veria no dia a dia. E ainda assim, um monte de gente acha que é verdade, contra todas as evidências!

Como argumentar com pessoas que acreditam em fatos que vão de encontro a todas as evidências? Com um porrete. Só se for, porque na razão não dá. Longe de mim instigar a violência (mentira, eu me amarro numa violência), é só uma metáfora para dizer que estas pessoas estão fora do alcance das nossas mãos e que dificilmente possamos convencê-las com palavras daquilo que fatos concretos não bastaram para convencer (ainda assim, sempre tem a possibilidade do porrete).

E se você é um negador científico radical, por favor, venha bater boca comigo nos comentários. Pode xingar, eu aprovo seu comentário. Encaro como uma experiência antropológica poder bater boca com uma pessoa assim, porque quem sabe eu consiga entender de onde vem tantos pensamentos absurdos.

Para dizer que nunca mais passa aqui porque este blog incita a violência, para dizer que você curou um câncer com cromoterapia e florais e para dizer que eu sou muito inocente e ainda não percebi que medicina e ciência são armações do governo, da revista Veja e da Rede Globo para controlar nossas mentes: sally@desfavor.com