Não, o Desfavor Explica de hoje não é sobre seu chefe. Hoje vamos falar sobre os pêlos pubianos, aqueles pêlos localizados na região genital.

Você, Amiga Leitora, eu todo mês gasta uma grana com depilação e agüenta firme a dor e o incômodo inerente a ela, deve estar se perguntando porque merda a gente tem o corpo pelado e pentelhos justamente lá. Bem, acredita-se que a função inicial dos pentelhos era proteger os órgãos genitais do frio, lá nos primórdios, quando ainda não usávamos roupas. Mas isso não explica porque após séculos de evolução e de clima tropical essas porcarias não caíram! Aliás, parece que quanto mais tropical é um país, mais pentelhos as pessoas tem. Fosse apenas essa a função as mulheres nórdicas deveriam ter uma moita no meio das pernas.

Sim, existem outras funções. Uma delas seria criar uma barreira natural de proteção contra bactérias, razão pela qual ginecologistas costumam desaconselhar a depilação estilo “virilha total”, aquela onde a mulher retira todos os pêlos pubianos. Sem contar que eles advertem que depilar a vagina toda com cera pode causar flacidez a longo prazo. Já pensou que bonito?

Outra função descrita pela literatura médica seria “o estímulo pelo atrito durante o ato sexual”. Sei não. O homem tem que ser meio mal dotado para que o estímulo que a mulher sinta na hora advenha de roçar de pentelhos! Alguém aqui acha que um pentelho roçando estimula alguma coisa? Bom, tem gosto para tudo. Alega-se também que os pêlos pubianos produziriam aromas particulares que ajudariam a atrair parceiros e que evitariam a fricção das dobrinhas da área, protegendo contra assaduras.

Por último, outra função que se atribui aos pentelhos é direcionar o jato de urina nas mulheres. Lembro que quando eu era dona de uma comunidade exclusiva para mulheres perguntei se com depilação total surgiam problemas para urinar. Metade disse que não e a outra metade disse que passou a mijar com efeito “regador de grama”. O assunto é controverso. Merece a opinião de uma especialista.

Procurei uma ginecologista que faz depilação total e me deu o seguinte parecer: se você for fazer um pips da sua casinha, sentadinha no vaso na moral, tanto faz se tem pentelhos ou não. Porém, quando você tem que fazer xixi na rua, naquele esquema de agachamento e equilíbrio, a falta de pentelhos dificulta sim as coisas: o xixi vai sair em diversas direções, escorrer pelas pernas e molhar tudo à sua volta, tal qual regador de grama. Por isso, se você pretende fazer depilação total, Amiga Leitora, muito cuidado na hora de fazer xixi na rua. Homens não tem noção do perrengue que é para uma mulher fazer xixi fora de casa, a força e o equilíbrio são tamanhos que chega a tonificar perna e glúteos.

Por isso alguns médicos tem a teoria de que o pêlo pubiano não seria barreira de proteção porra nenhuma. O que acontece é que mulheres que tiram todos os pêlos pubianos são obrigadas a sentar no vaso onde vão mijar e com isso aumentam seu índice de contaminação, mas não pelo fato de não ter uma “proteção” e sim por ter que sentar em função do não direcionamento do mijo, se sentasse com pêlos pubianos seria tão contaminada quanto sem.

Para você que não sabe, existem diversos tipos de pentelho. Existem pessoas com pentelhos lisos, pentelhos encaracolados, finos, grossos e de diversas cores. Nem sempre correspondem ao tom do cabelo natural, algumas vezes são mais escuros. Geralmente o pentelho é mais grosso e mais crespo que o cabelo da cabeça, para exercer aquela função de nos proteger de agressões externas (germes e Cia), formando uma barreira eficiente. Uma passadinha no Google Imagens vai satisfazer sua curiosidade mórbida, ou então, o Somir como bom doente mental que é, vai acabar colocando uma ilustração daquelas que impedem que se abra o Desfavor no ambiente de trabalho…

A maior parte das pessoas não gosta muito de pentelhos, mas existem pessoas que tem tara por pentelhos! Sim, isso se chama “tricofilia” ou “pubefilia”, estas pessoas condicionam seu prazer sexual à existência, tamanho, cor e outras características do pentelho E eu que achava tara por pé uma coisa estranha e de maluco…

O pentelho também exerce influência em diversas culturas. Na idade média os pêlos pubianos eram tão apreciados que as prostitutas tinham diversas “perucas púbicas” para atender seus clientes. Em algumas culturas eles são tão valorizados que a mulher que retirar encalha. Em outras culturas existe o hábito de enfeitá-los e até mesmo pintá-los de cores fortes. Há quem faça trancinha rastafári com seus pêlos pubianos! Existem pentelhos de diversos tamanhos. Há relatos médicos de mulheres com pentelhos lisos até o joelho e pentelhos encaracolados até o umbigo. Também existem pessoas que nascem sem pêlos pubianos.

Porque os pêlos pubianos não crescem até arrastar no chão? Bem, segundo explicações de um médico, cada cabelo do nosso corpo tem uma programação de crescimento definida: crescerá até X tempo. A programação dos pêlos pubianos para crescer é bem menos do que a do cabelo da cabeça. Um pentelho cresce por poucos meses, depois cai e nasce outro, pois se ele crescesse muito, acabaria por ser uma fonte de contaminação e não de proteção dos órgãos genitais.

O ciclo de crescimento do pêlo pubiano dura poucos meses. Dica para quem quer fazer a depilação render mais: preste atenção na raiz dos pêlos arrancados na próxima vez que for depilar: se a raiz estiver coberta por uma capinha meio transparente, é a fase correta para fazer a depilação, pois os pêlos demorarão mais a nascer. Se a raiz estiver pretinha, os pelos nascerão com mais facilidade, sinal que você deve fazer a próxima depilação em um intervalo menor ou maior de tempo, até achar o tempo certo no qual a raiz sairá com aquela capinha. Observe a duração do ciclo do seu pentelho e economize uma grana em depilação!

Por incrível que pareça, está nascendo um movimento entre homens intelectuais pregando o fim da depilação total. Eles já tem comunidades e centenas de adeptos. Eles alegam que assim como as mulheres estão ficando todas iguais, presas a padrões estéticos, as bucetas também estão ficando todas iguais, carequinhas. Tratam pentelhos como animais em extinção a serem preservados e defendem que um pouquinho de pentelhos são um diferencial e uma forma da mulher mostrar personalidade. Mas, eles são minoria, homem geralmente gosta de mulher toda depilada. As próprias mulheres também preferem, porque, realiza, você mija, dá um banho de mijo nos seus pentelhos e depois passa um papel e veste a calcinha? Se cair mijo no seu cabelo, você vai só secar e tocar sua vida sem lavar? Vamos combinar que nem sempre dá para usar um chuveirinho ou tomar um banho depois de mijar. E quando a mulher está menstruada? Eca. Depilação total realmente parece a opção mais higiênica.

A depilação total, que começou a se popularizar através da industria pornô na década de 90, com objetivo meramente estético de visualizar melhor o ato sexual no filme. Hoje ela é preferência, e não só de homens, como de mulheres também. Alguns psicólogos dizem que é quase doentia essa atração masculina por mulheres totalmente depiladas pois tem um pezinho na pedofilia. Ainda assim, os homens não se importam, é a moda do momento.

Os pêlos pubianos tem seu próprio tipo de piolho. Não é o mesmo piolho que vive em nossas cabeças, é uma espécie um pouco diferente, apelidado de “chato”, cujo nome científico é Phthirius púbis. Este piolho pubiano é considerado uma Doença Sexualmente Transmissível e pode infestar também axilas e sobrancelhas. O bichinho pica o ser humano para sugar sangue e isto acaba provocando uma coceira violenta. Todo cuidado é pouco, pois o contágio não é apenas pela via sexual, até mesmo experimentando uma roupa em uma loja, mesmo usando calcinha ou cueca você pode ser contaminado.

Tal qual os cabelos da cabeça, os pêlos pubianos também vão ficando brancos com o passar dos anos. Daí as pessoas surtam e fazem um monte de merdas para disfarçar, muitas vezes comprometendo sua saúde. Não, não pode passar rímel! A área genital é muito mais sensível do que a cabeça e as chances de uma irritação ou alergia são enormes. Existem tintas específicas para essa região, disponível em salões (atende pelo nome de “pintura íntima”) ou para ser feita no conforto do seu lar.

No Brasil temos expoentes famosos que colocaram os pentelhos em rodas de discussão. A atriz Claudia Ohana, por exemplo, na primeira vez que decidiu posar nua, apareceu com um pequeno carpete no meio das pernas, gerando polêmica e discussão. A atriz Vera Fisher também inventou de posar nua sem estar depilada, trazendo a discussão sobre a importância/repugnância dos pentelhos mais uma vez ao cenário nacional.

A depilação pode ser feita de diversas formas, tanto por homens como por mulheres, os métodos mais populares são: cera quente (arranca o pêlo da raiz e ele demora entre 15 20 dias para nascer novamente), depilação definitiva (não nasce nunca mais, geralmente é feito via laser) e lâmina de barbear (dura dois ou três dias e costuma encravar os pêlos). Isso fica a critério pessoal de cada um, só quero dizer uma coisa sobre o assunto: sabe aqueles aparelhos de depilar que arrancam o pêlo da raiz? Aqueles que no comercial tem sempre uma menina vestida de branco passando na perna com um sorriso no rosto? Pois bem. AQUILO NÃO É DE DEUS. AQUILO DÓI MUITO. Se você está cogitando comprar esse troço, teste antes para ver se encara a dor.

Porque o nome “pentelho encravado” está associado aos pêlos pubianos e às pessoas chatas? Quem já teve pêlo encravado sabe o quanto é chato… Quando depilamos, o pêlo é retirado da superfície da pele (seja pela raiz ou não). Quando ele volta a crescer, muitas vezes ele “erra o buraquinho” pelo qual deveria sair e cresce em cima da pele, formando uma bolinha que coça e pode infeccionar, o pêlo encravado. Para evitá-lo se recomendo esfoliação na área depilada.

Uma pergunta nojenta não me saiu da cabeça enquanto escrevia isto: porque sempre que a gente encontra um cabelinho na comida de um restaurante qualquer ele é meio grosso e escuro? Entrei em contato com um grande amigo dono de um restaurante e perguntei se ele já havia identificado pentelhos na comida servida no seu estabelecimento. A resposta foi chocante: “Já, Sally, já sim, mas não é só aqui, sempre rola”. Chocada, perguntei porque pentelhos, já que os cabelos da cabeça estão muito mais próximos do prato que está sendo preparado e podem cair facilmente. A resposta foi pior ainda: “Olha, você vai ficar chateada com o que eu vou te dizer, mas é a verdade” – respirei fundo – “Os cozinheiros usam toucas na cabeça, isso impede que cabelo caia na comida. Nós podemos obrigá-los a usar touca, mas não podemos obrigá-los a não coçar o saco, entende?”. Não, eu não entendo, e disse isso para ele. “Sally, você já entrou em uma cozinha de restaurante? É muito quente lá dentro, e sacos coçam no calor”. Então tá, vivendo e aprendendo. Se achar um pentelho na sua comida, saiba que é praticamente inevitável porque sacos coçam no calor. Que nojo…

Para fechar, para você que achou o tema desnecessário, devo informar que pentelho é um dos assuntos que mais provoca apreensão e angústia nos e-mails sobre sexo que recebemos. Seguem trechos de e-mails que expressam essa angústia:

“(…) cê tá lá, só no bola gato, daí sente aquele pentelho roçando na garganta, tipo, o que fazer? Para tudo, mede a mão toda dentro da boca tipo Didi Mocó e cata o maldito ou continua até o final com aquela coceirinha migrando de um lado para o outro? Sally, eu preciso saber, é falta de educação parar o boquete para tirar um pentelho da boca? Isso ofende?”

“(…) e mais uma vez eu te escrevo para pedir ajuda: como eu falo para ele cortar aqueles pentelhos enormes com jeitinho? Ele é todo macho man, vai achar que isso é coisa de viado, mas pow, eu não mereço pagar boquete enfiano minha cara naquela moita, Sally! Dá até alergia aqueles pêlos entrando no meu nariz!”

“(…) não sei porque eu fiz isso, Sally, mas estou arrependido. Eu achei que ia raspar meu saco e no dia seguinte ia nascer tudo denovo, mas já passou uma semana e essa porra não para de coçar e agora tá ficando com umas bolinhas, será que eu peguei uma DST no saco com a gilete que eu usei? É normal coçar pacarai depois de depilar? SOCORRO!”

Questionamentos da maior profundidade. O pentelho é fator importante no desenrolar de um relacionamento. O pentelho define status social. O pentelho pode te identificar em determinado grupo. Mais respeito com o pentelho!

Para dizer que este texto foi pentelho, para pressionar Ctrl V e colar qualquer comentário imputando ao texto alguma forma de falácia genética e falácia do espantalho e para pedir um Desfavor Explica sobre algum outro tema: sally@desfavor.com

O que você imagina quando ouve a palavra sustentabilidade?

Eu imagino uma hippie fazendo tranças com os pelos das pernas. Mas é melhor não nos atermos às imagens mentais que frequentemente assolam meus pensamentos…

Sustentabilidade é a palavra da moda para a publicidade/marketing. E não é de se estranhar, tem aquela mistura ideal de simpatia e obscuridade, o que é sempre uma boa coisa quando se quer vender alguma coisa. Se por um lado o público acha que sustentabilidade é algo do bem, não entende o suficiente sobre o tema para cobrar respeito à causa.

Vamos tentar tirar um pouco da diversão do marketing. A partir de hoje você vai aprender a ler nas entrelinhas desse papo publicitário todo de sustentabilidade.

SUSTENTÁVEL?

Sabem o que faz uma empresa sustentável?

Mente. Uma empresa realmente sustentável não deveria nem ter sido criada, em primeiro lugar. E eu digo isso porque JÁ passamos do ponto sustentável. E nem é blá-blá-blá de aquecimento global, é questão de pouco recurso para muito consumidor mesmo.

Mas vamos com calma. Sustentabilidade é um termo derivado de estudos científicos sobre sistemas fechados. Diz-se que um sistema é sustentável se ele pode suportar uma ou mais condições por determinado período de tempo. O que isso quer dizer? Quer dizer que é hora de exemplos sem noção:

Imaginemos que R.P. passe seus dias na crackolândia, acompanhado de seus digníssimos colegas de atividades recreativas ilegais. R.P. acabara de receber uma generosa indenização de uma famosa marca de isqueiros por ter tido seu intestino grosso queimado num infeliz acidente. Com esse dinheiro, prometeu a todos os presentes que as pedras seriam por conta dele enquanto seus corpos aguentassem. Todos ficam muito felizes, principalmente os traficantes. O sistema é sustentável.

Sustentável até que haja um desequilíbrio entre recursos, fornecimento e usuários. Cada um dos fatores “saindo da linha” causa um problema que afeta o sistema como um todo.

Se os outros “entusiastas” da região ficarem sabendo do patrocínio, a crackolândia ficaria lotada, o que esgotaria os recursos (dinheiro para pagar), o fornecimento (mesmo se o dinheiro não acabar, os traficantes não vão vencer de sustentar a demanda de um monte de viciados sem limite de consumo) e por consequência, os usuários (viciados não são muito graciosos quando ficam sem sua dose). O caos seria inevitável.

Eu não usei este exemplo à toa. Apesar de ser uma situação isolada, pode ser facilmente transposta para a realidade global. A sustentabilidade humana como um todo também depende de recursos, fornecimento e usuários em harmonia. Sem contar que os usuários também são viciados…

RECURSOS

Os eco-chatos construíram seu castelo (feito de materiais reciclados superfaturados) aqui. Hoje, quando se fala de sustentabilidade, bate-se apenas nesta tecla. E não é por ser a mais importante…

Destruir e extrair demasiadamente é OBVIAMENTE danoso para a humanidade, não vou dar uma reaça cegueta. A própria noção de vida depende desesperadamente de um mínimo de equilíbrio meio-ambiental.

Só que a verdade é que este é o único ponto que mescla lucratividade com simpatia popular. O povo se comove com a idéia que temos que parar de destruir a Amazônia, que temos que criar combustíveis alternativos, que o mico-azul-do-cu-listrado deve ser protegido… Explorável!

“Destruir milhares de quilômetros de mata nativa para plantar aquela praga erosiva chamada eucalipto no lugar vai me fazer vender mais papel? Anota aí: A partir de agora somos sustentáveis.”

“Quer dizer que eu posso botar um selinho de amigo da natureza nos meus produtos se comprar créditos de carbono de um país de terceiro mundo para burlar a política de emissão de gases do meu país mais sério? Brilhante!”

“A partir de hoje vamos ser uma empresa verde! Coloca umas imagens de plantinhas e natureza nas nossas propagandas e manda nossa fábrica mais poluente para a China!”

“Vamos fazer um lucrativo festival de música que vai gastar uma quantidade colossal de energia para dizer que defendemos a natureza? Está na moda essa coisa de ser sustentável…”

DISTRIBUIÇÃO

O apoio “politicamente correto” já começa a desabar neste ponto do problema. Entender o conceito de quantidade de recursos é bem acessível para o público médio, mas o MUITO MAIS IMPORTANTE conceito de aproveitamento e eficiência desses recursos começa a entrar em algumas áreas cinzas da nossa visão do mundo.

A eficiência das nossas fontes de recursos é irrisória. Por limitações tecnológicas e financeiras, temos o péssimo hábito de gastar muito para produzir com uma margem apertada de eficiência. Eu já escrevi um texto inteiro sobre isso e não vou me alongar. Mas por agora basta entender que produção e distribuição de recursos consome recursos também. O lucro dessa conta não é muito animador.

Essa é a parte fácil de defender da questão. Desperdício é visto como uma coisa ruim. Normalmente é aqui onde os eco-chatos param. Mas, curiosamente, é a partir daqui que a solução real começa.

Sustentabilidade REAL não considera crescimento econômico como uma boa coisa. É balela (para conquistar dinheiro e votos) esse papo que dá para conciliar as duas coisas sem contribuir para o problema. Economia eternamente em ascensão é uma idéia já vencida pela dura realidade dos nossos recursos serem finitos. Todo mundo não pode ser rico (nos padrões atuais) ao mesmo tempo.

A única coisa nos impedindo de viver uma crise de distribuição é a incrível desigualdade social no planeta. Quanto mais pessoas com uma renda que possibilite uma vida digna, mais incontrolável é o nosso sistema. É muito consumo e MUITO desperdício para dar conta de tanta gente assim.

Como vamos ser sustentáveis assim? Simples: Parando a economia de expansão e começando a de eficiência. Gerar mais empregos e subir o padrão de vida de muita gente só piora as coisas. Empresa sustentável é aquela que fale (do verbo falir). Economia sustentável é aquela que demite tudo o que tem um batimento cardíaco e coloca robôs alimentados por energia solar na linha de produção. Um robô que consome 10% dos recursos de um ser humano normal e produz por 10 deles é ecológico pra cacete! Economia sustentável reduz os custos sempre que possível para poder sobreviver com cada vez menos.

Economia de eficiência reduz custos às custas de pessoas. Sustentabilidade não é essa coisa “paz e amor” de propagandinha da Natura, é uma medida violenta no padrão de vida humano. Dizer isso não é popular. É dizer em alto e bom tom que acabou a festa e que o fator que MAIS CONTRIBUI com o possível colapso de nossa civilização não está na maldade de alguns “barões da economia”.

O problema somos nós. Todos nós.

USUÁRIOS

A população do planeta passou de aproximadamente 300 milhões de pessoas há 2000 anos atrás para aproximadamente 7 bilhões de pessoas neste ano. Considerando o espaço de tempo, não parece algo muito exagerado, não? O problema é que o crescimento foi exponencial.

Estima-se um espaço de tempo de 1600 anos só para dobrar os 300 milhões da contagem inicial. Ou seja: Em 1600 tínhamos 600 milhões de pessoas nesse mundo. Sabem quanto tempo demorou para dobrar de novo? 250 anos. Entre o final do século XIX e o começo do século XX, já éramos mais de um bilhão de pessoas.

Adivinha quanto tempo demorou para dobrar de novo? 126 anos. E quanto tempo demorou para dobrar mais uma vez? 46 anos. Já eram 4 bilhões de pessoas em 1974. Um leve alento até nossa inevitável escalada para os 8 bilhões: Demora um pouco mais, apenas 52 anos. (População mundial de 8 bilhões prevista para 2026.)

O mundo ficou menor MESMO. Crescimento exponencial da população (dobrando em espaços de tempo cada vez menores) num planeta como o nosso é CERTEZA de colapso da civilização. Só temos duas alternativas, DIMINUIR o número de pessoas nesse mundo por vontade própria ou esperar a natureza (inclusive a nossa) fazer o serviço.

Democracia, paz e direitos humanos dependem de boa vontade, é claro, mas dependem muito mais é de ESPAÇO. Um mundo com dezenas de bilhões de habitantes NUNCA que vai ser pacífico e civilizado. Vamos ter que disputar recursos ou morrer. Se chegarmos a um ponto absurdo desses, a regressão da sociedade é inevitável.

Sustentabilidade verdadeira é parar de botar gente nesse mundo e esperar morrer o excedente. Já passamos do ponto sustentável. E eu tiro essa afirmação de um dado muito simples: Estamos no primeiro momento da história onde aumentar um bilhão de pessoas na população mundial vai demorar MAIS do que demorou o bilhão anterior.

Isso não quer dizer que estamos salvos, isso quer dizer que é a primeira vez na história onde esse mundo está começando a ficar apertado. Se continuarmos achando que salvar mico-leão é mais bacana do que parar nossa reprodução descontrolada, vamos apenas seguir o caminho lento e previsível para o fim da sustentabilidade humana nesse planeta.

(O planeta vai bem, obrigado. Se todos nós morrermos, a Terra continua girando ao redor do Sol e o ecossistema básico se regenera…)

Mas DEUS ME LIVRE de dizer que os belos seres criados à imagem e semelhança do amigão imaginário são o problema desse mundo. Parece meio escroto ser culpado só por ter nascido, e é isso que faz a conversinha dos ecochatos girar exclusivamente ao redor da questão dos recursos naturais. Foda-se se preservarmos e revertermos o aquecimento global, as próximas gerações estão vindo para um sistema que já desestabilizou.

Foco em recursos naturais: Agradável e rentável. Resolve pouco ou quase nada por si só.

Foco em economia de eficiência: Desagradável e razoavelmente rentável. Dá o apoio necessário para o passo mais importante.

Foco em não botar mais gente nesse mundo: Desagradável e desastroso para a economia viciada em crescimento. É o que vai resolver.

A indústria de camisinhas faz mais pelo futuro da humanidade do que todos os ativistas ambientais JUNTOS. Sustentabilidade não é uma coisa bonitinha e espiritualizada, é um tapa na nossa cara. Ou trata o assunto pelo o que ele é, ou para de encher a paciência com esse papinho hipócrita e condescendente.

Para dizer que para cada filho que não eu não tiver você vai ter três, para confessar que só está nessa de ecologia para pegar mulher, ou mesmo para reclamar que preferia quando eu era reaça hardcore: somir@desfavor.com

Nasce um ídolo. É ídolo desconhecido, ao qual não podemos idolatrar com nome e sobrenome e justamente por isso o admiramos ainda mais. Ele nos fez ter um insight, expondo o calcanhar de Aquiles de um dos maiores poderes modernos. E nem ao menos quis publicidade com isso. Finalmente um herói que não tem o mau gosto de reivindicar a fama. Nada mais cafona do que querer ser famoso, coisa de subcelebridade de pobre ou de gente carente por aprovação.

Vamos aos fatos. Um Troll decidiu tirar proveito da imbecilidade humana e gerou um dos vídeos mais engraçados que eu já vi. Deboche puro, do começo ao fim. O contexto seria uma “comunidade” que diz estar em contato com ETs e por ordem deles, construíram uma espécie de “cidade refúgio” para se salvar de uma suposta “catástrofe”. Até aí… nhé. Mentirinha batida, roteiro de filme de ficção. Nada de novo. A sacada genial foi dizer que um dos ETs com os quais eles fizeram contato queria bater um papo com o repórter. Conseguiram deslocar a imprensa para o meio da puta que pariu e passar dez minutos trollando o repórter, fazendo ele se cagar de medo. Veja o vídeo no final do texto e confira.

Esse povo 171 que diz ter contato com ETs agendou uma “entrevista” entre um famoso canal de TV aberta e um suposto ET, no meio do mato, no meio da madrugada (wat). A localização? Mato Grosso do Sul, Município de CORGUINHO. FUCKIN´CORGUINHO. Realiza: você é um ET que consegue viajar por diversas galáxias, daí um dia você acorda e diz “Mmmm… acho que vou ao planeta Terra hoje. Onde irei? Onde irei? Paris? Milão? Roma? Não, eu vou a CORGUINHO, no Mato Grosso do Sul, no BRASIL”. Só por essa escolha eu nem me dava ao trabalho de fazer a entrevista, porque definitivamente, NÃO SE TRATA DE VIDA INTELIGENTE.

Como se isso por si Para provar que a imbecilidade humana não tem fim, colocaram o nome de BILU no ET. Sim, isso aí que você leu. O ET se chama BILU, fuckin´ BILU. Eu tinha que abrir um parágrafo só para isso. A porra do ET se chama BILU. Joguem o cordão umbilical, eu quero subir de volta.

Tá achando que a mentira é tanta que ninguém vai acreditar? Pense bem. Pense em Çilva I. O povo adora acreditar numa mentira! Os responsáveis por essa palhaçada se denominam “Projeto Portal” e com seus Bilus (seus ETs, e não seus pênis, ok?) movimenta um gasto de aproximadamente quatro milhões por ano para visitar o local. Tudo bem, otário tem em qualquer canto, inclusive a maior parte dos otários que visita o local são otários estrangeiros. O que não se espera é que um repórter de uma grande rede de TV seja tão imbecilóide e despreparado. É nas mãos dessa gente que passam as notícias que a gente lê e vê? MEDO.

Quando vi o vídeo, tive a certeza que a pessoa por trás de Bilu também estava rolando de rir. Se fosse o Somir em seu lugar, teria feito igualzinho. Muito engraçado. Aliás, a partir de certo ponto, eu comecei até a achar que era o Rafael Pilha acocorado no meio do mato com uma fantasia tosca. Realmente muito engraçado. Mas não apenas engraçado, porque me fez ter uma idéia. Na verdade, foi Engraçado e educativo, porque mostrou uma fragilidade da imprensa que eu até então não havia reparado. Sim, está na hora de começarem a trollar a imprensa, eles merecem e tá facinho.

Vamos ao vídeo. Tudo começa quando a equipe chega a um matagal no meio da madrugada para uma entrevista com o suposto ET Bilu (não adianta, cada vez que escrevo o nome do ET tenho uma crise de riso). A equipe chega no mato escuro e pede um sinal para o extraterrestre, com intenção de identificar onde ele se encontra. Daí pisca um lanternão muito tosco que já delata que ali não tem nada de outro planeta. Mas a palhaçada está só começando.

Percebe-se um vulto à distância. Diga-se de passagem, um vulto bem tosco. É Bilu. Bilu tem uma voz fininha e caricata, daquelas que a gente faz quando conversa com filhotinho de cachorro ou quando faz teatrinho de fantoche para os filhos. Os repórteres estão visivelmente com o cu na mão, a pessoa por trás de Bilu percebe isso. A brincadeira começa quando Bilu dá um pulo tosco para frente e o cinegrafista dá uma tremidinha daquelas que indica o cu piscando. Bilu manda, com sua voz de gás hélio, que apaguem a luz (talvez para evitar que percebam que ele é feito de isopor). Peguem pipoca, o show vai começar.

Bilu detecta que o mais cagão de todos é um repórter de nome Cristiano e começa a trollar. Sempre se começa pelo mais fraco e mais cagão, Bilu é um troll sábio. Chama Cristiano pelo nome e diz “Bilu quer objeto” (é um ET ou um índio, porra?). Ele se refere a uma concha que estaria com o repórter. Cristiano faz o que toda zebra faz nessas horas: fraqueja. Fica nervoso e começa a gaguejar em vez de comprar o blefe e dizer “Tô indo aí agora te entregar o objeto olho no olho, Meu Camarada!”. Não. Cristiano responde “Bilu… eu não gostaria de… de…”. FUDEU. Não façam isso em casa, crianças! Daí pra frente Bilu deita e rola, tal qual tubarão branco quando sente o cheiro de sangue. Cristiano, vai ser repórter esportivo, meu filho. Teu lugar é na beira de um gramado. CAGÃO.

Muito valente, Cristiano tenta passar a bola: “Eu posso entregar a concha para a Fernanda? Ela entrega para você depois…” Mas Bilu não quer. Imagina se Bilu ia perder a trollagem! Cristiano diz que não trouxe a concha. Bilu insiste: “Bilu queria pegar a concha da tua mão” (certeza que a pessoa por trás de Bilu tava simijando de rir nessa hora). Cristiano, já cagado nas calças, tenta escapar mais uma vez dizendo que vai deixar a concha com outra pessoa. Burrice. Ele desobedeceu a primeira regra: não alimente o troll. Bilu manda na lata “Bilu gostaria de dar sua mão”.

Ao perceber que Bilu deseja pegar na sua mão, o desespero de Cristiano só aumenta. Me diz uma coisa, se você é um repórter investigativo, se dispõe a fazer isso da sua vida, a correr riscos, a correr atrás de furos, e um ET quer pegar na sua mão, você faz um furo de reportagem ou você peida pra dentro? Porque vamos combinar, se fosse mesmo um ET, seria o primeiro ser humano a pegar em sua mão de forma documentada. Se fosse fraude, seria uma puta matéria desmascarando o Projeto Portal todo. Cata uma porra de uma concha no chão, vai de mãos abanando, vai com uma cueca suja e diz que é uma concha… se vira, mas mete a mão no Bilu (pegou mal). Cristiano não foi. Cristiano, meu filho, corta as tuas bolas e dá pro teu cachorro comer, já que tu não usa elas mesmo! (as usa, para os escorreitos).

A trollagem continua. Bilu chama novamente pelo repórter: “Cristiano!”. Tá fudido, alimentou o troll, agora não tem mais volta, Cristiano. Então ele Bilu diz “Pegou o Bilu totalmente?” (se referindo ao enquadramento da câmera, mas com visível trocadilho troll). Olha, eu respeito MUITO quem fez isso, porque puta que pariu, deve ser muito difícil dizer uma frase dessas na frente de um marmanjo cagado de medo sem rir. Além disso, reparem na FINESSE do mentor do Bilu, que teve a classe de fazer tudo anônimo, do jeito que o desfavor gosta. Não, ele não fez para se promover, para ficar famoso (coisa mais brega!), fez anônimo, pelo amor à trollagem! GÊNIO. EU TE VENERO.

Voltando ao vídeo. O terrorismo troll continua. Bilu diz que quer ficar mais pertinho, e pede para ficar a apenas dois metros de distância. Se Cristiano sabe rezar, aposto que ele estava rezando neste momento. Cristiano, apavorado, pede para Bilu deixar por 3: “Pode ser 3 metros, Bilu? Por favor…”. Você é um jornalista investigativo em busca de um furo de reportagem e não quer se aproximar de um ET que quer se aproximar de você? Cristiano, vai vender churros na praia, vai filho!

Bilu insiste. Imagina se ele ia parar agora… Cristiano dispara: “Bilu, você fica 5 a 4 metros de distância na nossa frente, por favor!” (aposto que ele estava chorando). A câmera corta. Provavelmente Bilu insistiu ou ameaçou se aproximar para pegar na mãozinha de Cristiano. Alguma merda aconteceu. Esperamos ansiosamente que apareça no Youtube esses segundos de corte. Talvez seja Cristiano limpando as calças.

Quando a imagem retorna, Cristiano, visivelmente (mais) nervoso, está quase gritando: “Bilu! Eu não quero que você toque nem em mim nem no Paulo e no Luiz, por favor!”. A pessoa por trás do Bilu deve ter nervos de aço para não ter rolado de rir nessa hora. Cristiano continua na sua vibe de bebê chorão: “E eu quero que você fique a 4 metros de distância da gente, porque nós somos novos, não temos experiência ainda nesse projeto”.

Então tá. Se ele for cobrir uma guerra vai pedir para o pessoal atirar a cinco metros de distância dele porque ele não tem esse tipo de experiência! GEZUIZ. Todo mundo sabe que o Projeto Portal é uma mentira tenebrosa, já foi desmentido trocentas vezes por peritos, já provaram por A + B que os supostos discos voadores que podem ser vistos no céu são funcionários de Urandir com fuckin´ lanternas!!! E não bastasse esse histórico, GENTE, O QUE É BILU? Aquilo é mais fake do que a Kelly! Parece o Ike, o irmão do Kyle do South Park. Como pode alguém ter medo do Bilu? Basta dizer que EU, cagona mor em matéria de ETs, vi a reportagem do Bilu sozinha de madrugada e rolei de rir! Vai pro cantinho da vergonha, vai Cristiano!

Agora vamos à argumentação central esta postagem: Bilu é um exemplo a ser seguido. Todo mundo critica a imprensa porque ela extrapola, invade a privacidade, mente, manipula, não tem limites, etc, etc. Adianta reclamar? Não. Ora, vamos começar a trollar a imprensa! Não estão vendo como é divertido? Eu acho o Urandir um tremendo estelionatário filho duma puta que merece ser abduzido e ter enfiada uma sonda anal por alienígenas, mas pelo menos além de roubar ele nos trouxe alguma diversão! Para ficar 100% só falta ele introduzir aqueles pactos de morte tão comuns entre as seitas, assim todos aqueles imbecilóides fazem um pacto de suicídio coletivo e livram o mundo de seus DNAs estúpidos. Pacto suicida, Urandir! Pense com carinho na idéia. Você nem precisa se matar, só faça com que esses retardados se matem, alegando alguma catástrofe interplanetária. Por favor! Enfia essa gentalha dentro dessa merda de refúgio e faz eles se matarem, Urandir! A gente não agüenta mais tanto imbecil no mundo! Eles votam e criam filhos, suicídio neles Urandir!!!

Voltando ao tema… Você, Famoso, quer que a imprensa te deixe em paz? TROLLE a imprensa. Se eu fosse famosa, um dia diria que estou grávida, no outro diria que estou com câncer e no outro que estou me divorciando. Viraria capa de revista e minaria por um bom tempo a credibilidade daquele meio de comunicação! Nunca mais ninguém ia ter culhões de escrever algo sobre mim, e se o fizesse, teria sempre a presunção de mentira. Simples e divertido. Você, Não Famoso, se sente sacaneado pelas mentiras do tipo Dilma vencerá no primeiro turno com dez pontos de vantagem? Vamos trollar a imprensa e minar sua credibilidade, assim terão que pensar duas vezes e provar bonitinho o que escrevem sob pena de ninguém acreditar!

Vamos trollar a imprensa! Pelo amor à trollagem. As conseqüências serão benéficas para a socidade. Eu sei fazer um ET melhor que o Bilu, e você? Trolle a imprensa com um vídeo de ET, uma foto, uma carta sobre isso o ou sobre qualquer outra merda e mande para a gente, que a gente publica com orgulho! Se acreditaram no Bilu, acreditam em qualquer coisa! (alo-ou? Acreditam que a moça engravidou virgem e que o filho morreu e voltou… tá facinho, minha gente! Não precisa de muito não!).

Não vivem dizendo que a imprensa é o quarto poder? Que a imprensa manipula tudo? Então que tal parar de reclamar e minar a credibilidade da imprensa? Sim! Repito: Vamos trollar a imprensa! Mas atenção, ser troll requer categoria. Ser troll não é passar um trote bobo. É preciso aquele deboche de fazer o outro acreditar no inacreditável e passar por papel de otário em público. Ser troll requer estratégia, engenharia social. Vamos dar “o melhor de si” e trollar a imprensa, pois isto é muito mais válido e eficaz do que ficar reclamando e vilanizando-a.

Não gosta da Veja? Acha que o mal do mundo é culpa da Veja? Trollada na Veja! Vamos fazer eles colocarem uma mentira vexatória na capa! Tá puto com o Jornal Nacional? Quer mostrar pro Bonner que Homer Simpson é a puta que pariu ele? (“que o pariu”, para os escorreitos). Trollada neles! Manda notícia falsa com subsídios de verdadeira. Garanto para vocês, tá facinho. Hoje em dia ninguém tem muito tempo de conferir nada pela dinâmica da informação, além disso vocês se surpreenderiam o quando certas coisas ficam nas mãos de estagiários. E também se surpreenderiam com os imbecilóides que são enfiados como estagiários apenas por serem filhos de amigos dos donos (tipo o marquinhos aqui no desfavor).

Mesmo que eles não possam ser enganados sempre, de cada cem, uma emplaca e repercute absurdamente. Isso vai criar uma onda paranóica na imprensa que vai ser muito gostosa de se ver. Vamos todos em uma grande vibe cocadaboa trollar a imprensa sem dó nem piedade, eles merecem serem enganados, depois de passar tantas décadas enganando e manipulando a gente. Reclamar não adianta, vamos arregaçar as mangas e começar a reagir.

Uma meia dúzia de jornais pelo Brasil anunciou como manchete a vitória de Dilma no primeiro turno com 51% dos votos. Eles não checam porra nenhuma, ou checam nas coxas. Vira e mexe anunciam a morte de quem não morreu. Tá uma zona! E nem tem como ser muito diferente, porque não dá tempo de checar tudo. Na era da internet, fazer notícia é uma corrida contra o tempo, e eles preferem dar um furo de reportagem correndo o risco de errar do que conferir 100% a fonte. Taí o buraco. Vamos explorar!

E para quem desconhece o termo “troll”, nossa intenção não é provocar acidentes, causar desastres. É apenas expor ao ridículo, arrancar a máscara da hipocrisia. Não queremos provocar a colisão ente dois trens, queremos vez a imprensa passando um vexame bem patético (tipo se cagar de medo de um ET cujo nome é Bilu e fala com sotaque regional), queremos provar que ela não é tudo isso e não merece tanto da sua credibilidade. Com isso queremos que este povo bunda aprenda a desconfiar do que lê, a ter senso crítico, a não engolir tudo que aparece escrito. Talvez assim o povo perceba que não é porque está na revista ou porque o Bonner Simpson falou que é necessariamente verdade. Já que não ensinam o povo a questionar fornecendo educação de qualidade, vamos expor as vísceras da imprensa fazer um questionamento com base na desconfiança. Tudo é melhor do que esse bando de ovelhas que formam este país.

A mesma imprensa que bombou Vossa Majestade Çilva I, que nos empurrou trocentas mentiras, que nos sacaneou de diversas formas agora vai provar do próprio veneno. Já trollou um repórter hoje? Basta duas dúzias de trolls competentes e com disposição para bagunçar a imprensa brasileira. E aí? Tamojunto?

Não posso dizer que esta campanha é necessariamente por um Brasil melhor (apesar de achar isso), mas vai ser um Brasil muito mais engraçado. Quarto poder meu ovo! Vão sentir pela primeira vez alguém passando a mão na bunda deles… e dentro da lei! Não é censura, não é corte. É apenas uma força predatória que exercerá uma fiscalização, um controle de qualidade às avessas. Vão ter que pesquisar muito bem o que publicam, sob pena de virar sátira no desfavor e em outros meios “menos desimportantes”. Tá com medinho, Seu Zero Meia? *tapa na cara.

Não é a toa que nem diploma você precisa ter para ser jornalista ou repórter (olha o Supremo dando uma lição de trollagem na imprensa! A-há… U-hu… O STF é nosso!). Nego fala qualquer bosta, publica qualquer merda e divulga qualquer mentira em nome da “liberdade de expressão”. Ok, eles sabem se exceder em nome da liberdade de expressão? NÓS TAMBÉM. Vamos pegar a liberdade de expressão e usá-la contra eles. Acabou a babaquice. Como já diria um dos meus ídolos da ficção, troll até as últimas conseqüências: “Let the game Begin”. E por favor, não sejam bregas de pretender fama. Um bom troll morre anônimo.

Obs: Não tem jeito, Lindamar. Não adianta negar. Pelo NOME do ET, EU tenho certeza que foi você! CONFESSA!

Para dizer que você acreditou no Bilu e agora não vai conseguir dormir com medo, para dizer que também está de saco cheio da imprensa mas trollagem é para os fracos – os fortes usam a bomba atômica ou ainda para dizer que vai usar as frases do Cristiano como bordão: sally@desfavor.com

Vem chegando aquela época do ano que as pessoas começam a pensar no “Projeto Verão” e planejar estratégias para caber em seus trajes de banho sem que uma pochete de banha caia por cima de suas coxas. Para ficar em forma só existe uma resposta: musculação. Sim, exercícios aeróbicos podem te fazer perder algum peso, mas não te livram daquele aspecto de Sharpei pelancudo. Adianta ser magrinha e toda mole? Por isso, se você não quer parecer um primo magro do Jabba The Hutt e ver sua bunda reverberando quando anda, comece a aceitar a idéia de puxar ferro.

Musculação é bom, bonito e barato, pode ser feito em qualquer horário, no seu tempo e ainda dá resultados em poucos meses. Mas, muita gente tem uma trava em começar a praticar esta atividade por não ter familiaridade com procedimentos, exercícios e aparelhos. Não se desespere, o Desfavor Explica de hoje te dá uma breve noção sobre uma sala de musculação que vai te permitir chegar chegando sem passar vergonha e sem cair nas armadilhas mais comuns das academias e professores.

A primeira coisa que você deve saber é que ao se matricular em uma academia, eles tem que fazer uma avaliação física e um exame médico (o exame pode ser substituído por um atestado de um médico dizendo que você está apto a praticar atividades físicas) e só depois permitir que você faça musculação. Felizmente a maior parte das academias não respeita isso, o que te permite começar a malhar assim que chega. Essa avaliação é besteira, se você tem algum problema ou lesão, basta informar diretamente ao professor que vai montar a sua série.

Como escolher o professor que vai montar a sua série? Bom, a minha dica (equivocada) é que você, Amiga Calcinha, escolha o professor mais bonito, porque é um puta estímulo na hora de ir malhar e, no final das contas, eles são todos mais ou menos a mesma merda: um bando de babacas que batem papo, fazem séries padronizadas e não prestam atenção na execução e nos movimentos que você faz. Se a beleza do professor vai te incentivar, compensa optar pelo mais bonito. Sim, ele vai flertar com você se você der abertura. Estratégia para conseguir/segurar aluno.

Caso você queira o profissional mais competente, converse e tire dúvidas com os professores da academia, aqueles que demonstrarem mais conhecimento e se mostrarem mais solícitos provavelmente serão os mais indicados. Perguntas para saber se é um profissional competente e atualizado. Escolha uma e faça a queima roupa:

– Devo agachar com o quadril encaixado?
– Posso praticar exercícios leves com um derrame articular no joelho?
– Tenho condromalácia, posso pedalar com o banco da bicicleta na regulagem padrão?
– Posso alongar antes do exercício de força?
– Você se formou na Faculdade Estácio de Sá?

Se ele responde SIM a qualquer uma destas perguntas, CORRA, Amiga, corra como se não houvesse amanhã. Se gaguejar ou enrolar para responder também.

Se você for homem, escolha o professor mais forte, é preferível alguém que conheça apenas na prática do que alguém que conheça apenas na teoria. Homem ganha músculo com mais facilidade (bendita testosterona), não há muita necessidade de alguém que detenha técnicas sofisiticadas.

Ok, você escolheu o professor. Antes de montar a sua série de musculação, ele vai te perguntar qual é o seu objetivo. Enfatize seu ponto de vista, porque se falar que é “saúde” ou “qualidade de vida” vão te passar uma série meia bomba que não vai trazer grandes benefícios estéticos. Caso queira ficar gostosa, fale bonito: “meu objetivo é hipertrofia muscular”. Talvez o professor te peça uma referência do que você considera um corpo bonito ou de alguém que reflita seu objetivo. No meu caso, na última vez que me perguntaram isso, eu respondi “Bunda do Pato Donald e braço do He-Man”. Depois disso pararm de me perguntar. Anyway, pense no corpo de uma famosa que você acha bonito e cite como referência.

Daí de dois um: ou o infeliz monta sua série na hora, ou leva esse dever de casa e entrega a série pronta na aula seguinte. Preste atenção em uma coisa que a Tia Sally, dez anos marombando vai te dizer: ELES MONTAM A SÉRIE PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA, TODO CUIDADO É POUCO. Relembre as lesões que você tem, pergunte se você pode fazer esses exercícios com essas lesões. Mesmo professores que eram meus amigos pessoais e até mesmo namorados já montaram séries que, se eu não tivesse advertido, teriam me lesionado gravemente. Profissionais de educação física tem um bug mental que sempre os faz incluir uma cagada na sua série, é preciso constante vigilância. Portanto, não confiem, estejam sempre atentos. Os professores se enganam sempre, nosso corpo não se engana nunca. Se sentir muita dor, pare.

Uma sala de musculação costuma ser dividida em duas metades imaginárias: uma com aparelhos para perna e outra com aparelhos para braço. É fácil identificar porque a parte de pernas está sempre cheia de mulheres e a parte de braço está sempre cheia de homens. Geralmente os aparelhos tem o nome escrito, então, basta ler na sua série o nome do aparelho e procurar. Algumas academias até os numeram, o que facilita a identificação. Acredite, em duas semanas você decora. Esteja atento à regulagem dos bancos e lembre-se de fazer qualquer exercício com o pânceps contraído. A dor no momento da execução tem que ser suportável e tem que ser apenas no músculo, se doer articulação (joelho, cotovelo, ombro) pare e peça para o professor avaliar o movimento, pois é provável que você esteja executando o movimento de forma equivocada.

Normalmente séries são compostas por três execuções de dez a oito repetições com intervalo médio de um minuto entre elas (isso pode variar muito, mas é provável que você comece com o feijão com arroz mesmo). Ou seja, você sobe no aparelho, faz dez repetições, sai do aparelho, espera um minuto e volta a subir no aparelho e fazer mais dez repetições até concluir. Dicas: respeite religiosamente o intervalo, nem mais nem menos, ele é mais importante do que você imagina para o seu treino. Conte no relógio (da parede da academia ou do seu pulso). Ao acabar de fazer as suas dez repetições SAIA DA PORRA DO APARELHO, nada mais irritante do que uma pessoa em repouso inutilizando um aparelho. Deixe ele livre para quem precisa usar e reveze. Na maior parte das academias o revezamento é obrigatório, então, se alguém estiver usando o aparelho, peça sem dó para revezar. Cuidado com o bate papo, ele pode te fazer perder o tempo recomendado de intervalo.

Você malhou. O que fazer agora? Bem, se puder, coloque proteína para dentro até meia hora após o treino , pois ocorre a chamada “janela da oportunidade”, quando o corpo absorve mais proteína (dica: latinha de atum) e descanse. Alimentação rica em proteína e pobre em gordura, açúcar e sódio somada a pelo menos oito horas de sono diário são responsáveis por metade do seu resultado. Se quiser ganho de massa muscular não faça aeróbico depois da musculação. E não invente de cortar carboidratos, pois eles são essenciais para ganho de massa muscular. Basta cortar açúcar, gordura e sódio. Se quiser auxílio de suplementos, que quando bem utilizados, te fazem ganhar em três meses o que você ganharia em um ano, procure um NUTRÓLOGO. Não se deixe suplementar nem por professores nem por nutricionistas, já expliquei o porque em outros textos (procura ae, Mané). Em minha humilde opinião, o maior benefício da suplementação é no pré-treino, pois existem suplementos que tiram aquela preguiça de malhar, dando um ânimo extra para começar a série. Suplemento não é bomba, suplemento não faz mal à saúde quando usado com responsabilidade.

Acordou no dia seguinte parecendo que levou uma surra? Foi levantar da cama e parecia o Bambi aprendendo a andar? Ficou o dia todo andando feito uma marreca de pernas abertas? Calma. Normal. Ao contrário do que muitos dizem, a dor é parte necessária para se obter resultados. Avalie a intensidade da dor. Se ela for incapacitante, se não permitir que você desempenhe suas atividades no dia a dia, fique de olho. Se a dor piorar progressivamente com o passar dos dias, pode ser uma lesão. Se melhorar, é a dor do dever cumprido, acostume-se com ela. Normalmente treinos muito intensos começam a doer um ou dois dias depois e a dor dura entre dois a quatro dias. A melhor solução? Eu sei que você não vai gostar de ouvir isso, mas eu juro que é verdade: malhar por cima da dor. Acredite em mim, a dor passa. Se for lesão (e não uma simples dor muscular), procure um ortopedista. Não tome remédios prescritos pelo professor. Não tome nada prescrito pelo professor. Professor de musculação é um mal necessário que deve ser evitado o máximo possível.

Um profissional sensato vai dividir seu treino de modo a que os músculos tenham um intervalo mínimo de descanso de 48h entre um treino e outro, ou seja, se hoje você fez um aparelho X para perna, apenas depois de amanhã é que você vai fazer este mesmo aparelho. É o tempo que leva para o músculo se recuperar do esforço. Relate qualquer episódio de dor ao seu professor mas não tome medicação prescrita por ele. Eu acho mais lógico dividir a série em dois treinos: um para parte inferiro e outro para parte superior, porque com isso você pode treinar todos os dias.

Peso. Não comece com essa idéia esquivocada de que quanto mais peso você pegar mais sarado ficará. ISSO É UM EQUÍVOCO. Nem sempre é assim. Foda-se se o colega do lado pega dez vezes mais do que você. Não se compare com mais ninguém além de você mesmo. Comece com um peso LEVE, mas bem leve mesmo e passe uma semana com esse peso bem leve, só para se familiarizar com o movimento. Dê prioridade a um movimento bem feitinho com peso mais leve, muito melhor do que um movimento todo torto com peso super pesado. Depois de uma semana com peso ridiculamente leve, comece a aumentar gradualmente. Quando entrar no ritmo, o ideal é que aumente o peso de 15 em 15 dias, mas isso não é uma regra rígida, cada organismo é um organismo. No seu auge, o ideal é que trabalhe entre 80 a 90% da sua capacidade de peso.

O peso tem que ser proporcional ao número de repetições. Quanto mais repetições você fizer, mais leve será o peso. O peso para uma pessoa normal é aquele que, quando chega na penúltima repetição você pensa “Caralho, não vai dar…” e na última você pensa “Caralho, nunca mais volto aqui”. Tá na medida, você sente aquela queimação bacana no músculo, que os ignorantes costumam achar ser queima de gordura. Mas, se você já está em um estágio avançado, o peso ideal é aquele que você acha que vai se cagar nas calças de tão pesado que está. Você deve sair do seu treino de musculação suado. Se sair intacto, como quem sai do cinema, está na hora de se esforçar mais. Se sentir vontade de vomitar durante o treino é porque se excedeu no peso ou no tempo de treinamento, reveja sua série. Se sair com dor de cabeça (e não for de fome) idem. Beba muito líquido gelado durante o treino, isso ajuda no rendimento. Ande com uma garrafilha ao lado o tempo todo.

Compre um par de luvas para malhar, porque se não suas mãos vão ficar cheias de calos (que nem as minhas, eu tenho mãos de estivador). Use as luvas mesmo quando for malhar pernas, porque só de segurar nos aparelhos as mãos já ficam cheias de calos. Recomendo que homens também usem luvas, a menos que queiram esfoliar o rosto de suas namoradas ao acariciá-las. Os tênis para musculação tem que ser resistentes, se não você vai arrebentá-los nos aparelhos. Nada de usar aqueles tênis de corrida levinhos cheios de frescura para malhar, em menos de um mês ele vai se desfazer todo. As roupas devem ser confortáveis e nos dias em que se malha glúteo, de cor escura, porque quando você fica lá de quatro esticando a perna, o tecido da roupa esgarça e dá para ver tudinho se ela for de cor clara. Existem umas sainhas para amarrar no popô, conhecidas como “tapa bumbum” (conhecidas por mim como “cortina anal”) que podem solucionar o problema. Se você fizer agachamento, eu recomendo um macacão para evitar a pagação de cofrinho. E tênis sem meia deveria gerar pena de morte. Lugar de porco é no chiqueiro, não na academia.

Está comprovado: malhar escutando uma música que te empolgue eleva seu rendimento. Bote um fone de ouvido quando for malhar e mande ver. Você pode aproveitar para controlar os intervalos entre repetições no próprio aparelho, que geralmente tem contagem de minutos da música. Preste atenção na execução dos seus movimentos, não faça nada correndo, faça mais para lento do que para rápido. Faça movimentos alongados e amplos, nada de repetir freneticamente para acabar logo e ir embora. Tem gente que quando senta no Leg Press parece que dá coice em vez de malhar.

Corra como se não houvesse amanhã do professor que:

– Prometer resultados rápidos ou milagrosos
– Oferecer anabolizantes
– Não prestar atenção às suas queixas ou dúvidas
– Não corrigir seus movimentos (ninguém chega executando todos os movimentos corretamente)
– Tentar aumentar seus pesos ainda que você diga que não aguenta pegar mais pesado do que aquilo

Se puder pagar um personal, recomendo muito. É caro mas faz uma diferença enorme. Aliás, quem quiser indicação de personal e/ou de nutrólogo no Rio de Janeiro, tenho bons nomes a preços acessíveis, é só entrar em contato comigo. Acreditem, não ganho um centavo por causa disso, muito pelo contrário, continuo perdendo meu dinheiro para eles e os desgraçados nem sabem que estou aqui fazendo propaganda. É dura essa vida de anonimato.

Dicas gerais: ao chegar na sala, cumprimente os professores, nem que seja com um “bom dia/boa tarde/ boa noite”, eles são sensíveis a quem não cumprimenta. Quando estiver executando algum exercício, certifique-se que você não está na frente de outra pessoa, impedindo que essa outra pessoa se veja no espelho da parede da academia, pois alguns exercícios EXIGEM que o praticante veja a execução para acertar o movimento (vontade de matar os arrombados que se prostram na minha frente quando estou no meu agachamento no Smith, bando de filha da puta que tem a sala toda livre mas resolve parar bem na minha frente!). Depois que usar halter ou caneleira, guarde. Mas nada de guardar o colchonete todo suado que você melecou. Ou limpa e guarda (geralmente tem um alcool para limpar) ou deixa separado para o pessoal da limpeza cuidar dele.

Agora uma dica polêmica que com certeza vai ser contestada: NÃO ALONGUE DEPOIS DE MALHAR. Alongar depois de malhar é uma IGNORÂNCIA perpetrada por professores igualmente ignorantes e desatualizados. Estudos recentes (recentes mesmo, deste ano) mostram que quando você pratica musculação, cria micro-lesões na fibra muscular e quando você alonga esta fibra, expande as micro lesões, aumentando o tempo de recuperação e o risco de lesão. Pense da seguinte forma: seu músculo é uma meia-calça. Você malhou, então, sua meia-calça está cheia de furinhos, de esgarçados, de desfiados. O que acontece se você pega esta meia e estica? Ninguém vai concordar comigo, mas eu insisto: NÃO ALONGUEM LOGO DEPOIS DE MALHAR, ALONGAMENTO NÃO É DE DEUS. Façam a prova e constatem por vocês mesmos como tudo piora quando se alonga. Dentro de dez anos os professores brasileiros vão finalmente descobrir que alongamento pós-treino não é bom e eu vou escrever um “Não Disse?” sobre o assunto.

As duas primeiras semanas são realmente muito difícieis. Dor, desconhecido, falta de prática e uma série de coisas que detonam nosso ego, como por exemplo aquela idosa de 87 anos que pega mais peso do que a gente ou aquela gostosa cuja coxa é do tamanho do nosso quadril. Mas não desanime. No primeiro ou segundo mês, dependendo da sua genética e do seu empenho, você já vai poder ver os primeiros resultados – e vai gostar do que vai ver. Daí você estará entrando no mundo que eu apelidei de “Prisão sem Grades”, porque se parar, volta a seu corpo antigo, que já não é mais suficiente para você ser feliz.

Para fechar, quero dizer que é mentira que quando paramos de malhar “cai tudo” e engordamos. O que acontece é que o corpo volta ao normal, então, perdemos medidas e ficamos mais flácidos. Além disso, parando de malhar, engordamos com mais facilidade porque estamos gastando menos calorias. Mas se fechar a boca, nada de terrível acontece. Além disso, quem treina por muito tempo tem a chamada “memória muscular”, ou seja, quando para de treinar e retorna, ganha músculos com muito mais facilidade.

Anime-se. Procure uma academia perto da sua casa e se matricule. Fique nela por três meses e se ao final desse período achar que não compensa, saia. Mas ao menos tente. Estamos em outubro, faltam exatos dois meses para o verão. Se você começar agora, dá tempo de aproveitar a estação. Ração humana meu ovo! O único caminho é puxar ferro!

Para dizer que eu ultrapassei meu limite de quatro páginas, para dizer que não há necessidade de malhar porque se um homem te ama ele vai ficar com você mesmo estando acima do peso e para dizer que não vai aceitar dicas de fitness de uma gorda escrota: sally@desfavor.com

Nada melhor para comemorar o dia das crianças do que um Desfavor Explica sobre… ABORTO!

Lendo alguns comentários escritos na semana passada me ocorreu que talvez algumas pessoas defendam certas opiniões insustentáveis e incompatíveis com a realidade socioeconômica brasileira por falta de informação. Somir acha que não, que essas pessoas tem o cérebro do tamanho de um caroço de uva mesmo, mas eu vou fazer a minha parte e falar de forma técnica sobre o tema. Se uma única cabeciha ao menos repensar as merdas que disse, já terá valido a pena.

Atentem para o fato de que não pretendo mudar a opinião PESSOAL de ninguém, apenas abordar a conveniência da legalização do aborto no Brasil. O fato de ser legal não quer dizer que todo mundo tem que fazer e sim que quem quiser PODE fazer.

Mas antes de falar sobre o aborto em si, quero salpicar algumas notícias colhidas de fontes confiáveis ao longo da semana, para contextualizar a realidade fática onde isto será aplicado. Porque discurso “em tese” é fácil, eu quero ver como se contextualiza o discurso “pró-vida a qualquer preço” na realidade social do Brasil.

Notícias recentes sobre aborto, de fontes renomadas:

“Aborto supera câncer de mama nas internações do SUS”

“Aborto no Brasil é responsável por 12 internações por hora no SUS no ano de 2010”

“Só nos seis primeiros meses de 2010 foram gastos 12,9 milhões de reais para tratar mulheres com hemorragia decorrente de aborto provocado”

“Estudo do INCOR comprova que a curetagem é o procedimento médico mais realizado por ano no Brasil, em média, 250 mil por ano”

“Segundo o Ministério da Justiça e a ANVISA, 42% dos estabelecimentos fiscalizados este ano (drogarias, farmácias, laboratórios etc) vendiam medicamentos falsos, contrabandeados ou sem procedência duvidosa. No total, foram apreendidas 60 toneladas de cápsulas. Apesar de não existir um ranking da classe destas drogas clandestinas, é sabido pelos técnicos que participam das fiscalizações que os abortivos são os mais falsificados e os mais vendidos ilegalmente.”

“Em pesquisa realizada, foram entrevistadas mulheres de 18 a 39 anos e das entrevistadas, 15% declaram já ter feito um aborto alguma vez na vida. “Projetado sobre a população feminina do País nessa faixa etária, que é de 35,6 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número representaria 5,3 milhões de mulheres”, diz a publicação. Segundo o texto, o perfil é “de casadas, com filhos e religião”.

Essa é velha e foi até tema do Desfavor da Semana, mas vale a pena ver mais uma vez: No ano passado, em Recife, uma menina de 9 anos, grávida de gêmeos após abusos do padrasto realizou o aborto legal. Na época, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou a excomunhão da garota, da mãe e dos médicos que atenderam a menina. O estuprador não foi excomungado.

Agora que vocês já tem uma perspectiva real, espero que tenha caído a ficha que existem duas opções para abordar a questão hoje, no Brasil: Aborto legalizado e praticado com condições mínimas de assepsia e segurança, ou aborto na clandestinidade. Não praticar aborto não é uma opção, inclusive não é uma opção para o Governo, que consente a prática de abortos clandestinos em vez de coibi-la. Qual vai ser? Assumir que todo mundo faz mesmo e deixar que quem quer fazer o faça em segurança ou negar uma realidade e defender hipocritamente que é crime? Quando o direito ignora a realidade, a realidade se vinga, ignorando o direito.

Ver o nosso Estado proibindo o aborto é tão desmoralizante como ver o Vaticano proibindo sexo antes do casamento. HELLO-OU! Quem quiser vai fazer, e não tem como impedir.

Algumas linhas de juridiquês: o entendimento do direito moderno é ver o direito penal como ultima ratio, ou seja, último recurso. Só deve ser considerado CRIME uma coisa muito grave que repercuta na sociedade toda e que não possa ser coibido de outra forma. Vocês acham que criminalizar e prender uma pessoa que opta por um aborto é realmente útil ou necessário? Até pouco tempo adultério era crime também, mas daí se mancaram que 1) todo mundo fazia mesmo assim 2) não existiriam prisões suficientes e 3) não trazia nada de bom para a sociedade julgar e prender estas pessoas porque seu ato não repercute tanto na vida alheia. Direito penal é para prender bandido, e mal dá conta do recado hoje em dia, abarrotado de ações. Imagina se começarmos de fato a processar e prender pessoas que fazem aborto. Pense nisso. Por mais que você ache que deva ser crime, pense se é VIÁVEL que seja. Babaquice abarrotar o Judiciário com isso.

Vamos falar do aborto em si, porque o próprio conceito pode gerar alguma confusão: Aborto é a expulsão ou remoção prematura de um embrião ou feto do útero sem que este seja viável, ou seja, esteja apto para sobreviver. Após mais ou menos os seis meses de gestação, já se considera parto a retirada do feto do útero da mãe, pois ele já estaria apto a sobreviver fora dele.

E para aqueles juristas leigos de plantão que insistem em chamar aborto de assassinato, bem, aos olhos do direito brasileiro só se pode matar quem está vivo e para que se considere como “vivo” é preciso que o bebê tenha nascido e respirado, daí sim, depois de nascer e respirar, é assassinato se você matar (pena base de seis a vinte anos). Antes disso, se não nascer e não respirar, não é “assassinato” e sim crime de aborto, com pena muito menor (entre um e quatro anos). Com uma pena dessas, entre um e quatro anos, pode ser até que a pessoa não chegue a ser presa, então, não fiquem enchendo a boca para falar que aborto é CRIIIIME, é a mesma pena que o crime de divulgação de segredo (art. 153, parágrafo primeiro), de furto simples (art. 155), da apropriação indébita (art. 168) ou de receptação (art.180). O legislador NÃO ENCAROU ABORTO COMO ASSASSINATO, pois vemos o quanto um crime é grave pela pena imposta. Encarou aborto como um similar de pegar umas balinhas das Lojas Americanas sem pagar (furto simples). A única pena alta em caso de aborto é quando se provoca o aborto SEM O CONSENTIMENTO da gestante. Então, aceitem uma verdade: quem pratica aborto não terá uma pena alta e dificilmente será preso.

Ultrapassada a questão jurídica, vamos para a área médica, na qual contei com a consultoria de um ginecologista e um geneticista (chique né?). Muito se questiona do sofrimento do feto quando da realização do aborto. As próprias opiniões médicas são controversas. Argumentos são manipulados para despertar uma falsa compaixão. Li em diversas fontes diferentes que o feto começa a desenvolver receptores que permitem sentir dor em sua pele na sétima semana de gestação. Em um primeiro momento, levei um susto e comecei a achar uma mosntruosidade um aborto após a sétima semana de gestação, foi quando um dos médicos me chamou a atenção para um detalhe que nós, leigos, jamais poderíamos saber, o pulo do gato que ninguém conta: sim, os receptores de dor podem até estar lá na sétima semana de gestação, contudo, o feto não pode sentir nada porque as ligações entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta da 23ª semana e são elas que permitem essa sensação de dor. Perceberam a sacanagem? É como se alguém afirmasse que um carro sem motor pode te atropelar, mesmo sabendo que ali só tem a lataria. Aliás, boa parte dos estudiosos do assunto, vai mais além: existe a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de sentir dor porque esta estaria ligada ao desenvolvimento mental, que só ocorre após o nascimento. Então, o sofrimento do feto NÃO É ARGUMENTO. Não sou eu quem diz, é a ciência. Como estas, existem muitas outras lendas médicas envolvendo aborto, que infelizmente não cabem nas minhas quatro páginas. Quem sabe um dia eu volte ao assunto.

Até o terceiro mês de gestação, pode ser aplicado o chamado “aborto químico”, onde o aborto é induzido através de remédios, sem a necessidade de intervenções mais invasivas, uma vez que este procedimento acaba gerando a expulsão do embrião. Não é 100% garantido, caso não se alcance o resultado desejado será necessário uma aspiração uterina, onde um similar a um aspirador é utilizado para sugar o conteúdo do útero. Sem cortes e sem maiores riscos. Dura no máximo cinco ou dez minutinhos e sequer é considerado um procedimento cirúrgico. Quando realizado nas condições adequadas, este procedimento é muito seguro para a mulher. Apenas 0,5% dos casos terminam em infecção. Após os três meses de gestação, o procedimento passa a ser mais complexo, sendo necessária uma curetagem, aquele método que todos conhecemos.

Eu sei que as pessoas tendem a achar que mesmo nas primeiras semanas existe “seu bebê” ali, mas sinto informar que ainda não é o seu bebê. Na quarta semana de gestação, por exemplo, nem sequer é chamado de feto, é chamado de BLASTOCITO e possuí cerca de 64 células. Nem de longe isso é um ser humano (a menos que você considere um omelete uma galinha). Um fato curioso narrado por um dos médicos me fez visualizar o quanto não se trata de um ser humano: pode acontecer, nestas fases iniciais, das poucas células que exitem pararem de ser reproduzir e em vez de evoluírem, involuirem até sumir. Elas simplesmente encolhem e somem. O dia que um ser humano fizer isto vocês me contam. Imagino que este argumento não conte muito pois existe quem defenda que se leve até o final uma gravidez de feto com anencefalia, ou seja, que vai nascer sem cérebro e com ZERO chances de sobreviver. Como você pode matar algo que nunca vai viver? (só vive quem nasce e respira, lembra?).

Sim, a partir do momento da concepção, temos um SER VIVO, mas não um ser humano. O que nos faz humanos só surge muito tempo depois da concepção. Se fosse assim, toda mulher que usa DIU – Dispositivo Intra Uterino, é uma serial killer, pois expele de forma anti-natural um aglomerado de celular já fecundadas. Que eu saiba a lei não proíbe o DIU.

Pessoas esclarecidas que vivem em países desenvolvidos aprendem todas estas informações na escola. Mas aqui não, aqui aprendemos que é “assassinato”, que Deus vai te mandar para o inferno e que é crime. Porque será?

Não é por acaso que, como regra geral, apenas os países subdesenvolvidos proibem o aborto. Vejam o “mapa abortivo” e constatem. Os motivos são os mais variados, mas todos giram em torno da conveniência de uma minoria. É bacana ter um “exército de reserva”, uma parcela de pobres marginalizados que sejam mão de obra barata e que sejam ignorantes e manipuláveis. É o ser humano explorando o ser humano, com fins gananciosos sobre o manto na nobreza do direito à vida.

O que se defende com a criminalização do aborto não é o direito à vida e sim o direito a continuar explorando uma massa de excluídos e quem não percebe isso é muito débil mental. VOCÊ pode até defender a criminalização do aborto por uma convicção SUA de respeito ao direito à vida, mas tenha certeza que os políticos que o fazem passam longe disso. Por favor, tenha esta noção. Por favor, eu imploro. Não acredite que eles querem preservar a família e os valores sagrados. Podem estar certos de que metade ali já fez ou mandou fazer um aborto em alguém.

Você não precisa fazer se não quiser. É uma escolha íntima. Mas pense na realidade social do país onde se vive. Pense que vai faltar comida no mundo em poucas décadas. Pense que pessoas criadas sem estrutura acabam virando um bandido que dentro de vinte anos pode vir a assassinar o seu filho. Pense na legalização do aborto como um direito de escolha pessoal de cada mulher. Se preciso for, que se estipulem regras para determinar um prazo limite para sua realização: dois meses de gestação, três meses de gestação… Não importa. O importante é dar às mulheres o direito de escolha. Se quiserem que punam até com uma multa ou com alguma outra forma branda, mas porra, insistir que aborto é CRIME é sacanagem!

Para dizer que este assunto merecia ser mais explorado e que eu deveria ter ultrapassado o limite de páginas, para dizer que a idéia romântica de que o blastócito é o seu bebê não vai sair da sua cabeça nunca ou ainda para continuar jogando suas pedras religiosas em mim e citar pela milésima vez Olavo de Carvalho: sally@desfavor.com